Brasil confirma 1º foco de gripe aviária e tenta retomar status em 28 dias.

Exportações de frango são suspensas; governo age para conter gripe aviária e impacto econômico.
segunda-feira, 19 de maio de 2025
por Liz Tamane
(Foto: Agência Brasil)
(Foto: Agência Brasil)

O primeiro caso de gripe aviária altamente patogênica (IAAP) em uma granja comercial do Brasil acendeu um sinal de alerta entre autoridades nacionais e organismos internacionais de saúde animal e pública. Confirmado na última sexta-feira, 16, pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), o foco da doença foi registrado em um matrizeiro de aves comerciais no município de Montenegro, no Rio Grande do Sul, marcando uma nova fase na presença do vírus no país, até então restrito a aves silvestres e de criação caseira.

Em nota, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) afirmou acompanhar de perto a evolução do caso e ressaltou a gravidade do episódio. “O caso marca uma nova etapa na presença do vírus que, até então, se limitava a aves silvestres e de criação caseira”, alertou o comunicado. Para a entidade, o avanço da gripe aviária representa uma ameaça não só à saúde animal, mas também à segurança alimentar, à biodiversidade e à saúde pública.

A FAO lembrou que, desde 2022, mais de 4,7 mil surtos de gripe aviária altamente patogênica foram registrados na América Latina e no Caribe, afetando aves de criação, aves migratórias, mamíferos marinhos e até animais de estimação. A propagação do vírus segue as rotas naturais das aves migratórias, conectando ecossistemas que vão do Canadá até a Terra do Fogo, no extremo sul do continente.

Diante do risco de disseminação, a entidade destacou a importância de fortalecer sistemas nacionais de vigilância, biossegurança e resposta rápida — especialmente entre pequenos e médios produtores. “É fundamental um trabalho coordenado entre todos os países da região para conter a propagação do surto ao longo do continente. Somente por meio de uma ação conjunta e contínua será possível proteger a saúde animal, salvaguardar a saúde pública e fortalecer a resiliência dos sistemas agroalimentares”, afirmou a FAO.

Risco baixo para humanos

Apesar da preocupação, a FAO e o Ministério da Agricultura reforçaram que o consumo de carne de frango e ovos segue seguro, sobretudo quando os alimentos são bem cozidos. O risco de transmissão para humanos é considerado baixo, sendo mais presente entre profissionais que mantêm contato direto e prolongado com aves infectadas, vivas ou mortas.

Ainda assim, como medida de precaução, países como China, União Europeia e Argentina suspenderam temporariamente as importações de carne de frango brasileira. Embora o foco da doença esteja restrito ao Rio Grande do Sul, as restrições aplicadas por esses países abrangem todo o território nacional, em razão de cláusulas previstas nos acordos sanitários internacionais.

Esperança de reverter cenário

Em entrevista coletiva nesta segunda-feira, 19, o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, afirmou que o Brasil poderá recuperar o status de país livre de gripe aviária em 28 dias, prazo que corresponde ao ciclo de vida do vírus. “O importante é fazer todo o bloqueio e o rastreamento de tudo o que saiu dessa granja. Fazendo a inutilização de toda essa produção, diminuiremos muito o risco de novos casos”, explicou o ministro.

Segundo Fávaro, se não forem registrados novos focos no período, será possível informar com segurança à comunidade internacional que o surto foi controlado. “Se, em 28 dias, não tiver nenhum outro caso, poderemos, com tranquilidade e baseado em ciência, dizer ao mercado e aos compradores que o Brasil volta ao status de país livre de gripe aviária”, disse.

O ministro ponderou, no entanto, que a normalização das exportações não será imediata. “Não significa que todos os mercados se abrirão. Muitos vão fazer questionamentos, tirar dúvidas. E é normal isso”, afirmou. A expectativa é de que, gradualmente, países que suspenderam as importações reduzam as restrições apenas ao estado do Rio Grande do Sul ou ao município de Montenegro.

Suspensão chinesa veio em momento delicado

Durante a conversa com jornalistas, Fávaro comentou ainda que a China estava prestes a retomar as importações de carne de frango do Rio Grande do Sul, suspensas desde o ano passado por conta de um caso da doença de Newcastle em uma granja comercial. A reabertura havia sido sinalizada pela Administração Geral das Alfândegas da China (GACC), durante a visita oficial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao país.

“Infelizmente, a restrição agora veio por outro motivo. A China estava na iminência de voltar a comprar do Rio Grande do Sul. Tinham se dado por satisfeitos com os relatórios enviados sobre Newcastle. Agora teremos de trabalhar novamente para superar esse novo obstáculo”, lamentou Fávaro.

Vigilância e prevenção

O novo cenário coloca o Brasil em estado de atenção redobrada. Embora o país conte com um dos maiores sistemas de defesa agropecuária do mundo e seja referência internacional em sanidade avícola, o ingresso do vírus em uma unidade de produção comercial representa um risco novo para o setor, que é altamente dependente das exportações. O Brasil é atualmente o maior exportador mundial de carne de frango.

Enquanto isso, consumidores devem manter os cuidados habituais de higiene e cocção de alimentos, e o setor produtivo segue em alerta. O ciclo de 28 dias, que começou com a confirmação do foco, será decisivo para determinar se o Brasil conseguirá manter sob controle um dos vírus mais temidos pela avicultura global.

 

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