O número de brasileiros com 15 anos ou mais que não sabem ler nem escrever caiu 15% em oito anos, segundo dados divulgados recentemente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O total de não alfabetizados caiu de 10,7 milhões em 2016 para 9,1 milhões em 2024, uma redução de 1,56 milhão de pessoas. Apesar da melhora, o analfabetismo ainda afeta uma parcela significativa da população brasileira.
A Região Nordeste é a que concentra o maior número de não alfabetizados: 5,08 milhões em 2024, mais da metade do total nacional. O analfabetismo no Brasil permanece associado à idade: 14,9% das pessoas com 60 anos ou mais não sabem ler nem escrever. Entre os adultos com 25 anos ou mais, a taxa cai para 6,3%.
Entre os idosos, as mulheres registram uma taxa um pouco superior à dos homens: 15% contra 14,7%. No entanto, o cenário se inverte nas faixas etárias mais amplas. Considerando a população com 15 anos ou mais, o número foi menor entre as mulheres (5%) do que entre os homens (5,6%) em 2024. A diferença se mantém ao longo da série histórica.
As mulheres também apresentam maior escolaridade média: 10,3 anos de estudo, contra 9,9 anos dos homens. Segundo o IBGE, os dados sugerem uma tendência de equilíbrio entre os sexos, resultado de avanços na escolarização feminina nas últimas décadas, ainda que os reflexos do passado persistam entre as gerações mais velhas.
Diferença racial
Já o recorte por cor ou raça mostra uma grande e constante desigualdade. Os números de 2024 indicam que pretos e pardos somam 6,7 milhões de analfabetos, quase três vezes o total de brancos, que é de 2,3 milhões. A disparidade permanece estável ao longo da série histórica. Desde 2016, o número de brancos analfabetos caiu de 2,8 milhões para 2,3 milhões (queda de 17,4%).
Enquanto isso, entre pretos e pardos a redução foi de 1,1 milhão, ou 14,3%. O contraste também é mais acentuado entre os idosos: 8,1% dos brancos com 60 anos ou mais não sabiam ler ou escrever, ante 21,8% dos pretos ou pardos, quase três vezes mais.
Brasil fora da meta
A recente prorrogação do Plano Nacional de Educação (PNE) até dezembro de 2025 evidencia as dificuldades em se enfrentar o analfabetismo no país. O plano, que expirou em junho de 2024, foi estendido para evitar que o país ficasse sem diretrizes educacionais. O PNE atual foi sancionado em 2014 pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Entre suas metas, estava superar o analfabetismo absoluto até 2024 e a reduzir pela metade a taxa de analfabetismo funcional, quando a pessoa reconhece letras e números, mas tem dificuldade em compreender textos.
Os dados do IBGE consideram alfabetizado quem consegue ler e escrever um bilhete simples. Não exclui casos de analfabetismo funcional. Passados mais de dez anos, o cenário ainda está longe da erradicação, já que 5,3% da população com 15 anos ou mais continua analfabeta.
E a redução tem sido lenta. A queda entre 2022 e 2024, por exemplo, foi de apenas 5,21%, ritmo que inviabiliza o cumprimento da meta final. Apenas três das 20 metas do PNE 2014–2024 foram integralmente cumpridas. O novo plano, com 18 objetivos e 53 metas, foi enviado ao Congresso pelo Governo Federal em junho do ano passado, mas ainda não foi analisado.
* Reportagem da estagiária Laís Lima baseada em informações do portal Poder 360. Supervisão de Henrique Amorim
Deixe o seu comentário