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Saber ouvir

quarta-feira, 09 de setembro de 2020

Setembro tradicionalmente é conhecido pela Igreja no Brasil como o mês da Bíblia. Durante todo este período, se busca de maneira especial desenvolver o conhecimento da Palavra de Deus, para que seja mais viável sua aplicação na vida cotidiana.

Setembro tradicionalmente é conhecido pela Igreja no Brasil como o mês da Bíblia. Durante todo este período, se busca de maneira especial desenvolver o conhecimento da Palavra de Deus, para que seja mais viável sua aplicação na vida cotidiana.

O desejo de ouvir a Deus preenche o coração da humanidade. Todos sonhamos por entender o sentido de nossa vida, saber quais são os passos que devemos seguir. O Concílio Vaticano II, inspirado nas palavras de São Paulo a Timóteo nos ensina que toda escritura divinamente inspirada é útil para ensinar, repreender, corrigir e instruir na justiça (cf. 2Tm 3,16-17).

Neste sentido, o Papa Francisco repetidas vezes chama atenção para a importância e lugar da Sagrada Escritura na vida de todo fiel. Na abertura do Sínodo para as famílias o Santo Padre ressaltou que “a Bíblia não é para ser colocada em um suporte, mas para estar à mão, para lê-la frequentemente, cada dia, seja individualmente ou juntos, marido e mulher, pais e filhos, talvez de noite, especialmente no domingo” (out. 2014).

Mas, este seria o único meio que Deus tem para falar a nós? Se dissermos que sim, como explicaremos a comunicação divina antes da Bíblia ser um livro legitimamente canonizado?

O Magistério da Igreja nos ensina que toda a Sagrada Escritura tem o Altíssimo por autor. Isto não significa que as sagradas letras foram ditadas pelo próprio Senhor, mas que “na redação dos livros sagrados Deus escolheu homens, dos quais se serviu fazendo-os usar próprias faculdades e capacidades” (Dei verbum, 11).

Esta dinâmica nos ensina que o Senhor usa de meios naturais para nos comunicar sua verdade. Por isso, é preciso estar atento aos sinais divinos em nossas vidas. Seja qual for o meio que ele encontra para nos falar, sua palavra é sempre eficaz (cf. Hb 4,12).

Mas para escutar a Palavra de Deus, é preciso ter também o coração aberto para recebê-la no coração. O Senhor fala e nós nos colocamos em escuta, para depois pôr em prática o que ouvimos.

É muito importante ouvir. Algumas vezes o barulho no qual estamos imersos, as preocupações, a cultura individualista e egocêntrica não nos permite ouvir a Deus, que nos fala no silêncio de uma brisa mansa cotidiana (cf. 1Rs 19,12).

Mais uma vez o papa, em sua sabedoria, nos adverte: “A vida cristã é simples: ouvir a Palavra de Deus e a pôr em prática; não se limitar a ‘ler’ o Evangelho, mas questionar-se sobre como suas palavras falam à nossa vida” (homilia, 23 set,. 2014). Saibamos, pois, ouvir e praticar as palavras de Deus para construirmos um mundo de paz e de verdade.

Foto da galeria

Padre Aurecir Martins de Melo Júnior é coordenador diocesano da Pastoral da Comunicação. Esta coluna é publicada às terças-feiras.

 

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Plantar e colher

sábado, 05 de setembro de 2020

Para pensar:
"Todo mundo tem medo do tempo; mas o tempo tem medo das pirâmides.”
Ditado egípcio

Para refletir:
“Inveja é a falta de fé em si.”
Ditado árabe

Plantar e colher

Para pensar:
"Todo mundo tem medo do tempo; mas o tempo tem medo das pirâmides.”
Ditado egípcio

Para refletir:
“Inveja é a falta de fé em si.”
Ditado árabe

Plantar e colher

O leitor certamente se recorda que há algumas semanas a Câmara Municipal aprovou por unanimidade a convocação do procurador-geral do município e de outras duas servidoras a fim de que prestassem esclarecimentos a respeito de incorporações salariais que estão sendo questionadas, e compreende que o não comparecimento de nenhuma dessas pessoas colocou o Legislativo municipal em xeque, diante da possibilidade de que fosse aberto um precedente muito perigoso e, no entendimento deste colunista, absolutamente incompatível com as demandas atuais de transparência e publicidade de atos.

Ação e reação

Desde então espera-se, por parte da Câmara Municipal, uma reação condizente a fim de se fazer respeitar e inibir posturas semelhantes no futuro.

E, bom, após um mês de silêncio esta reação finalmente ocorreu, na forma de uma incisiva representação de 161 parágrafos, assinada não apenas pelo vereador autor da investigação, Professor Pierre, mas também pelo próprio presidente da Câmara, vereador Alexandre Cruz.

Tudo evidentemente respaldado pelo trabalho do procurador da casa, Rodrigo Ascoly.

Sem pressa

Parte significativa deste documento encontra-se sob embargo, e por isso ainda não pode ser divulgada.

A coluna, todavia, teve acesso à peça completa, e pode atestar que o tempo que consumiu para ser elaborada se reflete em sua organização e seu conteúdo, que, inclusive, agrega informações novas ao que já havia sido divulgado até então.

Encaminhamentos

A peça já foi protocolada na 1ª Promotoria de Tutela Coletiva do Núcleo de Nova Friburgo, na Promotoria de Investigação Penal do Núcleo de Nova Friburgo, na Procuradoria da República (MPF), e na Procuradoria do Trabalho (MPT).

No início da próxima semana ela será também encaminhada ao Tribunal de Contas do Estado do Rio (TCE-RJ).

À medida que surgirem desdobramentos a gente vai atualizando por aqui.

Faol responde

A coluna de sexta-feira, 4, deixou no ar a pergunta se a eventual redução no valor da tarifa de transporte coletivo poderia ter algum efeito sobre o recente anúncio da Faol de que algumas linhas estavam obtendo reforço com novos horários de viagens.

Pois bem, a empresa entrou em contato com a coluna para se manifestar a respeito desta questão.

Aspas (1)

“A Nova Faol informa que uma eventual redução da tarifa vai gerar consequências graves para o já desequilibrado sistema de transportes de Nova Friburgo e, concordando com o colunista, lembra que desde que a atual administração assumiu o controle da empresa, vem solicitando auditoria dos dados da empresa para que restabeleça o equilíbrio econômico financeiro da concessão, com total transparência para todos os interessados, sem obter sucesso.”

