Blogs

O que fazer com o auxílio emergencial?

sexta-feira, 01 de maio de 2020

Tem direito ao auxílio de R$ 600 do Governo Federal? Seu pedido foi aprovado? Agora é só esperar a liberação da quantia de acordo com o calendário de pagamentos. Mas o que fazer com o dinheiro?

Tem direito ao auxílio de R$ 600 do Governo Federal? Seu pedido foi aprovado? Agora é só esperar a liberação da quantia de acordo com o calendário de pagamentos. Mas o que fazer com o dinheiro?

Como medida de incentivo à desaceleração da economia global, o Governo elaborou programas de auxílio financeiro para empresas e trabalhadores informais – e, também, cidadãos em situação de vulnerabilidade cadastrados no Bolsa Família pelo CadÚnico – com o intuito de promover dignidade em meio a tanto caos decorrente da crise sanitária mundial provocada pela proliferação de casos do Covid-19.

Contudo, parece que uma crise econômica vem sendo fabricada no país; é desumano demorar tanto tempo para a liberação de uma verba emergencial. Aos que ainda aguardam a aprovação da solicitação, mantenham-se esperançosos. Aos que já aguardam o pagamento ou receberam a primeira parcela, aqui vão algumas dicas para usar esta quantia da forma mais inteligente financeiramente em tempos de crise.

O primeiro ponto é saber o que você precisa pagar. Diante do atual cenário, alguns compromissos passaram por revisões que podem aliviar as despesas: como, por exemplo, a isenção de pagamento das faturas de energia elétrica para os inclusos na tarifa social até 30 de junho e a pausa na cobrança de parcelas de empréstimos e financiamentos – tendo como credor os grandes bancos de varejo – por até 60 dias (é necessário o contato com a instituição financeira para fazer a solicitação da suspensão).

Procure saber um pouco mais sobre seus direitos individuais diante do contexto econômico nacional e consiga um fôlego a mais para enfrentar tempos tão difíceis. Sabendo quais continuam sendo suas obrigações fiscais, é possível remapear seu orçamento e identificar possíveis soluções para manter o mínimo viável do seu custo de vida; lembre-se, são tempos atípicos, reduza suas finanças apenas ao necessário.

Recalculado seu custo de vida, faça os ajustes necessários: caso o auxílio seja sua única receita atual, não há muito o que fazer, infelizmente será apenas uma ajuda pontual então gaste todo o dinheiro mas de forma racionada; agora, caso o auxílio seja uma renda complementar, estude se há realmente a necessidade de usá-lo totalmente, pois a criação de uma reserva – por mais que um tanto tímida – pode ser importante num futuro que ainda não sabemos como será.

Também não é tempo de superficialidade, se estiver passando por momentos difíceis, evite despesas desnecessárias e gastos supérfluos. Dê espaço à compaixão, saiba ouvir suas necessidades mas não feche os ouvidos para as súplicas do próximo. Emprestar dinheiro – principalmente o do “Coronavoucher” – vai contra todas as recomendações para o momento, mas arcar com pequenas despesas que podem fazer a diferença no dia de quem precisa ainda mais do que você, é um ato honroso e merecedor de todas as bençãos.

Identifique as despesas obrigatórias, enxugue os gastos, evite superficialidades e ajude alguém. São esses os passos para sairmos juntos deste momento tão delicado.

Publicidade
TAGS:

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.

Fábrica de Rendas Arp importa 300 toneladas de maquinário da Suíça

sexta-feira, 01 de maio de 2020

Edição de 2 e 3 de maio de 1970
Fábrica de Rendas Arp traz para Friburgo 300 toneladas de maquinário  

Manchetes
Trezentas toneladas de moderno maquinário em 520 caixas, oriundo da Suíça, são transportados para Friburgo. Importadora do grande negócio é a Fábrica de Rendas Arp S/A.

Edição de 2 e 3 de maio de 1970
Fábrica de Rendas Arp traz para Friburgo 300 toneladas de maquinário  

Manchetes
Trezentas toneladas de moderno maquinário em 520 caixas, oriundo da Suíça, são transportados para Friburgo. Importadora do grande negócio é a Fábrica de Rendas Arp S/A.

  • MDB decide: candidatos próprios ao Governo Estadual e à Presidência da Assembleia Legislativa -O MDB friburguense homologará a decisão da maioria dos seus membros diretores, qual seja a de concorrer, com candidatos partidários, às eleições de governador estadual e a de presidente da Assembleia Legislativa. Ultrapassada esta fase, será conhecido do público o nome medebista que vai disputar a sucessão do governador  Geremias de Mattos Fontes. Quanto ao presidente da Mesa Diretora da Assembleia está definida a situação, com a apresentação do nome do deputado Álvaro de Almeida.
  • Jornalista Abel Rodrigues - O dia 2 de maio é de festa para a imprensa fluminense, pois marca o aniversário natalício do querido homem de jornal, Abel Rodrigues. Profissional competente e que orgulha a classe, Abel é sempre o mesmo cidadão, estando ou não desempenhando altas funções. Tendo passado pela AFI, Assessoria de Imprensa do governo Geremias, assim como pela Secretaria do Trabalho do mesmo governo, o nosso focalizado deixou em cada função que exerceu, bem assinalados, traços da sua extraordinária capacidade, patriotismo e firmeza de atitudes. Na nossa “tenda de trabalho” Abel é por mais querido. A imprensa de nossa terra deve-lhe assinalados serviços e com ele conta sempre, para o desempenho das funções de seu embaixador. Desejamo-lhes as maiores venturas.
  • Inauguração da nova agência do Banco Comércio e Indústria de Minas Gerais - O maior acontecimento do ano. Um suntuoso edifício embelezando sobremodo o centro urbano. Íntegra dos discursos do presidente da grande organização e do gerente da agência local.
  • Governador Geremias isenta ICM em recente decreto - Benefício vale para as operações de exportação de flores, plantas e do pescado. No que se refere à imunidade tributária para flores, o nosso município fica estimulado para esta nova fonte de riqueza, já que é um dos maiores produtores de flores.
  • D. Marly de Almeida - O calendário registra neste 3 de maio, a data natalícia da senhora Marly de Almeida, esposa do deputado Álvaro de Almeida e personalidade que avulta na sociedade friburguense. Companheira dedicada do ilustre homem público, dona Marly participa sempre das memoráveis campanhas em que se empenha seu marido e é a grande artífice no desenvolvimento das constantes fainas de cunho assistencial que o casal empreende em favor das classes desfavorecidas da sorte.
  • Deputado Edgard de Almeida visita Friburgo - Para visitar amigos e correligionários, esteve em nossa cidade o deputado federal Edgard de Almeida, figura proeminente do MDB do Estado do Rio e catedrático de medicina, que possui vários cursos especializados na Inglaterra, França e Alemanha. O ilustre programou para esta viagem visita às obras do Hospital do Sase, na Olaria do Cônego – que tem o seu nome e decidido patrocínio, ocasião em que participará também da festa que a diretoria do mencionado nosocômio está levando a efeito, com o intuito de angariar fundos.
  • Margem do Rio Bengalas - Não é admissível que o sonolento DER continue sem dar sinalização e sem oferecer os requisitos de defesa aos transeuntes, nos trechos da nova avenida marginal ao Rio Bengalas que estão em fase de conclusão. São desastres em cima de desastres.

