Fake news, negacionismo e campanhas ineficazes

Baixa cobertura vacinal no Brasil tem relação com queda de confiança na imunização
sexta-feira, 27 de junho de 2025
por Jornal A Voz da Serra
(Foto: Freepik)
(Foto: Freepik)
O Brasil viveu uma queda exponencial das coberturas vacinais desde 2015, sobretudo na imunização infantil, e a causa do fenômeno tem relação direta com o crescimento da hesitação vacinal no país, fruto de uma série de fatores, segundo estudos científicos que visam desvendar o tema.

Em 2015, 93% achavam as vacinas seguras, 94% as julgavam eficazes e 95% consideravam os imunizantes compatíveis com a crença dos brasileiros, mas em 2022 os percentuais caíram para 88%, 87% e 79%, respectivamente
“Desabastecimento de vacinas; mais mulheres no mercado de trabalho e, consequentemente, com menor disponibilidade de levar os filhos aos postos de saúde; mudanças no sistema de informação do Programa Nacional de Imunizações, que passou a ser nominal e trouxe mais complexidade às notificações; além da disseminação de fake news pelas redes sociais, são alguns dos fatores relacionados às quedas das coberturas vacinais no Brasil”, analisa a gestora médica de Desenvolvimento Clínico do Butantan, Carolina Barbieri, estudiosa da hesitação vacinal no país.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a cobertura de imunização infantil no mundo estagnou em 2023, deixando 2,7 milhões de crianças sem imunização ou com vacinação insuficiente, comparado a 2019.

Um levantamento do Ministério da Saúde sobre a cobertura vacinal no Brasil entre 2015 e 2021 mostrou que os índices chegaram a 97% em 2015, mas caíram para 75% em 2020. As maiores quedas estavam relacionadas às vacinas BCG (38,8%) e Hepatite A (32,1%) — ambas indicadas no primeiro ano de vida.

Em 2021, o Brasil ficou em 7º lugar na lista do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) entre os 20 países com mais crianças não vacinadas do mundo. Mas, em 2023, conseguiu sair da lista ao reverter a tendência de queda de oito imunizantes do calendário infantil. 

Hesitação vacinal

O conceito de hesitação vacinal foi criado pela OMS em 2014, e se refere ao atraso na aceitação ou à recusa em vacinar-se, apesar da disponibilidade de serviços de imunização. O termo foi cunhado pelo Grupo Consultivo Estratégico de Especialistas em Imunização (Sage), formado após a organização perceber o declínio das coberturas em vários países a partir de 2009. 

O grupo criou o modelo dos “3 Cs”: confiança, conveniência e complacência, para medir o nível de hesitação vacinal em 140 países. Com o tempo, incluiu mais dois “Cs” (comunicação e contexto) entre as causas da hesitação.

“Em 2022, buscando entender os motores comportamentais e sociais da vacinação, o grupo redefiniu hesitação vacinal como um estado motivacional de conflito ou oposição à vacinação, que inclui intenções e vontades”, esclarece Carolina Barbieri.

 

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