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Edição de 15 e 16 de junho de 1974 

Pesquisado por Thiago Lima

Manchetes

Dermeval é retrato - Em singela homenagem no Hospital São Lucas, o dr. Dermeval Barbosa Moreira, recentemente falecido, ganhou um retrato na parede, em solenidade prestigiada por médicos e enfermeiros, que com o inesquecível Dermeval trabalharam durante os 40 anos em que o ex-médico dedicou sua profissão à população de Friburgo.

Gliosci ganha homenagem - Ativo e eficiente ex-chefe do gabinete civil do governador Raymundo Padilha, o sr. Mário Gliosci recebeu uma homenagem merecida de seus admiradores friburguenses, traduzida num almoço na churrascaria Chico Rey. Cerca de uma centena de pessoas estiveram presentes, inclusive as mais altas autoridades da Arena local. 

Poluição sonora - O tempo de sossego passou, infelizmente. Se o leitor acompanhou o relato das cifras de acidentes ocorridos em Friburgo, na última semana, através de A VOZ DA SERRA, vai sentir que alguma coisa está mudando em nossa cidade. Já está muito longe o tempo do nosso sossego. 

Novo calçamento da Av. Alberto Braune - O que a prefeitura pretende com a instalação de bloquetes de cimento é sepultar novamente um problema secular da cidade: canalização de água e esgoto. Os atuais sistemas de esgotos já não dão mais vazão ao desenvolvimento do progresso da cidade. O manilhamento é antiquado. A maioria dos bueiros está completamente entupido.  

“Bloquetes” - O que leva o prefeito Amâncio de Azevedo a mudar o calçamento da avenida Alberto Braune, ameaçando até, como seus já famosos bloquetes “sextavados em duas cores”, uma renovação total do calçamento em paralelepípedos nas nossas principais artérias? Que pressa foi esta de “calçamentos”, quando se sabe bem que os problemas friburguenses não estão exatamente situados neste item?

Trânsito sem solução - As autoridades do trânsito em Nova Friburgo se comparam aos doentes, cujos médicos só receitam analgésicos para as suas dores. Não procuram, através das raízes e da história, as causas que levam, pouco a pouco, o tráfego de Friburgo a um caos completo.

A VOZ DA SERRA pergunta ao senhor prefeito - Afinal, é a vasão (ou evasão) de águas que está se medindo hoje, na sua administração, através de metro quadrado? Prefeito, água é líquido, não podendo ser medida, nem por metro linear, muito menos por metro quadrado. Estamos perguntando ao prefeito, porque, na Rua 7 de Setembro (numa obra sua de rebaixamento da ponte) tem uma placa que está “fundindo a cuca” de todo mundo que sabe o que é linear, quadrado ou (como devia estar lá) metro cúbico.

Pílulas

Há aproximadamente um ano, A VOZ DA SERRA, como também o jornal A Paz, chamavam atenção do prefeito para o clima de intranquilidade que reinava em sua administração. Essas críticas eram pronta e aulicamente rebatidas em longos e inócuos artigos e editoriais, que, afirmavam na época, ser o ambiente da prefeitura o melhor possível, no qual reinava a paz absoluta e não existir algo que maculasse o governo Amâncio de Azevedo.  

Mais ainda, nos mesmos artigos e editoriais (que depois eram devidamente processados e faturados), acusava-se os órgãos de imprensa, independentes, de tentar tumultuar a administração municipal. Muito bem, os acontecimentos sangrentos de agosto vieram comprovar com quem estava a razão. O próposito que nos moveu na ocasião, e nos move hoje, é - única e exclusivamente, mostrar ao prefeito, os erros que estão sendo praticados com frequência. Levar ao seu conhecimento fatos graves que ocorrem, sendo que alguns deles, o prefeito só vem a saber através dos jornais. 

Sociais

A VOZ DA SERRA registra os aniversários de: Atyw Luiz Madureira (19); Orlando Imbroinise e Perla Haiut (20); Anchises Werneck Porto (21); Homero Caputo, Kátia Rocha e Werther Almeida Lima (22); Sylvio Alberto Spinelli, Friadrick Wilhelm Schullupp e Ítalo Sérgio Spinelli (23).

O que dirão no correio do amor? Serão correspondidos os seus autores? Haverá disputa pelo mesmo beijo? Deixarão os corações procurados tocados pelas mensagens recebidas? 

Em tempos de aplicativos de relacionamento de todos os tipos e objetivos, resiste o recado em papel anunciado pelo locutor da festa em meio a toda dança de quadrilha. 

Na barraquinha do correio do amor, teima-se no amor à moda antiga, do tal amor genuíno, quase infantil, que nunca sai de moda: o que se entrega, o que ruboriza o rosto e faz tremer as pernas. Da vontade de se mostrar, mas que o medo causa receio. Espanta ou aproxima? Conquista. 

O correio do amor são mensagens que não chegam pelo celular. Se manifesta no meio de toda multidão, onde ocupam no mesmo espaço físico o desejo e o desejado. Tão perto, ainda que possivelmente longe. Será tocado o coração da menina? Será o flerte desavergonhado a melhor tática para se revelar? Há um momento certo de se mostrar? 

