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Santíssima Trindade

terça-feira, 14 de junho de 2022

Depois de celebrar as solenidades da Páscoa e Pentecostes, a Igreja Católica festejou no último domingo, 12, a Solenidade da Santíssima Trindade, o grande mistério da fé cristã. O Deus que é Uno e Trino, é glorificado por suas maravilhas em favor da humanidade.

Longe de poder compreender este grande mistério de amor, o crente percebe-se envolvido e inserido nos laços que unem a indivisível tríade: Pai, Filho e Espírito Santo. Todo aquele que professa a fé no Deus uno e trino reconhece que tudo provém do Pai, passa pelo Filho e se completa no Espírito Santo.

Depois de celebrar as solenidades da Páscoa e Pentecostes, a Igreja Católica festejou no último domingo, 12, a Solenidade da Santíssima Trindade, o grande mistério da fé cristã. O Deus que é Uno e Trino, é glorificado por suas maravilhas em favor da humanidade.

Longe de poder compreender este grande mistério de amor, o crente percebe-se envolvido e inserido nos laços que unem a indivisível tríade: Pai, Filho e Espírito Santo. Todo aquele que professa a fé no Deus uno e trino reconhece que tudo provém do Pai, passa pelo Filho e se completa no Espírito Santo.

Há de se esclarecer que não se trata de três deuses, mas um único Deus em três pessoas. Ao longo dos séculos o dogma trinitário foi se moldando no aprofundamento do conhecimento da Sagrada Escritura, na riqueza da Sagrada Tradição e na fidelidade do Sagrado Magistério.

Os esforços em purificar a fé das impurezas e imperfeições foram enormes. Muitos homens e mulheres escreveram os seus nomes na história da fé percorrendo os sinais revelados por Deus. A fé batismal teve suas raízes na experiência pascal das comunidades primitivas na pessoa de Jesus de Nazaré, que unido ao Pai e ao Espírito Santo, falava em nome de seu Pai, fez a sua vontade e morreu para a salvação da humanidade.

Não nos interessa aqui fazer um tratado teológico sobre o Mistério Trinitário, mas, na contemplação, buscar traduzir em atos o que professamos com as palavras. “O mistério da Santíssima Trindade é o mistério central da fé e da vida cristã. É o mistério de Deus em si mesmo. É, portanto, a fonte de todos os outros mistérios da fé, é a luz que os ilumina” (Catecismo da Igreja Católica, 234).

Pelo Batismo, o cristão é inserido na comunhão divina de amor e nos tornamos responsáveis pela unidade de todo gênero humano, promovendo a reconciliação de todos os corações em Cristo, base da civilização do amor que todos queremos.

A perfeita união vivida no Deus uno e trino é fonte de inspiração da comunhão entre as pessoas. Toda forma de divisão e intolerância fere em sua essência a humanidade criada para o amor. A Palavra de Deus exorta: “Procurai a paz com todos e a santidade, sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hb 12,14) e “mantendo um bom entendimento uns com os outros” (Rm 12, 16). Quando não enxergamos o próximo como templo onde Deus habita, mas a partir de nossos próprios interesses, ferimos esta paz.

É sempre difícil conviver com as diferenças e, no entanto, este é nosso ambiente natural. Portanto, a paz com os vizinhos, com os amigos e, sobretudo, na família não é puramente resultado dos elementos convergentes de nossos ideais e comportamentos, mas do mútuo entendimento, da tolerância e do amor recíproco.

A paz só será uma realidade possível pela unidade. São Paulo nos ensina que, para sermos com Cristo um só corpo, é preciso jogar fora o velho fermento da maldade e da iniquidade, vivendo como pães ázimos da pureza e da verdade (cf. I Cor 5, 7-8).

Deste modo, compreendemos que a verdadeira paz tem sua raiz na comunhão da Trindade Divina. E que só é verdadeiramente pacífico quem se deixa vencer pela Verdade e vive a comunhão com Deus e com os irmãos na prática da justiça e da caridade.

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Padre Aurecir Martins de Melo Júnior é assessor diocesano da Pastoral da Comunicação.

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Pentecostes

terça-feira, 07 de junho de 2022

No último domingo, 5, celebramos Pentecostes, solenidade que marca o encerramento do Tempo Pascal. Para a reflexão desta semana, extraímos alguns trechos da homilia pronunciada pelo Papa Francisco, comentando o Evangelho deste domingo, de modo especial a última frase: “O Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, Esse é que vos ensinará tudo, e há de recordar-vos tudo o que Eu vos disse” (Jo 14, 26). Este “tudo”, explicou o Papa, pode ser expresso em três dinâmicas: no grande caminho da vida, o Espírito Santo nos ensina por onde começar, que caminhos seguir e como caminhar.

No último domingo, 5, celebramos Pentecostes, solenidade que marca o encerramento do Tempo Pascal. Para a reflexão desta semana, extraímos alguns trechos da homilia pronunciada pelo Papa Francisco, comentando o Evangelho deste domingo, de modo especial a última frase: “O Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, Esse é que vos ensinará tudo, e há de recordar-vos tudo o que Eu vos disse” (Jo 14, 26). Este “tudo”, explicou o Papa, pode ser expresso em três dinâmicas: no grande caminho da vida, o Espírito Santo nos ensina por onde começar, que caminhos seguir e como caminhar.