Sociais

  • A VOZ DA SERRA registra os aniversários de: jornalista Abel Rodrigues Gonçalves, professor João Batista de Moraes (2); Marly de Almeida, Ned Torres, Rafael Pecci, Regina Maria Torres, Juvenal Evêncio Folly e Janete Maria Nunes (3); Dr. Silva Lima, José Pires Barroso, Maria Natividade e Nelson Spinelli (4); Maria Nilse Ventura Coutinho, Alice Cúrio e Gilberto Vassalo Azevedo (6); Maria da Glória Ventura e Coronel Heber Alves da Costa (7); Dr. Carlos Pecci, Romeu Marra da Silva, Libaneza Nanem e Laura Pirazzo (8); Edgar José Monteiro Lisbôa (9).

 

  • Foto da galeria

    Acervo AVS

  • Foto da galeria

    Acervo AVS

Publicidade
TAGS:

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.

Surreal

quinta-feira, 30 de abril de 2020

Para pensar:
"Não fazer nada é ser vencido.”
Charles de Gaulle

Para refletir:
“Quem não conhece a dignidade da privação e nem a gratidão de um sofrimento compartilhado talhou a própria cruz, faltou tempo para o amor.”
Morris West

Surreal

E eis que a fila da Caixa, na manhã desta quarta-feira, 29, chegou bem próxima à esquina entre as ruas Carlos Alberto Braune e Sara Braune.

É inacreditável, mas aconteceu.

Para pensar:
"Não fazer nada é ser vencido.”
Charles de Gaulle

Para refletir:
“Quem não conhece a dignidade da privação e nem a gratidão de um sofrimento compartilhado talhou a própria cruz, faltou tempo para o amor.”
Morris West

Surreal

E eis que a fila da Caixa, na manhã desta quarta-feira, 29, chegou bem próxima à esquina entre as ruas Carlos Alberto Braune e Sara Braune.

É inacreditável, mas aconteceu.

Num momento em que parte da comunidade científica internacional já teme que o Brasil se torne o novo epicentro da pandemia de Covid-19, é surreal que mesmo uma iniciativa tão importante e positiva quanto o auxílio econômico seja tão prejudicada por questões formais tão anacrônicas.

Não é possível

Não se trata, evidentemente, de ter soluções fáceis para tudo.

A coluna tem consciência de que é mais fácil criticar do que fazer melhor.

A questão é que não é possível acreditar que nada possa ser feito a respeito, que não haja solução ou alternativa que não apenas reduza riscos mas também humanize um pouco mais todo o processo.

O que estamos vendo acontecer é algo medieval.

Espaço aberto

E o pior é que, nesse caso específico, a liberdade de ação em esfera local é mesmo muito pequena.

Ainda assim, é nosso dever procurar melhorias dentro daquilo que nos cabe, e este espaço fica aberto para dar voz a qualquer boa sugestão nesse sentido, inclusive vinda de funcionários do próprio banco, com a garantia de preservação da fonte.

Simplesmente não podemos continuar a nos expor dessa maneira.

Urgente

De todo modo, algumas lições de valor podem e precisam ser aprendidas, para quando tudo isso passar.

Resta evidenciado, por exemplo, que promover a inclusão digital - preferencialmente acompanhada do devido respaldo educacional, a fim de auxiliar a navegação proveitosa na internet - é o tipo de política pública que pode salvar vidas, reduzir a burocracia, e preservar empregos em tempos de anormalidade, como o que vivemos.

E isso é algo que podemos fazer (e cobrar) também em esfera municipal.

Conflito de interesses

Um dos pontos mais sensíveis no conflito entre interesses econômicos e de saúde pública em tempos de Covid-19, não apenas aqui, mas no mundo todo, reside nos transportes coletivos.

Afinal, por um lado são justas as reivindicações em favor do equilíbrio econômico e a preservação de empregos; e igualmente justas as preocupações com os riscos representados pela permanência obrigatória num ambiente fechado e cheio de pessoas, sem que seja possível respeitar o necessário distanciamento.

Economia

Por aqui o debate também existe e está aquecido.

De sua parte, a empresa Friburgo Auto Ônibus (Faol) argumenta que o avanço do novo coronavírus e as medidas de isolamento reduziram o número de pessoas que fazem uso do transporte público, e que obrigar concessionárias a manter sua frota integral gera desequilíbrio econômico-financeiro.

Respaldo

Como respaldo, a empresa aponta a jurisprudência representada pelo entendimento do presidente do Superior Tribunal de Justiça, ministro João Otávio de Noronha, que permitiu que a empresa de ônibus Montes Brancos, que presta serviços de transporte coletivo em Araruama, readeque sua oferta frente à crise causada pela Covid-19.

A decisão foi tomada na última sexta-feira, 24.

Contraponto

Como contraponto, a coluna continua a receber reclamações por parte de leitores relacionadas ao maior tempo de espera em pontos e também à lotação dos veículos.

De Riograndina, por exemplo, chegam muitos relatos.

E, ao que parece, as mesmas reclamações também chegam aos ouvidos dos vereadores.

Basta observar, por exemplo, que a ordem do dia da sessão remota que a Câmara Municipal realizará hoje, 30, a partir das 10h traz um requerimento de informações protocolado pelo vereador Isaque Demani justamente nesse sentido.

Aspas (1)

1) Quem é o responsável pela fiscalização dos ônibus da Faol em relação ao cumprimento do determinado no decreto 515/20, no que diz  respeito à quantidade de ônibus circulando nos horários estabelecidos, bem como em relação a quantidade passageiros transportados?

2) O município já notificou a empresa pelo descumprimento do estabelecido em decreto? Se sim, enviar a(s) copia(s) da(s) notificação(ões).

Aspas (2)

3) O município aplicou alguma penalidade à empresa pelo descumprimento do estabelecido no decreto?

4) Quais medidas estão sendo tomadas para coibir a circulação de ônibus superlotados em nosso município?

