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Um diamante que está deixando de brilhar

segunda-feira, 23 de maio de 2022

Um debate no Clube Leitura Vivências me despertou para as festas juninas. O que está acontecendo com elas? Eu me perguntava na medida em que me reportava à infância e delas me recordava através de saudosas lembranças. Conforme ia pesquisando e desvelando o tema, reencontrei um diamante que está deixando de brilhar.

Um debate no Clube Leitura Vivências me despertou para as festas juninas. O que está acontecendo com elas? Eu me perguntava na medida em que me reportava à infância e delas me recordava através de saudosas lembranças. Conforme ia pesquisando e desvelando o tema, reencontrei um diamante que está deixando de brilhar.

Cada vez mais raras, essas folclóricas e populares comemorações estão ficando no passado, dando espaço para as eletrônicas e suas brincadeiras substituídas por troca de mensagens nos celulares. São tais transformações, como tantas outras, que fizeram com que Ferreira Gullar deixasse de se espantar e poetar.

Extraviei-me no tempo

Onde estão meus pedaços?

                                           (“Extravio”, Ferreira Gullar)

***

E vai findando maio, num rápido passar dos dias. E vem chegando junho, tempo festeiro e gostoso de viver! Do dia 13 a 29, o mês fica movimentado pelas comemorações dos santos populares, Antônio, dia 13, João, dia 24, e Pedro, dia 29. É um tempo enfeitado pela alegre criatividade com que se organizam e realizam os “arraiás”. Desde os preparativos até as comemorações, a literatura, especialmente a infantil e a poesia contida nas letras das músicas juninas, dá um toque lúdico, através de delicadas e cuidadas palavras que contam o acontecer das festas, também enriquecidas pelas danças, brincadeiras, balões e roupas. E, principalmente, pelo divertido encontro entre pessoas de todas as idades e culturas.

“Capelinha de Melão 

é de São João.

É de cravo, é de rosa, é de manjericão”.

                           (“Capelinha de Melão”, de João de Barro e Adalberto Ribeiro)

 

As festas vêm de longe. Há muitos e muitos anos, surgiram no tempo em que as bruxas, os duendes e as fadas andavam pelos campos e repousavam nas raízes das árvores, lá no hemisfério norte, na passagem da primavera para o verão. Nesse dia, o mais longo do ano, 24 de junho, as pessoas se reuniam para celebrar a fertilidade da terra e desejar boas colheitas dos cereis plantados, como o milho. Esses eventos aconteciam em torno da fogueira, símbolo característico dos festejos, que protegia as terras dos maus espíritos que atrapalhavam a prosperidade das plantações.

Quando olhei a terra ardendo

Qual fogueira de São João

Eu perguntei a Deus do céu, ai

Por que tamanha judiação”

           (“Asa Branca” de Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga)

 

As festas, carregadas de simbolismos, nasceram nas culturas populares de regiões de vários países e mostram as crenças dos povos. Como tudo se mistura nas comemorações juninas, as festas são ricas de significados. As quadrilhas, por exemplo, eram comuns nos salões franceses, ou “quadrille”, porém tiveram sua origem nas tradicionais festas dos camponeses ingleses. O vestuário das moças, lindos vestidos armados, rodados e enfeitados, representam a riqueza da corte francesa. Os passos sempre puxados por expressões, alguns traduzidos do francês, como “para trás” (anarrié) e “para frente” (avancer).

“Pra dançar quadrilha no sertão é mais mió

sanfoneiro e violeiro tomam conta do forró

não precisa de orquestra pra animar a festa

o fungado da sanfona vai-se até o nascer do sol”

(“Piriri”, de Luiz Gonzaga)

 

Para o catolicismo se consolidar como a principal religião do continente europeu, as comemorações juninas foram incluídas em seu calendário para melhor conversão dos povos pagãos. Tempos depois, já populares na Península Ibérica (Portugal e Espanha), foram trazidas para o Brasil durante a colonização.

