Desde o ano passado, 2024, o ato de brincar é lei e a data — 28 de maio — faz parte do calendário oficial: Dia Nacional do Brincar. A ideia é lembrar a todos que brincar não é apenas diversão: é direito, necessidade e parte essencial do crescimento saudável das crianças.
Inspirado no Dia Mundial do Brincar, celebrada desde 2000, com apoio do Unicef, a data quer chamar atenção para o valor das brincadeiras, que andam ameaçadas pelos celulares, tablets e maratonas de vídeos que isolam e estacionam os pequenos no sofá.
A lei, sancionada pelo então presidente em exercício Geraldo Alckmin (PSB), prevê campanhas educativas, eventos públicos e atividades lúdicas para estimular o equilíbrio entre o mundo digital e as boas e velhas brincadeiras de roda, pega-pega e esconde-esconde. Tudo isso com o objetivo de proteger a infância e promover o bem-estar físico, emocional e social dos nossos mini cidadãos.
O projeto, que tramitava desde 2020, foi proposto pela deputada federal Tereza Nelma (PSD-AL) e contou com relatorias de Ana Paula Lima (PT-SC) na Câmara e Esperidião Amin (PP-SC) no Senado. Além de fortalecer vínculos familiares e comunitários, a data é um convite para que a sociedade repense o tempo das crianças, garantindo espaço para correr, imaginar, criar e conviver.
Portanto, prepare a amarelinha, o pião e a corda, as bolinhas de gude, ou aquelas brincadeiras que envolviam cirandas e correrias em volta de cadeiras, lembram? Em tempo de férias, não importa a data, o importante é se jogar em atividades divertidas. Mesmo que brincar seja coisa séria!
O que dizem
No Brasil, brincar é um direito fundamental da criança, garantido por lei, especificamente pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e pela Constituição Federal (CF). Além disso, existem leis específicas que incentivam o brincar e a promoção de ambientes seguros e estimulantes para as crianças. O que dizem entidades e especialistas:
- ECA — O ECA estabelece que brincar é um direito essencial para o desenvolvimento integral da criança, abrangendo aspectos físicos, emocionais e sociais.
- CF — A Constituição Federal também garante, com absoluta prioridade, o direito da criança ao desenvolvimento, incluindo o brincar.
- Psicologia — O brincar facilita crescimento e, portanto, a saúde; o brincar conduz aos relacionamentos grupais; o brincar pode ser uma forma de comunicação na terapia.
- Jean Piaget — Para Piaget, é no brincar que a criança desenvolve o cognitivo. Henri Wallon enfatizou a importância da afetividade no desenvolvimento infantil, considerando-a um aspecto central e indissociável da formação da criança. Já a pedagoga Tizuko Kishimoto diz que o brincar contribui para a aprendizagem espontânea da criança.
- Paulo Freire — Na educação infantil, o jogo e a brincadeira são condições para o aprendizado da criança que desde cedo aprende a ler o mundo, condição para a produção do conhecimento e que, isso se impõe como necessidade.
Um dica de leitura infantil,
porque ler é também uma forma de brincar
“Leonora: a lesma que não é a mesma”
Livro infantil retrata uma história de coragem e autoconfiança
Na obra, a autora celebra a beleza da diferença e a força da determinação
A apresentadora, locutora e agora ilustradora Patricia Paes lança seu mais novo livro infantil, "Leonora: a lesma que não é a mesma" (Ed. Ases da Literatura), uma obra que mistura rimas e ilustrações vibrantes para contar a história de uma pequena lesma que desafia estereótipos e prova que todos podem alcançar grandes feitos. Com temas como coragem, autoconfiança e superação, o livro é uma celebração da diversidade e um convite para que crianças (e adultos) acreditem em seu potencial.
A inspiração para a história veio das noites de contação para a filha, Iara, de 6 anos. "A Leonora surgiu naturalmente, nas nossas invenções diárias antes de dormir. Depois, as rimas foram fluindo, e em dois dias a história estava pronta", revela Patricia. O desafio, porém, veio com as ilustrações — sua estreia no desenho.
"Foi uma experiência transformadora. Assim como a Leonora, eu também estava subindo uma grande árvore pela primeira vez", compara a autora, que vê na personagem um reflexo de sua própria trajetória: "Vim de uma família sem estudo, mas ousei ir mais longe. Todos temos uma Leonora dentro de nós".
Além de abordar o julgamento pela aparência e a discriminação, o livro carrega uma mensagem de generosidade: "Quando somos os pioneiros, podemos estender a mão para quem vem depois", destaca Patricia. A obra marca sua transição para o universo das artes visuais. Radicada em Paraty (RJ), ela integra um coletivo feminino de artistas e se define como "uma caipira que desaguou no mar".
Com linguagem poética e estilo coloquial, "Leonora: a lesma que não é a mesma" dialoga com influências como Manoel de Barros e a literatura feminista, sem perder a leveza do universo infantil.
"Escrevo para me expressar, mas também para deixar um pouco de mim no mundo", afirma Patricia, que já publicou “Sem cerimônia” (2016), sobre oratória, e comanda o podcast Mulé de Maré. Seu próximo projeto literário, “Araújo, o caramujo marujo”, traz a história de um caramujo com TDAH que tenta virar marujo de uma embarcação, mas vive atrapalhado.
Deixe o seu comentário