Aspas (2)

“A Nova Faol solicita que esse estudo seja feito de imediato, para que todos tenham conhecimento do valor real necessário para custeio do sistema. O reajuste que se pretende agora cancelar, de apenas 5.09%, já não cobria os prejuízos acumulados, pois os R$ 4,20 têm que ser complementados pela prefeitura, já que o valor real da tarifa é R$ 4,41. Para tal a Faol pode se comprometer a contratar uma das Big Four, para auditar os dados, de maneira que se possa ter total transparência dos números e da real necessidade de tarifa para o equilíbrio econômico financeiro do sistema. Para tanto solicita que a prefeitura cumpra o acordo firmado com a empresa, que está pendente desde março, já acumulando um valor atrasado de R$ 2.400.000.”

Auditoria necessária

Ao colunista, por outro lado, a questão não parece ser assim tão simples.

De imediato cabe observar que, no universo anteriormente tido como normal, a empresa realizava aproximadamente 1,1 milhão de viagens pagas/mês.

Assim, subsidiar o aumento de R$ 0,21 na tarifa custaria R$ 231 mil ao mês, e não R$ 400 mil.

Considerando as transferências de R$ 300 mil, e depois de R$ 400 mil já realizadas, haveria aí um crédito a ser abatido antes de se falar em dívida.

Complexidade

Mas claro, tudo isso parte do princípio de que o valor da tarifa estipulado pela empresa represente o ponto de equilíbrio econômico do contrato, quando na verdade é justamente isso o que se pretende averiguar.

Pois pode ser abaixo, ou pode ser acima.

Inclusive porque a própria pandemia interfere neste cenário, reduzindo o número de viagens, com impactos na arrecadação e, em menor escala, também nos custos operacionais, posto que alguns são fixos (folha de pagamento, por exemplo) e outros são flutuantes (gastos com combustível e manutenção, entre outros).

Quimera

De qualquer modo, é certo que o decreto legislativo aprovado nesta quinta-feira, 3, ainda não encerra a questão, que depende da presença de um poder concedente dedicado a promover a justiça e a evolução do serviço, sem recorrer a populismos, teatralidade, e a tentativas de obter benefícios pessoais ou restritos a grupos específicos.

A crise demanda ações imediatas, mas é muito difícil, nessa altura dos fatos, imaginar que a atual gestão municipal vá fazer o que dela se espera diante deste enorme problema que nasceu e cresceu no âmbito da própria prefeitura.

Desperdício

No fim de semana passado, moradores do Centro relataram a ocorrência de brigas e discussões em vias públicas durante as madrugadas de sábado, domingo e segunda-feira, dias 29, 30 e 31 de agosto.

A coluna registra o fato a fim de alertar a polícia a respeito da necessidade de maior circulação de viaturas nesta região, mas sobretudo para manifestar a frustração de observar que, mesmo em meio a tudo que estamos passando, muita gente parece desperdiçar a oportunidade de exercitar a gratidão por gozar de saúde, por não estar num hospital lutando pela vida, seja ela a própria ou alheia.

Sono profundo

A impressão que fica é a de que quando alguns agem dessa forma, e perturbam o sono de tantos em meio a brigas e aglomerações que jamais deveriam existir, o fazem porque eles próprios ainda não acordaram.

Para a vida.

Desanimador

Como dissemos ainda no início dessa situação toda, não basta que superemos a pandemia, que passemos por ela intocados.

É preciso que saiamos dela melhor do que entramos, e é preocupante e lamentável observar, através, por exemplo, do crescimento deste incompreensível movimento antivacina, que o momento de provação parece ter nos afastado ainda mais da lucidez, do bom senso, da resistência à manipulação grosseira.

Difícil encarar as próximas eleições com o mínimo de esperança diante de comportamentos como este.

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7 de setembro: o dia máximo da pátria

sábado, 05 de setembro de 2020

Edição de 5 e 6 de setembro de 1970
Pesquisado por Fernando Moreira

Manchete:

Edição de 5 e 6 de setembro de 1970
Pesquisado por Fernando Moreira

Manchete:

  • Viva o Brasil! - Solenidades cívicas programadas pelos poderes públicos marcarão o Dia da Independência, sobressaindo-se o desfile cívico-militar às 9h na Rua Alberto Braune, cuja iniciativa e organização ficou a cargo da prefeitura.
  • Orçamento de 1971 - O governador Geremias Fontes encaminhou ao Legislativo estadual a proposta orçamentária para o exercício de 1971. O chefe do Executivo fluminense elaborou o orçamento em comum acordo com o seu sucessor já indicado, o deputado Raimundo Padilha, a quem caberá sua execução. A proposta é rica em princípios e métodos recomendados pelo que há mais de moderno em administração fazendária e no Direito Financeiro. Em consequência, o Estado do Rio de Janeiro coloca-se entre as unidades da federação que melhor orçamento apresenta, elaborado em bases reais, que não admitem pessimismo ou otimismo, em termos de previsão da receita.
  • Novo chefe da Casa Civil - O governador Geremias de Mattos Fontes deu nova e importante incumbência ao dr. Renato Tinoco Faria, que com discernimento ocupou importantes missões na administração estadual, tais como os cargos de secretário do Trabalho e de Finanças, na chefia do Sistema Coderj e no grupo de Processamento e Orçamento. Homem dos “sete instrumentos”, serviu com devotamento e competência ao seu amigo que vem governando a Velha Província, o fazendo de modo a merecer os maiores encômios. 
  • Festa da Cerveja - O Caledônia Montanha Clube promove a já consagrada em todo o Brasil, VII Festa Internacional da Cerveja, com muitas atrações para agradar a todos os gostos. Três orquestras, representações de países, nos quais a cerveja predomina, solene abertura do barril de chope oriundo de Munich e importado especialmente para a festa.
  • Loteria Esportiva - Somente os que não querem enxergar é que não percebem ou avaliam o "esvaziamento" das finanças dos municípios, com a fabulosa arrecadação e imediata canalização para a engenhosa organização que tem o beneplácito legal. Milhares de cruzeiros são transferidos diariamente para os cofres da Caixa Econômica, num empobrecimento sem limites às já depauperadas finanças do interior.
  • Galeria Bar ampliado - O "Galeria Bar", ponto de reunião da elite friburguense, estabelecimento de propriedade e dirigido pelo simpático Saraiva, foi ampliado com a anexação de toda a loja da esquina da Rua Ernesto Brasílio, onde esteve instalado a Lanchonete Wilson’s. O já tradicional "Galeria", onde é constante a presença de políticos, professores, alunos e intelectuais, está com outra fisionomia e em condições de servir ao mais exigente frequentador. Do “Galeria” a história algum dia dirá muito. Político que não frequenta as "rodilhas" do mesmo bar, ou está urgindo do povo, ou metido a granfinismo, jamais terá o apoio popular. Quando alguém ouvir dizer que algum “gajo” está evitando o verdadeiro “parlamento” da nossa cidade, pode ficar certo de que se trata de gente sem condições de enfrentar o movimento irradiador do "calor" dos grandes acontecimentos comunitários. Claro que, em certas ocasiões, formam-se no Galeria Bar algumas ondas e até vagalhões. Acontece, porém, que em todas as cidades há sempre um ou mais “Galeria Bar”. Nem sempre, no entanto, tem um Saraiva, com aquele jeitão todo seu, sempre pronto a servir a todos.