 

Cai, cai balão

Aqui na minha mão

Não cai não, não cai não, não cai não

Cai na rua do sabão

                             (“Cai, cai, balão” de Assis Valente)

 

Obs: O solstício é um evento astronômico. Sendo a Terra dividida em dois hemisférios, norte e sul, o solstício de verão ocorre quando um desses hemisférios está o máximo possível voltado ao sol e recebe a maior incidência de raios solares, ficando, portanto, mais aquecido e fazendo o dia o mais longo do ano. O solstício de inverno ocorre simultaneamente no outro hemisfério, que recebe os raios solares com menor intensidade, ficando menos aquecido e sendo o dia mais curto do ano. Os solstícios de verão e de inverno marcam o início das respectivas estações do ano em cada hemisfério.

 

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O desfile de 16 de maio

sábado, 21 de maio de 2022

Edição de 20 e 21 de maio de 1972
Pesquisado por Thiago Lima

Manchetes:

Edição de 20 e 21 de maio de 1972
Pesquisado por Thiago Lima

Manchetes:

  • O desfile de 16 de maio - Esteve magnífico o desfile escolar comemorativo de mais um aniversário de Friburgo, que a prefeitura levou a efeito neste dia 16 de maio de 1972. Com elevadíssimo número de participantes, bom gosto da apresentação da maioria dos colégios, uniformes, baterias, coreografia, evoluções, placas e dísticos alusivos ao dia máximo de nossa terra, resultaram num espetáculo de rara beleza. Pena que longos intervalos entre os desfilantes, toldassem por vezes a soberba impressão da enorme assistência, calculada em mais de 20 mil pessoas, postada na Rua Alberto Braune. Os ditos intervalos vêm de longo tempo, mas são enervantes, absurdos e inconcebíveis. Os seus responsáveis deveriam ser expurgados de uma vez por todas das paradas escolares. Feito o reparo, vamos repetir que o povo conseguiu aguentar o sol até 13h30 mas, de fato e realmente presenciou cenas belíssimas, vendo escolares, inclusive de jardins de infância, excelentemente uniformizados, portando alegorias e com caracterizações relacionadas com a chegada dos colonizadores suíços ao “Morro Queimado” assim como cenas parciais dos fastos da história do Brasil, Império e República até nossos dias. O povo não regateou aplausos. As duas centenárias bandas de música, Euterpe e Campesina, como sempre, ofereceram especial colorido aos atos. 
  • Era um vez, uma coisa apelidada de Amae - É possível que daqui há alguns anos, como no tempo das antigas vovós, alguém conte aos netinhos a história da famigerada (de triste memória) Autarquia da Água, assim terminando: e como os estrangeiros da água muito tivessem abusado da paciência do povo, o prefeito de então, que era decidido e másculo, sem maiores rodeios, expulsou a moçada que pensava que era dona do que era dos friburguenses, fazendo terminar um reinado que somente existiu pela contemplação ou falta de coragem dos governantes.
  • Falem mal, mas falem de mim… disse o vereador Alencar Barroso - Não conheço pessoalmente o sr. Silva Filho, que como figura humana é o “Rei da Maldade”, como jornalista é um “Pernil Longo” ou melhor um “Pernilongo” fantasiado de elefante. Não me queira mal pela comparação que faço. Até quantas vezes pecará meu irmão sr. Silva Filho contra mim, e eu lhe perdoarei? Até sete? E lhe responderei, da mesma forma que Jesus respondeu a Pedro: Não te digo até sete, mas, até setenta vezes sete”. A política que faço, nesses meus 20 anos de vereança é a seguinte: não ser baixa com os grandes, nem arrogante com os miseráveis, servir aos opulentos com altivez e aos indigentes com caridade, ter na legalidade e na liberdade a síntese de todos os mandamentos. 

Pílulas:

  • Friburgo foi enriquecida com mais um logradouro amplo e realmente construído no mais moderno padrão arquitetônico. A construtora Sotec, dirigida pelo engenheiro Ariosto Bento de Mello entregouao povo no dia 16 de maio - uma nova e moderna rua no centro da cidade, que nada custou aos cofres públicos. 
  • O ex-deputado Álvaro de Almeida participou de duas importantes reuniões políticas relacionadas com o pleito que se aproxima. Muitas novidades surgirão no decorrer dos dias faltantes do primeiro semestre do ano. 
  • Aliás, nos primeiros dias de agosto a “batata” da sucessão municipal (se houver) estará quente, melhor dizendo, fervendo. Tudo no seu tempo, no exato momento. 