No meio da Festa Junina, em que o arraial se monta em dança, em que se casa e a noiva pode ser roubada ou mesmo se deixar roubar, se confrontam as relações futuristas influenciadas a serem líquidas com as histórias que se iniciam buscando perdurar em devaneios de infinitude. Resiste o correio do amor que persiste nesse jeito de ver e fazer a vida para além dos algoritmos. Sem eles, melhor ainda. A gente se encontra no fim da dança ou durante ela mesma. 

O ritmo é real e leal é cada passo ao som de sanfona e viola. Tremulam as bandeirinhas coloridas que festejam o campo e celebram mais do que São João, mas essa alegria de se encontrar em comunidade, de dar as mãos, de bailar, de brincar, de rir, de ser parte da coreografia, de fantasiar mais do que o corpo com roupas caipiras, do cangaço ou de cowboy, mas dar fantasia à vida. 

A roça que nos habita é a simplicidade que nos grita, convoca a sermos simples, até para mandar recados de amor, anônimos ou não. Na festa, no meio de toda gente, ainda que voltado exclusivamente para aquela ou aquele. Porque o que se sente não deve ficar preso na gente. E quando é paixão, amor, ainda que prudente, deve nos mobilizar e mover ao redor todo carrossel de sentimentos de remetente, destinatário e testemunhas. O amor merece toda a publicidade. Contagia.

E mesmo que não correspondido sempre será apreciado como ato de coragem, ainda que apontado, por alguns, como fragilidade. Mas em qualquer circunstância o amor revela a força que temos e a recusa em apenas sobreviver ou passar pelos dias. 

Intensidade, de dança de festa junina, de fogueira que ilumina, de fé no santo ou em si mesmo, de fé na vida. Que a poeira não esconda o brilho no olhar que espelha a noite de São João. Que a festa tenha grandeza independente de ser grande ou pequena. Que tenha comilança, música, dança e correio de amor — esse singelo instrumento travestido de flecha que sonha em ser bumerangue.

Dia desses o cansaço brotava pelos poros. Semblante taciturno, aspecto de melancolia, postura encurvada. Todo mundo vive esse dia. E os conselhos surgiam na mesma velocidade que o sono: “você precisa comer”, “precisa dormir”, “precisa relaxar”, “precisa viajar”, “precisa se cobrar menos”, “ser menos ansiosa”, “gastar menos tempo no celular”, “se preocupar menos com os outros”, “dar o melhor de si dentro das suas possibilidades”, “entender que há limites”. Etc, etc, etc.

Creio que nessas horas, muitos saibam como a xícara de um bom café pode ser um grande aliado. Foi então que lancei mão desse parceiro algumas vezes naquele dia. E a conta chegava: “você está bebendo muito café”, “café faz mal para o estômago”, “assim não vai dormir”, “não vai conseguir descansar”. Ok. Há um limite orgânico para desfrutar dos prazeres do café em um mesmo dia.

Que tal então lançar mão do prazer do chocolate? Aquele pedacinho depois do almoço, para adoçar a vida. E logo vem a sociedade cobradora indagar porque não o chocolate amargo. Ok, sigamos. Pausa para rir um pouco no grupo dos amigos pelo celular. E lá vem: “olha a postura”, “por isso o pescoço dói”, “você não desconecta, não consegue relaxar”. Tudo bem. De volta ao trabalho. Glorioso trabalho. E lá vem: “você trabalha muito”, “não consegue fazer uma pausa”, “não vai dar conta”, “precisa descansar”.

A sociedade cobradora adora ainda cobrar a conta dos acontecimentos. Já perceberam? Tudo já foi avisado, já foi alertado, já foi dito e já foi feito. Não sobra nada.  Aliás, tudo já é sabido, logo, não se precisa aprender mais nada. Nada como ser uma pessoa sã e observadora em meio a tudo isso. A ebulição dos fatos, os nervos à flor da pele, os ânimos inflamados e tanta gente cuidando menos de si e mais das vidas dos outros, nos mínimos e menos importantes detalhes.

No final das contas, no final do dia, ter um bom trabalho, poder desfrutar das xícaras de café quente, rir no grupo dos amigos e ter pessoas que se importam conosco é uma grande alegria. Viva a nossa gente cobradora. Quanto à sociedade sabe tudo, deixa pra lá. Pra agora, um café expresso e um pedaço de chocolate (meio amargo), por favor!

         Eu costumo dizer que “investir é comprar guarda-chuvas em dias de sol”. Afinal, para alcançar resultados acima da média, é importante enxergar os melhores momentos ao comprar e vender ativos. Contudo, mais do que o resultado efetivo de ganho financeiro, os investimentos têm outros aspectos mais intrínsecos ao ato de investir: como o valor gerado para a sociedade e meio ambiente, por exemplo. De que adianta olhar apenas o resultado de lucro financeiro, se você não concorda com as atitudes de uma determinada empresa que recebeu seus investimentos?

         Por trás de todo investidor, há uma pessoa com valores, princípios e demais singularidades que precisam ser respeitadas. Por isso, hoje trouxe 8 tópicos importantes para a reflexão antes da tomada de decisão em seus investimentos.

