Roubos de carga elevam custos de transportadoras de Friburgo em até 20%

Com ocorrências policiais diárias na região metropolitana, seguradoras aumentam exigências
terça-feira, 22 de julho de 2025
por Henrique Amorim
(Foto: Freepik)
(Foto: Freepik)

A crescente onda de violência no Rio de Janeiro com confrontos diários entre policiais e criminosos, fechamento de vias expressas com barricadas, tiroteios e assaltos constantes a caminhões, já começa a ter reflexos no interior do estado. Na semana passada, uma reportagem do telejornal RJ-TV, da Rede Globo, mostrou que o índice de roubos de carga na capital aumentou 30% em relação ao ano passado, com uma média assustadora de até oito assaltos a caminhões por dia na região metropolitana da capital. 

Em Nova Friburgo, embora o Sindicato das Empresas Transportadoras de Carga (Setcanf) celebre o índice zero desse tipo de ação criminosa no município, a violência no Rio impacta severamente o setor que se viu obrigado a onerar entre 15% e 20% o custo das operações de transporte de cargas. Parte desse custo extra acaba sendo repassado para os valores dos fretes cobrados dos clientes para o transporte de encomendas que tenham o Grande Rio como destino. A informação é do presidente do Setcanf, Jackson Thedin, que atribui a onerosidade do custo do transporte às maiores exigências das seguradoras por causa da violência. 

“Com maior incidência de sinistros, as operadoras exigem que as frotas (de caminhões) tenham equipamentos de gerenciamento de riscos, rastreadores e dependendo do local da entrega das encomendas, até mesmo escolta armada aos caminhões. Isso acontece principalmente com o transporte de eletroeletrônicos e alimentos”, conta Jackson que lamenta ainda o fato dos criminosos agirem desenfreadamente devido à certeza de impunidade. “Geralmente a polícia prende os assaltantes e a Justiça acaba soltando-os. Já houve casos de um bandido ter sido pego duas vezes assaltando caminhões”, disse.  

A maior exigência das seguradoras aliada a estratégias de segurança criadas pelo próprio setor de transporte de cargas já reflete em resultados. Jackson Thedin conta que em 2022 sua própria transportadora amargou mais de 40 assaltos no Grande Rio. No ano passado foram dois. 

Carga blindada          

Para evitar que os caminhões de transportadoras do interior do estado sejam alvos dos criminosos nas vias expressas e regiões com maior incidência de mancha criminal no Rio e Baixada Fluminense, o setor que, além do Setcanf em Friburgo, reúne outros quatro sindicatos, criou um grupo de comunicação por WhatsApp denominado “Carga Blindada”. Nele, motoristas e ajudantes de entregas ao perceberam qualquer possível ameaça de assalto ou perseguição de criminosos aos caminhões postam uma mensagem de alerta neste grupo e imediatamente forças policiais que estejam com equipes mais próximas do local do possível sinistro são mobilizadas.      

Prejuízo para as transportadoras, lucro para o crime 

Em entrevista para a TV Globo Rio, o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), Luíz Césio Caetano, destacou que a onda de assaltos a caminhões gera um enorme prejuízo às transportadoras e à população que passa a pagar mais caro pelas mercadorias. 

“Os roubos impactam toda a cadeia, pois a indústria tem que cobrir os prejuízos da violência com seguros mais caros e segurança, sem contar as perdas de mercadorias que muitas vezes são roubadas para revenda no varejo pelos próprios criminosos, principalmente alimentos”, observa Caetano que exemplifica: “ dos 2.762 roubos de cargas registrados em 12 meses, pelo menos 1.418 eram de alimentos”.     

A TV Globo mostrou ainda que as denúncias de crimes de roubo de carga também vem aumentando no estado. No primeiro semestre deste ano foram contabilizadas 824 denúncias de roubo de carga, 30% a mais que no mesmo período do ano passado. A audácia dos criminosos vai além dos assaltos. Em muitos casos, motoristas e ajudantes são feitos reféns, sequestrados para áreas dominadas pelo crime, onde as mercadorias passam para o domínio de quadrilhas e depois revendidas ilegalmente. 

“Essa é uma das atividades ilícitas mais lucrativas para os bandidos. e 90% desses assaltos são comandados por traficantes”, explica o delegado Fábio Asty, da Polícia Civil carioca, que contabilizou 1.200 ocorrências de roubo de carga, de janeiro a maio deste ano, somente na capital fluminense.   

 

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