E mais… 

  • Prefeito Feliciano Costa não aceitou acomodações, fórmulas ou acordos com a Autarquia da Água… 
  • Gliosci recebe cidadania de Silva Jardim… 
  • Outro sucesso do Doutor Miranda Fortes… 
  • A quem compete providenciar?... 
  • Esquadrilha da Fumaça… 
  • Conselheiro Paulino recebe importantes melhoramentos… 

Sociais:

  • A VOZ DA SERRA registra os aniversários de: Padre Alveri Vianello (18); Rosária Nicolau Considera e Jorge Marins da Silva (20); Maria Moura da Costa, Walter Araújo e Luciola Pereira (22); Cacilda Botelho (24); Sofia Lucas Bravo, Marcos Vasconcellos Coutinho e Moacyr do Lago Zamith (25); Alfredo Motta (26); Lair Aor dos Santos e Marcelo Braune (27). 

 

 

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Um dos dez mais frios do Brasil

sexta-feira, 20 de maio de 2022

Um dos dez mais frios do Brasil
O Instituto Nacional de Meteorologia destacou Nova Friburgo como o 2º lugar do Estado do Rio de Janeiro mais frio na quarta-feira, 19, até 9h. Foi também o 4º mais frio de toda a Região Sudeste e um dos dez mais frios do Brasil. O registro oficial foi de 2,6 graus, perdendo no Estado apenas para o Pico do Couto, em Petrópolis, cujo registro foi de 1,8 grau. Na Região Sudeste, Nova Friburgo teve temperatura mais alta apenas do que Ituverava-SP: 0,9°C; Pico do Couto-RJ: 1,8°C e Campos do Jordão-SP: 2,5°C

Um dos dez mais frios do Brasil
O Instituto Nacional de Meteorologia destacou Nova Friburgo como o 2º lugar do Estado do Rio de Janeiro mais frio na quarta-feira, 19, até 9h. Foi também o 4º mais frio de toda a Região Sudeste e um dos dez mais frios do Brasil. O registro oficial foi de 2,6 graus, perdendo no Estado apenas para o Pico do Couto, em Petrópolis, cujo registro foi de 1,8 grau. Na Região Sudeste, Nova Friburgo teve temperatura mais alta apenas do que Ituverava-SP: 0,9°C; Pico do Couto-RJ: 1,8°C e Campos do Jordão-SP: 2,5°C

Isenção para igrejas
Templos religiosos e entidades beneficentes ficarão isentos de cobrança de ICMS nas contas de energia elétrica. A proposta de isenção do ICMS das contas de consumo de energia para templos de qualquer culto e entidades beneficentes de assistência social foi aprovada no Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz). Com isso, o imposto sobre as contas de energia elétrica, cobrado desde outubro de 2019 no Estado do Rio deixará de incidir na conta de luz.

Ainda em curso
A medida para valer, no entanto, ainda precisa passar pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio,criando assim as regras para a isenção. Templos religiosos, Santas Casas de Misericórdia e hospitais beneficentes que atendam majoritariamente pacientes oriundos do SUS estão entre os contemplados pela pretendida isenção.

Programação oficial
Quase todos os shows da Expo Cordeiro 100 anos, antecipados pela coluna, foram confirmados. Com nove dias seguidos de atrações, de 16 e 24 de julho, o evento volta com tudo, após dois anos ausente, por conta da pandemia da Covid-19. Dos shows, por nós, antecipados, o único que não se confirmou na programação oficial foi da dupla Henrique & Juliano, substituída por Maiara & Maraísa. Apesar da maioria dos shows ser sertanejo, as atrações são ecléticas.