•  Tese: o primeiro passo é compreender a solução vendida pelo projeto. “Que problema o meu dinheiro vai solucionar?”, pergunta-se um investidor consciente. A tese de investimentos é o que determina se a sua alocação de capital é capaz de propor alguma solução eficiente de um problema real.
• Risco: pensei até em não elencar este tópico na lista, seriam apenas “7 reflexões do investidor” se todos fôssemos capazes de compreender que daqui para baixo tudo é análise de risco. Contudo, apenas acreditar na tese não é um risco para seus investimentos; afinal, você ainda não investiu.
• Alavancagem: com o objetivo de potencializar rendimentos, investidores e empresas usam determinadas garantias para operar com volume financeiro acima do patrimônio real e, assim, alavancar resultados. Resultados! Lucros e prejuízos.
• Liquidez: o período entre investimento e resgate do capital.
• Cotação: preço de equilíbrio, em determinado instante, calculado via livre mercado a partir das relações de oferta e demanda. Em bolsa de valores, nada mais é que o preço de determinado ativo num exato instante.
• Volatilidade: na bolsa de valores, volatilidade representa a variação das cotações de determinado ativo em um período estipulado, possibilitando parâmetros de estabilidade ou instabilidade do investimento.
• Resultado: aqui, a rentabilidade do investimento em sua tese. Será que fez ou gastou dinheiro? Só o futuro pode responder.
• Garantias: o futuro, portanto, pode ter determinadas garantias para evitar grandes surpresas em seu resultado. Alguns investimentos podem contar com garantias de taxas de rentabilidade, instituições garantidoras do capital do investidor e direitos de preferência no recebimento de dívidas, por exemplo, são algumas possibilidades.

         Investidores têm características únicas e individuais. Pensa em construir patrimônio e participar do desenvolvimento social? Invista no que acredita e busque gerar resultados positivos.

Matheus Silva vence mais uma no Jungle Fight, em São Paulo

        Foi uma verdadeira batalha, fato que apenas valoriza e enaltece o tamanho da conquista. Jovem de enorme potencial, Matheus Silva não se intimidou com adversário, pressão da torcida local e venceu Gabriel "The Rock" por decisão dividida (29-28, 28-29 e 29-28), em duelo válido pela 15ª edição do Jungle Fight. Foi a segunda vitória do atleta friburguense, contra adversários cotados para disputarem o cinturão da organização.

        O garoto foi o único representante do estado do Rio de Janeiro nesta edição do evento, promovida na cidade de São Paulo, e encarou um adversário nascido em território paulista. Nem a pressão da torcida - com direito a vaias até mesmo após a vitória - fez Matheus titubear, reforçando todo o seu talento. Os oito mil presentes no ginásio Mauro Pinheiro, no Ibirapuera, vibraram a cada luta. Dos 12 combates do card, nada menos que nove foram definidas por via rápida - foram seis nocautes e três finalizações.

        Essa foi a segunda vitória recente do atleta friburguense, que em novembro do ano passado, havia vencido uma batalha de três rounds contra Murilo Bento, no evento Jungle Fight 122. Na ocasião, ele levou a melhor do duelo peso-pena (até 66,5 quilos) na decisão unânime dos juízes (30-27, 30-27 e 29-28).

         Morador do Cordoeira, o lutador de Nova Friburgo começou a lutar jiu-jitsu com apenas 11 anos de idade. Matheus Silva é cria do projeto Jiu-Jítsu para Todos, que surgiu em 2014, através do professor Filipe Grativol, com o objetivo de promover a inclusão social, integrando à equipe atletas com condições financeiras limitadas ou portando alguma deficiência física. A iniciativa atende, atualmente, a dezenas de crianças e jovens do município.

O evento

         O Jungle Fight 127, realizado no Ginásio Poliesportivo Mauro Pinheiro, no Ibirapuera, em São Paulo, coroou, na luta principal, Vanderlei Soul Glo como campeão interino da divisão depois de finalizar Glebson Monteiro aos 3min36s do primeiro round. Soul Glo apagou o adversário com um triângulo.

        No peso-mosca (até 57kg), logo na primeira luta da noite, Douglas Silva finalizou Guilherme Simões com uma chave de calcanhar salvadora ao sair na perna direita do rival. Na luta da sequência, no peso-pena (até 66kg), Eduardo Dutra finalizou Kevin Camargo com apenas 1min18s de luta ao aplicar um mata-leão justo.
        Em duelo no peso-combinado até 60kg, o peruano Diego MacDhiago venceu depois de aplicar um chute rodado que pegou na linha de cintura do brasileiro Gabriel Soares.

        No peso-leve (até 70kg), Ryan Rubens venceu Israel "Rottweiller" Miranda por nocaute técnico no segundo round após pressionar com golpes por cima no chão até interrupção do árbitro.
        O sexto confronto do Jungle 127 foi no peso-galo (até 61kg), onde Rafael “The Violent” Nunes nocauteou Juliano Lubke. Ainda nos galos (até 61kg), Guilherme Revira venceu Michael Nenê no primeiro round, e Micael de Jesus venceu Ariston França por nocaute em apenas 27 segundos de luta.

        No meio-médio (até 77kg), Jeferson Capone conseguiu uma reviravolta depois de sobreviver a um bom momento do rival Guilherme Silva e levou a vitória.