O pontífice destacou que o ponto de partida é o amor, pois o Espírito nos lembra que, sem o amor na base, tudo o mais é vão. Ele é o “motor” da nossa vida espiritual, alimentando nossa memória positiva. Ele nos ensina a não extirpar as recordações de pessoas e situações que nos fizeram mal, mas deixá-las habitar pela sua presença. O Espírito cura as recordações, colocando em cima da lista aquilo que conta: a recordação do amor de Deus, o seu olhar pousado sobre nós.

Nas encruzilhadas da vida, o Espírito nos sugere o melhor caminho a seguir, mas para isso é importante saber discernir entre a voz Dele e a do espírito do mal. E nem sempre é a voz que queremos ouvir, pois exige esforço, luta interior e sacrifício.

Francisco afirmou ainda que, além de nos recordar o ponto de partida, o Espírito ensina-nos que caminhos seguir. O Espírito Santo ensina à Igreja o modo como caminhar. E este é sempre voltado para fora, para a abertura, para a necessidade vital de sair, a necessidade fisiológica de anunciar, de não ficar fechada em si mesma.

“Ensina a não ser um rebanho que reforça o recinto, mas uma pastagem aberta, para que todos possam alimentar-se da beleza de Deus; ensina a ser uma casa acolhedora, sem divisórias”, afirmou o Papa.

É o Espírito Santo quem rejuvenesce a Igreja, não nós. “Porque a Igreja não se programa, e os projetos de modernização não bastam”, comentou o Papa. O Espírito nos convida a percorrer caminhos antigos e sempre novos, ou seja, “os do testemunho, da pobreza, da missão, para libertar-nos de nós mesmos e enviar-nos ao mundo”. Paradoxalmente, o Espírito é autor da divisão no sentido de promover os carismas. "Ele faz a divisão com os carismas e faz a harmonia com toda esta divisão. Esta é a riqueza da Igreja".

Eis então a exortação final de Francisco: “Irmãos e irmãs, vamos à escola do Espírito Santo, para que nos ensine tudo. Invoquemo-lo todos os dias, para que nos lembre de começar sempre do olhar de Deus pousado sobre nós, mover-nos nas nossas escolhas escutando a sua voz, caminhar juntos, como Igreja, dóceis a Ele e abertos ao mundo”.

Fonte: Vatican News - Homilia do Papa Francisco, 5 de junho de 2022 - Solenidade de Pentecostes

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Maria na história da nossa salvação - Segunda parte

terça-feira, 31 de maio de 2022

Prosseguindo com nossa reflexão, trazemos a segunda parte do artigo ‘Maria na história da nossa salvação’. Como afirmou Santo Agostinho, Maria concebeu o Verbo primeiro no coração e só depois no ventre.

Prosseguindo com nossa reflexão, trazemos a segunda parte do artigo ‘Maria na história da nossa salvação’. Como afirmou Santo Agostinho, Maria concebeu o Verbo primeiro no coração e só depois no ventre. E na expressão de Santo Irineu e São Justino, padres também da Igreja, ela se tornou a "Nova Eva", como mãe de uma nova humanidade na ordem da graça, substituindo o não dado por Eva, pelo seu sim obediente e humilde, desatando os nós da desobediência original, como Cristo se tornara o "novo Adão", superando o não do primeiro homem e restaurando e redimindo a humanidade, numa nova aliança, pelo seu fiat, no sacrifício da cruz: "Pai, se for possível, afasta de mim este cálice, mas não se faça a minha vontade, mas a tua!"(Mt 26,39). É a nova criação, na redenção, que se inicia como a primeira, com o "faça-se" de adesão natural, docilidade e palavra-acontecimento (dabah): "Faça-se a luz!".

Mas esta adesão e aceitação disponível à vontade do Senhor não retira da mulher histórica, peregrina e lutadora da fé, os desafios concretos do cotidiano. Coerente com a sua resposta e seu Magnificat, Maria se faz verdadeiramente serva, pondo os pés na estrada para servir a Isabel, sua parenta, vivenciando a missão da caridade fraterna, sabedora de sua vocação de Mãe do Messias. "O Senhor olhou para a pequenez de sua serva e fez em mim maravilhas"." Por isso, todas as gerações me chamarão bem-aventurada". E ouviu o testemunho do Espírito Santo que falou pela boca de Isabel (Lc 1,42): "Bendita és tu entre todas as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre! Donde a mim a honra de me visitar a mãe do meu Senhor?”.

Viveu a vida simples e despojada de Nazaré, junto ao bom, santo e justo José, na pobreza e dificuldade do nascimento do filho de Deus, na acolhida da profecia da dor sobre o menino como sinal de contradição e sobre a espada da dor que transpassaria seu coração (Lc 2,34-35). Na defesa e proteção da criança, fugindo para o Egito. No trabalho de cada dia, dedicando-se à educação e sustento do filho Jesus, na aflição de sua perda e encontro no templo, entendendo passo a passo a missão concreta e histórica do Messias, guardando e meditando todo o imenso mistério no silêncio do seu coração (cf Lc 2, 41-51).

A mesma Mãe solícita, desde pequena, fiel e ouvinte da Palavra, acompanha o filho, elogiada por Ele, mais pela sua maternidade discipular do que pela honra frisada por alguns sobre sua maternidade física (cf Lc 11,27). Por isso, aparece significativamente na vida pública de Jesus, desde o início, nas núpcias de Caná, intercedendo como Mãe da misericórdia e solidariedade pelos noivos em dificuldade, antecipando os sinais messiânicos de seu filho, unido profundamente a ela pelo Amor libertador e promotor dos homens: "Fazei tudo que ele vos disser", disse a Mãe medianeira e missionária (cf Jo 2, 1-11).

Assim O acompanhou como mulher toda entregue à obra misteriosa de Deus, "avançou na peregrinação da fé" (Lumen Gentium, cap. VIII, 58), forte e confiante, até a cruz (Jo 19,25), associando-se ao sacrifício do seu filho, sentindo com a lança que o atravessava, a profética espada em sua alma. Do alto mesmo do madeiro é dada pelo Redentor como mãe do discípulo-apóstolo, como Mãe da Igreja apostólica (Jo 19, 26-27). Torna-se "Mãe do Cristo total, cabeça e membros", como afirmava Santo Agostinho.

E desta forma estava Maria, a mãe de Jesus, perseverando com os apóstolos, com as mulheres e familiares, unanimemente em oração, para receber o Espírito Santo prometido por Jesus (At 1,14). É a Mãe no Pentecostes impulsionador missionário da Igreja, testemunha de Cristo Ressuscitado. "Finalmente, a Imaculada Virgem, preservada imune de toda mancha da culpa original, terminado o curso da vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celeste" (Lumen Gentium, cap. VIII, 59), unindo-se plenamente ao seu filho, como intercessora no mesmo amor de Nazaré e de Caná, na comunhão solidária aos filhos peregrinos, como medianeira, como Mãe e modelo dos discípulos missionários, na mediação subordinada à única mediação redentora de Jesus. 

Padre Luiz Cláudio Azevedo de Mendonça é chanceler da Diocese de Nova Friburgo

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Maria na história da nossa salvação

terça-feira, 24 de maio de 2022

Primeira parte

A Diocese de Nova Friburgo iniciou em 29 de abril as celebrações do Mês Mariano Diocesano, tempo no qual recordamos os 60 anos da consagração desta diocese à Imaculada Conceição, sua padroeira. Para iluminar a vivência deste tempo de graça, utilizaremos este espaço nesta e na próxima semana para refletir sobre Maria na história da salvação, com a apresentação deste artigo em duas partes.

Primeira parte

A Diocese de Nova Friburgo iniciou em 29 de abril as celebrações do Mês Mariano Diocesano, tempo no qual recordamos os 60 anos da consagração desta diocese à Imaculada Conceição, sua padroeira. Para iluminar a vivência deste tempo de graça, utilizaremos este espaço nesta e na próxima semana para refletir sobre Maria na história da salvação, com a apresentação deste artigo em duas partes.

O Plano eterno de Deus de revelar a Sua glória na intimidade paternal com o homem, criado à Sua imagem e semelhança, ganhou uma dimensão redentora a partir de Gn 3,15 - o proto-evangelho, a primeira boa nova, a promessa da redenção através da descendência da mulher que esmagaria a cabeça da serpente, contra o pecado original da primeira humanidade: Adão e Eva. A descendência da mulher é o Verbo encarnado, o Filho de Deus, nascido de mulher, na plenitude dos tempos (Gl 4,4), o Messias Salvador. Assim se cumpre em Maria, a jovem de Nazaré, este luminoso anúncio da restauração de toda a humanidade através da encarnação do Redentor. Ele é verdadeiramente humano, nascido da nossa natureza, herdada da Virgem fiel, discípula da Palavra.

Como anunciavam as profecias do Antigo Testamento: "Uma virgem conceberá e dará à luz um filho que será chamado Emanuel" (Is 7,14;  cf  Mq 5,2-3). Ela é a escolhida dentre os humildes e pobres do Senhor, a excelsa Filha de Sião que recebe a concretização desta graça, objeto de uma longa espera do povo sofrido. A virgindade é um grande sinal de que o nascimento também é um evento divino e não do plano do homem, de que acontece a entrada do Verbo na natureza e no horizonte da convivência da família humana, no diálogo direto salvífico com os homens.

No anúncio do anjo à Maria (Lc 1,28) - "Ave, plena de graça!", há a sublimidade da delicadeza de Deus, falando ao íntimo da jovem de fé, sobre Seu chamado para a realização desta grande missão que já era conhecida pelos discípulos da Aliança de Israel e esperada em sua concretização a partir de uma "almah" (donzela, virgem) de Israel. Só não sabia Maria que seria ela. Esta foi a grande surpresa, acompanhada de um compreensível temor diante do grande mistério que se comunicava a ela: "Não temas, Maria, pois encontraste graça diante do Senhor. Eis que conceberás e darás à luz um filho a quem porás o nome de Jesus." "O Espírito Santo virá sobre ti e o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra".

Deus escolhe, chama, mas dá a segurança de Sua proximidade: "O Senhor é contigo" (Deus conosco, Emanuel). Ao mesmo tempo capacita, fortalece, cobre com a sua sombra protetora e geradora, fecundadora. Esta Sua presença entre nós, em nós, é a nossa salvação (Jesus, Yeshua, Deus salva). Maria é toda plasmada pelo Espírito Santo desde a sua concepção, imaculada, plena da graça do Senhor, preparada pelo Amor divino para ser a Grande Mãe do Seu Filho Jesus. Faltava dela a resposta livre, própria da cooperação da natureza humana ao plano do Criador, que teoricamente sempre pode ser "não”. Mas na docilidade discipular do coração da adolescente fiel à Palavra de Deus, na forte experiência religiosa da Aliança da Lei, no conhecimento da promessa esperada por todo Israel, mergulhada num profundo amor ao Senhor, na iluminação e unção especial da sua eleição, da benção da plenitude da graça (kecharitomene), sua expressão de mulher forte e pura firmou o mais belo itinerário de fé para todos os seguidores da Divina Providência: "Eu sou a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra" (Lc 1,38).

Padre Luiz Cláudio Azevedo de Mendonça é chanceler da Diocese de Nova Friburgo

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Gratidão

quarta-feira, 18 de maio de 2022

Ao celebrar os 204 anos da nossa querida cidade de Nova Friburgo, não poderia iniciar esta reflexão com outra expressão: Gratidão.

Esta palavra é uma marca no discurso do Dom Luiz Antonio Lopes Ricci, bispo de Nova Friburgo, que, por desígnio divino, celebrou a dádiva de sua vida no mesmo dia que comemoramos o aniversário de nossa cidade.

Ao celebrar os 204 anos da nossa querida cidade de Nova Friburgo, não poderia iniciar esta reflexão com outra expressão: Gratidão.

Esta palavra é uma marca no discurso do Dom Luiz Antonio Lopes Ricci, bispo de Nova Friburgo, que, por desígnio divino, celebrou a dádiva de sua vida no mesmo dia que comemoramos o aniversário de nossa cidade.

Desde sua chegada a esta terra, Dom Luiz tem nos ensinado com suas atitudes e palavras a importância de um coração agradecido. Em seu discurso de posse, o prelado chamou atenção para a desafiadora realidade da pandemia da Covid-19 que cercava aquele momento.

Não obstante essa dura realidade, somos convidados a renovar a teimosa esperança em dias melhores, permanecendo, como Maria, em pé, no olhar da fé, ainda que seja aos pés da Cruz. Maria é a Mãe da Igreja - por isso a liturgia escolhida para a minha posse, e nos foi dada como Mãe naquele derradeiro e doloroso momento de Cristo. Apesar da dor e cansaço, podemos sim permanecer em pé, mantendo viva a “esperança que não decepciona”. (...) Com Maria podemos permanecer em pé diante das cruzes, mas também cantar as maravilhas que o Bom Deus realiza em nós e por meio de nós, quando agimos em seu nome, fazendo o bem, por Amor e com Amor. “Feliz aquele servo, que o Senhor, ao voltar, encontrar agindo assim” (Mt 24,46).

Nestes 204 anos, o povo friburguense provou que é persistente na esperança. Muitas foram as adversidades que sobrevieram sobre esta terra serrana, mas a união na esperança de reconstruir na paz, na justiça e na dignidade esteve sempre presente no coração do friburguense. Na superação das diferenças de credos e posição social todos se abraçaram na certeza de que a fraternidade é a garantia do futuro.

O Papa Francisco também nos ensina que é importante saber agradecer. “Se somos portadores de gratidão o mundo também se torna melhor, mesmo que ligeiramente, mas isso é o suficiente para dar-lhe um pouco de esperança. O mundo precisa de esperança e com gratidão, com esta atitude de agradecimento, transmitimos um pouco de esperança” (Catequese semanal, 30 dez. 2020).

Neste dia, saibamos agradecer e louvar por tudo aquilo que o Senhor faz por nós! Não nos esqueçamos de dizer obrigado a nossa família, a nossos amigos, comunidade. Sejamos agradecidos a quem nos ajuda, a quem está ao nosso lado, a quem nos acompanha na vida. Agradecidos a quem nos incentiva na esperança.

Parabéns a Nova Friburgo! Parabéns ao povo friburguense! Que sejamos capazes de construir muitos anos de história pautados na esperança e na gratidão!

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Padre Aurecir Martins de Melo Júnior é assessor diocesano da Pastoral da Comunicação.

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Mês mariano: 60 anos de consagração da Diocese à Imaculada Conceição

terça-feira, 10 de maio de 2022

Celebrar o Mês Mariano Diocesano é, em primeiro lugar, render graças a Deus por nos ter dado como mãe, a Sua Mãe. Mas, também é celebrar uma pequena e significativa parte da história de nossa Igreja Particular.

Celebrar o Mês Mariano Diocesano é, em primeiro lugar, render graças a Deus por nos ter dado como mãe, a Sua Mãe. Mas, também é celebrar uma pequena e significativa parte da história de nossa Igreja Particular.

Em 26 de março de 1960 foi criada a Diocese de Nova Friburgo. O que chamava a atenção era o grande número de paróquias e comunidades dedicadas à Virgem Maria. Porém, o único título mariano que, na época, se repetia como padroeira de paróquia nos três vicariatos era o de Nossa Senhora da Conceição. Por Breve Pontifício de 3 de julho de 1961, documento assinado pelo Papa São João XXIII, a diocese recebeu como padroeira principal a Bem-aventurada Virgem Maria, sob o título de “Imaculada Conceição''.

Mas, não bastava dizer que a Imaculada Mãe de Deus era a padroeira apenas no papel, era preciso aproximá-la do coração do povo. A localidade de Rio das Ostras, até então, apenas uma pequena comunidade, possuía a imagem da Imaculada Conceição mais antiga de todo o território diocesano. Dom Clemente José Carlos Isnard, primeiro bispo diocesano, iniciou uma peregrinação com esta em toda a diocese, chegando em Nova Friburgo em 24 de maio de 1962. Às 18h, a imagem foi transladada da matriz de Olaria para a Catedral São João Batista. As autoridades civis uniram-se ao bispo e ao clero, seminaristas, educandários católicos e fiéis, concentrados na Praça Marcílio Dias (Paissandu), para receber a imagem formando um só cortejo em direção à catedral.

Após a sua chegada foi celebrada a Santa Missa, seguindo-se a consagração do bispado e a vigília até às 24h, quando houve outra missa. O programa, extenso e movimentado, aconteceu nos dias 25, 26 e 27. Em 27 de maio de 1962, foi impressionante a religiosidade. Milhares de pessoas presenciaram um desfile. No campo do Nova Friburgo F.C., no Centro, houve missa campal. A multidão encheu as arquibancadas e o gramado do espaçoso estádio. Dom Clemente Isnard presidiu a celebração, ladeado por outros quatro bispos. Terminada a missa, Dom Clemente fez a consagração da diocese à Imaculada Conceição. Cerca de 20 mil pessoas presentes aclamaram Nossa Senhora, acenando com as suas bandeirinhas e cantando.

Dom Alano Maria Pena, OP, segundo bispo, sempre terminava suas pregações citando a "Escola de Maria”, onde o exemplo da Mãe de Deus deveria sempre iluminar nossa caminhada rumo à Casa eterna do Pai. Posteriormente, Dom Rafael Llano Cifuentes terceiro bispo, ardente devoto da Virgem Maria, sempre insistia que a diocese deveria aumentar sua a devoção à padroeira, tanto que, em seu pastoreio, o Seminário Diocesano voltou a ter a Imaculada como sua patrona.

 No ano jubilar de 2010, pelos 50 anos da criação da Diocese de Nova Friburgo, Dom Edney Gouvêa Mattoso, quarto bispo, seguindo as pegadas de Dom Clemente, ordenou uma peregrinação jubilar da Imaculada Conceição por todas as paróquias da diocese. Infelizmente, nesse período, aconteceu a tragédia climática na Região Serrana provocada pelas chuvas, porém, no meio de tantas tristezas, a presença da Virgem Maria peregrinando levou o consolo divino à tantas vítimas que sofriam com tal catástrofe.

Dom Luiz Antonio Lopes Ricci, chegou para ser o quinto bispo diocesano num momento muito difícil para a toda a humanidade: a pandemia da Covid-19. Ele, porém, também trouxe consigo uma imensa devoção à Virgem Maria.

Agora, em maio de 2022, quando se comemoram os 60 anos da consagração desta diocese à Imaculada Conceição, vamos mais uma vez levar as três imagens da padroeira pela diocese. A Imaculada Conceição percorrerá os três vicariatos no Mês Mariano Diocesano para que, nessa época ‘pós-pandemia’, na sombra da guerra e no enfrentamento da crise econômica, o povo possa, com o seu auxílio materno, saber transformar as tristezas em alegria.

Três pequeninas imagens da Virgem Maria podem parecer pouco para percorrer o imenso território diocesano em apenas um mês. Mas, elas são como os cinco pães e os dois peixes apresentados a Jesus para alimentar a multidão. Temos a certeza de que o Senhor multiplicará as graças por onde essas imagens passarem a ponto de, ao término da peregrinação, as graças serão tantas que irão até sobrar.

Padre Marcus Vinícius Moreira Falcão é pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças, no bairro Olaria.

 

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A força transformadora do trabalho

terça-feira, 03 de maio de 2022

A celebração do Dia do Trabalho é a manutenção da memória de uma conquista de grande importância para a humanidade. Em 1º de maio de 1886, milhares de trabalhadores iniciaram uma greve nas fábricas de Chicago, Estados Unidos, exigindo uma jornada laboral de oito horas diárias e condições justas e dignas.

Hoje, mais de um século depois, ainda somos surpreendidos com notícias de homens e mulheres que vivem e convivem em condições ultrajantes de trabalho. Pessoas subjugadas por sua etnia, cor de pele, sexo e idade. A luta permanece constante.

A celebração do Dia do Trabalho é a manutenção da memória de uma conquista de grande importância para a humanidade. Em 1º de maio de 1886, milhares de trabalhadores iniciaram uma greve nas fábricas de Chicago, Estados Unidos, exigindo uma jornada laboral de oito horas diárias e condições justas e dignas.

Hoje, mais de um século depois, ainda somos surpreendidos com notícias de homens e mulheres que vivem e convivem em condições ultrajantes de trabalho. Pessoas subjugadas por sua etnia, cor de pele, sexo e idade. A luta permanece constante.

O labor constitui, desde o princípio do mundo, uma dimensão fundamental da existência humana sobre a terra. A Sagrada Escritura ensina que Deus, após criar homem e mulher à sua imagem e semelhança (cf. Gn 1,27), ordena-lhes submeter a terra (cf. Gn 1,28), tornando-os participantes de sua obra criadora.

Refletindo sobre a dignidade da labuta, o Papa Francisco diz que “é o trabalho que torna o homem semelhante a Deus, pois com o trabalho o homem é criador, é capaz de criar, de criar muitas coisas; até mesmo de criar uma família para seguir em frente. O homem é criador e cria com o trabalho. Esta é a vocação. (...) o trabalho tem em si uma bondade e cria a harmonia das coisas - beleza, bondade - e envolve o homem em tudo: no seu pensamento, na sua atuação, em tudo. O homem participa no trabalho. É a primeira vocação do homem: trabalhar. E isto dá dignidade ao homem. É a dignidade que o faz assemelhar-se a Deus. A dignidade do trabalho” (Homilia, 1 mai. 2020).

Infelizmente, a busca desenfreada pelo poder faz com que seja furtado do labor sua bela força transformadora, assumindo um caráter opressivo e penoso. A expansão da economia global e a constante luta pelo lucro agrava a competitividade e limita o valor do homem e do trabalho à produtividade. Merece destaque as significativas mudanças estratégicas para a ampliação dos lucros dos investidores e os consequentes impactos sobre a classe dos trabalhadores (cf. Visita Pastoral do Papa Francisco a Gênova).

A influência da cultura do materialismo faz com que tratemos o trabalho humano como uma mercadoria e a pessoa como uma força anônima, necessária para a produção. Nesta dinâmica, cresce a necessidade de longas jornadas, em detrimento do descanso digno de operário, além da precarização da labuta, causada pelo aumento da terceirização, entre tantas outras situações que privam o trabalhador de sua dignidade. É necessário sempre relembrar que o “trabalho é ‘para o homem’ e não o homem ‘para o trabalho’” (Laborem exercens, 6).

Não se pode cair na tentação de julgar o valor e a dignidade do labor apenas pelas conquistas materiais e financeiras que ele proporciona. Pois, independentemente da finalidade e objeto do trabalho - de todo e qualquer que seja - permanece sempre a pessoa como seu sujeito principal.

Importante lembrar que a missão de submeter a si a terra e tudo o que ela contém, de governar o mundo na justiça e na santidade implica a ordenação de todo trabalho humano à glorificação do nome de Deus por toda a terra (cf. Gaudium et Spes, 34).

Neste sentido, o trabalho humano, “longe de ser desprovido de dignidade, molesto e odioso, é, pelo contrário, uma fonte de alegria, de felicidade e de nobreza” (Fulgens Radiatur, 29). O labor não é apenas uma ação que transforma as coisas provendo o sustento do homem e da sociedade; é, antes de tudo, realização plena do próprio sujeito que executa a ação; por meio do serviço “se aprende muitas coisas, desenvolve as próprias faculdades, sai de si e eleva-se sobre si mesmo. Este desenvolvimento, bem compreendido, vale mais do que os bens externos que se possam conseguir” (Gaudium et spes, 35), fazendo valer assim a sabedoria popular: o trabalho enobrece o homem.

Padre Aurecir Martins de Melo Junior é assessor diocesano da Pastoral da Comunicação.

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Acreditastes porque me viste?

terça-feira, 26 de abril de 2022

Passado o terror da crucificação, os discípulos de Jesus ainda não compreendiam o que havia acontecido. Em seus corações havia um misto de medo, angústia e tristeza. O seu Mestre havia sido morto, o que poderia acontecer com os que o seguiam? Como haveria de cumprir suas palavras? Tudo não havia passado de um desvario?

Passado o terror da crucificação, os discípulos de Jesus ainda não compreendiam o que havia acontecido. Em seus corações havia um misto de medo, angústia e tristeza. O seu Mestre havia sido morto, o que poderia acontecer com os que o seguiam? Como haveria de cumprir suas palavras? Tudo não havia passado de um desvario?

O primeiro dia da semana após todo aquele pesadelo foi marcado pelos sinais do ressuscitado. Logo pela manhã, Madalena depara-se com a pedra do sepulcro removida e encontra-se com Jesus. Os discípulos, Pedro e João, também foram ao túmulo e, avistando a pedra removida e os panos ao chão, acreditaram. Ao entardecer daquele mesmo dia, o Senhor entrou no lugar onde eles se encontravam trancados, por medo dos judeus. Contudo, Tomé não estava com eles, e não pode, pois, ver o Senhor nem ouvir as suas palavras consoladoras (cf Jo 20, 19 – 31).

Foi Tomé que diante da decisão de Jesus de ir ao encontro do perigo disse: “Vamos também nós, para morrermos com ele” (Jo 11, 16b). E, também foi ele que na última ceia manifestou seu desejo de seguir Jesus: “Senhor, não sabemos para onde vais. Como podemos conhecer o caminho?” (Jo 14, 5).

A conhecida falta de fé de Tomé, é na verdade um sufocamento da esperança causado pela profunda dor de testemunhar a crucificação e morte do seu amado Mestre. Sua angústia era tamanha que precisava de sinais concretos da ressurreição.

Quantas vezes não condenamos Tomé por sua crise de fé? Como pôde ele, que conviveu com Jesus, ouviu sua pregação, viu os sinais que realizava, duvidar? Pensamentos como este revelam que estamos contaminados pela vaidade do perfeccionismo.

O Papa Francisco, ao refletir sobre a crise de fé de São Tomé, revela que “Muitas vezes elas (as crises) nos tornam humildes, porque nos despojam da ideia de ter razão, de ser melhores do que os outros. As crises nos ajudam a reconhecer que estamos necessitados: despertam nossa necessidade de Deus e assim nos permitem retornar ao Senhor, tocar suas feridas, voltar a experimentar o seu amor”. Assim, insiste o Papa Francisco: “É melhor uma fé imperfeita, mas humilde, que sempre regressa a Jesus, do que uma fé forte, mas presunçosa, que nos torna orgulhosos e arrogantes". (Regina Coeli, 24 abr. 2022).

As dúvidas de Tomé serviram para que a fé dos que mais tarde haveriam de crer no Senhor ressuscitado fosse confirmada. São Gregório Magno disse certa vez: “porventura pensais que foi um simples acaso que aquele discípulo escolhido estivesse ausente, e que depois, ao voltar, ouvisse relatar a aparição e, ao ouvir, duvidasse, e, duvidando, apalpasse, e, apalpando, acreditasse? (...) A divina clemência agiu de modo admirável quando este discípulo que duvidava tocou as feridas da carne do seu Mestre, pois assim curava em nós as chagas da incredulidade" (homilias sobre os Evangelhos, 26, 7).

Aquele que ficara conhecido por duvidar do testemunho do ressuscitado, fora também aquele que, depois de tocar as chagas de Jesus, manteve-se firme na fé a ponto de entregar a própria vida nas mãos dos perseguidores.

Diante disso, recai sobre nós a responsabilidade de dar um testemunho firme e consciente de nossa fé naquele que venceu a morte e deu-nos a vida. Mesmo que durante alguns momentos difíceis, ou um período de crise, nos fechemos em nós mesmos, nos refugiemos nos nossos problemas, voltemos ao Senhor, revelando assim, que é Dele que vem a nossa força e é Nele que alimentamos nossa esperança.

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Padre Aurecir Martins de Melo Junior é assessor diocesano da Pastoral da Comunicação.

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A manhã da Ressurreição

terça-feira, 19 de abril de 2022

A terra toda estava envolta em trevas. A esperança havia sido sepultada com o corpo de Jesus. Os discípulos estavam dispersos, incrédulos, retomavam as atividades que exerciam antes de se encontrarem com Jesus. Invadia seus pensamentos a ideia de que tudo havia sido uma grande ilusão. As palavras de paz e fraternidade que ouviram de seus lábios cederam lugar às cenas de terror. Ver o corpo do Mestre pregado no madeiro, a mais terrível morte, transpassou, como uma espada lancinante a alma dos que o seguiam. Tudo perdeu o sentido.

A terra toda estava envolta em trevas. A esperança havia sido sepultada com o corpo de Jesus. Os discípulos estavam dispersos, incrédulos, retomavam as atividades que exerciam antes de se encontrarem com Jesus. Invadia seus pensamentos a ideia de que tudo havia sido uma grande ilusão. As palavras de paz e fraternidade que ouviram de seus lábios cederam lugar às cenas de terror. Ver o corpo do Mestre pregado no madeiro, a mais terrível morte, transpassou, como uma espada lancinante a alma dos que o seguiam. Tudo perdeu o sentido.

Na manhã de Páscoa, também os nossos olhos são levados a verem somente os sinais de morte. O Santo Padre chama de Páscoa de guerra, na qual somos bombardeados a todo instante com as mais cruentas notícias. “Demasiado sangue, vimos; demasiada violência. Também os nossos corações se encheram de medo e angústia, enquanto muitos dos nossos irmãos e irmãs tiveram de se fechar nos subterrâneos para se defender das bombas” (Papa Francisco, Mensagem Urbi et Orbi, Páscoa 2022).

Parece que a possibilidade de um mundo de paz, amor e fraternidade não passa de uma utopia inalcançável. “Sentimos dificuldade em acreditar que Jesus tenha verdadeiramente ressuscitado, que tenha verdadeiramente vencido a morte” (idem).

Mas, não podemos nos esquecer que as palavras de vida e verdade que ouvimos de Jesus superam toda a dificuldade. Vejamos o exemplo de Maria Madalena. A dor que envolvia o seu coração era imensurável, só não era maior que o amor que ela sentia pelo seu Mestre. Sem compreender o que estava acontecendo; sem entender como as palavras Dele iriam se cumprir, Madalena pôs-se a caminho, ficaria o mais próximo possível do seu Senhor.

Ao longo do caminho, ela, certamente, recordava os momentos felizes ao lado do Mestre; por vezes, a alegria das memórias era tamanha que aliviava a dor e o sofrimento. Ao mesmo tempo, as lembranças das cenas de terror atroz roubavam-lhe o ar. Mas sua persistência e amor a Jesus a mantiveram firme no caminho e a tornaram a primeira testemunha do ressuscitado.

Bastou ver a pedra removida e os panos no chão, mesmo sem compreender, que a chama da esperança reacendeu em seu coração. Correu ao encontro dos seus e os animou com a notícia.

O exemplo de fé e perseverança desta mulher nos motiva a não desistir. “Hoje mais do que nunca precisamos d’Ele, no termo de uma Quaresma que parece não querer acabar. Temos atrás de nós dois anos de pandemia, que deixaram marcas pesadas. Era o momento de sairmos do túnel juntos, de mãos dadas, juntando as forças e os recursos…” (idem). Em vez disso, somos atormentados pelo terror da guerra.

Contudo, anima-nos o Papa Francisco a encontrarmos os sinais do ressuscitado. Como Madalena, perseverantes no amor e na esperança, precisamos encontrar os sinais que animam e restauram nossas forças e fazê-los serem conhecidos por todo o canto. “No meio da angústia da guerra, não faltam também sinais encorajadores, como as portas abertas de tantas famílias e comunidades que acolhem migrantes e refugiados em toda a Europa. Que estes numerosos atos de caridade se tornem uma bênção para as nossas sociedades, por vezes degradadas por tanto egoísmo e individualismo, e contribuam para torná-las acolhedoras com todos”.

Sejamos, pois, também nós, sinais do ressuscitado! Feliz Páscoa!

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Padre Aurecir Martins de Melo Junior é assessor diocesano da Pastoral da Comunicação.

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Homilia do Papa Francisco – Domingo De Ramos 2022

terça-feira, 12 de abril de 2022

No calvário, confrontam-se duas mentalidades; vemos, no Evangelho, como as palavras de Jesus crucificado se contrapõem às dos seus adversários. Estes vão repetindo, como se fosse um refrão, “salva-te a ti mesmo”. (...) Salvar-se a si mesmo, olhar por si mesmo, pensar em si mesmo; não nos outros, mas apenas na própria saúde, no próprio sucesso, nos próprios interesses; ter, poder e aparecer. Salva-te a ti mesmo: é o refrão da humanidade, que crucificou o Senhor. Reflitamos nisso.

No calvário, confrontam-se duas mentalidades; vemos, no Evangelho, como as palavras de Jesus crucificado se contrapõem às dos seus adversários. Estes vão repetindo, como se fosse um refrão, “salva-te a ti mesmo”. (...) Salvar-se a si mesmo, olhar por si mesmo, pensar em si mesmo; não nos outros, mas apenas na própria saúde, no próprio sucesso, nos próprios interesses; ter, poder e aparecer. Salva-te a ti mesmo: é o refrão da humanidade, que crucificou o Senhor. Reflitamos nisso.

Mas, à mentalidade do “eu”, opõe-se à de Deus; o salva-te a ti mesmo confronta-se com o Salvador que Se oferece a Si mesmo. Em resposta Jesus toma a palavra, mas em nenhum dos casos reivindica qualquer coisa para Si mesmo; na verdade, nem sequer Se defende ou justifica a Si mesmo. Reza ao Pai e oferece misericórdia ao bom ladrão. Particularmente uma das suas expressões marca a diferença do salva-te a ti mesmo: “Perdoa-lhes, Pai”

Detenhamo-nos nestas palavras. Quando são pronunciadas pelo Senhor? Num momento específico: durante a crucifixão, quando sente os cravos perfurar-Lhe os pulsos e os pés. Tentemos imaginar a dor lancinante que isso provocava. Lá, na dor física mais aguda da Paixão, Cristo pede perdão para quem O está perfurando. Naqueles momentos, nos apeteceria apenas gritar toda a nossa raiva e sofrimento; Jesus, ao contrário, diz: Perdoa-lhes, Pai.

Irmãos, irmãs! Pensemos que Deus procede assim também conosco: quando Lhe provocamos dor com as nossas ações, Ele sofre e o único desejo que tem é poder perdoar-nos. Para nos darmos conta disto, contemplemos o Crucificado. Fixemos Jesus na cruz e pensemos que nunca recebemos palavras melhores: Perdoa-lhes, Pai. Fixemos Jesus na cruz e vejamos que nunca recebemos um olhar mais terno e compassivo. Fixemos Jesus na cruz e convençamo-nos de que nunca recebemos um abraço mais amoroso. Fixemos o Crucificado e digamos: “Obrigado, Jesus! Amas-me e perdoas-me sempre, mesmo quando me custa amar e perdoar a mim mesmo”.

Lá, enquanto é crucificado, no momento mais difícil, Jesus vive o seu mandamento mais difícil: o amor aos inimigos. Pensemos em alguém que nos feriu, ofendeu, decepcionou; em alguém que nos irritou, não nos compreendeu ou não foi um bom exemplo. Quanto tempo nós demoramos a pensar em quem nos fez mal! Como também a olhar para nós mesmos e a lamuriar-nos pelas feridas que nos infligiram os outros, a vida ou a história.

Hoje, Jesus ensina-nos a não nos perdermos nisso, mas a reagir, a romper o círculo vicioso do mal e dos queixumes, a reagir aos cravos da vida com o amor, aos golpes do ódio com a carícia do perdão. Mas nós, discípulos de Jesus, seguimos o Mestre ou o nosso instinto rancoroso? Se queremos verificar a nossa pertença a Cristo, vejamos como nos comportamos com quem nos feriu. O Senhor pede-nos para responder, não como apetece a nós nem como fazem todos, mas como Ele procede conosco. Pede-nos para quebrar a corrente do “amo-te se me amares; sou teu amigo, se fores meu amigo; ajudo-te se me ajudares”. Em vez disso, compaixão e misericórdia para com todos, porque Deus vê um filho em cada um. Não nos divide em bons e maus, em amigos e inimigos.

Deus não Se cansa de perdoar. Devemos compreender isto… e não só com a mente, mas compreendê-lo com o coração: Deus não Se cansa de perdoar, somos nós que nos cansamos de Lhe pedir perdão, mas Ele nunca Se cansa de perdoar. Ele não suporta até certo ponto para depois mudar de ideias, como nós somos tentados a fazer. Jesus – ensina o Evangelho de Lucas – veio ao mundo para nos trazer o perdão dos nossos pecados (cf. Lc 1, 77) e, no fim, deixou-nos esta ordem concreta: pregar a todos, no seu nome, o perdão dos pecados (cf. Lc 24, 47). Irmãos e irmãs, não nos cansemos do perdão de Deus.

Fonte: www.vatican.va

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