Sertanejos e pagodeiros
Raça Negra é a primeira atração do palco principal, cuja abertura será no sábado, 16. Domingo, 17, Luan Santana. Segunda, 18, Maiara & Maraísa. Terça, 19, Zé Vaqueiro. Quarta, 20, Gustavo Mioto. Quinta, 21, Roupa Nova. Será o primeiro show do tradicional grupo na região, desde a morte de um de seus principais integrantes, o vocalista Paulinho. Sexta, 22, Alexandre Pires. Sábado, 23, Marcelo Falcão. Fechando os shows da exposição, domingo, 24, Leonardo.

Outras atrações
Além dos sempre aguardados shows, confirmadas também competições de rodeio; concurso leiteiro; exposição de animais e máquinas agropecuárias; com concurso em categorias estadual e nacional. Haverá uma tenda cultural com 12 horas diárias de apresentações musicais e culturais de artistas de Cordeiro e região, além de exposição de artesanato e lingerie. Parque de diversões e barracas de comidas e bebidas, como tradicionalmente acontece.

Corrida contra o tempo
Além dos reparos que o Parque de Exposições está passando, há a pretensão de inaugurar em tempo um museu com as memórias desses 100 anos de exposição. O cadastro para quem deseja vender com as barracas e para expositores já teve seu prazo encerrado.

Prejuízos educacionais
É lógico que o prejuízo pedagógico provocado pela pandemia requer ação e medidas efetivas que até aqui não ocorreram. Para piorar a constatação, estudo do FMI indica que o Brasil está entre os países do G-20 onde alunos que enfrentaram o fechamento total ou parcial das escolas durante a pandemia terão as maiores perdas de rendimentos ao longo da vida. O Brasil só fica atrás da Indonésia e do México e empatado com a Arábia Saudita.

Grave situação brasileira
A equipe do FMI calcula que os ganhos médios de estudantes brasileiros serão 9,1% menores ao longo da vida por causa do fechamento das escolas e a pouca efetividade de políticas públicas para amenizar a situação. Na Indonésia, a perda estimada é de 9,7%, e no México, de 9,9%. Entre os países emergentes do G-20, a Rússia, com ganhos dos futuros trabalhadores 1% inferiores por causa da pandemia, está na melhor situação, em um nível de perda similar ao dos países desenvolvidos mais bem posicionados: Japão (-1%) e França (-1,2%).

Alunos fora da escola
Várias economias do G-20 observaram uma queda nas pontuações de testes (por exemplo, Brasil, Índia, Alemanha, Estados Unidos e Reino Unido). Além disso, em muitos mercados emergentes e economias em desenvolvimento, o fechamento de escolas levou a uma queda considerável na matrícula de alunos em todos os níveis de ensino e corre o risco de deixar muitos alunos permanentemente fora da escola, observa o relatório.

Ações tímidas
As estimativas para as perdas de rendimentos podem ser um limite inferior, porque o comprometimento de habilidades pode se acumular ao longo da educação de um aluno devido a perdas no conhecimento fundamental que normalmente é adquirido em idade precoce. Muitos governos tomaram medidas para minimizar e compensar as perdas escolares, mas outros até agora pouco se mexeram, tanto na esfera federal, como municipal, responsáveis pela educação básica.

Pós-graduação Uerj Friburgo
O Instituto Politécnico da Universidade do Estado do Rio de Janeiro encerra hoje, 20, as inscrições para a seleção de candidatos ao Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Materiais, para turma com início no segundo semestre deste ano. O curso de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Materiais possui duas áreas de concentração e seis linhas de pesquisa.

Último dia
São dez vagas para o curso de Mestrado acadêmico. Todos os candidatos serão submetidos a processo seletivo único. As inscrições podem ser realizadas por e-mail. Para efetuar a inscrição o candidato deverá obter os formulários no site do IPRJ: http://www.iprj.uerj.br. Haverá respeito à Lei de cotas.

Friburguense
Ainda em busca da sua primeira vitória no Estadual da segundona, o Friburguense joga, amanhã, 21, às 15h, fora de casa, contra o Maricá que, coincidentemente, está na mesma situação do Tricolor. Ambos são os mais mal pontuados da competição, mas se a competição acabasse hoje, o Friburguense estaria rebaixado por conta do saldo de gols, negativo de seis contra três.