“O agora nunca pergunta o que vem em seguida.” Larry Stillday

Em uma de Suas falas, Jesus Cristo explicou que é melhor viver um dia de cada vez em vez de ficarmos ansiosos pelo amanhã. Claro, precisamos agendar compromissos para os dias e meses seguintes, mas isso é diferente de andarmos ansiosos sobre o futuro imediato ou longínquo.

Num livro de reflexões diárias sobre vitórias para pessoas envolvidas em recuperação de dependência química, encontrei um texto interessante e vou comentar agora com você algo dele. O conteúdo fala sobre viver o agora e evitar focar no passado ou no futuro. Seguindo o que Jesus disse, realmente ajuda a aliviar a ansiedade se conseguirmos gastar mais tempo cada dia no agora. Relaxar em vez de cultivar pensamentos e sentimentos de apreensão.

Aproveite o contato com as pessoas ao seu redor. Desfrute o contato com você mesmo, sozinho, meditando, ouvindo a suave voz da Providência. Preste atenção ao seu coração batendo. Sinta o ar entrando pelo seu nariz e indo até seus pulmões, respirando calmamente e de forma profunda. Pense que nesse momento tudo está como deveria. Estamos sendo cuidados por um Poder Superior, que chamo de Criador do Universo.

Nesse momento, nesse agora deixe o passado e o futuro. Focalize o agora. Não pense demais. Escute seu coração, sua respiração, os sons ao seu redor, talvez de um passarinho cantando, e a voz ajudadora do Criador do Universo.

O estado depressivo pode melhorar assim que você conseguir deixar o passado realmente para trás e olhar o que tem de bom hoje. Você tem vida, uma casa para morar, alimento, vestuário, amigos, familiares que se importam por você, trabalho que pode ser feito, mesmo informal e não remunerado, gente para ajudar usando alguma habilidade sua.

O estado de ansiedade pode ser aliviado ao pensar que o futuro não está em suas mãos, você não pode controlar o que virá, você não sabe o que ocorrerá nos próximos dias, semanas e meses. O que você sabe é o que está acontecendo agora. Então viva o agora. Pense: o que posso fazer de bom para mim hoje? O que se eu fizer pode ajudar minha saúde? Com quem posso contar hoje? O que pode me acalmar, sem ser remédio de farmácia, álcool ou outra droga? A quem posso ajudar hoje com o que tenho e sei?

Nesse momento, deixe o passado para trás e deixe o futuro surgir. Não vai acontecer nada que seja maior do que o que você pode administrar. Focalize no agora. Evite ficar pensando nas dores do passado e nos medos do futuro. Isto é um exercício mental que dá para fazer. Escute mais agora. Ouça seu coração batendo, sua respiração, os sons em sua volta, a voz amiga do Criador do Universo.

Se até agora você vinha usando substâncias ou outra coisa não saudável ou de forma não saudável para esquecer o passado ou enfrentar o futuro, é possível aproveitar a força que o Criador do Universo lhe oferece nesse momento, gratuitamente, para lhe fazer descansar. Escolha ficar no agora. Quando sua mente puxar seus pensamentos para seu passado ou para preocupações com o futuro, diga para si mesmo: “Vou ficar no agora.” E peça ao Criador para Ele lhe confortar, fortalecer e habilitar para você descansar agora. Ele produzirá serenidade e restauração em seu corpo e em sua vida.

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Cesar Vasconcellos de Souza – www.doutorcesar.com

Há boatos de que a única aposentadoria confirmada é a do Raul Seixas, afinal, ele nasceu há dez mil anos atrás. Sem dúvida, algumas críticas populares atestam a sabedoria e o bom humor do povo brasileiro, que atento, busca criar humor em cima dos inúmeros problemas em suas agitadas e sofridas vidas.

São inúmeros os “memes curiosos” enviados pelo Whatsapp e pelo Facebook diante da dura situação vivida pela Previdência Social brasileira. Rimos, nos divertimos. No entanto, apesar do bom humor ser importante, precisamos ter conversas sérias e delicadas, sobre assuntos que colocam a vida de muita gente vulnerável em risco.

Cadeiras de plástico e filas longas

As conhecidas cadeiras de plástico nas repartições públicas nos indicam algumas coisas. A primeira é que ficaremos totalmente desconfortáveis. A segunda, é que certamente o tempo de espera vai ser bem longo. No entanto, quem nos dera que o tempo de cadeira fosse o suficiente, não é mesmo?

À medida em que a população envelhece, cada dia mais gente preenche os requisitos para pedir aposentadoria. É muita gente, fato. Contudo, a sensação é que a autarquia não acompanhou o crescimento populacional com a realização de novos concursos e pessoal que consiga dar conta das demandas.

Neste ano (como em todos os outros anos), o governo tentou cumprir a promessa de reduzir a extensa fila de pedidos. Houve uma redução pequena (3,4%) nos pedidos iniciais, mas o tempo médio de resposta ainda está em 39 dias. A enorme quantidade de recursos em aberto no mês de abril mostra que a análise deixa a desejar.

Atualmente, quase 1 milhão de brasileiros estão na fila à espera de perícias médicas no INSS. Os importantes procedimentos na concessão de benefícios de quem tanto precisa caminham a ritmos lentos, com perícias sem critérios objetivos, demorando nos processamentos e trazendo dificuldades na vida de quem precisa.

