Brasil tem 5,3 milhões de jovens que não estudam nem trabalham, os “nem-nem”

O que a geração Z ou Zoomers pensa sobre o futuro do trabalho
quinta-feira, 15 de maio de 2025
por Ana Borges
(Foto: Freepik)
(Foto: Freepik)
O Centro de Integração Empresa-Escola (Ciee) realizou em abril, a primeira edição ESG do evento Empregabilidade Jovem Brasil, com a apresentação de uma pesquisa inédita do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), que analisou a situação dos jovens no mercado de trabalho brasileiro. A pesquisa traz recortes por estado e regiões do país. Entre os destaques do levantamento, estão:
  • Jovens profissionais temem os impactos da IA, questionam a relevância do ensino superior, demonstram pouco interesse em cargos de liderança e priorizam a segurança financeira
    O número de jovens desempregados entre 14 e 24 anos caiu pela metade nos últimos cinco anos, passando de 4,8 milhões no 4º trimestre de 2019 para 2,4 milhões no mesmo período de 2024;
  • A taxa de desemprego juvenil recuou de 25,2% para 14,3% no mesmo intervalo, com destaque para quedas expressivas no Sudeste (26,5% para 14%) e no Sul (17,5% para 8,2%);
  • A informalidade entre jovens ocupados também diminuiu, de 48% para 44%;
  • O número de estagiários subiu de 642 mil em 2023 para 990 mil no início de 2025, sendo 64% mulheres, das quais 49% brancas e 39% negras (pretas e pardas);
  • A proporção de jovens que não estudam nem trabalham atingiu o menor nível da série histórica, com 5,3 milhões de brasileiros entre 18 e 24 anos — parte significativa deles composta por jovens mães;
  • A pesquisa também revelou que 53% dos jovens ocupados são celetistas e que 67,1% recebem salários inferiores à média nacional de R$ 1.854;
  • Entre os fatores que mais motivam os pedidos de desligamento voluntário estão ter outro emprego em vista, baixo valor salarial e problemas éticos nas empresas;
  • Questões de saúde mental e dificuldades de mobilidade também aparecem como motivos relevantes para a saída voluntária dos postos de trabalho.

Mas o que alegam os jovens “nem-nem”? Em resumo, citam dificuldades para ingressar no mercado de trabalho e para continuar estudando, resultando em uma situação de exclusão social. Essa condição pode ser resultado de fatores como falta de oportunidades, desigualdades sociais, problemas familiares e questões psicológicas. 

Para entender melhor a situação dos "nem-nem", é importante considerar que essa é uma condição complexa, com diferentes causas e consequências. A falta de oportunidades, as desigualdades sociais e os desafios individuais podem contribuir para essa situação, afetando a vida e o futuro desses jovens.

No Brasil e em Nova Friburgo

Não há informações específicas sobre a situação dos "nem-nem" em Nova Friburgo. No entanto, a situação no Rio de Janeiro, em geral, pode ser similar a outros estados do Brasil, com desafios e oportunidades para jovens. 

Em todo o país, em 2025, a situação dos "nem-nem" é de um número reduzido, mas relevante. A proporção de jovens nesta condição foi de 21,2% da população entre 14 e 29 anos, totalizando 10,3 milhões de pessoas. A situação é especialmente crítica para jovens de baixa renda e mulheres negras e pardas, que enfrentam mais barreiras para entrar no mercado de trabalho e na educação. 

O material desta pesquisa também traz uma análise sobre os desafios da automação e da inteligência artificial para o futuro do trabalho jovem, apontando a necessidade de fortalecer a educação técnica e tecnológica. 

Os jovens e os impactos da IA

A geração Z, também conhecida como "Gen Z" ou "Zoomers" — onde se encontram boa parte dos “nem-nem” — compreende pessoas nascidas entre 1997 e 2010. Existem algumas variações na definição do período, com algumas fontes mencionando 1995-2010 ou 1995-2012. 

Esses jovens profissionais temem os impactos da IA, questionam a relevância do ensino superior, demonstram pouco interesse em cargos de liderança e priorizam a segurança financeira. Mas, como a geração Z e os Millennials estão encarando o cenário volátil da economia e do mercado de trabalho em 2025? Apenas 6% dessa geração afirma que seu principal objetivo profissional é alcançar um cargo de liderança sênior. 

A nova edição desta pesquisa  entrevistou mais de 23 mil pessoas em 44 países, traz luz ao que essas gerações pensam sobre temas como o impacto da inteligência artificial no trabalho, como lidar com as finanças e se manter competitivo em um ambiente em constante mudança.

