Quando o médico inglês Edward Jenner utilizou a vacina para prevenir a contaminação por varíola — uma doença viral extremamente grave que causava febre alta, dores de cabeça e no corpo, lesões na pele e morte —, teve início a história da vacina, no século 18. A varíola foi a primeira doença infecciosa erradicada por meio da vacinação.
Poliomielite, gripe, tétano, coqueluche, sarampo, rubéola, febre amarela, difteria e hapatite B são exemplos de doenças que podem ser prevenidas pela vacinação
Jenner dedicou cerca de 20 anos de sua vida aos estudos sobre varíola. Em 1796 realizou uma experiência que permitiu a descoberta da vacina e sua divulgação no trabalho “Um Inquérito sobre as Causas e os Efeitos da Vacina da Varíola”, em 1798.
Ele observou pessoas que se contaminaram, ao ordenharem vacas, por uma doença de gado e chegou à conclusão de que essas pessoas tornavam-se imunes à varíola. A doença, chamada de cowpox, assemelhava-se à varíola humana pela formação de pústulas (lesões com pus).
Diante dessa observação, Jenner inoculou o pus presente em uma lesão da fazendeira Sarah Nelmes, em um garoto de 8 anos — James Phipps. A criança adquiriu a infecção de forma leve e, após 10 dias, estava curado. Posteriormente, Jenner inoculou em Phipps, o pus de uma pessoa com varíola, e o garoto nada sofreu. Assim, surgiu a primeira vacina.
O médico foi repetindo o processo em mais pessoas. Apesar de enfrentar resistência, em pouco tempo sua descoberta foi reconhecida e espalhou-se pelo mundo. Em 1799, foi criado o primeiro instituto vacínico em Londres e, em 1800, a Marinha britânica começou a adotar a vacinação. A vacina chegou ao Brasil em 1804, trazida pelo Marquês de Barbacena.
A vacina é uma importante forma de imunização ativa (quando o próprio corpo produz os anticorpos) e baseia-se na introdução do agente causador da doença (atenuado ou inativado) ou substâncias que esses agentes produzem no corpo de uma pessoa de modo a estimular a produção de anticorpos e células de memória pelo sistema imunológico. Por causa da produção de anticorpos e células de memória, a vacina garante que, quando o agente causador da doença infecte o corpo dessa pessoa, ela já esteja preparada para responder de maneira rápida, antes mesmo do surgimento dos sintomas da doença. A vacina é, portanto, uma importante forma de prevenção contra doenças.
“Revolta da Vacina”
Em 1904, o Rio de Janeiro sofria com a falta de saneamento básico, apresentando ruas cheias de lixo e tratamento de água e de esgoto ineficientes. Esse quadro desencadeava uma série de epidemias, inclusive de varíola. Nesse contexto preocupante, o então presidente da República, Francisco de Paula Rodrigues Alves, deu início a diversas medidas para melhorar o saneamento e reurbanizar o Rio de Janeiro.
Nesse contexto, para reduzir o número de doenças, o médico e sanitarista Oswaldo Cruz iniciou uma série de ações, como remoção do lixo e tentativas de matar os mosquitos causadores da febre amarela. A varíola era outro problema, o qual o médico pretendia resolver com a chamada Lei da Vacina Obrigatória.
A obrigatoriedade da vacinação imposta por Oswaldo Cruz e a falta de informação sobre a eficácia e segurança das vacinas causaram grande descontentamento na população, que já sofria com a reestruturação da cidade. Por essa razão, várias pessoas saíram às ruas em protesto contra a vacinação obrigatória.
O Rio de Janeiro vivenciou grandes confrontos entre a população e as forças da polícia e exército. Esses confrontos, que ocorreram no período de 10 a 16 de novembro de 1904, causaram a morte de um grande número de pessoas. Essa semana de tensão tornou-se o maior motim da história do Rio, configurando aquilo que ficou conhecido como “Revolta da Vacina”.
No dia 16 de novembro, o governo revogou a obrigatoriedade da vacina, e a polícia prendeu várias pessoas que estavam pelas ruas do Rio de Janeiro. De acordo com dados do Centro Cultural do Ministério da Saúde, a revolta deixou um saldo de 30 mortos, 110 feridos e 945 presos, dos quais 461 foram deportados para o Acre.
Curiosidade: O termo "vacina" tem origem no latim, e deriva da palavra "vaccinus", que significa "da vaca" ou "relativo à vaca". A palavra foi escolhida em referência ao trabalho pioneiro do médico inglês Edward Jenner que, observando pessoas que trabalhavam com vacas contraíam a varíola bovina (variolae vaccinae) ficavam protegidas contra a varíola humana.
(Fonte: brasilescola.uol.com.br)
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