A previdência está dando ‘tilt’

Perto de chegar a R$ 1 trilhão de despesas anuais com aposentadorias, pensões e outros benefícios, o INSS se mostra um potro rebelde e impossível de se dominar com cordas até para os mais experientes laçadores. Em meio a tantas falhas no processamento dos milhões de pedidos. 

O mais grave nessa situação são as falhas no processamento do sistema. De janeiro do ano passado a meados de abril, ocorreram 164 interrupções nos sistemas usados pelo INSS. Os funcionários da previdência deixaram de trabalhar, ao todo, por 13 dias, 13 horas e 36 minutos. 

Se para os próprios servidores há a agonia pela queda dos sistemas, o drama é ainda maior para os beneficiários ou requerentes dos benefícios, que necessitam ter seus direitos garantidos e não aguardar “favores” da União e boa vontade dos sistemas. O caráter alimentar dos benefícios demanda urgência, por obviedade – ou ao menos, deveria demandar.

Em um universo paralelo, se algo semelhante ocorresse num setor como bancos ou seguradoras, a gritaria seria imensa. A crise seria eminente. Super inflação, endividamentos e juros exorbitantes. No entanto, da burocracia estatual contra idosos, doentes, pensionistas, pouco se espera.  

Nesse quase meio mês de paralisação forçada, novos pedidos de benefícios e de revisão de aposentadorias e pensões já concedidas continuaram a chegar. As panes entre 2023 e os meses iniciais deste ano prejudicaram a análise de 3,4 milhões de processos, ou 13,4% dos 25,4 milhões de pedidos analisados. 

Na média, cada pane nesse período durou 10 horas e 53 minutos. Mais que um dia de expediente do servidor do INSS. O Sirc, serviço que concede salário-maternidade, aparece como campeão de defeitos. Ficou 20 dias com problemas no período de quase 16 meses.

Apesar de ser responsável pela maior parte dos gastos primários da União, o INSS não conta com as condições técnicas necessárias para atender a população como deveria, tanto em seus processos administrativos como nos processos judiciais, que muitas vezes não são respondidos em tempo hábil. 

Nova reforma da nova reforma

De acordo com diversos especialistas economistas, a última reforma previdenciária, aprovada em 2019, foi insuficiente para tornar o sistema previdenciário brasileiro sustentável. Se nada for feito, dizem, pode-se comprometer a eficiência econômica do país, que deve entrar em crise.

Para se ter uma ideia, no ano passado o governo pagou a bagatela de R$ 898,8 bilhões em benefícios previdenciários, o que ultrapassou 90% do orçamento da União. E assim, mesmo diante de uma péssima infraestrutura à população, comprometeu despesas em outras áreas, como investimentos, por exemplo.

São estudadas mudanças no cálculo da aposentadoria dos trabalhadores rurais; a equiparação das idades de aposentadorias entre homens e mulheres (como elas têm expectativa de vida superior, geram um passivo proporcionalmente maior); e a elevação da idade mínima de aposentadoria.

Diante de tantos empecilhos que rodeiam a previdência brasileira, questionamos: Será que os “memes” realmente se tornarão verdade? Não ironicamente, nosso último aposentado poderá realmente ser o Raul Seixas, que nasceu há dez mil anos atrás.

Nova Friburgo terá cinco mil eleitores a mais em relação à eleição municipal anterior. São exatos 5.011 eleitores aptos a votar a mais, o que representa um aumento de 3,30%. De acordo com os dados atualizados pelo TRE-RJ (Tribunal Regional Eleitoral) até o dia 16 de maio, ou seja, após o fechamento do prazo limite para votar nestas eleições, que era 6 de maio, estavam registrados 156.513 eleitores no município, enquanto em 2020 eram 151.502 aptos a votar. 

Alta abstenção

No entanto, na última eleição para prefeito compareceram às urnas 108.918, com 42.584 abstenções. Na última eleição, em 2022, no 2º turno para presidente, éramos 155.090 eleitores e o número de eleitores que deixaram de votar foi bem menor: 33.802.  

Mulheres são 53%

Dentro do perfil do eleitorado friburguense que irá às urnas em 6 de outubro para escolher prefeito e vereadores, a maioria continua sendo de mulheres: 82.997. O sexo masculino corresponde a 73.398 eleitores. 118 não se declaram em um gênero ou outro. Portanto, as mulheres correspondem a 53,02% do eleitorado friburguense, acima da média nacional.

Perfil do eleitor

Quanto ao grau de formação, a maior faixa de eleitores está entre aqueles que não têm o ensino fundamental completo, o que corresponde a 45.298, seguido daqueles que não têm o ensino médio completo, 33.503. São 11.340 eleitores com ensino superior completo e no outro extremo 4.755 que se declaram analfabetos.    

Não obrigados a votar

No recorte de faixa etária, a maioria, 40.262 tem idade entre 45 e 59 anos, seguido daqueles que tem 35 a 44 anos que são 28.857 eleitores. 948 eleitores aptos a votar, ou seja, que tiraram o título de eleitor, têm menos de 18 anos. Já entre os com idade acima de 70 anos são 22.191 eleitores. Tanto os menores de 18, mesmo que tenham tirado o título, assim como os acima de 70, não são obrigados a votar, o que em parte, pode explicar o tradicional número de abstenções.

