Dados da pesquisa “Mais Dados Mais Saúde” revelam que 62,3% da população brasileira evitam procurar assistência médica mesmo que esteja precisando. Para chegar em tais números, 2.458 brasileiros adultos [a partir dos 18 anos] foram entrevistados entre agosto e setembro de 2024.
Os motivos para não buscar atendimento incluem superlotação e demora no atendimento (46,9%), burocracia no encaminhamento (39,2%), hábito da automedicação (35,1%) e a ideia de que o problema de saúde não era grave (34,6%). Da mesma forma, 40,5% das pessoas relataram ter buscado atendimento e não recebido nos últimos 12 meses.
Esses dados mostram os desafios estruturais do sistema público de saúde, que enfrenta uma demanda elevada de usuários, e reforçam a necessidade de ampliar os investimentos e aprimorar a gestão dos serviços que vão aumentar a disponibilidade e diminuir o tempo de espera para o público.
A automedicação, em terceiro lugar como motivo de ambos grupos relatarem não procurar atendimento médico, foi mencionada por 35,1% dos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) e por 32,9% dos que não utilizam o sistema. O dado aponta para uma prática generalizada, que pode levar ao uso incorreto de medicamentos e atraso na busca por tratamentos eficazes.
Na sequência das justificativas mais citadas, a afirmação de que o problema de saúde não exigia atenção profissional também apareceu nos dois grupos, porém com 28,9 pontos porcentuais a mais no grupo dos respondentes que não utilizam o SUS. Esse resultado pode indicar que o grupo não usuário do SUS se sente mais seguro para cuidar da própria saúde ou tem menor percepção dos riscos envolvidos.
O estudo foi desenvolvido pela Vital Strategies e pela Umane, em parceria com a Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e apoio do Instituto Devive e da Resolve to Save Lives. O objetivo é inovar na coleta de dados em saúde e apoiar estratégias da gestão pública para ampliar o acesso e a qualidade dos serviços de saúde para toda a população brasileira. As informações estão presentes no primeiro módulo do estudo, que foi divulgado no dia 25 de abril.
"A Atenção Primária à Saúde (APS) foi o tema do primeiro módulo Mais Dados Mais Saúde, programa de inovação no levantamento de dados em saúde. O inquérito foi conduzido com o objetivo de avaliar o desempenho da atenção primária no que se refere a percepção de acesso e qualidade dos serviços, explorando as diferenças sociodemográficas", ressalta o site do estudo.
Segundo os dados, 89,3% dos brasileiros respondentes utilizam o Sistema Único de Saúde (SUS). O perfil desses usuários do SUS é caracterizado pelo predomínio de mulheres, pessoas de cor parda, com renda de até R$ 3 mil, sem ensino superior e residentes em cidades do interior. A seguir, os detalhes do perfil dos usuários do SUS mapeados pela pesquisa:
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67,3% têm renda de até R$ 3 mil
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60,2% são mulheres
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57,1% de cor parda e 16,2% de cor preta
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38,6% têm de 35 a 59 anos
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86,2% não tem ensino superior
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61% reside em municípios do interior
Os dados completos podem ser acessados e baixados no link: https://observatoriosaudepublica.com.br)
(Fonte: observatoriosaudepublica.com.br)
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