Praticamente resolvido
Portanto, ainda que falte muita competição, é um jogo, no atual retrato, de briga direta contra o rebaixamento. No grupo B, Volta Redonda e Sampaio Corrêa estão sobrando e praticamente já têm as vagas garantidas nas semifinais. Os dois ainda tem confronto direto na última rodada. Artsul e Gonçalense, dois outros integrantes da chave, também não venceram ainda, mas também não perderam.  

Palavreando
“Dispenso o jogo dos segredos e me revelo quase que por inteiro. Deixo, é claro, alguns bocados nos bolsos na intenção de instigar descobertas que nem eu mesmo descobri”.

A visitação à vinícola friburguense agora é mensal. No último fim de semana foi realizada a visita guiada pela plantação e produção, além de degustação com harmonização orientada. A de junho será no próximo dia 4. Nesse frio, o charme só aumenta para tudo que a mais serrana das cidades da Serra tem.

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“Está tudo muito caro!”

sexta-feira, 20 de maio de 2022

Já não é de hoje, esta é uma realidade corriqueira nos mercados de bairro ou em qualquer conversa sã sobre o preço do custo de vida; principalmente quando relacionado a alimentação. No Estado do Rio de Janeiro, o preço da cesta básica calculado pelo Dieese já é de R$ 768,42 e isso representa um aumento de 41% na comparação com os dados de 2020. A nível nacional, o IBGE mediu 2,06% de inflação para alimentação e bebidas no último mês de abril; a maior alta para o período de toda a cesta de produtos que compõem o IPCA.

Já não é de hoje, esta é uma realidade corriqueira nos mercados de bairro ou em qualquer conversa sã sobre o preço do custo de vida; principalmente quando relacionado a alimentação. No Estado do Rio de Janeiro, o preço da cesta básica calculado pelo Dieese já é de R$ 768,42 e isso representa um aumento de 41% na comparação com os dados de 2020. A nível nacional, o IBGE mediu 2,06% de inflação para alimentação e bebidas no último mês de abril; a maior alta para o período de toda a cesta de produtos que compõem o IPCA. Infelizmente, não é nenhuma novidade, mas comer é – historicamente – uma das atividades mais inflacionárias do nosso cotidiano.

Eu sei, de fato, temos conversado muito sobre inflação. As últimas duas semanas tangenciaram o assunto e, antes disso, muito também já foi abordado sobre o tema. Contudo, é inevitável falar de inflação quando o assunto é abordar a realidade cruel de guerra no leste europeu. Claro, é cruel para todos nós, mas inimaginável o cotidiano dos cidadãos que vivenciam tanta incerteza e desespero. É o estopim do que pode, a qualquer momento (se é que ainda não se tornou), se tornar uma guerra mundial.

Trigo, gás natural, petróleo, carvão… Rússia e Ucrânia são países altamente competitivos a nível global quando o assunto é produção de commodities. Estes, para quem ainda não está muito familiarizado com o termo, são produtos básicos; matérias-primas para o desenvolvimento de tudo o que ainda possa passar por processos de industrialização a fim de agregar valor ao que futuramente venha a ser comercializado. Partindo desse princípio, no qual – especificamente – ambos os países em questão produzem materiais básicos (e são relevantes, afinal, chegam a ser líderes globais em suas especialidades) e vivem o cenário de guerra entre si, as economias ao redor do mundo se deparam com o que mais pode comprometer o poder de compra de suas populações: o choque de oferta.

 As leis de oferta e demanda são as principais responsáveis pela atribuição de preço a quaisquer produtos ou serviços. É o ponto de encontro das duas curvas (as de oferta e de demanda) o que determina o preço de equilíbrio de comercialização entre vendedor e comprador. Logo, portanto, as assimetrias de oferta causadas pelo contexto de guerra provocam o reajuste de preços até alcançar o equilíbrio em questão. Contudo o problema é ainda maior quando nos damos conta de que a maior parte da produção do leste europeu (principalmente os países em guerra) é material básico e qualquer reajuste de preços provoca uma reação em cadeia de todo o sistema global de produção, estressando os índices inflacionários ao redor do mundo e reduzindo a qualidade de vida de toda uma população mundial.