2º turno

Aumentou o número de  municípios brasileiros com a possibilidade de 2º turno nas eleições municipais deste ano. Nova Friburgo segue de fora dessa possibilidade com seus agora 156.513 eleitores. Para ter a possibilidade de 2º turno, ou seja, quando nenhum candidato a prefeito obtém 50% dos votos mais um, é preciso ter mais de 200 mil eleitores. 

Mais um no RJ

Dos 5.570 municípios brasileiros, 95 tiveram a possibilidade de 2º turno em 2020, agora passam a ser 102. No Estado do Rio de Janeiro, apenas um a mais ganhou esse direito. Passou dos 10 do último pleito para 11. Magé é o estreante e terá a possibilidade de dois turnos pela primeira vez na sua história. Magé soma agora ao Rio de Janeiro, Duque de Caxias, São Gonçalo, Nova Iguaçu, Niterói, São João de Meriti, Belford Roxo, Campos, Petrópolis e Volta Redonda.    

Eleitores x habitantes

Importante relembrar a confusão comum sobre a realização do 2º turno das eleições municipais. 200 mil habitantes não dão a chance de eleições em dois turnos, mas sim de 200 mil eleitores. Nova Friburgo, portanto, segue distante dessa possibilidade. Chegou a tramitar no Congresso Nacional um projeto que pretendia aplicar o 2º turno em todos os municípios com mais de 100 mil eleitores, o que até hoje não prosperou. Portanto, seria mais fácil a mudança da lei do que atingir o número exigido. 

Doenças respiratórias

O Estado do Rio permanece em alerta para casos de síndromes respiratórias agudas graves. A situação chega à quinta semana consecutiva. É o que mostra o Panorama de Síndrome Respiratória Aguda Grave e Vírus Respiratórios (Panorama SRAG) da Secretaria estadual de Saúde. O monitoramento revela, no entanto, uma diminuição no número de internações de casos não provocados pela Covid-19 entre os dias 12 de maio a 1º de junho. A situação permanece mais preocupante na faixa etária de 0 a 4 anos. 

Panorama

Este período do ano é muito caracterizado por síndromes respiratórias. Nova Friburgo, por seu clima frio e úmido, é uma das que mais sofre. A equipe de Vigilância do Centro de Inteligência em Saúde usa um modelo estatístico que leva em consideração os casos com atraso de notificação para estimar o total esperado para determinado período. O panorama analisa também os tipos de vírus que predominam nas diversas faixas etárias dos pacientes internados, além das solicitações de leitos feitas por meio do Sistema Estadual de Regulação. 

Crianças e idosos

Segundo dados do Painel Viral do laboratório estadual de referência (Lacen-RJ), os principais agentes infecciosos para crianças entre 0 e 4 anos são o Vírus Sincicial Respiratório, um dos causadores da bronquiolite (51,2%), e o Rinovírus (25,2%). O percentual de internações por SRAG na faixa etária de 80 anos ou mais, mantém o padrão das últimas semanas, com os vírus Influenza do tipo A (5,13%) e o Vírus Sincicial Respiratório (5,33%) como principais causadores. 

Dia de São João

Diferente de muitas cidades brasileiras que têm feriados municipais no dia de seu padroeiro, Nova Friburgo não segue a regra para o seu. Dia 24 de junho, dia de São João, é um dia com celebrações católicas na cidade, mas não é feriado. Em Niterói, por exemplo, cujo padroeiro é o mesmo, é feriado. 

Feriado municipal

O argumento é de que a cidade optou por ter feriado no aniversário de fundação, 16 de maio, evitando assim duas paradas municipais no ano para não atrapalhar as atividades econômicas. No entanto, outros municípios celebram dois e até mais feriados municipais: a fundação, o padroeiro e em casos específicos datas especiais.  

Agora é nacional

No caso do Estado do Rio de Janeiro, há um feriado estadual: 23 de abril - dia de São Jorge. O dia da consciência negra (20 de novembro), que por muitos anos foi apenas feriado estadual, passa a ser feriado nacional a partir deste ano. Cairá numa quarta-feira. Para os servidores públicos de todo o Brasil, é feriado ainda no dia 28 de outubro, que neste ano será em uma segunda-feira. 

Escassez de feriados prolongados

Os feriados no segundo semestre deste ano serão escassos em dias de semana. O próximo, 7 de setembro, cairá em um sábado. Igualmente caem no sábado os feriados de 12 de outubro (Nossa Senhora Aparecida) e 2 de novembro (finados). O feriadão fica por conta de 15 de novembro (dia da proclamação da República), que será em uma sexta-feira. Dificilmente alguém conseguirá esticar até o feriado de quarta, 20 de novembro, mas… O Natal (25) e o Ano Novo (1º de janeiro) serão em quartas-feiras.      

Semana de feriados no Rio

Com a realização do G20, na capital, Rio de Janeiro, onde se reunirão as maiores autoridades do planeta, a prefeitura carioca, com aprovação da Câmara de Vereadores, decretou feriado municipal nos dias 18 e 19 de novembro. O objetivo é facilitar a logística de transporte e segurança das autoridades durante o evento. A medida não se estende aos demais municípios do estado, no entanto, afeta a vida de todos, pois muitas das atividades estão relacionadas ao funcionamento de repartições públicas e empresas da capital. 