Vácuo

Muito deste debate, todavia, resulta infrutífero justamente em razão do fracasso da  gestão municipal no desempenho de seu papel como poder concedente, desde muito antes da crise atual.

Faz muita falta, nesse momento, um governo devidamente respaldado por contrato e por conduta, com equilíbrio e moral para liderar a busca pelo ponto de equilíbrio, onde perdas e danos possam ser absorvidos de maneira suportável por todos os envolvidos, sem consequências drásticas para ninguém.

Ordem do dia

Além do citado requerimento, a sessão desta quinta-feira, 30, (que deve ser disponibilizada no YouTube logo após seu encerramento, também reservará a apreciação de outro requerimento, este proposto pelo vereador Johnny Maycon, “requerendo informações relativas aos servidores municipais de Nova Friburgo neste período de pandemia”.

Indicações (1)

Paralelamente, também serão apreciadas quatro indicações legislativas, que na prática funcionam como sugestões do Legislativo ao Executivo.

Joelson do Pote solicita a instituição do Auxílio Emergencial Pecuniário ao agricultor familiar de Nova Friburgo, ao passo que Naim Pedro solicita que o Executivo elabore projeto de lei que disponha sobre a substituição do pagamento de tarifa de água e esgoto de natureza comercial para tarifa de natureza residencial, quando o local da atividade comercial for o mesmo local da residência do titular do negócio.

Indicações (2)

O vereador Christiano Huguenin, por sua vez, solicita projeto de lei que crie a gratificação extraordinária em saúde, enquanto o vereador Zezinho do Caminhão solicita projeto de lei que disponha sobre o repasse de recursos financeiros pelo município de Nova Friburgo aos produtores hortifrutigranjeiros e de flores durante a pandemia de coronavírus pelo município de Nova Friburgo.

Grau de saturação

Seguindo com nossa atualização sobre o grau de ocupação de nossos leitos de CTI, a informação vinda do Hospital Raul Sertã na tarde desta quarta-feira, 29, era de que havia três pacientes entubados no CTI da Covid, e um internado na enfermaria.

Pouco antes, na manhã do mesmo dia, dois pacientes haviam tido alta.

Continuaremos monitorando esses dados, sempre abrindo espaço para que a rede particular se una a esse esforço de transparência.

Publicidade
TAGS:

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.

Terra ingrata, terra farta

quinta-feira, 30 de abril de 2020

O projeto de assentamento de colonos suíços em Nova Friburgo, no início do século 19 foi reconhecidamente uma experiência desastrosa. As duas sesmarias que constituíam o distrito colonial eram de um modo geral terras incultas, com morros pedregosos e separados uns dos outros por estreitos vales que serviam de leito a numerosos regatos. Em algumas datas de terra nem para horta o solo era cultivável. Os morros estavam sujeitos a geadas, de meia altura até o topo, absolutamente incapazes de produzir em razão da exposição aos ventos.

O projeto de assentamento de colonos suíços em Nova Friburgo, no início do século 19 foi reconhecidamente uma experiência desastrosa. As duas sesmarias que constituíam o distrito colonial eram de um modo geral terras incultas, com morros pedregosos e separados uns dos outros por estreitos vales que serviam de leito a numerosos regatos. Em algumas datas de terra nem para horta o solo era cultivável. Os morros estavam sujeitos a geadas, de meia altura até o topo, absolutamente incapazes de produzir em razão da exposição aos ventos.

Não habituados a lidar com a mata primária, ignoravam o ciclo do plantio das culturas nacionais, bem como as estações apropriadas para as sementeiras. Alguns colonos foram obrigados a trabalhar na terra ingrata lançando no solo estéril as parcas sementes que receberam do governo joanino. Nos lugares que vingaram mal dava a colheita para a alimentação das famílias artificiais que dividiam a gleba, sem produzir excedentes para o mercado.

Poucos foram os que à custa de muito trabalho e perseverança conseguiram tornar suas glebas produtivas. No entanto, nos “números”, como era conhecido o distrito colonial, com o passar dos anos alguns colonos conseguiram lograr êxito na cultura do milho que acabou se tornando a maior sua fonte de renda e principal produto da colônia. Mas faltava-lhes um mercado próximo, condição essencial para que possa prosperar uma colônia agrícola e que o governo joanino se descuidou. Onde vender, então, o milho e demais produtos da lavoura?

Os colonos suíços foram direcionados para a cultura de gêneros alimentícios, mas o custo do transporte em lombos de mulas do milho, da batata e do toucinho ao mercado de Sant’Anna e Porto das Caixas era muito oneroso. Alguns colonos abandonaram suas glebas não somente em razão da má qualidade das terras, mas também pelo estado deplorável em que se achavam os caminhos e as pontes no distrito colonial, impossibilitando-os de chegar ao mercado.

Em uma petição junto à Câmara Municipal pleiteiam o restabelecimento das estradas nas terras coloniais por serem intransitáveis, impedindo o transporte daqueles gêneros até a vila de Nova Friburgo. Nesse requerimento argumentam que se viam forçados a abandonarem suas terras. É notório que um dos maiores estímulos para a emigração estrangeira é a perspectiva de um progresso na vida material para deixar uma herança à sua descendência.

Considero o aviso de 29 de agosto de 1821, uma das iniciativas mais importantes de D. Pedro I para vigorar o projeto de colonização iniciado por D. João VI. Foi ordenado nesse aviso que nenhum colono seria constrangido a permanecer no distrito colonial contra a sua vontade. Por isso, muitos abandonaram suas glebas. Mais do que a possibilidade de deixar o distrito colonial foi o sinal verde para que os colonos ocupassem as terras devolutas o mais próximo da colônia, cuja extensão estaria limitada à capacidade de exploração das terras.

O que eram terras devolutas? Eram terras do governo concedidas anteriormente a beneficiários que as abandonam e retornavam à propriedade da Coroa. Após um ano e um dia comprovando a ocupação e exploração com roças das terras abandonadas e não havendo oposição de terceiros, a Câmara Municipal outorgava-lhes a posse legítima.

Quanto ao item no respectivo aviso da necessidade de “forças” de trabalho, como havia famílias suíças com vasta prole masculina e consequentemente muitos braços para a lavoura foi fácil atender a esse requisito. A possibilidade dos colonos terem escravos ainda era remota naquele momento e esse era normalmente um requisito para aquisição da posse legítima. Os suíços posteriormente fariam uso dessa força de trabalho.

