Defesas psicológicas nos protegem de dores emocionais como o medo, insegurança, angústia, tristeza, vergonha entre outras. Porém, usá-las de forma rígida nos leva ao fechamento como pessoa, e nos impede de dar e receber coisas boas nos relacionamentos humanos.
Notícias de Nova Friburgo e Região Serrana

Cesar Vasconcellos de Souza
Saúde Mental e Você
O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.
Vergonha é um sentimento que pode surgir quando uma pessoa se sente vítima de algum tipo de abuso, quando foi feito contra ela algo humilhante.
Existe a vergonha saudável e a tóxica. A tóxica destrói a vida, é uma experiência dolorosa, uma ferida profunda, nos separa de nós mesmos e dos outros, nos faz rejeitar a nós mesmos, e esta rejeição requer um disfarce, uma dissimulação, você a encontra no doutor e no iletrado, no rico e no pobre, no poderoso e no impotente.
“A auto-importância é nosso maior inimigo. Pense sobre isso – o que nos enfraquece é nos sentirmos ofendidos pelos atos e delitos de nossos semelhantes. Nossa auto-importância requer que gastemos a maior parte de nossa vida ofendidos por alguém.” (Carlos Castaneda, Touchstones: A Book of Daily Meditations for Men”).
Fritjof Capra, foi professor de física quântica na Universidade da California em Berkeley. É um físico teórico e escritor que tem desenvolvido um trabalho sobre a promoção da educação ecológica. Décadas atrás num de seus livros ele falava sobre a importância de uma vida simples, consumo frugal, consciência ecológica para a sobrevivência de nosso planeta. Ele comenta: “O conhecimento vem sendo dominado por grandes corporações mais interessadas em retornos financeiros do que no bem-estar da humanidade.
Não tem saída para problemas emocionais pessoais, familiares, sociais, políticos e até empresariais, sem o conhecimento e a prática da verdade. A verdade é corretora, preserva a saúde, pessoal, familiar, social, política, corporativa, espiritual. A meta da psicoterapia, que é um tratamento psicológico para resolução de conflitos e sintomas emocionais, é a busca da verdade de como se lida com pensamentos, sentimentos, decisões, motivações, necessidades de afeto, para ver o que funciona mal nisso e o que precisa conserto.
Li um pensamento que diz: “Quanto mais eu forço as coisas, mais dura fica minha vida.” Forçar é diferente de esforçar. Forçar é querer controlar, enquanto que esforçar é se empenhar em fazer uma tarefa.
Alguns de nós somos tendentes a querer controlar as coisas e até as pessoas. Isso aumenta a tensão, a preocupação e o estresse interno (pessoal) e externo, no relacionamento com os outros.
Nossa mente é enganosa. No mais profundo dela existe uma mistura de verdade e mentira. Saúde mental é um progressivo buscar ser verdadeiro consigo mesmo. Numa ficha (uma moeda) norte-americana dos AA – Alcoólicos Anônimos, dada aos membros do grupo por conquistas sobre evitar o primeiro gole, tem a frase: “Para que seu próprio eu seja verdadeiro”. Você é verdadeiro consigo mesmo?
Assim como não conseguimos enxergar certas partes de nosso próprio corpo sem o auxílio de um espelho, da mesma forma não temos uma visão de algumas características de nosso eu, de nossa maneira de ser como pessoa, sem procurar obter melhor discernimento pessoal ou aprimorar o autoconhecimento.
Nossa mente tem o consciente, a consciência e o inconsciente. Consciente é o que você está usando agora para pensar, é a parte que nos conecta com o mundo real e externo. Consciência é a área mental onde estão informações, conceitos, valores, desejos, que você tem acesso quando deseja, sendo uma área nobre que só nós humanos temos, e os outros animais não possuem, ou seja, temos autoconsciência e eles não.
Médico sofre também? Médico também tem doenças físicas, angústia, depressão, também se suicida? Infelizmente sim. Nos Estados Unidos entre 300 a 400 médicos se suicidam a cada ano. Um médico por dia se mata no país do primeiro mundo. Ainda que os médicos tenham uma menor estatística de morte por câncer e doença cardíaca, talvez pelo conhecimento do que fazer e acesso rápido ao diagnóstico, eles apresentam um risco maior de morte por suicídio.