O Brasil conta pela primeira vez com um cálculo oficial da população com autismo. São 2,4 milhões que declararam ter recebido diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA) por algum profissional de saúde, segundo dados do Censo de 2022, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados na última sexta-feira, 23.
O número equivale a 1,2% da população do país. Estimativas apontam que o número real de pessoas com TEA pode ser maior, diante dos desafios de subdiagnóstico, sobretudo em camadas mais vulneráveis. A Organização Mundial de Saúde caracteriza o transtorno por “déficits persistentes na habilidade de iniciar e manter interações sociais e comunicação social recíprocas, e por uma gama de padrões de comportamento, interesses ou atividades restritos, repetitivos e inflexíveis” que são “atípicos ou excessivos para a idade e o contexto sociocultural do indivíduo”.
O mais comum é que o transtorno se manifeste na primeira infância (fase de 0 a 6 anos). Os sintomas, no entanto, podem não se manifestar plenamente até mais tarde. Como a condição só passou a integrar o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais nos anos 1980, muitos adultos e idosos podem viver com o quadro sem serem diagnosticados.
De acordo com o Censo 2022, a prevalência do diagnóstico do TEA é maior entre os homens (1,5%) do que entre as mulheres (0,9%), e entre brancas (1,3%), em relação aos outros recortes raciais.
Os dados também indicam que 43% da população diagnosticada com autismo está concentrada na Região Sudeste. Por outro lado, os estados com maior percentual está nas regiões Norte e Nordeste: Acre (1,6%), Amapá (1,5%) e Ceará (1,6%). O percentual entre os estados varia entre 1% e 1,6%.
Especialistas destacam a diversidade de habilidades de linguagem e funcionalidades intelectuais dos autistas, que vem sendo reconhecida há pouco mais de uma década, quando o termo “espectro” passou a ser utilizado para reforçar a variedade de sintomas e características que podem se manifestar.
A inclusão do quesito autismo no censo foi determinada por lei, em 2019. O relatório divulgado pelo IBGE reconhece as limitações do questionário para lidar com a questão, dada a avaliação complexa requerida pelo TEA e a amplitude do espectro, o que fez com que o tema fosse incluído sob a forma de uma pergunta única: “Já foi diagnosticado(a) com autismo por algum profissional de saúde?”
Nova Friburgo também tenta avançar na promoção de políticas públicas para melhor acompanhamento de pessoas com TEA. Através da lei municipal 4.681 foi instituído o Dia e a Semana Municipal de Conscientização do Autismo, de autoria do vereador Isaque Demani (PL), que celebra a realização de debates sobre a causa, a inclusão no concurso público da prefeitura de profissionais de apoio escolar para crianças com TEA e a contratação de um neuropediatra para a rede pública de saúde. O parlamentar se dedica agora à tentativa de viabilizar a construção de uma clínica para neuro divergentes no município.
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