Pílulas

  • O movimento Brasileiro de Alfabetização (Mobral) que será lançado oficialmente pelo presidente da República, Emílio Garrastazu Médici, neste 7 de setembro, já tem em Friburgo a sua Comissão Municipal constituída. Tendo a realizar um programa de impacto para a alfabetização de adolescentes e adultos, a Fundação Mobral é um movimento permanente que só se extinguirá quando o analfabetismo deixar de existir no Brasil. Todos os brasileiros idealistas e amantes da sua grande pátria estão convocados para a campanha.

Sociais

  • A VOZ DA SERRA registra os aniversários de: Ruth Laginestra Simões e Fernando Alves Pena (5); Wilson Vieitas, Arsênio Crecencio, Salim Lopes (6); Mário Corso Teixeira e Pascoal Antonio Cláudio (7); Elias Antonio Yunes e Leone Reis da Silva (8); Attila de Oliveira, Sérgio Felga e Odette Mielle Pereira (9); Julio César Celles Cordeiro, Francisco Miller, Juvenal Marques Filho e Lair da Rocha Turque (10).

 

Foto da galeria
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O piloto sumiu

sexta-feira, 04 de setembro de 2020

Para pensar:
"No amor de uma criança tem tanta canção pra nascer, carinho e confiança, vontade e razão de viver.”
Cláudio Nucci

Para refletir:
“O assunto mais importante do mundo pode ser simplificado até ao ponto em que todos possam apreciá-lo e compreendê-lo. Isso é - ou deveria ser - a mais elevada forma de arte.”
Charles Chaplin

O piloto sumiu

Para pensar:
"No amor de uma criança tem tanta canção pra nascer, carinho e confiança, vontade e razão de viver.”
Cláudio Nucci

Para refletir:
“O assunto mais importante do mundo pode ser simplificado até ao ponto em que todos possam apreciá-lo e compreendê-lo. Isso é - ou deveria ser - a mais elevada forma de arte.”
Charles Chaplin

O piloto sumiu

A Câmara Municipal aprovou nesta quinta-feira, 3, em segunda e última discussão, o decreto legislativo 622/2019, proposto pelos vereadores Zezinho do Caminhão, Marcinho Alves, Johnny Maycon e Wellington Moreira a fim de sustar o decreto municipal 226, de 26 de julho de 2019, publicado no Diário Oficial de 13 de agosto de 2019, que fixou o valor da nova tarifa única e integrada de ônibus urbanos no município de Nova Friburgo.

Na prática, isso significa dizer que a publicação do decreto legislativo trará de volta o valor da tarifa do transporte coletivo para R$ 3,95, valor praticado até agosto do ano passado.

Improvisando

A situação é evidentemente atípica.

Ainda que tenha sido exaustivamente frisado que o Legislativo não tem competência para interferir diretamente no valor da tarifa, mas pode sim atuar no sentido de anular um ato do Executivo que entenda ser prejudicial aos interesses da municipalidade, o episódio soma-se aos inúmeros sinais do ambiente de anormalidade que se estabeleceu na relação entre prefeitura e concessionária de transporte coletivo ao longo do mandato atual.

Como numa peça sem roteiro, muitas atuações estão funcionando na base do improviso.

E certamente essa cadeia de anormalidades deve continuar seu rumo nos próximos dias.

Sem comando

A postura do Legislativo é compreensível.

Ainda que seja sempre necessário o debate a respeito do equilíbrio econômico diante do tipo de serviço que se pretende cobrar, por outro lado está mais do que configurado que o Palácio Barão de Nova Friburgo não tem, neste momento, qualquer condição (inclusive moral) de se portar como o poder concedente que deveria ser.

A cidade está evidentemente desprotegida, e alguns entenderam que era necessário agir.

O que não significa negar que alguns parlamentares (mas certamente não todos) tenham eventualmente aprovado o decreto por motivações de apelo eleitoral.

Equilíbrio necessário

Evidentemente o decreto não encerra a questão.

É notória a necessidade de uma auditoria isenta em torno do serviço prestado - e daquele que deverá ser prestado após a nova licitação - a fim de que seja encontrado o ponto de equilíbrio entre os interesses coletivos e as necessidades da empresa.

O momento demanda serenidade, diálogo, planejamento e bom senso, mas não podemos nos esquecer de que estamos em ano eleitoral, e tem gente desesperada para explorar politicamente a questão.

É assim?

Há, por exemplo, parasita político ameaçando parar todos os ônibus em flagrante sequestro do direito de ir e vir, como se as negociações devessem se dar assim, na base da ameaça, da chantagem, da imposição, sem qualquer apreço pelo interesse maior da população.

Atuações desta natureza, caso venham a se confirmar, deveriam redundar em reações exemplares por parte da polícia e da Justiça.

E pensar que personagem tão anacrônico e opaco chegou a ocupar momentaneamente uma das cadeiras do plenário na atual legislatura...

Mais viagens

Aparentemente alheia a tudo isso, a empresa de ônibus Faol anunciou nesta quinta-feira que as linhas de Cascatinha; Califórnia; Sítio São Luiz; São Geraldo; Riograndina; Maria Tereza; Fazenda da Laje; Granja Spinelli; Alto de Olaria; Catarcione; Santa Bernadete; Nova Esperança e Solares terão aumento no número de viagens.

Resta conferir se a redução no valor da tarifa terá algum efeito sobre este planejamento.

Maravilhosas

A coluna rende hoje homenagens a duas mulheres que merecem toda nossa reverência.

A primeira delas é a invencível Rozália Villaça da Silva, popularmente conhecida como Dona Detinha, que nesta sexta-feira, 4, completa nada menos que 103 aninhos muito bem vividos.

Patrimônio vivo de Nova Friburgo, Dona Detinha é filha da icônica Madame Sofia e mãe da gloriosa Wilma Villaça. Uma mulher que ainda bebezinha sobreviveu ao terrível surto da gripe de 1918, e que há de fazer o mesmo com a Covid-19.

Inspiração

Anos atrás, quando questionada por este colunista sobre qual seria o segredo de sua impressionante longevidade, Detinha não teve dúvidas: “fazer exercícios e comer pouco”!

Lúcida, forte, bem-humorada, inspiradora… Detinha é a própria imagem da sabedoria, da vida saboreada como o privilégio que é, e dedicada ao que verdadeiramente importa.

Que Deus a conserve assim por muito tempo ainda.

