Embora o relacionamento com os pets não possa ser medido cientificamente, as conexões que temos com eles, como um simples gesto de carinho, são suficientes para mostrar o impacto positivo que eles têm em nossas vidas.
Já dizia o psiquiatra Sigmund Freud — o “pai da psicanálise” — que os motivos que nos levam a amar um animal com tanta intensidade são compreensíveis se entendermos que o seu amor é um afeto sem ambivalência. “A relação que temos com eles está livre dos insuportáveis conflitos culturais”.
E mais: “Os cachorros não têm a personalidade dividida, a maldade do homem civilizado, nem a vingança do homem contra a sociedade pelas restrições que ela impõe”.
Para Freud, “um cachorro tem a beleza de uma existência completa em si mesmo e que, apesar de todas as divergências quanto ao desenvolvimento orgânico, existe a sensação de uma afinidade íntima, de uma solidariedade indiscutível”.
Convivência benéfica
Crescer com um animal de estimação vai além da brincadeira: os pets ajudam a desenvolver empatia, reduzir ansiedade e construir confiança. Segundo a ciência, as crianças que convivem com bichinhos têm melhor saúde emocional e social.
A convivência com pets tem impactos significativos no desenvolvimento emocional das crianças, contribuindo para o fortalecimento da autoestima, do senso de responsabilidade e até do desenvolvimento de uma postura mais inclusiva e aberta às diferenças, tanto na relação com animais quanto com colegas e familiares.
Portanto, entender como garantir que essa convivência seja benéfica é fundamental, ao mesmo tempo que é importante aprender o que evitar para não torná-la problemática para nenhum dos envolvidos. Mais do que companhia, os animais funcionam como suporte emocional silencioso e ajudam na construção de vínculos afetivos seguros.
"Crianças que crescem com pets tendem a desenvolver uma visão mais inclusiva do mundo. Elas aprendem, desde cedo, que seres diferentes têm o mesmo valor e merecem cuidado, atenção e respeito, e isso pode resultar em posturas mais empáticas nas relações com colegas e familiares", explica a psicoterapeuta Renata Roma, doutora pela Brock University e pós-doutora pela University of Saskatchewan, no Canadá.
Vínculo positivo
A psicoterapeuta vem estudando o impacto dos pets na saúde emocional das crianças por mais de 10 anos. Renata explica que essa relação também exige atenção. Para que o vínculo entre criança e pet seja realmente positivo, é essencial que haja orientação, supervisão e respeito aos limites — tanto da criança quanto do animal. Conheça algumas formas pelas quais os pets contribuem para o desenvolvimento emocional infantil e como incentivar uma convivência consciente, respeitosa e transformadora:
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Empatia na prática — Conviver com um pet exige interpretar e respeitar os sinais do outro, mesmo que ele não fale. "A criança aprende a entender quando o animal está feliz, assustado, cansado ou com dor. Esse exercício constante de se colocar no lugar do outro é o que chamamos de empatia.
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Autorregulação emocional — Os pets oferecem conforto emocional mesmo sem palavras. Muitos estudos indicam que crianças que vivem com animais conseguem se acalmar mais facilmente em momentos de estresse. "Abraçar, acariciar ou apenas estar perto do pet reduz a ansiedade, diminui a produção de cortisol e aumenta a liberação de ocitocina, o hormônio associado à formação de vínculos sociais".
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Responsabilidade e rotina — A convivência também ensina noções importantes de cuidado e rotina. "Com o apoio dos adultos, a criança pode se envolver em tarefas como trocar a água, escovar o pelo ou alimentar o pet. No entanto, é fundamental deixar claro que, em nenhum contexto ou idade, a criança deve ser colocada como a principal responsável pelo pet; a supervisão dos adultos é indispensável".
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Laços afetivos seguros — A relação oferece uma oportunidade única de estabelecer vínculos seguros. "O animal não julga, não cobra e está sempre presente. Esse tipo de relação cria uma base emocional positiva, que pode inclusive ajudar a reparar ou compensar outras relações afetivas frágeis na infância”.
(Fonte: www.terra.com.br)
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