Há alguma diferença na forma como o tabagismo afeta homens e mulheres?
Na verdade, isso depende muito da perspectiva de cada doença abordada. Por exemplo: o uso combinado de tabaco e anticoncepcionais por mulheres aumenta o risco de desenvolvimento de trombose venosa. Também sabemos que existem mais homens com DPOC [Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica].
O tabagismo acelera o processo de envelhecimento?
Sim. A fumaça inalada durante o ato de fumar gera a produção de radicais livres que afetam as células do corpo, alterando suas estruturas e seu funcionamento básico, o que acaba contribuindo para o envelhecimento precoce do indivíduo.
Quanto aos vapes eletrônicos, eles estão cada vez mais populares. É verdade que eles são menos prejudiciais para a saúde do que o próprio cigarro?
O uso de vape envolve a inalação de um aerossol gerado pelo aquecimento de um líquido, que simula a fumaça do cigarro convencional. Este processo gera resíduos tóxicos, alguns ainda não completamente identificados. Embora possa haver uma possibilidade de eles serem menos prejudiciais que os cigarros convencionais, não há dados suficientes para confirmar essa hipótese.
Além disso, em muitos países, incluindo o Brasil, ainda não existe regulamentação para esses dispositivos, e, com isso, não existe também o controle de qualidade ou conhecimento completo das substâncias produzidas. No fim das contas, o recomendável é evitar o uso.
O vape também pode causar dependência, assim como o cigarro?
Sim, pode causar dependência. Isso ocorre porque a nicotina presente nos cartuchos desses dispositivos é frequentemente mais concentrada do que no cigarro convencional.
Ele também pode levar ao desenvolvimento de câncer de pulmão?
Até o momento, a ciência ainda não tem evidências da relação direta entre o uso de vape e o desenvolvimento de câncer de pulmão ou qualquer outro tipo. No entanto, o seu uso foi associado à Evali [Lesão Pulmonar Associada ao Uso de Cigarros Eletrônicos], uma doença pulmonar grave que pode levar à insuficiência respiratória rápida e à morte. Essa ligação foi observada durante um surto da doença entre 2019 e 2020, particularmente em vapes contendo produtos derivados de THC e acetato de vitamina E.
Existem outras abordagens, além do uso de medicamentos, para deixar o tabagismo de lado? O que é indicado para quem quer largar o vício?
Sim, existem. A terapia cognitivo-comportamental, quando combinada com medicamentos, tem se mostrado bastante eficaz. De modo geral, as opções de tratamento medicamentoso podem incluir drogas não-nicotínicas, como a bupropiona e a vareniclina, ou antidepressivos, como a nortriptilina.
Esses medicamentos podem ser usados isoladamente ou em combinação com terapias tópicas à base de nicotina, como adesivos cutâneos, pastilhas ou gomas de mascar. A escolha do tratamento depende das particularidades de cada caso.
Além disso, é importante ressaltar que o apoio emocional e psicológico também desempenha um papel crucial no processo de abandono do tabagismo. Grupos de apoio e acompanhamento psicológico podem fazer uma grande diferença.
*N.R.: Fundada em 1902, a OPAS é a mais antiga organização internacional especializada em saúde pública do mundo. Atua como Escritório Regional para as Américas da Organização Mundial da Saúde (OMS) e como Agência Especializada do Sistema Interamericano, proporcionando cooperação técnica aos seus estados-membros para melhorar a saúde e o bem-estar da população da região. Atualmente, a agência é dirigida pelo médico brasileiro Jarbas Barbosa, também diretor regional para as Américas da OMS.
(Fonte: CEJAM Centro de Estudos e Pesquisas Dr. J. A.)
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