Febre do Oropouche: primeira morte no estado ocorre em Cachoeiras de Macacu.

Doença transmitida pelo mosquito maruim avança pelo interior; autoridades reforçam cuidados em áreas de mata
terça-feira, 20 de maio de 2025
por Liz Tamane
(Foto: Conselho Federal de Farmácia)
(Foto: Conselho Federal de Farmácia)

O Estado do Rio de Janeiro registrou, neste mês, a primeira morte por Febre do Oropouche, arbovirose causada por um vírus transmitido pelo maruim, também conhecido como mosquito-pólvora. A vítima foi um homem de 64 anos, morador de Cachoeiras de Macacu. A confirmação foi feita por exames do Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen-RJ) e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Segundo informações da Secretaria estadual de Saúde (SES-RJ), o paciente foi internado em fevereiro e morreu quase um mês depois.

A ocorrência da primeira morte no estado acende um sinal de alerta nas cidades vizinhas, como Nova Friburgo, que, embora não tenha registrado óbitos, já apresenta casos confirmados desde o início de 2025. De acordo com dados da plataforma de monitoramento da SES-RJ, o município contabilizou casos semanais entre fevereiro e abril, com picos de três confirmações nas semanas epidemiológicas 11 e 14 — o maior número em uma única semana até o momento. A presença contínua da doença sugere circulação ativa do vírus na região.

Ambiente propício e medidas técnicas

Cachoeiras de Macacu, onde a morte foi registrada, é o município mais atingido pela doença. Só neste ano, foram 649 casos confirmados até maio. O município apresenta características ambientais que favorecem a proliferação do vetor: áreas silvestres preservadas, 92 cachoeiras catalogadas, atividade agrícola intensa, principalmente de banana e goiaba.

Essas condições criam um cenário ideal para o maruim: um mosquito minúsculo, que costuma estar presente especialmente em ambientes rurais ou próximos à vegetação densa. Segundo o subsecretário estadual de  Vigilância e Atenção Primária à Saúde, Mário Sergio Ribeiro, “o maruim é bem pequeno e corriqueiro em locais silvestres e áreas de mata. Por isso, a recomendação é usar roupas que cubram a maior parte do corpo, passar repelente nas áreas expostas da pele, limpar terrenos e locais de criação de animais, recolher folhas e frutos que caem no solo, e instalar telas de malha fina em portas e janelas”.

Em Cachoeiras de Macacu, representantes da Vigilância Epidemiológica, Atenção Primária e do Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde (Cievs) visitaram unidades de saúde da cidade, orientando profissionais sobre o diagnóstico, tratamento e notificação dos casos. Além disso, desde 2024, a secretaria promove treinamentos em diversos pontos do estado, ampliando a capacidade de resposta dos sistemas municipais de saúde. 

Sintomas e grupos de risco

A Febre do Oropouche é uma doença viral transmitida por mosquitos e provoca sintomas como: febre alta repentina; dores musculares e nas articulações; dor de cabeça intensa; náuseas, vômitos e calafrios. O período de incubação varia de quatro a oito dias. Na maioria dos casos, a recuperação ocorre em cerca de uma semana, mas o vírus pode gerar complicações em pessoas com baixa imunidade, como idosos, crianças pequenas e pacientes com doenças crônicas. Embora não haja, até o momento, registro de casos graves em Nova Friburgo, os números sugerem a necessidade de vigilância contínua.

Prevenção: o que fazer

Como não há vacina ou tratamento específico para o vírus, a prevenção é a principal estratégia de combate à Febre do Oropouche. Especialistas recomendam uma série de cuidados, sobretudo em áreas rurais ou próximas a matas:

  • Usar roupas que cubram o corpo (mangas compridas, calças e meias);

  • Aplicar repelente nas áreas expostas da pele;

  • Instalar telas de proteção em portas e janelas;

  • Manter terrenos limpos, evitando acúmulo de folhas, frutas caídas e restos de matéria orgânica;

  • Evitar passeios em áreas de mata no amanhecer e entardecer, períodos de maior atividade do mosquito.
     

A orientação é válida tanto para moradores quanto para turistas que visitam a Região Serrana, especialmente os que se hospedam em sítios ou fazem trilhas ecológicas.

A doença no estado

A Febre do Oropouche tem se espalhado com rapidez no estado do Rio. Até o último dia 15, pelo menos 1.484 casos já haviam sido confirmados em diversos municípios. Além de Cachoeiras de Macacu, há registros expressivos em cidades como Macaé (513), Angra dos Reis (253) e Guapimirim (164).

A SES-RJ disponibiliza um Painel de Arboviroses em seu site, onde é possível acompanhar a evolução dos casos, a distribuição por sexo e faixa etária, além das semanas epidemiológicas em que os registros foram feitos. A ferramenta pode ser acessada em: https://monitorar.saude.rj.gov.br/painel-arboviroses/

A recomendação das autoridades sanitárias é clara: redobrar os cuidados e procurar atendimento médico diante de qualquer sintoma suspeito.

 

Publicidade
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Publicidade
Publicidade
Publicidade

Apoie o jornalismo de qualidade

Há 80 anos A VOZ DA SERRA se dedica a buscar e entregar a seus leitores informações atualizadas e confiáveis, ajudando a escrever, dia após dia, a história de Nova Friburgo e região. Por sua alta credibilidade, incansável modernização e independência editorial, A VOZ DA SERRA consagrou-se como incontestável fonte de consulta para historiadores e pesquisadores do cotidiano de nossa cidade, tornando-se referência de jornalismo no interior fluminense, um dos veículos mais respeitados da Região Serrana e líder de mercado.

Assinando A VOZ DA SERRA, você não apenas tem acesso a conteúdo de qualidade, mantendo-se bem informado através de nossas páginas, site e mídias sociais, como ajuda a construir e dar continuidade a essa história.

Assine A Voz da Serra

TAGS: