Canhão do antigo Colégio Nova Friburgo foi removido e levado de volta para Cabo Frio

Associação de Ex-alunos do CNF é surpreendida com ação que considerou indevida
sexta-feira, 02 de maio de 2025
por Jornal A Voz da Serra
(Foto: Divulgação)
(Foto: Divulgação)

A Associação de Ex-Alunos do Colégio Nova Friburgo (CNF/Fundação Getúlio Vargas-FGV), através de seu presidente, o arquiteto e urbanista Luiz Otávio Lins de Souza, se manifestou nesta sexta-feira, 2, sobre o que considerou uma retirada “furtiva” de um canhão instalado em um pedestal de granito no centro de um dos espaços do jardim do colégio, que passou a ser conhecido como a Praça do Canhão.

“Recebi hoje pela manhã, a notícia de que o canhão foi furtivamente retirado do campus do CNF, sem comunicação prévia à nossa Associação. A remoção da peça foi feita pela Prefeitura de Cabo Frio, representada por um secretário municipal, com a anuência verbal da FGV, segundo informação da vigilância patrimonial do imóvel e devidamente lavrada no livro de ocorrências. Mais uma vez, a FGV demonstra total desconsideração pela nossa Associação, não levando em conta as tratativas (do seu conhecimento) com a 1ª Região Militar e a prefeitura local, colocadas em compasso de espera quando o presidente da instituição sustou a remoção indevida (segundo ele) da iniciativa de funcionário subalterno”, revelou Luiz Otávio. 

(Foto: Henrique Pinheiro)

O canhão, do século 16, estava nas instalações do colégio em Nova Friburgo desde 1953 e foi trazido pelos alunos da turma de 1952. Segundo o grupo de alunos, a peça foi encontrada no Forte São Matheus, em Cabo Frio, abandonado no chão, juntamente com outros. A Prefeitura de Cabo Frio já havia reivindicado o canhão por “pertencer à história do município”, mas ele continuou nas instalações do Colégio Nova Friburgo, ao longo de mais de 70 anos.

“Considero que levamos uma rasteira. Mais uma demonstração da desconsideração da FGV por nós e pelo imóvel”, além de ex-alunos e funcionários. Perguntamos se a Prefeitura de Cabo Frio teria algum documento do patrimônio histórico que lhe confira a guarda do canhão. E se é esse o tratamento que a Fundação Getúlio Vargas dá à nossa Associação. Quanto às nossas peças do museu, será que estão em risco? E, finalmente, quem da FGV autorizou a retirada do canhão em suas dependências?, protesta Luiz Otávio, em nome do colégio.

Associação se empenhou pela permanência do canhão

No ano passado, a Associação manteve contato com a Prefeitura de Nova Friburgo e a Fundação com o objetivo de encontrar uma solução definitiva para garantir a permanência do canhão no município. Para tanto, sugeriu, inclusive, que fosse doado para o Tiro de Guerra do Exército Brasileiro (TG 01-010), localizado na Praça do Suspiro. 

Após correspondências trocadas com autoridades civis e militares, Luiz Otávio foi recebido pelo General de Divisão Carlos Duarte Pontual de Lemos — comandante da Região Leste, a quem havia solicitado audiência em ofício enviado em 16 de agosto de 2024. 

“O general me acolheu de maneira fraterna, ouviu com atenção o que eu tinha a dizer e se colocou à disposição para qualquer outra demanda que o Exército pudesse colaborar. Na ocasião, trocamos livros e recebi uma medalha com o brazão da 1ªRM”, lembrou.

Quanto à Prefeitura de Nova Friburgo, Luiz Otávio revelou que esta se manifestou favorável à intenção da Associação de doar a “antiga peça de artilharia”, após entendimento com o comando do Tiro de Guerra. Em setembro de 2024, o assessor especial do governo municipal, Jorge Roberto Fernandes acusou recebimento do ofício encaminhado pela Associação de Ex-CNF, “solicitando autorização para instalação de um bem de valor histórico no TG 01-010”. Informou também que “o processo com os despachos foi encaminhado para o protocolo da prefeitura, … dada a urgência informada no ofício inaugural do processo”. 

Agora, os integrantes da Associação foram pegos de surpresa com a notícia que alguns chamaram de “roubo do canhão”, nas redes sociais. Por enquanto, querem saber: 

● Quando do retorno do canhão do Flamengo para o CNF teve algum compromisso firmado entre a Associação e o Patrimônio Histórico? 

● A Prefeitura de Cabo Frio tem algum documento do Patrimônio Histórico que lhe confira a guarda do canhão? 

● Pela foto também levaram a placa comemorativa que não tem nada haver com a Prefeitura de Cabo Frio e com a FGV.

● Se esse é o tratamento que a FGV dá à Associação, as peças do nosso museu também estão em risco.

● Quem na FGV autorizou a retirada do canhão?  Será que desta vez também foi um funcionário subalterno não autorizado?

 

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