Liderança mundial

A segunda delas é mais uma vez Ilona Szabó, que nesta semana foi apontada pela revista Prospect como a 5ª colocada (!) na lista que reuniu aqueles que foram considerados os 50 maiores pensadores mundiais na era da Covid-19.

A friburguense, vale destacar, foi a única representação brasileira na lista.

E na mesma semana ela deu uma entrevista à Reuters na qual anunciou o lançamento de uma nova iniciativa do Instituto Igarapé, em parceria com a Interpol e a InSightCrime, voltada a rastrear os crimes por trás do desflorestamento e da degradação na Amazônia.

O profeta e sua terra

Duas notícias que dão bem a dimensão do quanto seu trabalho é reconhecido internacionalmente, e que reforçam a sensação de que estamos desperdiçando uma conselheira que certamente estaria disposta a emprestar sua expertise à elaboração de políticas públicas voltadas à prevenção da violência na cidade em que nasceu e cresceu.

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Ela, a natureza, de novo

sexta-feira, 04 de setembro de 2020

A crônica desta semana começa com o cantar de um passarinho. Só quem sabe ouvir os cantos dos pássaros vai entender o afago que eles podem ser para a alma. Em tempos difíceis como esse, a natureza que sempre é a melhor aliada, tem sido para muitos, a cura. Vejamos as flores, elas, a expressão do belo, obras de arte do Criador. Como alegram, transformam, trazem cor à escuridão, sorriso na tristeza, sentido na alegria e luz em todos os momentos. Vejamos as copas das árvores. Sintamos o verde, o ar, o frescor.

A crônica desta semana começa com o cantar de um passarinho. Só quem sabe ouvir os cantos dos pássaros vai entender o afago que eles podem ser para a alma. Em tempos difíceis como esse, a natureza que sempre é a melhor aliada, tem sido para muitos, a cura. Vejamos as flores, elas, a expressão do belo, obras de arte do Criador. Como alegram, transformam, trazem cor à escuridão, sorriso na tristeza, sentido na alegria e luz em todos os momentos. Vejamos as copas das árvores. Sintamos o verde, o ar, o frescor. Olhemos para o alto e percebamos, que independentemente dos nossos problemas e de nossas dores, o céu está lá, o planeta não para de girar. Vejamos as borboletas. Sintamos a transformação.

Aliás, levante a mão aquele que já tenha visto uma flor ou uma borboleta sem beleza. Não me recordo de alguma vez ter olhado para uma delas sem admirá-la. Borboletas, inclusive, são fontes de reflexão. De transformação. Desde o seu nascimento, estão fadadas a sofrerem uma completa metamorfose para se transformarem no que são. A vida delas começa com o ovo, passando pela etapa da larva (lagarta), até a formação da crisálida e finalmente a saída da borboleta de seu interior.

E aí eu pergunto: será que existe alguém que não está passando por alguma transformação em seu interior? Em sua vida? Gosto de observar a natureza e nela buscar respostas dentro de mim. Esse processo por que passam as borboletas pode ser um bom exemplo a ser apreciado. Metamorfoses, de certa forma, parecem ser típicas também dos seres humanos, sejam de que forma forem. Se “borboletar” fosse um verbo, eu pediria licença poética para conjugá-lo em primeira pessoa e no gerúndio, do tipo: “Eu estou borboletando”. E muito! Quem não está?

Na verdade, acho que não é questão de opção. Quando pensamos ter alcançado o patamar de cima, o passo à frente, vem a vida e nos mostra que a próxima fase já está por vir, que não dá para parar de subir, que a escada é longa e que não temos ideia do nível em que estamos. Só sabemos que temos que ser fortes, resistentes, resilientes e prosseguir. Depois de certa etapa, adquirimos também a consciência de que se não houver transformação de conceitos, de visão, de adaptação, de sentimentos, de preparação, não chegaremos lá. E não adianta ficarmos parados fingindo que não estamos entendendo a necessidade do movimento, porque a metamorfose simplesmente acontece.

Em meio a esse processo e ciente de que a ordem é de dentro para fora, nesse momento envolta por um casulo, apelo para alguma lógica da natureza, convencendo-me de que cada estágio agrega beleza e libertação, de modo que é melhor acolher com gratidão, pela borboleta que existe em mim. Como bem escreveu Rubem Alves, “não haverá borboletas se a vida não passar por longas e silenciosas metamorfoses.”

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15 termos financeiros que você precisa saber

sexta-feira, 04 de setembro de 2020

Sabe aqueles termos técnicos utilizados no vocabulário econômico e financeiro? Nesta coluna, vou elucidar 15 dos principais termos que você precisa conhecer.

Amortização: redução gradual de uma dívida baseada em pagamentos periódicos. Além das taxas de juros, um financiamento calcula um determinado valor a ser pago para reduzir a quantia total da operação.

Ativo e Passivo: ativos são bens ou serviços que agregam rentabilidade; passivos, por sua vez, são bens ou serviços com carga de desvalorização e despesas com o passar do tempo.

Sabe aqueles termos técnicos utilizados no vocabulário econômico e financeiro? Nesta coluna, vou elucidar 15 dos principais termos que você precisa conhecer.

Amortização: redução gradual de uma dívida baseada em pagamentos periódicos. Além das taxas de juros, um financiamento calcula um determinado valor a ser pago para reduzir a quantia total da operação.

Ativo e Passivo: ativos são bens ou serviços que agregam rentabilidade; passivos, por sua vez, são bens ou serviços com carga de desvalorização e despesas com o passar do tempo.

Bolsa de Valores: é o mercado responsável pela organização das negociações em sociedades de capital aberto e outros valores mobiliários.

CDB: Certificado de Depósito Bancário são títulos emitidos por instituições financeiras. Na prática, ao adquirir um destes títulos, o investidor está emprestando dinheiro em troca de uma rentabilidade pré definida.

CDI: Certificado de Depósito Interbancário é um dos principais indexadores (taxas de reajustes) dos ativos existentes no mercado financeiro. Taxa de referência para a realização de operações de empréstimos interbancários.

Cofins: A Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social é uma tributação federal incidente sobre a receita bruta das empresas e pessoas jurídicas (exceto quando enquadradas no Simples Nacional) destinada ao financiamento da seguridade social.

FGC: Fundo Garantidor de Crédito é uma “entidade privada, sem fins lucrativos, destinada a administrar mecanismos de proteção a titulares de créditos contra instituições financeiras". É o FGC, o garantidor dos investimentos em renda fixa.

IGPM: Índice Geral de Preços do Mercado é indicador de inflação e incide sobre a correção de valores contratuais (como aluguel).

IPCA: Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, é o índice oficial do Governo Federal para medir inflação.

Liquidez: o período de tempo entre investimento e resgate do capital, podendo haver lucro ou não.

PIB: o Produto Interno Bruto é um indicador de valor para soma de todos os bens e serviços finais produzidos por uma região em determinado período de tempo.

O PIB per capta é este valor dividido pelo número de habitantes da região

PIS/Pasep: o PIS (Programa de Integração Social) é a contribuição social recolhida por empresas cujos recursos são transformados em benefícios ao trabalhador; como abono salarial, seguro desemprego e FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço).

O Pasep (Programa de Formação do Patrimônio dos Servidores Públicos) funciona de forma semelhante, porém, destinados a servidores públicos.

Rentabilidade: é a capacidade de multiplicar o capital investido.

Selic: o Sistema Especial de Liquidação e Custódia representa o sistema responsável pelo controle de emissão, compra e venda de títulos públicos federais; fazendo desta taxa, a principal ferramenta de controle inflacionário e outras medidas econômicas.

Tesouro Direto: o Tesouro Direto é um título público emitido pelo Tesouro Nacional – órgão responsável, também, pela gestão da dívida pública. Ao comprar estes títulos, o investidor está emprestando dinheiro para o Governo Federal em troca de recebimento de juros (geralmente indexados ao IPCA e a Selic).

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Círculo vicioso

quinta-feira, 03 de setembro de 2020

Para pensar:
"Com leis ruins e funcionários bons ainda é possível governar. Mas com funcionários ruins as melhores leis não servem para nada.”
Otto von Bismarck

Para refletir:
“Todos tentam realizar algo grandioso, sem reparar que a vida se compõe de coisas pequenas.”
Frank Clark

Círculo vicioso

Para pensar:
"Com leis ruins e funcionários bons ainda é possível governar. Mas com funcionários ruins as melhores leis não servem para nada.”
Otto von Bismarck

Para refletir:
“Todos tentam realizar algo grandioso, sem reparar que a vida se compõe de coisas pequenas.”
Frank Clark

Círculo vicioso

“Hospital Raul Sertã sem médico na emergência hoje! Nem na emergência comum nem na ala do Covid. Pessoas com sintomas da doença precisam voltar para casa pois não têm quem as atenda. Alguém pode explicar?”

Essa postagem foi uma das primeiras coisas que este colunista leu na manhã desta quarta-feira, 2, e naturalmente se tornou alvo de apuração.

E sim, de fato o déficit de médicos nos quadros do nosso principal hospital chegou a este ponto, e não é preciso refletir muito para compreender que a ausência de cada novo profissional que deixa as fileiras sobrecarrega aqueles que ainda permanecem, aumentando a pressão para que outros também deixem o hospital, num perigoso círculo vicioso.

Espaço aberto

A autora da postagem pergunta se alguém pode explicar a situação, e a coluna também gostaria de ouvir e dar voz a todos os lados.

Fica aqui, portanto, o convite para que profissionais de saúde enviem relatos sobre os principais motivos deste esvaziamento, tendo a certeza de que terão as respectivas identidades absolutamente preservadas.

O que vocês gostariam de ver mudado?

A coluna pode dizer o que vocês muitas vezes não podem. O espaço está aberto a todos, inclusive para a própria Secretaria de Saúde.

Castelo de cartas

Enquanto aguardamos manifestações por parte dos profissionais da Saúde, a coluna pode dividir com os leitores algumas informações aparentemente pertinentes.

Existem, no momento em que estas linhas estão sendo escritas, diversos profissionais da Saúde internados na cidade, lutando pelas próprias vidas após terem sido infectados pelo novo coronavírus.

Não é difícil imaginar que o Raul Sertã tenha se tornado, neste momento, um ambiente de trabalho desafiador, para dizer o mínimo. E que muitos profissionais venham sofrendo pressões até mesmo familiares para que trabalhem em outras unidades.

Negligentes

A situação evidentemente não teria se tornado tão séria se tantas gestões não tivessem sido negligentes no que se refere à realização de um amplo concurso público para a Saúde, por mais que seja fácil identificar focos de resistência (inclusive interna) motivados por interesses contrários a este tipo de estabilidade, da mesma forma como há quem não queira nem ouvir falar em informatização do sistema.

Mas ora, numa gestão séria quais interesses devem prevalecer? Os do lobismo ou os da coletividade?

Quem sempre paga

Ninguém aqui está dizendo que é fácil, mas simplesmente não dá mais para empurrar para debaixo do tapete.

E mais: esse tipo de precariedade, que há tanto tempo se tornou regra do RH da Saúde, está neste momento cobrando um preço altíssimo.

Temos várias pessoas com sintomas flagrantes de Covid que simplesmente não estão recebendo tratamento algum, ou estão demorando demais para serem atendidas.

Naturalmente, isso ocorre entre as pessoas mais desassistidas, e gente, falando sem rodeios, essa é uma situação inaceitável.

Informações úteis

De imediato, a coluna pode informar que grande parte da triagem tem sido realizada nos postos de saúde, e procurá-los é a recomendação para quem estiver experimentando sintomas compatíveis com a Covid.

No Raul Sertã, pacientes com suspeita invariavelmente serão direcionados para a ala de Covid, certamente um ambiente mais perigoso (e sobrecarregado) do que aquele encontrado nos postos.

Importante também ter em mente que a testagem é sujeita a protocolos, e só é realizada dentro de uma janela específica de tempo durante a evolução do contágio.

Mas...

Ocorre que nos postos de saúde o déficit de profissionais também se faz notar.

No Suspiro, por exemplo, está faltando clínico nesta semana, pois um profissional está afastado para campanha, dois estão afastados por idade e comorbidade, e um está com suspeita de Covid.

São Geraldo está com apenas uma médica, pois um está de licença e outro está afastado para o pleito eleitoral.

Segue

No Cordoeira também há um médico afastado por suspeita de Covid, e na ESF Xingu um médico está afastado por atestado.

A coluna também pode confirmar que está faltando testes rápidos nos centros de triagem. Ao que consta está sendo aguardada liberação por parte do estado, ainda que nestas unidades o atendimento esteja aparentemente normalizado, com médicos de segunda a sexta feira, das 8h às 17h.

Parênteses

Cá entre nós, parece haver algo errado em nossa sociedade quando, em meio a uma pandemia, temos tantos médicos afastados por motivos eleitorais, não?

Desafio enorme

O fato é que a Secretaria de Saúde tem um espinhoso abacaxi para descascar, e precisa tratar de descascá-lo rápido, num cenário para lá de desfavorável.

O Raul Sertã precisa estancar essa sangria de profissionais, e dar um jeito legal e aceitável de reforçar seus quadros em caráter imediato, enquanto o concurso não vem.

Quanto à população, já passou da hora de levar o problema mais a sério e demonstrar algum respeito por quem já não tem mais forças para se manter na linha de frente, em meio a tanto descaso e tanta alienação.

Se houver algo que a coluna possa fazer para ajudar, o espaço está aberto.

Antes tarde

E eis que, após mais de três anos e meio de espera, e a pouco mais de dois meses das próximas eleições, finalmente será realizado pregão eletrônico para aquisição de unidade móvel de esterilização de animais de pequeno porte (gatos e cachorros), o chamado “Castramóvel”, para atender às necessidades da Subsecretaria de Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde, tema que foi notícia em A VOZ DA SERRA na edição de ontem, 2.

A estimativa de preço é de R$ 120 mil.

Que continue

Essa é uma notícia que aguardamos há muito, muito tempo, e que, a despeito da demora, a coluna faz questão de elogiar.

Resta esperar que o serviço venha a ser mesmo prestado até o fim deste mandato, e que continue durante a próxima gestão, mesmo longe do período eleitoral.

É desumana a forma como temos tratado os animais em nosso território, e esse é um sinal inequívoco do quanto ainda temos a amadurecer e melhorar.

Confirmando...

As convenções partidárias já começaram, e o cenário eleitoral começa a ganhar contornos definitivos, confirmando a tendência de grande número de candidatos.

O PSTU confirmou a pré-candidatura de Hugo Moreno a prefeito, e de Acácio Hermann como vice.

O Avante, da mesma forma, confirmou as pré-candidaturas de Arthur Mattar Gremion Soares a prefeito, e de José Motta a vice.

Ambos os partidos também confirmaram suas respectivas nominatas na disputa pelas cadeiras do plenário municipal.

Canal de diálogo

A coluna aproveita o registro para pedir que todos os partidos entrem em contato (massimo@avozdaserra.com.br) para informar a respeito da realização de suas convenções, bem como sobre o posicionamento que vão tomar em relação às eleições de 15 de novembro.

Desde já agradecemos.

Poluição sonora

Um leitor entrou em contato com nossa redação para se queixar do desrespeito à lei do Silêncio em nossa cidade. Situação, infelizmente, rotineira.

Segundo ele, um vizinho constantemente insiste em ouvir música em volume alto atrapalhando o sossego de quem mora por perto.

A mãe desse leitor tem mais de 60 anos, é profissional de saúde e em tempos de pandemia, tem uma sobrecarga maior de trabalho e quando chega em casa não consegue descansar.

Alô autoridades. Já passa da hora de apertar o cerco na fiscalização.

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O café: subidor de montanhas e destruidor de florestas (Parte 20

quinta-feira, 03 de setembro de 2020

O desbravamento dos sertões

Sertões do Macacu, assim era conhecida a serra fluminense situada na parte setentrional do vale do rio Paraíba do Sul. A serra do Mar, que compreendia toda a vertente interior das serras da Boa Vista, dos Órgãos, Macabu e Macaé, era coberta por uma densa floresta inexplorada, ainda que próxima do litoral. O desmembramento dessa região deu origem aos municípios de Cantagalo, Nova Friburgo, Cordeiro, São Sebastião do Alto, Itaocara, Carmo, Sumidouro, Duas Barras, Bom Jardim, Trajano de Moraes, Santa Maria Madalena e Teresópolis.

O desbravamento dos sertões

Sertões do Macacu, assim era conhecida a serra fluminense situada na parte setentrional do vale do rio Paraíba do Sul. A serra do Mar, que compreendia toda a vertente interior das serras da Boa Vista, dos Órgãos, Macabu e Macaé, era coberta por uma densa floresta inexplorada, ainda que próxima do litoral. O desmembramento dessa região deu origem aos municípios de Cantagalo, Nova Friburgo, Cordeiro, São Sebastião do Alto, Itaocara, Carmo, Sumidouro, Duas Barras, Bom Jardim, Trajano de Moraes, Santa Maria Madalena e Teresópolis.

A carta topográfica da Capitania do Rio de Janeiro de 1767 indicava ser um sertão ocupado apenas por indígenas bravos, ou seja, não aldeados e consequentemente não “civilizados”. No final do século 18, como a extração de minérios preciosos em Minas Gerais já apresentava sinal de declínio, garimpeiros atravessam a Zona da Mata mineira clandestinamente e se dirigem para os sertões do Macacu. Iniciam a garimpagem do ouro de aluvião nos rios Grande, Negro e Macuco, bem como de seus afluentes. Ao abrigo da floresta puderam lavrar sorrateiramente durante muitos anos pintas de ouro na região.

Tomando conhecimento do garimpo clandestino, as autoridades governamentais prenderam o bando de faiscadores e o descoberto do ouro chamou a atenção da Coroa Portuguesa para os sertões do Macacu. Foi instalada a Casa do Registro do Ouro, distribuindo-se datas de terras aos que desejassem faiscar. A Coroa recebia o quinto, ou seja, 20% do que fosse extraído da garimpagem. O povoamento desses sertões ocorreu oficialmente a partir de 1786. Porém, no decorrer de alguns anos verifica-se que o ouro extraído dos rios mal dava para pagar os oficiais e os soldados do registro.

Consequentemente, o governo desinteressou-se pela mineração. O povoamento tem continuidade com a distribuição de sesmarias para os indivíduos que tivessem condições econômicas de se afazendar como lavradores e que consistia basicamente em possuir escravos para o amanho da terra. Os sesmeiros derrubam a mata para a extração da madeira, plantam suas roças em pequenas clareiras e alguns estabelecem engenhocas para a fabricação de açúcar. Era o primeiro passo para a exploração da terra. Foram derrubados os primeiros gigantes da floresta como o jacarandá, o pau-rosa e a ipecacuanha. Nessa região de encostas íngremes e planícies apertadas iniciou-se o plantio de milho, da cultura do feijão, da mandioca, criação de galinhas e de porcos. Esses produtos são exportados para o Rio de Janeiro através de tropas de mulas que desciam a serra da Boa Vista até atingir o porto fluvial de Porto das Caixas, hoje município de Itaboraí. Dali as mercadorias seguiam em barcos pelos rios Macacu e Caceribu que deságuam na Baía da Guanabara, rumo ao Rio de Janeiro.

Os sertões do Macacu ganharam o predicado de município em 1814, com a denominação de São Pedro de Cantagalo. A distribuição de novas sesmarias pela Coroa portuguesa atraiu indivíduos da capitania de Minas Gerais, de portugueses da Ilha da Madeira e dos Açores. Cantagalo abrigou a primeira tentativa oficial de colonização por meio de imigrantes não portugueses. A região de maior altitude, próxima a serra da Boa Vista foi escolhida por ter o clima semelhante ao europeu, facilitando a aclimatação dos colonos. O seu desmembramento deu origem ao município de Nova Friburgo, estabelecendo um distrito para os colonos suíços e depois alemães.

A região atraiu igualmente muitos posseiros que se instalaram na fronteira com os latifúndios. Nos primeiros 20 anos após a independência, o Brasil atravessou dificuldades econômicas. O açúcar de beterraba introduzido no mercado mundial precipitou o Nordeste em uma crise e a produção algodoeira norte-americana conquistou os mercados, antes sob o controle do Brasil. No horizonte uma esperança se aproximou: o café, que irá substituir o açúcar e o algodão na exportação.

Nativo da Etiópia, o café já vinha sendo plantado em pequena escala já na primeira década do século 19, em Cantagalo. Em meados daquele século se tornaria o principal produto de exportação no Império. E assim, os arbustos da família das rubiáceas vão tomando paulatinamente, o lugar dos gigantes da Mata Atlântica. Continua na próxima semana.

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    Desmatamento da Mata Atlântica por Rugendas. Litografia século 19

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    Mata Atlântica por Hermann Burmeister. Litografia do século 19

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    Os sertões do Macacu ganha o predicado de município em 1814

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Vingança e Justiça

quinta-feira, 03 de setembro de 2020

Animal não tem vingança. O ser humano tem. Precisamos entender que justiça não pode ser confundida com vingança. O que é vingança? O que é justiça? Vingança é definida como “ato lesivo, praticado em nome próprio ou alheio, por alguém que foi real ou presumidamente ofendido ou lesado, em represália contra aquele que é ou seria o causador desse dano; desforra, vindita. Qualquer coisa que castiga; castigo, pena, punição.” Justiça é definida como “qualidade do que está em conformidade com o que é direito; maneira de perceber, avaliar o que é direito, justo.

Animal não tem vingança. O ser humano tem. Precisamos entender que justiça não pode ser confundida com vingança. O que é vingança? O que é justiça? Vingança é definida como “ato lesivo, praticado em nome próprio ou alheio, por alguém que foi real ou presumidamente ofendido ou lesado, em represália contra aquele que é ou seria o causador desse dano; desforra, vindita. Qualquer coisa que castiga; castigo, pena, punição.” Justiça é definida como “qualidade do que está em conformidade com o que é direito; maneira de perceber, avaliar o que é direito, justo. O reconhecimento do mérito de alguém ou de algo.”

Juridicamente temos que condenar as pessoas com pena de morte por matarem outras pessoas? Se faz justiça matar um condenado para que se aprenda que não é lícito matar pessoas? No mundo ainda existem 58 países que praticam a pena de morte. Ela existe nos Estados Unidos em 29 estados, de um total de 50 mais o Distrito Federal. No Brasil há cerca de 144 anos não mais existe pena de morte, a não ser em crime de guerra.

Veja alguns depoimentos de presos nos Estados Unidos que estavam no Corredor da Morte. Este termo “Corredor da Morte” se refere à área de um presídio que abriga os condenados a morte que esperam pela execução. Um indivíduo que praticava trabalho manual em campo petrolífero, disse antes de ser executado: "Espero que um dia possamos olhar para trás e ver o mal que estamos fazendo agora, como as bruxas que queimamos na fogueira. Quero que todos saibam que não tenho nada contra eles. Eu perdoo todos eles. Eu espero que todos por quem fiz alguma coisa me perdoem. Eu tenho orado o dia todo para que a esposa (da vítima) tire a amargura de seu coração, porque essa amargura que está em seu coração vai certamente mandá-la para o inferno como qualquer outro pecado. Sinto muito por tudo que já fiz a qualquer pessoa. Espero que me perdoem."

Um construtor de telhados, antes de morrer, disse: "Eu gostaria de dizer à família o quanto realmente sinto na minha alma e no meu coração pela dor e miséria que causei por minhas ações... Eu gostaria de agradecer a todos os homens no corredor da morte, que me mostraram amor ao longo dos anos. Espero que, doando meu corpo para a ciência, algumas partes dele possam ser usadas para ajudar alguém..."

Um carpinteiro comentou: "Lamento a dor. Lamento a vida que tirei de você. Peço perdão a Deus. E peço-lhe o mesmo. Sei que pode ser difícil. Mas sinto muito pelo que fiz. Para minha família: amo cada um de vocês. Sejam fortes. Saibam que meu amor está sempre com vocês, sempre. Sei que vou para casa estar com o Senhor. Derrame lágrimas de felicidade por mim."

Um cozinheiro disse: "Peço desculpas por sua perda e sua dor. Mas eu não matei essas pessoas. Esperançosamente, todos nós aprenderemos algo sobre nós mesmos e os outros. E aprenderemos a interromper o ciclo de ódio e vingança e chegar a valorizar o que realmente está acontecendo neste mundo. Eu perdoo a todos por este processo, que parece estar errado."

Um mecânico de motocicleta após ser julgado, a principal testemunha de acusação retirou seu depoimento e três membros do conselho de liberdade condicional recomendaram clemência. E ele desabafou: "Quero começar reconhecendo o amor que tive em minha família. Nenhum homem neste mundo teve uma família melhor do que eu. Eu tive os melhores pais do mundo. Eu tive a vida mais maravilhosa que qualquer homem poderia ter tido. Nunca tive mais orgulho de alguém do que tenho de minha filha e do meu filho. Há alguns assuntos sobre os quais gostaria de falar, já que esta é uma das poucas vezes em que as pessoas ouvirão o que tenho a dizer. Agora, os Estados Unidos chegaram a um ponto onde há respeito zero com a vida humana. Minha morte é apenas um sintoma de uma doença maior. Em algum momento, o governo precisa acordar e parar de fazer coisas para destruir outros países e matar crianças inocentes. O embargo e as sanções em curso contra lugares como o Irã e o Iraque, Cuba e outros, eles não estão fazendo nada para mudar o mundo e estão machucando crianças inocentes.

Talvez o mais importante em muitos aspectos seja o que estamos fazendo com o meio ambiente, é ainda mais devastador porque, enquanto continuarmos na direção que estamos indo, o resultado final é que não importa como tratamos as outras pessoas, porque todos no planeta estarão de saída. Uma das poucas maneiras no mundo em que a verdade vai se espalhar, ou as pessoas vão saber o que está acontecendo, é se apoiarmos uma imprensa livre lá fora. Vejo a imprensa lutando para se manter como uma instituição livre. Mas também há pessoas nos EUA que pegaram prisão perpétua por maconha e, no estado vizinho, a maconha foi legalizada. Elas ficarão na cadeia pelo resto de suas vidas e, no estado vizinho, você pode parar na calçada e fumar maconha.”

Se faz justiça quando um assassino é condenado a prisão perpétua? Neste caso a justiça é a prisão? Não seria restituir a vida da pessoa que foi assassinada? Quando você machuca alguém por vingança, quem fica mais ferido: quem agiu com vingança ou a vítima dela? É possível uma pessoa ficar em paz após executar um ato de vingança? “Minha é a vingança”, diz Deus. Romanos 12:19.

