Dezembro chegou. Estamos há poucos dias do Natal e as músicas típicas da época já entoam os ambientes. “Papai Noel, vê se você tem a felicidade pra você me dar.” É o pedido feito na letra da canção “Boas Festas” de Simone, que ouvimos (e por vezes cantamos) em todo canto todos os anos. Se o Papai Noel realmente existisse e tivesse o condão mágico de realizar desejos, quantos de nós clamaríamos por esse presente: a felicidade? Não posso dizer que todos, pois sabemos que a unanimidade é tola. Mas acredito que muitos. Se a felicidade não é o destino que perseguimos, o que mais desejamos?
Notícias de Nova Friburgo e Região Serrana

Paula Farsoun
Com a palavra...
Paula é uma jovem friburguense, advogada, escritora e apaixonada desde sempre pela arte de escrever e o mundo dos livros. Ama família, flores e café e tem um olhar otimista voltado para o ser humano e suas relações, prerrogativas e experiências.
“Quem me dera ao menos uma vez, acreditar por um instante em tudo que existe. E acreditar que o mundo é perfeito e que todas as pessoas são felizes.” Renato Russo imortalizou essas palavras. Faço minhas as suas palavras...e sentimentos. Quem me dera!
A cada dia que passa a vida mostra que saber ouvir é mais que uma habilidade rara, mais do que uma necessidade, mais do que uma demanda social. É um dom. Proponho uma breve observação. Quantas pessoas falam ao mesmo tempo nas mesmas rodas de conversa? E dessas, quantas estão falando sobre si mesmas, sobre suas próprias vidas, seus anseios individuais e seus problemas? Quantas estão a reclamar o tempo todo?
Quando alguém diz que está estafado, parece que conseguimos captar o cansaço que ele sente pela palavra. Estafa: já inventaram vocábulo mais pertinente para denotar o estado de esgotamento? Talvez a própria palavra “ esgotamento”. Cansaço extremo. Sinal eloquente de quem precisa descansar, pausar, respirar livremente e recompor a energia vital. E então, prosseguir.
Nesta semana a minha coluna semanal em A VOZ DA SERRA, que escrevo com tanto orgulho, completa seis anos. Lembro-me como se fosse ontem como tudo começou e como me senti feliz com a oportunidade de ter esse espaço para fazer algo que sempre amei: escrever. No início, pensei sobre o que escreveria... qual seria a abordagem, como me expressaria aqui para vocês. E optei que traria sempre reflexões sobre o cotidiano, sociedade, sentimentos, por meio de uma escrita sincera e com intenção de gerar algo de bom a cada um dos leitores.
Muito tenho ouvido falar e lido sobre a importância de extravasar. Com “e” maiúsculo, Extravasar. Pôr para fora. Derramar de si. Expressar. Transbordar. Deixar sair. Na intenção de liberar energias, eliminar excessos, muitas pessoas recorrem às preciosas atividades físicas. Outras tantas, à arte. Uns buscam a “ terapia do riso” e até mesmo a “terapia do sono”. Há quem recomponha a famigerada necessidade de extravasar por meio do descanso, boa noite de sono. Tudo muito bem-vindo. Afinal, reza a lenda que os acúmulos fazem mal à saúde.
Não faça aos outros aquilo que não gostaria que fizessem com você. É tão simples assim como parece? Deveria ser. Comumente vivemos situações embaraçosas, desconfortáveis, angustiantes e sentimo-nos tristes e sobrecarregados. Situações essas que não raras vezes poderiam ter sido evitadas se nossos interlocutores da vida pensassem em evitar fazer às pessoas aquilo que abominariam que impusessem a elas. Seria bem mais fácil.
“De tanto pensar em tudo, não consigo pensar em nada”. “Penso tanto que não tenho tempo para pensar”. “Minha mente está cheia, porém está um tanto vazia”. “Tudo sei, mas não sei de nada”. São sensações do momento. Não só minhas. De muita gente. As coisas estão profundamente rasas. Inteiramente partidas. Constantemente voláteis. Densamente esparsas. Apertadas de tão largas. Entupidas de nada. Estamos vivendo tempos contraditórios. A começar pela mente.
Projetemos uma pirâmide na mente, em que visualizamos a base, o miolo e o topo. Se tivermos de organizar nossos valores de vida dentro dessa estrutura, quais ocuparão o mais elevado patamar? Consegue identificar? É fácil para você chegar a esta conclusão? Aparentemente, escolher os valores que me são mais caros é uma tarefa simples. O difícil do experimento não é a teoria. Somos capazes de estabelecer nossas prioridades no plano teórico sem grandes desafios.
Se me permitirem falar mais do mesmo, repetir aquilo que já foi dito e escrito e publicado, o farei. Preciso, novamente, propor uma reflexão crítica. Não dá para trabalhar com o trabalho e ignorar o quão sacrificante pode ser o roteiro da vida laboral para todos os envolvidos na produtividade nas mais diversas áreas. Vem à minha mente a imagem de um trabalhador. Esgotado, apático, sobrecarregado, desmotivado, cabisbaixo. Cena cotidiana, infelizmente. Não está sendo fácil a vida laboral para muita gente.