O juiz Cansanção de Sinimbu nos informa que em um arrolamento no ano de 1839, a população de 701 colonos suíços possuía mais 152 escravos. O aviso igualmente determinava que a ocupação das terras devolutas deveria ser “no chão mais vizinho que for possível ao distrito da colônia”. No entanto, essa disposição não foi respeitada e os colonos foram em busca de terras em regiões muito distantes.

Não faltam exemplos como os Monnerat, Leimgruber e Lutterbach que abandonando as terras ingratas tresmalharam sertões adentro em busca das terras fartas transpondo os limites que lhes eram impostos. Consequentemente, na primeira geração já eram senhores de terras e de escravos. 

  • Foto da galeria

    D.Pedro I vigorou o projeto de colonização em Nova Friburgo

  • Foto da galeria

    Os colonos suíços abandonam as terras ingratas em busca de terras fartas

  • Foto da galeria

    Os Monnerat foram em busca de terras fartas

Publicidade
TAGS:

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.

Esse desconforto que você está sentindo é luto - Última parte

quinta-feira, 30 de abril de 2020

Na primeira parte deste tema publicada na última quinta-feira, 23, expliquei que quando uma pessoa sofre uma perda, ela entra no que chamamos de “luto psicológico”, que envolve normalmente tristeza, dúvidas, angústia, raiva, e que isto geralmente passa após algum período. Comentei que, conforme estudos da psiquiatra Elisabeth Kübler-Ross, as pessoas ao viverem o luto passam por cinco estágios, que são a negação, a raiva, a barganha, a depressão e a aceitação. E dei algumas características de cada uma destas fases.

Na primeira parte deste tema publicada na última quinta-feira, 23, expliquei que quando uma pessoa sofre uma perda, ela entra no que chamamos de “luto psicológico”, que envolve normalmente tristeza, dúvidas, angústia, raiva, e que isto geralmente passa após algum período. Comentei que, conforme estudos da psiquiatra Elisabeth Kübler-Ross, as pessoas ao viverem o luto passam por cinco estágios, que são a negação, a raiva, a barganha, a depressão e a aceitação. E dei algumas características de cada uma destas fases.

Agora vamos dar uma olhada no que um estudioso e especialista sobre luto, David Kessler, num trabalho junto com a dra. Elisabeth, explica sobre estas fases e ver as características de um sexto estágio que ele descreveu, chamado de “significado”, após a dra. Elisabeth ter morrido. Kessler concedeu uma entrevista a Scott Berinato, editor da Harvard Business Review (HBR), publicada em 23 de março de 2020 no site da HBR. Vamos ver os pontos principais desta entrevista.

Quanto aos sentimentos gerados pela pandemia atual, ele diz que estamos vivendo lutos ariados. Sentimos que o mundo mudou e que as coisas serão diferentes como ficaram os aeroportos após o ataque às torres gêmeas em 11 de setembro. O luto que vivemos agora se relaciona com a perda da normalidade, o medo do estrago econômico, a perda da conexão, medo da morte. E quanto ao vírus corona, sofremos porque não podemos ver este inimigo, daí há um rompimento do nosso senso de segurança. O luto atual ocorre num nível micro e macro já que no nível micro a pessoa tem medo, e no nível macro o mundo todo tem medo da contaminação e suas consequências.

Se você ver a primeira parte deste assunto, encontrará a informação detalhada de cada um dos cinco estágios que passamos quando vivemos um luto, uma perda. Expliquei que estas fases não ocorrem necessariamente nesta ordem. Na negação podemos pensar que este vírus não vai nos afetar. A raiva pode ser expressa assim: “Vocês estão nos fazendo ficar em casa e tirando nossas atividades!”. A barganha diz: “Ok, se estabelecemos o distanciamento social por duas semanas, tudo vai melhorar, não é?”. Depois tem a tristeza: “Não sei quando isto vai terminar.” E finalmente vem a aceitação: “Isto está acontecendo, descobri como lidar com isso.”

Depois de passarmos por estas quatro primeiras fases, ao chegarmos na última, a aceitação, é quando podemos encontrar algum controle, pois podemos lavar bem as mãos, manter distância segura, higienizar os produtos ou compras que chegam da rua, usar máscara e álcool em gel, evitar aglomeração de pessoas, aprender a trabalhar virtualmente.

Scott Berinato perguntou a Kessler se existem técnicas para lidar com a dor física e a mente acelerada que podemos ter diante deste luto da pandemia. Kessler explica sobre “luto antecipado” que é um luto não saudável porque é uma ansiedade exagerada. Esta ansiedade exagerada pode criar em nossa mente imagens ruins, como nossos pais ou outras pessoas queridas adoecendo, e outros cenários desagradáveis.

A meta neste caso não é ignorar estas imagens, até porque nossa mente não permitirá isso. O objetivo é encontrar o equilíbrio nas coisas que você está pensando. Se sua mente criou uma imagem ruim, procure pensar também numa imagem melhor. Pense que talvez nem você e nenhum dos seus parentes e amigos irão morrer, já que estamos praticando o que é o certo.

Luto antecipado é a mente indo para o futuro e imaginando o pior. Até já surgiu uma frase por aí dizendo que ansiedade exagerada é excesso de futuro. Mas pare, pense, respire fundo. Veja que no momento presente nada do que você tinha antecipado aconteceu. Neste momento, você está bem. Você tem comida. Você não está doente. Use seus sentidos e pense sobre o que eles sentem. A mesa é dura. O cobertor é macio. Eu consigo sentir o ar com meu nariz. Isto realmente funciona para diminuir um pouco a dor, a ansiedade, o medo.

Kessler explica que você também pode pensar sobre como abrir mão do que você não tem controle. O que seu vizinho está fazendo está fora do seu controle. O que está no seu controle é ficar pelo menos a um metro de distância deles, usando máscara e lavar suas mãos. Foque sua mente nisso.

E nesta situação que vivemos emergencialmente é um bom momento para estocar compaixão. Todo mundo vai ter níveis diferentes de medo e luto e isso se manifesta de diferentes jeitos. Kessler comentou na entrevista que uma pessoa com quem ele trabalha havia ficado muito rude com ele e ele pensou: “Isso não parece esta pessoa; isso tem que ver como a pessoa está lidando com esta situação. Estou percebendo seu medo e ansiedade”. Ao notar isto é possível, então, ser paciente com o outro e pensar sobre quem geralmente a pessoa é, e não quem ela parece ser neste momento. Você dá um desconto. Isto significa exercer compaixão por ela.

