A Fevest e o coração têxtil de Nova Friburgo

Lucas Barros

Além das Montanhas

Jovem, advogado criminal, Chevalier na Ordem DeMolay e apaixonado por Nova Friburgo. Além das Montanhas vem para mostrar que nossa cidade não está numa redoma e que somos afetados por tudo a nossa volta.

quinta-feira, 26 de junho de 2025

Quem vive em Nova Friburgo há algum tempo sabe que junho não é só tempo de casaco, névoa e chocolate quente: é também tempo de Fevest. A tradicional Feira de Moda Íntima, Praia, Fitness e Matéria-prima não é apenas um evento no calendário: é um verdadeiro ponto de encontro entre inovação, tradição e negócios que movimenta os quatro cantos da serra.

Mais do que vitrines elegantes e desfiles arrojados, a Fevest é o reflexo da identidade produtiva de Nova Friburgo, que se consolidou, ao longo das últimas décadas, como o maior do polo de moda íntima em todo o Brasil – e com muito orgulho, nós friburguenses, batemos no peito para falarmos sobre essa conquista.

A Fevest, que começou na terça-feira, 24, e termina hoje, 26, é a vitrine anual onde os bastidores da indústria ganham holofotes: ali se revela a força de uma cadeia produtiva que vai do desenho ao acabamento, da costureira ao exportador, da qualidade da renda à qualidade do elástico.

Calcinhas, sutiãs e muito mais

A economia local de Nova Friburgo respira moda íntima. São milhares de empregos diretos e indiretos gerados por pequenas, médias e grandes confecções espalhadas por toda a cidade. Muitas dessas empresas são familiares, enraizadas nos bairros, passando de geração em geração como um verdadeiro legado. Outras surgiram quase por acaso, impulsionadas pelo talento e pela coragem de costureiras experientes que decidiram empreender.

A Fevest representa, para esse universo produtivo, muito mais do que uma vitrine. É uma oportunidade concreta de crescimento, de firmar parcerias e de conquistar visibilidade em um mercado competitivo. Mas é também uma experiência que conecta o presente ao passado, permitindo que cada expositor vivencie de perto a história viva — e ainda pulsante — da cidade, com toda sua identidade produtiva.

Durante os dias de feira, o impacto na economia local é visível. A rede hoteleira registra altos índices de ocupação, restaurantes e bares ficam mais movimentados, motoristas de aplicativo garantem uma rotina cheia de corridas, e o comércio em geral sente o aquecimento. É como se Nova Friburgo respirasse um novo ar: mais vibrante, mais cosmopolita, mais integrado ao que há de mais moderno no mercado nacional e internacional.

“Como comecei a atuar recentemente como autônoma, a Fevest representa uma grande oportunidade para mim. É um espaço onde estou ampliando meu portfólio, conhecendo novas empresas, trocando experiências e fazendo networking com profissionais da área. Tudo isso me ajuda a crescer profissionalmente, me motiva a seguir em frente e a buscar constantemente a melhora do meu trabalho”, explica Nathalia Senna, videomaker e storie maker que atua na cobertura de eventos e produção de conteúdo para marcas.

Mas o impacto vai além da semana do evento. Muitos negócios iniciados ali seguem gerando frutos ao longo do ano. São contratos fechados, parcerias firmadas, marcas lançadas e ideias que saem do papel. A Fevest também impulsiona a inovação: é ali que muitas empresas locais apresentam novas tecnologias têxteis, tecidos sustentáveis, designs autorais e soluções para produtividade.

“Estar na Fevest é essencial para a gente, principalmente pela visibilidade que ela traz para a marca e pelos novos contatos que surgem. Temos conseguido alcançar clientes do Brasil inteiro e até de fora, o que é muito importante para o nosso posicionamento. Como trabalhamos com público de atacado, que é quem movimenta nossa demanda, estar aqui fortalece tanto o branding quanto os negócios”, observam Davi Exposito e Thamata Lopes, empresários da Thatha Lopes Lingerie.

Outro aspecto fundamental é o papel social que a feira desempenha. Além de fomentar negócios, a Fevest valoriza o talento local. Desfiles, oficinas e palestras ajudam a qualificar profissionais, despertar vocações e incentivar jovens empreendedores. É um espaço de troca, de aprendizado e de valorização da criatividade — uma característica tão marcante no DNA friburguense.

A feira também colabora para manter viva a identidade da cidade como referência nacional em moda íntima, concorrendo com polos maiores e mais industrializados. Isso exige investimento, organização e, claro, uma dose de orgulho local. E esse orgulho aparece: nas peças bem-acabadas, nos stands caprichados, no sotaque que mistura timidez e confiança ao apresentar uma nova coleção.

Em tempos de economia instável, eventos como a Fevest são âncoras de desenvolvimento. Não só movimentam milhões em negócios, mas criam uma cadeia de valor que distribui renda e oportunidades por toda a região. Para muitos pequenos empreendedores, estar na Fevest é a chance de mostrar sua marca para compradores de fora, firmar presença no mercado e consolidar sua história.

Se Nova Friburgo fosse uma peça de roupa, a Fevest seria sua costura bem-feita: segura, firme e cheia de personalidade. É nela que a cidade reafirma seu lugar no mapa da economia criativa, mostra sua força produtiva e abre portas para o futuro. E por tudo isso, a feira é muito mais do que moda. É movimento, é identidade, é economia pulsando no ritmo das máquinas de costura e da criatividade serrana.

Enquanto houver costureiras afiadas, designers sonhadores e empresários dispostos a acreditar no que fazem, a Fevest continuará sendo um dos maiores orgulhos de Nova Friburgo. E que venham as próximas edições, com mais inovação, mais talento e mais renda girando — porque quando a feira cresce, a cidade inteira cresce com ela.

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Jovem, advogado criminal, Chevalier na Ordem DeMolay e apaixonado por Nova Friburgo. Além das Montanhas vem para mostrar que nossa cidade não está numa redoma e que somos afetados por tudo a nossa volta.

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