O mundo tinha metas ambiciosas de redução de emissões de gases do efeito estufa que previam pico do consumo em 2025 e posterior declínio anual, até a completa neutralidade de carbono em 2050. Essas metas foram propostas para limitar o aumento da temperatura global em até 1.5 oC dos níveis pré - industriais, a fim de evitar grandes catástrofes e migração em massa.
Um estudo inglês realizado com fontes públicas sobre o complexo militar, indicou que somente nos 120 primeiros dias após os ataques terroristas de 7 de outubro, as emissões de carbono geradas (entre 420.265 and 652.552 toneladas) foram equivalentes às emissões anuais de mais de 26 países classificados como climaticamente vulneráveis. Já são mais de 600 dias de conflito e centenas de bombas de uma tonelada lançadas, o que equivale a 6 Hiroshimas.
A guerra entre Rússia e Ucrânia foi responsável por emitir 77 milhões de toneladas de carbono na atmosfera só nos primeiros 18 meses. Já são mais de quarenta meses, mais de 51 mil bombas já foram lançadas e o saldo final para a atmosfera foi a adição de mais de 230 milhões de toneladas de carbono na atmosfera, o que seria o mesmo que adicionar ao trânsito mais 120 milhões de carros com motores de combustão interna.
Para além da destruição, existe também a remoção dos escombros e a efetiva reconstrução das áreas atingidas. E tudo isso envolve inúmeras atividades que são grandes emissoras de carbono. Calcula-se que para reconstruir Gaza será emitido anualmente o mesmo que 136 países. Reconstruir estruturas e oleodutos na Rússia e Ucrânia também será uma empreitada com perfil intenso do uso do carbono.
Assim como na elaboração de qualquer orçamento, se, do nada, adicionamos gastos extras 10, 20, 50 vezes maiores do que esperado não existe ajuste possível que compense o gasto. E isso funciona também para os acordos climáticos globais. Caso as emissões militares continuem subestimadas nos relatórios anuais dos países atualmente envolvidos em conflitos armados, todos os esforços conjuntos estarão subjugados às políticas de guerra de alguns países. E por isso todos serão prejudicados em menor ou maior escala.
A próxima COP já começa trazendo essa polêmica e outras que comentaremos nas próximas semanas.
(Foto: Divulgação Isabela Braga)
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