Kessler diz que se sentiu honrado pela família da psiquiatra Elisabeth Kübler-Ross, falecida em agosto de 2004, por ter dado a ele permissão para acrescentar um sexto estágio do luto: o significado. Ele afirma que quando ele mesmo experimentava alguma perda e vivia os cinco estágios do luto, não queria parar no último, na aceitação. Ele queria um significado naquelas horas mais difíceis. Então, ele acredita que as pessoas estão encontrando um significado neste isolamento da pandemia, porque podem usar meios de comunicação para suas conexões além de outras coisas, e encontrarão significado também quando isto terminar.

Se você está sofrendo mesmo aprendendo estas informações sobre os estágios do luto, continue tentando lidar com sua dor. Vem um choro? Deixe ele sair. Não finja não estar triste. Mas também não faça propaganda disto nas redes sociais. Kessler diz que “emoções precisam de movimento”. Reconheça os sentimentos que você está passando. Tente dar um nome para eles. É tristeza? Raiva? Medo? Ansiedade? Não se ataque dizendo: “Eu não deveria sentir isso, outras pessoas estão pior!”. Pare no sentimento atual. Dê uma olhada nele, expresse-o, experimente-o sem fugir para um medicamento, ou bebida alcoólica, comida, ou outra coisa.

Kessler explica que se, por exemplo, você está sentindo tristeza, então diga a si mesmo: “Vou me deixar sentir triste por cinco minutos pelo menos.” Sua tarefa neste momento é sentir a tristeza, ou outro sentimento que surgir, como o medo, a raiva, não importando o que os outros estejam sentindo naquele momento, não como desprezo pelo sentimento do outro, mas porque este sentimento é seu. Lutar contra isso não funciona porque é o seu corpo-mente que está produzindo o sentimento. Ao permitirmos que o sentimento esteja aqui, o vivenciamos, expressamos, e ele será resolvido. Não seremos vítimas.

Me lembro que muitas vezes ao perguntar a um paciente meu na consulta sobre o que ele ou ela estava sentindo naquele momento ao comentar algo doloroso comigo, a pessoa dizia: “Ah! Um monte de sentimentos!”. Daí eu insistia: “Qual é o principal?”. Ficar dizendo para si mesmo e para os outros que o que você sente é um monte de sentimentos pode ser uma defesa para fugir de sentir o que precisa sentir com consciência e pensar neste sentimento único mais importante. A imaginação ou o medo da pessoa pode ser achar que se permitir identificar o sentimento e vivê-lo, ele nunca irá embora. Mas irá sim. Agora é um momento de sentirmos luto com esta pandemia. Então, temos que vivê-lo e seguir adiante. O que é bom passa, mas o que é ruim também passa.

Fonte: https://hbr.org/2020/03/that-discomfort-youre-feeling-is-grief?fbclid=IwAR15Krt5K5ft7Z68YGc3UupWufU0vazApv5JZibt0Qk-SZt7fsTxH53kHdA#comment-section

Publicidade
TAGS:

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.

Em dívida

quarta-feira, 29 de abril de 2020

Para pensar:
"Aquele que não conhece a verdade é simplesmente um ignorante, mas aquele que a conhece e diz que é mentira, este é um criminoso.”
Bertolt Brecht

Para refletir:
“Procura limpar a vasilha antes de lançar nela seja o que for; quer dizer, antes de pregar a virtude, reforma os teus costumes.”
Epícteto

Em dívida

Para pensar:
"Aquele que não conhece a verdade é simplesmente um ignorante, mas aquele que a conhece e diz que é mentira, este é um criminoso.”
Bertolt Brecht

Para refletir:
“Procura limpar a vasilha antes de lançar nela seja o que for; quer dizer, antes de pregar a virtude, reforma os teus costumes.”
Epícteto

Em dívida

A informatização da rede municipal de saúde pública é compromisso de campanha assumido pela atual gestão municipal, devidamente registrado na ampla sabatina que A VOZ DA SERRA realizou junto a todos os candidatos ao longo da corrida eleitoral de 2016.

Mais do que isso, nessa reta final do mandato ela representa a principal oportunidade para que a atual gestão deixe algum legado concreto nesta pasta que tanto padeceu ao longo dos últimos anos.

Num contexto de honra e gratidão, deveria ser tratada como prioridade máxima.

Sem previsão

Apesar de o processo já ter sido homologado, no momento não há prazo para a implantação do serviço.

Um voto manifestado nesta segunda-feira, 27, pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) determinou a suspensão da tramitação de forma provisória.

Até a decisão final do Tribunal quanto ao julgamento do mérito, o contrato não será realizado.

Anemia?

Até aqui não dissemos nada essencialmente anormal, mas a coluna notou, desde muito cedo, o ar reticente de muita gente no Palácio Barão de Nova Friburgo quanto à concretização deste processo tão necessário.

As apurações continuam, e a tendência é que retornemos em breve a este assunto, de forma mais contundente.

Seria muito bom se, até lá, o desenrolar dos fatos pudesse mudar essa impressão cada vez mais reforçada.

Esperemos que sim.

Segurança

E já que falamos em saúde, cabe registrar que o Ministério Público do Trabalho (MPT-RJ) também se manifestou na ação movida pelo Sinsenf, o Sindicato dos Servidores Municipais de Nova Friburgo, em relação à garantia dos equipamentos de proteção individual (EPIs) aos servidores municipais, especialmente na Secretaria de Saúde.

Em essência o órgão solicita que a prefeitura demonstre o que tem em estoque, a efetiva disponibilização deste material, e também esclareça quais as medidas de treinamento que foram adotadas, levando em conta que quase metade dos casos de coronavírus em nossa cidade foram registrados em profissionais de saúde.

Enquanto isso...

Enquanto alguns se empenham na luta pela segurança coletiva, outros se viram obrigados a ficar até cinco horas numa fila para atendimento na Caixa Econômica Federal que chegou a tomar conta de toda a extensão da calçada da Rua Monte Líbano nesta terça-feira, 28.

Muitos, infelizmente, aguardando para receber o FGTS em razão de demissão.

Ainda a esse respeito, a coluna também recebeu manifestações por parte de leitores que não estão conseguindo dar entrada no seguro desemprego, em meio às restrições no funcionamento do Ministério do Trabalho.

Inadmissível

Num momento em que tantos estão fazendo sacrifícios tão pesados, e a evolução dos números inspira enormes cuidados, não é admissível que esse tipo de situação possa acontecer.

É do máximo interesse social, tanto sob o viés da saúde quanto da economia, que o atendimento a todos estes casos aconteça com eficiência e segurança, o quanto antes.

Calendário eleitoral

Ainda que continuem as dúvidas a respeito da possibilidade de realização das eleições em outubro, o calendário eleitoral por enquanto segue ativo, e tem nesta quinta-feira, 30, uma data importante.

Afinal, este será o “último dia para utilização do serviço de pré-atendimento, via internet, para requerimento de alistamento, transferência e revisão (Título Net) para zonas eleitorais no Brasil”.

Quem precisa atualizar estes dados, portanto, precisa correr.

Incrível

Nosso velho colaborador Pedro de Paulo, geógrafo que há anos realiza diversos trabalhos voluntários de grande importância em favor do meio ambiente e do descarte consciente, entra em contato para narrar uma situação meio surreal, mesmo para esses tempos loucos em que estamos vivendo.

Acredite o leitor que em meio ao lixo ele encontrou um histórico, uma coletânea do caderno de viagem de Jean-Baptiste Debret, incluindo citação e ilustrações dedicadas a Nova Friburgo e a imigração helvética que nos deu origem.

Sinal dos tempos

A coluna não é capaz de imaginar como um volume tão precioso pode ser descartado dessa forma, e em protesto traça o caminho inverso e toma a liberdade de dividir com os leitores uma foto da capa, e outra da página que cita nossa cidade.

  • Foto da galeria

  • Foto da galeria

Publicidade
TAGS:

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.

Furões da quarentena

quarta-feira, 29 de abril de 2020

Furões da quarentena

Após ameaças, uma página criada no Facebook, para denunciar pessoas furando a quarentena, em Nova Friburgo, foi retirada do ar. No pouco tempo que perdurou, mais de 100 fotos foram publicadas no serviço colaborativo. Teve flagrantes até de pessoas bebendo nos bares. Algo que se destaca ainda mais nos bairros.

Ameaças

Furões da quarentena

Após ameaças, uma página criada no Facebook, para denunciar pessoas furando a quarentena, em Nova Friburgo, foi retirada do ar. No pouco tempo que perdurou, mais de 100 fotos foram publicadas no serviço colaborativo. Teve flagrantes até de pessoas bebendo nos bares. Algo que se destaca ainda mais nos bairros.

Ameaças

Algumas flagradas em situações desnecessárias, se explicaram. Outras, nem tanto e se excederam ao ponto de fazerem ameaças das mais diversas ao administrador da página que foi intitulada “Vacilões Covid”. Antes de encerrá-la, houve um comunicado sobre tais agressões e intimidações. No entanto, pouco tempo depois, a página acabou deletada.

Início de mês vem aí

Conforme o tempo passa, a ansiedade das pessoas em querer sair de casa, naturalmente, aumenta. A falta de fiscalização e/ou orientação mais incisiva vai ficando cada vez menor e também mais complicada. Início de novo mês, possivelmente cenas como do início de maio se repetirão.

Uso das máscaras

A doação de um milhão de máscaras pela Prefeitura de Nova Friburgo deve começar a ocorrer no meio da semana que vem. A medida que se tornou obrigatória esbarra na dificuldade de alguns poderem comprar e na falta de hábito de outros que não acreditam no vírus ou na eficácia do equipamento.

Uso ainda pequeno

Sobre o uso de máscaras, um amigo me enviou uma rápida pesquisa que fez na última sexta-feira, 17, em Olaria. Ele se deu ao trabalho de contar na Rua Presidente Vargas, em dois locais distintos, a quantidade de pessoas que estavam usando máscara de barreira e as que não estavam. Em um local contabilizou 14 com máscara e 84 sem. No outro ponto, menos movimentado, 12 com máscara e 38 sem o acessório.

 

Fiscalização?

Ainda que não tenha base científica, a rápida observação indica que quase 80% não estavam usando máscara. A partir da obrigatoriedade imposta pelo poder público, com risco de multa, o que se observa é que a utilização da máscara aumentou. Observei, especialmente nos ônibus, passageiros com máscaras, até porque os sem estariam sendo impedidos de entrar. No entanto, segue o flagrante de muitos passageiros em pé, numa clara desobediência a um dos primeiros decretos municipais publicados sobre a pandemia.

Coletividade

Com conscientização e fiscalização, as medidas tem mais chance de serem eficazes. Fica a esperança de que orientadas

Vigília e proteção

O olhômetro auxilia na medida que Nova Friburgo não tem, como nos grandes centros, as pesquisas que revelam o grau de isolamento, aglomerações e assim por diante. Mais difícil ainda medir a quantidade de pessoas que estão usando as máscaras de barreira. Nesse sentido, todas as ações para auxiliar são louváveis.

Doações de máscaras

Um supermercado anunciou que doará 20 mil máscaras aos seus clientes. Outras ações são vistas por parte de confecções e até de faccionistas, ainda que em quantidades pequenas. O fato é que a partir do momento que a Prefeitura de Friburgo distribuir um milhão de máscaras, não haverá mais desculpa para a sua não utilização.

Lições dos memes

Entre os vários ensinamentos dos memes na internet, um chama a atenção para uma imagem corriqueira também em Nova Friburgo. Se há os que não usam as máscaras, há os que utilizam de forma incorreta. Colocam entre o pescoço ou orelhas, mas não cobrem a boca e o nariz. Para elas, o recado: “andar com máscara no queixo, é o mesmo que ter camisinha e não usar”. Frase com várias outras variações que dão o mesmo aviso.

Absorventes

Na solidariedade desses tempos, uma campanha chama a atenção para um item que passa despercebido, mas é fundamental para mulheres: o absorvente. A iniciativa de Bruna e Rebeca Louback já arrecadou mais de dois mil absorventes que serão distribuídos na zona rural e comunidades carentes da cidade. Para doar, é só entrar em contato pelo telefone (22) 98139-9409, para marcar dia e local.           

Palavreando

“Há certa fúria na suposta calmaria. Não me faço de ingênuo. Sou! Acredito no que me dizem, tanto quanto naquilo que me ocultam. Queria a sorte de período sabático, sem parecer um cumprir de tabela”.

Foto da galeria
A live solidária da Banda Cuca Livre foi um sucesso, desde a estrutura ao show em si, que arrecadou donativos com o público e empresas parceiras. A primeira leva do que foi arrecadado já foi entregue, beneficiando a clínica Santa Lúcia. A banda liderada pelo vocalista Herbert Pinho promete novas ações do tipo, durante a pandemia. Chamaram a atenção a desenvoltura da banda num evento sem público e a grande estrutura montada deixando até artistas do circuito nacional no bolso
Publicidade
TAGS:

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.

Buenas personas

quarta-feira, 29 de abril de 2020

Já é tradição os homens fazerem humor com-contra as mulheres

Já é tradição os homens fazerem humor com-contra as mulheres

Além do isolamento a que estamos obrigados por causa do vírus que ora nos espreita do lado de fora, ainda somos atacados via internet por mais mensagens do que as tantas, muitas, demais que já recebíamos quando a saúde andava à solta e a doença estava oculta nos confins da China. Se fôssemos ler todas com o cuidado que de nós esperam seus remetentes, não faríamos mais nada na vida (ou na morte) e nem mais teríamos tempo para reclamar da imensa duração dos dias, com suas horas que não passam, cada 24 parecendo 48, 62 ou mais. E o que chama a atenção é como muita gente acha um jeito de mandar mensagens que, ao falar sobre o vírus, trazem, subjacente ou explícita, a ideologia de quem as enviou. Eu, sinceramente, estou ficando confuso: não sei se o Covid-19 é de esquerda ou de direita. Não sei se nossas autoridades são um comitê de Sábios da Medicina Internacional, ou um bando de incompetentes médicos brasileiros. Cada remetente tem suas convicções e não desanima do que parece ter se transformado no propósito de sua vida: convencer-nos da pureza, da grandeza e da isenção de suas postagens.

Por outro lado, mesmo nesses tempos escuros, em que até sair à rua tornou-se imprudência, quando não pecado e crime, não falta quem se disponha a fazer humor. Às vezes, humor negro. Mas rir das próprias desgraças e dos próprios medos parece mesmo a melhor forma de o ser humano aguentar o tranco e ir vivendo, sobrevivendo. É só nos lembrarmos do caso — verídico — do sujeito que foi baleado num assalto e, já na mesa de operação, ouviu do médico a pergunta: “Tem alergia a alguma coisa?” “À bala”, respondeu o engraçadinho, enquanto o sangue escapava pelos furos que as ditas cujas lhe fizeram no corpo.

Das piadas que recebi, citarei apenas uma. Se bem me lembro, era assim: “Ahora que los bares están cerrados, me he quedado em casa, hablando com mi esposa. Parece uma buena persona”. Desculpem os erros, porque meu espanhol é dos faroestes americanos, nos quais o bandido que fala espanhol sempre acaba levando bala do mocinho que fala inglês. Quase tudo na vida tem dois lados, e o outro lado da vida nem merece ser mencionado. Eis, pois, uma lição de vida da atual pandemia: leva-nos a encontrar as buenas personas que temos ao nosso lado e tantas vezes perdemos, justamente porque as temos fácil demais. A quarentena é uma oportunidade para descobrimos aquilo que o poeta chamou de “a insuspeitada alegria de con-viver”.

Quanto ao sujeito que gostaria de estar nos bares, discutindo com outros bêbados, mas é obrigado a ficar em casa, conversando com a esposa, já é tradição os homens fazerem humor com-contra as mulheres. Certamente por inveja, uma vez que sem elas é impossível para eles realizar coisas grandiosas, como dar sentido à vida, ou pequenininhas, como achar os óculos perdidos pela casa. Assim sendo, com permissão de minha mulher e respeito a todas as outras, que desde já declaro ter na conta de buenas personas, aqui vão algumas finezas que os homens disseram sobre elas.

Quando um cara rouba sua mulher, não há melhor vingança do que deixá-lo com ela. (David  Bissonette)

Eu não tive sorte com minhas duas esposas. A primeira me deixou e a segunda, não. (James Holt McGavra)

Uma boa esposa sempre perdoa o seu marido quando ela está errada. (Rodney Dangerfield)

Um cara, todo orgulhoso, disse: “Minha esposa é um anjo”. O segundo cara respondeu: “Sorte sua, a minha ainda está viva”. (Um marido que, por motivos óbvios, preferiu ficar anônimo).

Publicidade
TAGS:

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.

Já foi tarde

quarta-feira, 29 de abril de 2020

Nosso presidente pode ser grosso, de cultura limitada (segundo ele mesmo), intempestivo, mas burro jamais. Um político com quatro mandatos como deputado federal tem traquejo suficiente para entender as nuances da atividade, jamais vai ser suplantado por um aprendiz, pois na realidade esse é o perfil atual de Sérgio Moro. Que não se enganem aqueles que idolatram Sérgio Moro, pois no episódio de sua saída do Ministério da Justiça, literalmente, ele saiu pela porta dos fundos.

Nosso presidente pode ser grosso, de cultura limitada (segundo ele mesmo), intempestivo, mas burro jamais. Um político com quatro mandatos como deputado federal tem traquejo suficiente para entender as nuances da atividade, jamais vai ser suplantado por um aprendiz, pois na realidade esse é o perfil atual de Sérgio Moro. Que não se enganem aqueles que idolatram Sérgio Moro, pois no episódio de sua saída do Ministério da Justiça, literalmente, ele saiu pela porta dos fundos.

Se o seu objetivo era esse, e hoje sabemos de sua intenção, quando se reuniu com o presidente, na véspera, seu papel de homem teria sido comunicar que estava de saída da pasta. Não, covardemente, convocar uma coletiva de imprensa e, ao vivo e a cores, informar sua saída da pasta da Justiça, sem antes falar mal do seu chefe, inclusive chamando-o de mentiroso. Tanto o ato foi premeditado, cinematográfico, que ao terminar informou à nação estarrecida de que iria para casa escrever sua carta de demissão.

A princípio pensei, como muitos o fizeram, que Bolsonaro tinha dado um tiro no pé. Afinal, Moro, juntamente com o ministro da Economia, Paulo Guedes, eram os ministros da república mais em evidência. Mas, como nesse país temos de dar um tempo para digerir os acontecimentos, pouco a pouco a verdadeira face desse imbróglio começou a vir à tona.

Moro foi um juiz nota dez, apesar de seu egocentrismo exacerbado e de uma arrogância impar, mas como político, sua atuação começou de maneira desastrosa. Sim, porque no momento em que renunciou à magistratura e se tornou ministro, abandonou uma carreira de sucesso e abraçou outra de consequências duvidosas. No Brasil é difícil ser um político de peso, reconhecido. Muitos só o são, depois de ou abandonarem a vida pública ou morrerem.

Como ministro jamais lembrou o magistrado, muito pelo contrário deixou muito a desejar. A insubordinação de governadores e prefeitos; os abusos das polícias militares contra cidadãos, durante a quarentena, nos estados comandados por esses governadores; o não mostrar o seu repúdio contra ofensas de membros do STF à figura do presidente; a indicação para sua pasta de pessoas que comungavam na mesma cartilha de adversários do presidente, como llona Szabó e Giselly Siqueira, esta última, nora de Míriam Leitão, conhecida jornalista que abomina Bolsonaro, não resultaram em nenhuma ação do ministro.  Ou seja, considerou a sua escolha como o degrau para a carreira política, mas jamais comungou com os ideais do presidente.

