Notícias de Nova Friburgo e Região Serrana
O medo de ficar de fora

Camilla Fiorito
Conversas de Dentro
Camilla é friburguense e psicopedagoga. Adora escrever e trabalhar com desenvolvimento socioemocional. Nesta coluna, escreve sobre os encontros entre o social e o emocional - espaços onde a vida, por vezes, nos pede pausa, coragem e escuta.
Vivemos em uma era global onde as coisas precisam acontecer agora
As pessoas desejam respostas imediatas, acompanhadas de mirabolantes performances. É como se estivéssemos esperando a grande sessão de teatro, sem as pausas entre um ato e outro, sem erros e faltas.
Com isso, exigimos dessa peça tudo e muito mais que os próprios atores podem entregar. E, claro, queremos estar nessa sessão performática, sem ficar de fora deste grande espetáculo.
Mas o que é “ficar de fora" dentro de um mundo onde às relações estão cada vez mais superficiais?
A FoMO, que em Inglês significa Fear of Missing Out, o famoso "medo de ficar de fora", mexe profundamente com as nossas sensações ao longo do dia. As escolhas passam a ser pautadas dentro deste modelo. Conectar-se consigo mesmo vai ficando de lado, esquecido neste universo imenso e agitado em que vivemos.
O medo de não acompanhar as atualizações constantes, a curiosidade sobre o que o outro está fazendo, comendo e vestindo vai nos envolvendo cada vez mais no uso das redes sociais e grupos virtuais. Um medo real ou imaginário, mas que existe e impacta diretamente na forma como nos relacionamos com o outro.
Quando decidi sair de muitos grupos de WhatsApp dos quais eu participava até então, senti alívio. Um alívio cheio de sentimentos, especialmente a libertação daquela urgência, da pressa. Uma ansiedade presente, mesmo com os alarmes desligados e os grupos arquivados.
Passei dias refletindo sobre o real significado daquilo tudo. Questionei internamente o porquê de tantos círculos virtuais serem formados.
Quando queremos estar com alguém, simplesmente esperamos que um grupo se forme ou nos organizamos de forma diferente e realizamos aquele encontro? Será que há a necessidade de se ter grupos e grupos para que isso aconteça? Estar incluído nestes movimentos nos traz pertencimento? Ou sentimos, de forma irreal, que se não estivermos ali não seremos lembrados?
A grande peça de teatro acontece o tempo todo. Nada nos impede de ir. E não estar em grupos digitais não significa não ser chamado. Quando queremos estar com alguém, simplesmente estamos. Não estar no grupo para ida ao teatro, não nos deixa de fora, pois os encontros seguem acontecendo, paralelamente aos grupos de WhatsApp. A sensação real de pertencimento vai muito além desses momentos.
Ao sair dos grupos, sejam eles quais forem, o dia a dia muda. As mensagens em excesso desaparecem. A urgência em ler se dissipa, fazendo com que a bilheteria funcione de forma leve e tranquila.
O medo de ficar de fora vai se esvaziando. Um esvaziar com compreensão de que as relações reais precisam ser fortalecidas, encontros podem ser mais disponíveis e os olhares mais próximos.
Aproveite para ligar e marcar com aqueles amigos que vão além das bilheterias digitais.
Até a próxima quarta!
……..
Contato
Site: www.camillafiorito.com.br - Instagram: @camilla.fioritoeduc

Camilla Fiorito
Conversas de Dentro
Camilla é friburguense e psicopedagoga. Adora escrever e trabalhar com desenvolvimento socioemocional. Nesta coluna, escreve sobre os encontros entre o social e o emocional - espaços onde a vida, por vezes, nos pede pausa, coragem e escuta.
A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.
Deixe o seu comentário