Impacto no Estado

Os vereadores determinaram que continuarão funcionando as indústrias situadas nas zonas norte e oeste da capital fluminense, além de padarias e estabelecimentos que desenvolvam as atividades por meio de trabalho remoto. Todos os demais setores estarão fechados, portanto, somando-se ao feriado da consciência negra, no dia 20. 

O G20

Vale reforçar que o G20 reúne os países com as maiores economias do mundo. Os estados-membros se encontram anualmente para discutir iniciativas econômicas, políticas e sociais e definem o G20 como o principal fórum de cooperação econômica internacional. Esta é a primeira vez que o Brasil assume a presidência do grupo, tendo a cidade do Rio de Janeiro como sede.

Feriados em 2025

Se 2024 foi escasso de feriados prolongados, 2025 promete, mas só no primeiro semestre. O segundo semestre será pior do que este ano nesse quesito. No primeiro, a maioria dos feriados cairá em dia útil, mas próximos dos fins de semana, o que pode facilitar para aqueles que conseguem antecipar o descanso. 

Primeiro semestre recheado

Além do carnaval e do dia de Corpus Christi, cujas datas são fixas, a sexta-feira santa de Páscoa (dia 18 de abril) emendará com o dia de Tiradentes, 21 de abril, que cairá numa segunda-feira. No Estado do Rio, ainda tem São Jorge, no dia 23. Ou seja, serão praticamente três feriados seguidos. O 1º de maio, dia do trabalhador, será em uma quinta-feira. Já para os friburguenses, um feriadão extra, o aniversário da cidade, em 16 de maio, cairá numa sexta-feira.  

Segundo semestre de raras folgas

Já no segundo semestre, 7 de setembro (Independência do Brasil); 12 de outubro (Nossa Senhora Aparecida) e 2 de novembro (Finados) serão todos em domingos. Para piorar, o dia 15 de novembro de Proclamação da República serão em sábados. 20 de novembro, de Zumbi e da Consciência Negra salva ao cair numa quinta-feira. Já o Natal e Ano Novo serão em quintas-feiras. Para quem gosta de uma promoção e economiza ao planejar suas viagens, já vale estar atento e se programar.

Capitania Vasco

A Capitania do Vasco de Nova Friburgo está em festa. Por liderança de Nilsinho Magrinho e outros, um dos núcleos com maior número de integrantes do Brasil vai ter sede própria. Neste domingo, 16, a partir das 15h, acontece a inauguração, seguida do jogo do Cruzmaltino, 18h30, contra o Cruzeiro. A sede fica na Avenida Hans Gaiser, 118.           

  #OMELHORFRIODORIO

Durante todos os dias desta semana, Nova Friburgo esteve pelo menos entre as 20 cidades com as menores temperaturas registradas no Brasil, ainda que neste ano, não esteja tão frio quanto nos anteriores. Os registros nas redes sociais são vários, especialmente do Alto do Caledônia, com paisagens surreais. Vale fazer a trilha e captar essas belezas que o olhar humano registra melhor do que as máquinas, portanto, tem que ser por si só  

Palavreando

“A roça que nos habita é a simplicidade que nos grita, convoca a sermos simples, até para mandar recados de amor, anônimos ou não. Na festa, no meio de toda gente, ainda que voltado exclusivamente para aquela ou aquele. Porque o que se sente não deve ficar preso na gente. O amor merece toda publicidade”.

Trecho da crônica que será publicada na íntegra na edição deste fim de semana de A VOZ DA SERRA. 

Nova Friburgo Futebol Clube concede novos títulos de Sócios Beneméritos

        Personagens que dedicam boa parte de seus tempos e suas vidas pelo Nova Friburgo Futebol Clube foram reconhecidos. O Conselho Deliberativo da agremiação concedeu entrega de novos títulos de sócios beneméritos, a quem, há anos, mantém viva a chama de uma história de décadas. A Assembleia Geral Extraordinária foi realizada na noite do último dia 5 de junho, na Sede Social Aristides Casado, localizada no centro da cidade.

        Durante o encontro, Alair Lourenço, Edson Roberto Tavares, Evandro Nicoliello, Joel Duarte, José Carlos Siqueira, José Eduardo Valentim, Luis Roberto Lemos da Rocha, Luiz Sérgio Borges de Mesquita e Suenni Fernandes receberam o reconhecimento pelos relevantes serviços prestados à agremiação.

        “É um prazer contar com o apoio e a colaboração de todos os agraciados. Fico satisfeito e honrado com a dedicação de todos para que possamos construir uma história de sucesso”, destacou o presidente do Conselho Diretor, Luiz Fernando Bachini.

        O presidente do Conselho Deliberativo, Carlos Arnaldo Bravo Berbert, valorizou o trabalho realizado pelos agraciados. “Hoje estamos prestando uma justa homenagem a esse grupo que contribuiu para o desenvolvimento do Nova Friburgo Futebol Clube. Agradeço a todos pelo apoio e dedicação”, finalizou.