Tanto é assim, que ao admitir ser candidato à presidência da República pelo PSDB, demonstra simpatia pela Sociedade Fabiana, surgida em Londres, em 1883, que pregava a revolução socialista sem derramamento de sangue, com a inserção sutil e gradual de ideias socialistas na cultura. Difunde a destruição da família como alicerce da sociedade burguesa. Essa é a posição do milionário George Soros, mantenedor da Open Society, que defende o aborto, a identidade de gêneros e o desarmamento da população, ou seja, princípios contrários àquilo que pregava Bolsonaro em sua campanha eleitoral. Ilona Szabó é adepta de Soros.

Mas, a gota d´água de sua demissão foi o afastamento do superintendente da Polícia Federal, Maurício Valeixo, seu indicado pelos princípios de carta branca que o presidente lhe deu, abrindo mão de sua prerrogativa constitucional. A Abin já havia informado o presidente de que Valeixo optara pele declaração de incapacidade mental do esfaqueador de Juiz de Fora, mesmo já tendo elementos que sugerissem um desfecho diferente para tal affaire.

O mesmo se deu com a não criminalização de Grenwald, quando este, através de hackers, expôs conversas telefônicas de ministros de estado e do próprio Moro com Dallagnol, seu adjunto, em Curitiba, o que é crime, numa clara tentativa de desestabilizar o governo. E o que é pior, não fazer nada em defesa do presidente, nas manobras de Dória, Maia, Alcolumbre, FHC e Toffoli, que tramam sua derrubada. Ou seja, na realidade nunca se alinhou ao projeto do presidente de livrar o país da velha política do toma lá da cá, rompendo com a politicagem e corrupção que tanto corroeu o país na época de Fernando Henrique, Luís Inácio, Dilma e Temer.

Eu fui adepto de Sérgio Moro, o magistrado, mas confesso que me decepcionei com o Moro cidadão. Num período tão conturbado, em função da pandemia do coronavírus, sua atitude intempestiva não tem explicação. Estivesse preocupado com o Brasil e não com sua biografia, teria postergado sua demissão que era incontornável. Para um ministro que pouco fez, uma semana ou um mês a mais, não faria a mínima diferença. Mandetta, ao contrário, saiu com dignidade, além de médico é um político calejado.

Publicidade
TAGS:

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.

A escola das almas

quarta-feira, 29 de abril de 2020

Congregados, em torno do Cristo, os domésticos de Simão ouviram a voz suave e persuasiva do Mestre, comentando os sagrados textos.

Quando a palavra divina terminou a formosa preleção, a sogra de Pedro indagou, inquieta:

— Senhor, afinal de contas, que vem a ser a nossa vida no lar?

Contemplou-a Ele, significativamente, demonstrando a expectativa de mais amplos esclarecimentos, e a matrona acrescentou:

Congregados, em torno do Cristo, os domésticos de Simão ouviram a voz suave e persuasiva do Mestre, comentando os sagrados textos.

Quando a palavra divina terminou a formosa preleção, a sogra de Pedro indagou, inquieta:

— Senhor, afinal de contas, que vem a ser a nossa vida no lar?

Contemplou-a Ele, significativamente, demonstrando a expectativa de mais amplos esclarecimentos, e a matrona acrescentou:

— Iniciamos a tarefa entre flores para encontrarmos depois pesada colheita de espinhos. No começo é a promessa de paz e compreensão; entretanto, logo após, surgem pedras e dissabores...

Reparando que a senhora Galileia se sensibilizara até às lágrimas, deu-se pressa Jesus em responder:

— O lar é a escola das almas, o templo onde a sabedoria divina nos habilita, pouco a pouco, ao grande entendimento da Humanidade.

E, sorrindo, perguntou:

— Que fazes inicialmente às lentilhas, antes de serví-las à refeição?

A interpelada respondeu, titubeante:

— Naturalmente, Senhor, cabe-me levá-las ao fogo para que se façam suficientemente cozidas. Depois, devo temperá-las, tornando-as agradáveis ao sabor.

— Pretenderias, também, porventura, servir pão cru à mesa?

— De modo algum — tornou a velha humilde —; antes de entregá-lo ao consumo caseiro, compete-me guardá-lo ao calor do forno. Sem essa medida...

O Divino Amigo então considerou:

— Há também um banquete festivo, na vida celestial, onde nossos sentimentos devem servir à glória do Pai. O lar, na maioria das vezes, é o cadinho santo ou o forno preparador. O que nos parece aflição ou sofrimento dentro dele é recurso espiritual. O coração acordado para a Vontade do Senhor retira as mais luminosas bênçãos de suas lutas renovadoras, porque, somente aí, de encontro uns com os outros, examinando aspirações e tendências que não são nossas, observando defeitos alheios e suportando-os, aprendemos a desfazer as próprias imperfeições. Nunca notou a rapidez da existência de um homem? A vida carnal é idêntica à flor da erva. Pela manhã emite perfume, à noite, desaparece... O lar é um curso ligeiro para a fraternidade que desfrutaremos na vida eterna. Sofrimentos e conflitos naturais, em seu círculo, são lições.

A sogra de Simão escutou, atenciosa, e ponderou:

— Senhor, há criaturas, porém, que lutam e sofrem; no entanto, jamais aprendem.

O Cristo pousou na interlocutora os olhos muito lúcidos e tornou a indagar:

— Que fazes das lentilhas endurecidas que não cedem à ação do fogo?

— Ah! sem dúvida, atiro-as ao monturo, porque feririam a boca do comensal descuidado e confiante.

— Ocorre o mesmo — terminou o Mestre — com a alma rebelde às sugestões edificantes do lar. A luta comum mantém a fervura benéfica; todavia, quando chega a morte, a grande selecionadora do alimento espiritual para os celeiros de Nosso Pai, os corações que não cederam ao calor santificante, mantendo-se na mesma dureza, dentro da qual foram conduzidos ao forno bendito da carne, serão lançados fora, a fim de permanecerem, por tempo indeterminado, na condição de adubo, entre os detritos da Natureza.

Livro: Jesus no lar, Espírito: Neio Lúcio, Médium: Francisco Cândido Xavier

CENTRO ESPÍRITA CAMINHEIROS DO BEM – 62 ANOS
Fundado em 13/10/1957
Iluminando mentes – Consolando corações

Rua Presidente Backer, 14 – Olaria - Nova Friburgo – RJ
E-mail: caminheirosdobem@frionline.com.br
Visite a Banca do Livro Espírita na Av. Alberto Braune.
Programa Atualidade Espírita, do 8º CEU, na TV ZOOM, canal 10 – sábados, às 9h.

Publicidade
TAGS:

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.