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Pauta cheia

quarta-feira, 02 de setembro de 2020

Para pensar:

"O mal prega a tolerância até que se torne dominante. A partir daí ele procura silenciar o bem.”

John Henry Newman

Para refletir:

“Os defeitos mais perigosos são aqueles que, com moderação, são qualidades.”

Rick Riordan

Pauta cheia

Passada a tensão que envolveu o processo de rejeição das contas de 2018 da prefeitura, a Câmara Municipal naturalmente teve muitos assuntos sobre os quais deliberar nesta sessão ordinária de terça-feira, 1º.

Para pensar:

"O mal prega a tolerância até que se torne dominante. A partir daí ele procura silenciar o bem.”

John Henry Newman

Para refletir:

“Os defeitos mais perigosos são aqueles que, com moderação, são qualidades.”

Rick Riordan

Pauta cheia

Passada a tensão que envolveu o processo de rejeição das contas de 2018 da prefeitura, a Câmara Municipal naturalmente teve muitos assuntos sobre os quais deliberar nesta sessão ordinária de terça-feira, 1º.

Mesmo deixando de lado as moções e as atribuições de nomes, ainda restam muitas atividades a serem registradas por aqui.

Requerimentos (1)

Entre os requerimentos de informações, três iniciativas foram apreciadas.

O primeiro deles foi apresentado pelo vereador Joelson do Pote, e reuniu perguntas distribuídas em dez grupos a respeito do quantitativo e das condições dos respiradores disponíveis para o enfrentamento da Covid-19 na rede pública municipal.

O segundo, por sua vez, foi apresentado pelo vereador Wellington Moreira e reuniu questionamentos a respeito de denúncias recebidas quanto à atuação da empresa de transporte público municipal durante a pandemia.

Requerimentos (2)

Por fim, o terceiro requerimento foi apresentado pelo vereador Marcinho Alves, e trouxe questionamentos relativos aos bens móveis patrimoniais dos hospitais e das Unidades Básicas de Saúde.

Todas as matérias foram aprovadas por unanimidade.

Resolução

O plenário também apreciou, e aprovou por unanimidade, o importante Projeto de Resolução Legislativa 637, de 2019, de autoria da Mesa Diretora, que institui o Programa Câmara Verde na Câmara Municipal, essencialmente o marco legal de um Poder Legislativo que pretende se tornar sustentável no Estado do Rio.

Direção correta

O programa, que foi aprovado por unanimidade em discussão única, prevê a adoção de práticas ecologicamente corretas, tais como a destinação criteriosa de resíduos sólidos, substituição de materiais, sistema de captação de água pluvial, lâmpadas mais econômicas, energia solar, telhado verde, biocombustíveis, estímulos ao uso de bicicletas, ponto de coleta de pilhas e baterias, adoção de copos reutilizáveis, incorporação de critérios ecológicos para contratação de terceiros, campanhas de conscientização, e a criação de um disque denúncia para crimes ambientais, entre muitas outras medidas.

Resta, agora, cobrar que tantas boas ideias saiam efetivamente do papel.

Indicação

Também foi apresentada ao plenário uma indicação legislativa de autoria do vereador Naim Pedro, que solicita ao Executivo a elaboração de um projeto de lei que disponha sobre a inclusão da Copa SAF de Futebol Feminino no Calendário Esportivo Anual de Nova Friburgo.

Com patrocínio previamente assegurado, o campeonato iria acontecer de qualquer forma.

A aprovação unânime do plenário, todavia, serviu como forma de oficializar o evento, a fim de fortalecer as etapas de divulgação e captação de apoios, favorecendo a inclusão e a maior oferta de investimentos no futebol feminino.

Que ano...

Este ano de 2020 está tão de cabeça para baixo, mas tão invertido, que até o Chaves saiu do SBT e hoje, vejam só, este colunista está aqui recomendando que seja visto o discurso do vereador Christiano Huguenin nesta sessão de terça-feira, 1º.

A despeito de, na maioria das vezes, discordar frontalmente da atuação política deste parlamentar, a coluna entende que o discurso expõe como a base de situação não se sentiu protegida pelo Palácio Barão de Nova Friburgo, como funciona a lógica clientelista, como no passado houve margem para impeachment do prefeito, e como esse tipo de situação costuma ser evitada nos bastidores.

Capina terceirizada (1)

Após análise de representação protocolada pelos vereadores Johnny Maycon, Marcinho Alves, Zezinho do Caminhão e Professor Pierre, a conselheira substituta do TCE-RJ Andrea Siqueira Martins votou pela suspensão do certame para terceirização da varrição e capina até que a corte se pronuncie de forma definitiva acerca do mérito da representação.

E também para que o prefeito seja comunicado sobre o deferimento do pedido de tutela e, no prazo de dez dias, encaminhe documentação “que demonstre que a intervenção se encontra contemplada nas metas do PPA, para justificar uma contratação cujo prazo de vigência não ficará adstrito ao prazo dos créditos orçamentários”.

Capina terceirizada (2)

O voto também determina que seja atualizada “a página eletrônica do município, disponibilizando todas as informações do edital de pregão presencial 28/20, as quais deverão ser igualmente encaminhadas a esta corte, notadamente as impugnações, os pedidos de esclarecimento e as respectivas decisões, bem como as erratas e o edital consolidado resultantes de eventuais alterações; e que seja elaborada “uma composição de custo própria que permita o perfeito entendimento por parte dos licitantes interessados dos custos de todos os insumos que compõem o preço unitário de cada serviço em detrimento da utilização de preço unitário oriundo de cotação junto a fornecedores.”

Capina terceirizada (3)

Também deve constar do edital a “Memória de Cálculo demonstrando detalhadamente como se chegou ao quantitativo de mão de obra e equipamentos, informando, inclusive, os índices de produtividade adotados e as frequências da prestação dos serviços”; e deve ser definido, no Termo de Referência, o local de destinação final dos resíduos ou, ao menos, que seja informada sua distância máxima em relação ao centro do município de forma a evitar possível prejuízo aos licitantes interessados no processo licitatório e garantir transparência ao certame.”

Capina terceirizada (4)

O TCE determinou, por fim, que seja informado, “de forma clara e objetiva, no Termo de Referência, o quantitativo mínimo de mão de obra e equipamentos necessários para cada serviço, inclusive definindo o tamanho e a composição mínima de cada equipe de trabalho”; e que seja apresentada “justificativa a respeito das localidades contempladas no edital em tela, sobretudo em razão da divergência de informações referentes aos bairros constantes nos ‘Estudos Preliminares’ e no Termo de Referência ao Edital, cujo conteúdo prevê uma lista reduzida de bairros abrangidos pelos serviços objeto do certame.”

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