A exposição e o consumo do tabaco, além do fumo passivo (exposição a fumaça do cigarro), causou a morte de mais de sete milhões de pessoas em todo o mundo em 2023. A constatação é de um estudo realizado pelo Instituto de Métricas e Avaliação de Saúde (IHME) da Universidade de Washington, apresentado na semana passada, durante a Conferência Mundial sobre Controle do Tabaco, na Irlanda.
O relatório aponta que houve um aumento de 24,4% na taxa de mortes atribuídas ao tabaco, quando comparadas a 1990. Segundo Brooks Morgan, pesquisador do Instituto, o tabaco contribui para aproximadamente uma em cada oito mortes no mundo.
Ele é o principal fator de risco para mortes em homens (levou a 5,59 milhões de mortes), e está em sétimo lugar para as mulheres (1,77 milhão de mortes). Dentre os países, o mais atingido foi o Egito. As mortes em 2023 foram 124,3% maiores do que em 1990.
Um outro relatório, publicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), fez uma recomendação global para que seja feito um esforço no combate ao tabagismo e aos novos produtos de nicotina, como os cigarros eletrônicos, seja aumentando os impostos ou exigindo advertências nas embalagens dos produtos.
Bilhões gastos com saúde de fumantes
Outra pesquisa, realizada pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca), mostrou que o Brasil gasta R$ 153 bilhões por ano com despesas de tratamento de saúde de fumantes. O estudo quantifica ainda um ciclo perverso, pois o fumante atual gera lucro até quando morrer às indústrias fabricantes de cigarro e uma parcela desse lucro poderia ser usada para políticas de prevenção evitando novas mortes por tabagismo.
Danos do cigarro à saúde
Uma das doenças mais conhecidas que podem ser causadas pelo hábito é o câncer de pulmão, um dos tipos mais agressivos de tumor. Aqueles que fumam têm de 15 a 30 vezes mais probabilidade de desenvolver o diagnóstico, e 80% a 90% das mortes pelo câncer de pulmão são ligadas ao cigarro, de acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC).
No ano passado, um comitê da Sociedade Americana para Medicina Reprodutiva publicou uma análise das evidências sobre o impacto do cigarro na reprodução humana. O documento destacou que o fumo pode causar menor contagem de espermatozoides; dificuldade para engravidar; parto prematuro; restrição de crescimento do feto; descolamento da placenta e mortalidade na fase final da gravidez até o recém-nascido.
De acordo com os CDCs, o tabagismo dobra o risco de sangramento anormal durante a gestação e também pode provocar danos ao desenvolvimento do pulmão e do cérebro do feto, que perduram ao longo da infância da criança. Um dos motivos é que as substâncias tóxicas inaladas com o cigarro podem atravessar a placenta e chegar ao embrião.
O acidente vascular cerebral (AVC), também conhecido como derrame, ocorre quando parte do cérebro para de receber sangue e oxigênio devido a uma obstrução ou a um rompimento de um vaso sanguíneo. Segundo a Organização Mundial do AVC, o tabagismo é um dos fatores de risco para o desenvolvimento desse problema.
Quem fuma 20 cigarros por dia chega a ter uma chance seis vezes maior de sofrer um AVC em relação a não fumantes. Isso porque o monóxido de carbono presente no cigarro reduz o oxigênio no sangue, e a nicotina acelera o batimento cardíaco. Com isso, a pressão arterial é elevada, o que é um fator de risco conhecido para o AVC.
Além disso, o fumo aumenta o colesterol considerado ruim e torna o sangue mais espesso, ou seja, mais propenso a formar coágulos que podem obstruir o vaso sanguíneo, outros mecanismos associados ao maior risco cardíaco.
Outra doença ligada fortemente ao hábito de fumar é o diabetes tipo 2, a forma mais comum da doença. O diagnóstico é caracterizado pela má produção ou má absorção da insulina pelo corpo humano. O hormônio é responsável por retirar o excesso de açúcar (glicose) da corrente sanguínea.
(Fonte: O Globo)
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