Base ativa

        Em paralelo, as divisões de base do clube seguem ativas, com a disputa de treinos e amistosos. Nos últimos dias, o Nova Friburgo participou de dois amistosos com a Escolinha do Nova Friburgo Country Clube. As partidas foram disputadas na pelas categorias Sub 11 e 13, e os jogos aconteceram no Campo de Futebol Society Miguel Ruiz.

        A categoria Sub 11 venceu o verde-rubro no confronto, pelo placar de 4 a 3. Isaque (duas vezes), Tomason e Nathan marcaram os gols da equipe verde-rubro, enquanto Ryuan, Antônio e Pedro fizeram os gols dos donos da casa.

        O Nova Friburgo Futebol Clube foi representando por: Hudson, Luiz Gustavo, Nathan, Richard, Davi Jesus, Kaíque, Matheus Fialho, Bryan e Tomason (1º tempo). Hudson, Luiz Gustavo, Kauã, Nathan, Richard, Davi Jesus, Luiz Gustavo, Tomason e Isaque. (2º tempo). Técnico: Diniz. Auxiliar: Vinicius dos Reis (Cabelo).

        No Sub 13, o Nova Friburgo Futebol Clube Sub venceu, 3 a 1, com gols de Lucas, Kauan e contra, enquanto Dudu abriu o marcador para a equipe anfitriã. Defenderam as cores do Nova Friburgo Futebol Clube: Heitor, Daniel, Conrado, Davi, Vinicius, Luan, Kauã Lopes, Romantiezzer e Carlinhos (1º tempo). Heitor, Daniel, Conrado, Davi, João Lucas, Luan, Mikael, Falcão e Nicolas.  Técnico: Diniz. Auxiliar: Vinicius dos Reis (Cabelo).

Experimente colocar num banheiro público o aviso “é proibido escrever palavrão na porta”

Você tem medo de andar no mesmo? E quando o mesmo demora, você fica irritado? Você já ficou preso no mesmo? E se você não sabe que o pronome “mesmo” virou substantivo (sinônimo de elevador), é porque nunca prestou atenção ao aviso que está ao lado da porta de todos os sobe e desce do nosso estado: “Antes de entrar no elevador, verifique se o mesmo encontra-se parado neste andar. Lei Estadual No. 9502/97”. Para orgulho nosso, o texto foi perpetrado na Assembleia Legislativa Fluminense e se espalhou pelo país. Pior do que isso o douto legislador não podia ter feito, e nenhum dos seus nobres companheiros ousou levantar a voz (ou a caneta) para salvar da redação infeliz tão feliz advertência. 

Eu não entendo de elevadores. Até para escolher entre os botões de subida e decida preciso de alguns instantes de reflexão. Também não entendo muito de português, mas ao menos sei que toda palavra antecedida de artigo vira substantivo, ou seja, nome de alguma coisa. Portanto, acho que a bem-intencionada 9502/97 ficaria melhor assim: “Ao abrir a porta do elevador, certifique-se ele está parada neste andar.” Ou, melhor ainda: “Stop! Antes de dar um passo adiante, verifique se não há um buraco negro à sua frente!” O uso do stop se justifica porque brasileiro presta mais atenção nas palavras inglesas do que nas portuguesas. Brincadeiras à parte, convém mesmo (olha ele aí, travestido de advérbio!) ficar atento, porque muita gente já morreu ao cair no poço ─ por exemplo: a atriz Anecy Rocha, irmã caçula do cineasta Glauber Rocha.

Palavras e expressões impõem-se na língua por si mesmas, não precisam de autorização nem aceitam proibição. É uma das poucas coisas em que o povo manda e desmanda. Resultaram sempre em fracasso as tentativas de regular por meio de canetadas como as pessoas devem falar. O latinista Castro Lopes propôs a criação de palavras que substituíssem o que ele chamou de “barbarismos dispensáveis”. Salvaram-se (mais ou menos) “cardápio” e “convescote” para ocupar o lugar de “menu” e “piquenique”, respectivamente. Outras, como “preconício” (anúncio comercial), “ludâmbulo” (turista), “runimol” (avalanche) e “ancenúbio” (nuance) foram completamente ignoradas pelos brasileiros. Durante a Segunda Grande Guerra, Mussolini proibiu o uso do pronome “Lei” na Itália. A guerra acabou, Mussolini morreu e, apesar dele, o pronome e a Itália sobreviveram. Experimente colocar num banheiro público o aviso “é proibido escrever palavrão na porta”. No dia seguinte o outro lado da porta estará cheio de palavrões.

Zamenhof pensou no esperanto como uma língua universal, mas calcula-se que hoje apenas cerca de 100 mil pessoas entendam esse idioma artificial. Enquanto isso, o inglês... Certa vez, um deputado brasileiro tentou extinguir a crase, que é um fenômeno da fala e, portanto, não pode ser regulado por leis. Isso nos obrigaria a falar, por exemplo, “cada...armário”, ou invés de “cadarmário”, como comumente se faz. O que o deputado certamente queria, e já seria um desastre, era extinguir o acento grave indicativo de crase, necessário para distinguir “pintar a máquina” de “pintar à máquina, ou “cheirando a flor” de “cheirando à flor”.

Enfim, vamos deixar de invencionices. Mas, por prudência e a amor à vida, não entre no elevador sem ter certeza de que ele (também conhecido como “o mesmo”) está ali parado, pacientemente esperando por você.