O relatório revela uma geração que questiona a IA, a ambição tradicional, as universidades e muito mais. A Deloitte descobriu que mais de seis em cada dez jovens profissionais temem que a IA elimine empregos. Por isso, estão em busca de funções “à prova de IA”.

“A Geração Z e os Millennials estão refletindo de forma pragmática sobre o futuro do trabalho”, afirma Elizabeth Faber, diretora global de pessoas e propósito da Deloitte. “Embora, em geral, estejam otimistas quanto ao potencial da IA generativa para melhorar a qualidade do trabalho, mais de dois terços estão tomando atitudes concretas para proteger suas trajetórias profissionais.” Isso inclui buscar cargos que consideram menos suscetíveis à automação.

As empresas devem ficar atentas. “Há uma necessidade urgente de as organizações comunicarem com clareza como a IA generativa vai transformar — e não substituir — funções”, diz Faber. Segundo ela, as empresas também precisam investir em requalificação e desenvolvimento de profissionais. “Incluindo não só treinamentos técnicos, mas também habilidades interpessoais como empatia, adaptabilidade e liderança, que permanecerão relevantes à medida que a tecnologia evolui.”

Habilidades interpessoais como protagonistas

Essas habilidades socioemocionais e interpessoais, as chamadas soft skills, são a moeda do futuro do trabalho — e os jovens já perceberam isso. Hoje, mais de 80% da Geração Z e dos Millennials acreditam que essas competências são mais importantes para o crescimento na carreira do que as habilidades técnicas. E eles estão certos. 

“Na era da IA generativa, o elemento humano é o que diferencia os profissionais”, diz a executiva. “Essas  gerações entendem que, embora o conhecimento técnico seja essencial, são as habilidades interpessoais que sustentam o avanço profissional no longo prazo.”

Faber destaca que esses jovens estão se preparando para trabalhar em parceria com a IA, não para competir com ela. “As soft skills são a ponte entre humanos e máquinas, ajudando a resolver problemas complexos, colaborar com equipes diversas e liderar com autenticidade em contextos cada vez mais dinâmicos.”

Não a cargos de liderança

Desde que começou a ingressar no mercado de trabalho, a Geração Z tem redefinido prioridades e introduzido novas demandas no ambiente corporativo. Apenas 6% desses profissionais afirmam que seu principal objetivo profissional é alcançar um cargo de liderança sênior.

“Não se trata de falta de ambição; o que está mudando é a definição de sucesso”, explica. “Muitos estão priorizando oportunidades de aprendizado, bem-estar mental e equilíbrio entre vida pessoal e trabalho, em vez de simplesmente subir na hierarquia corporativa”.

Isso não reflete uma falta de potencial de liderança, mas a busca por um sucesso mais equilibrado. “Para formar líderes do futuro, as organizações precisam eliminar a ideia de que é preciso abrir mão da vida pessoal para ocupar cargos de liderança”, diz.

Segurança financeira

Além de propósito, os profissionais da Geração Z e os Millennials querem outra coisa no trabalho: estabilidade financeira. Quase metade dos jovens da Geração Z (48%) e dos Millennials (46%) está preocupada com sua situação financeira.

“Em comparação com o ano passado, cresceu significativamente o número de jovens que não se sentem financeiramente seguros”, diz Faber. “Essa ansiedade impacta desde o bem-estar mental até as escolhas profissionais, e até o quanto sentem que seu trabalho tem significado.”

Para complementar a renda, muitos estão recorrendo a trabalhos paralelos. E também estão priorizando salário e benefícios na hora de avaliar possíveis empregadores. 

“Mas não se trata apenas de remuneração. Eles também buscam empresas que ofereçam estabilidade, transparência e um compromisso de longo prazo com o bem-estar financeiro e além dele.”

Céticos em relação à faculdade

Um número crescente de jovens graduados da Geração Z sente que a IA tornou seus diplomas irrelevantes. Segundo a Deloitte, aproximadamente um quarto dos jovens profissionais acredita que a faculdade já não é prática nem alinhada com as demandas do mercado.

“O ensino superior continua sendo uma ferramenta poderosa, mas a Geração Z e os Millennials estão questionando se vale o investimento”, diz Faber. “Em resposta, muitos estão explorando caminhos alternativos, como cursos técnicos, formações profissionais ou programas de aprendizagem.”

Em vez de ver isso como uma ameaça, empresas e instituições de ensino deveriam enxergar uma oportunidade. “As organizações têm uma grande chance de se unir às instituições educacionais para criar programas que ofereçam a vivência prática que muitos estudantes desejam para se preparar para o mercado.”

(Fontes: forbes.com.br e brasilescola.uol.com.br)

 

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