A Ucrânia, por exemplo, é a maior produtora de trigo do mundo. Por consequência, se a produção (ou abertura de comércio) é reduzida, até o macarrão que você come no restaurante, ou o pão em sua casa vão ficar mais caros. A guerra entre Rússia e Ucrânia tem provocado os mais diversos impactos humanitários, sociais, políticos econômicos, naturais e não há como não sentir seus efeitos colaterais mesmo estando tão longe. Notícias abordando essa realidade estão aos montes espalhadas pelos jornais e outros meios de comunicação, mas meu foco aqui é outro: mostrar como uma reação em cadeia pode afetar o seu bolso e você precisa entender a causa disso.

No Brasil, é ano eleitoral, estamos vencendo uma pandemia e vivenciando uma grande crise de oferta ao redor do mundo. A instabilidade é enorme, mas a democratização do conhecimento vai nos ajudar a superar qualquer tipo de incerteza.

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Quebra-cabeças

sexta-feira, 20 de maio de 2022

Muito já ouvi falar que para a construção de uma obra nova, devemos preparar o terreno, cuidar da limpeza do local, criar o ambiente ideal e promover as adaptações que se fizerem necessárias. Na verdade, essas medidas são mesmo fundamentais. Mas a metáfora dessa ideia é a que me leva a pensar. Não sobre obras, mas sobre pessoas.

Muito já ouvi falar que para a construção de uma obra nova, devemos preparar o terreno, cuidar da limpeza do local, criar o ambiente ideal e promover as adaptações que se fizerem necessárias. Na verdade, essas medidas são mesmo fundamentais. Mas a metáfora dessa ideia é a que me leva a pensar. Não sobre obras, mas sobre pessoas.

Passamos muito tempo de nossas vidas construindo ideias sobre os outros. E o tanto que nos enganamos é algo grandioso. Creio que não somos tão bem-sucedidos nessas obras. Inevitavelmente, nos equivocamos. Erramos o cálculo. Confundimos a perspectiva. Mudamos o projeto.

Seres humanos não são esse tipo de projeto que elaboramos com técnica. Somos, na verdade, uma obra sempre inacabada e complexa. Imperfeita por natureza. Em evolução (ou involução). O projeto é de vida e não há nada mais pessoal do que isso. O outro, por mais perito no assunto que seja, não pode precisar com exatidão o que acontece no interior da obra, nem apresentar soluções lapidares.

Esse terreno – que somos nós – não está descoberto a ponto de desvendarmos seus desníveis pelo olhar. Tem até areia movediça por baixo do mato verde. Tem de tudo, como se diz.

Investimos preciosos minutos de vida construindo uma imagem do outro. Supondo coisas. Julgando e prejulgando pelo pouco que conhecemos a seu respeito. Por isso o culto reverenciado pela imagem. Nem sempre a real. Quase sempre a projetada. A que pode ser vista. Isso é uma grande tolice, pois ao construirmos pessoas fictícias em nosso imaginário, empenharemos o dobro de energia para desconstrui-las, pois comumente erramos as análises. Os outros não são o que pensamos deles. Os outros são o que são.

Seria interessante se aceitássemos que o jogo começa com as peças do quebra-cabeças desmontadas, para então, com o tempo pudéssemos aprofundar e conhecer a imagem real que será formada. Daria menos trabalho e as surpresas talvez fossem mais prazerosas. Ou mais reais.

Mania estranha essa de querermos jogar um jogo ganho. Imagens preestabelecidas. Vencedores determinados. E no final das contas, a frustração da decepção. O girassol que eu estava montando no meu quebra-cabeças não passa de uma forma geométrica e sem sentido. Uma bola amarela. E vice e versa. Quantos girassóis deixamos de descobrir no meio do jogo justamente por superficialmente só enxergarmos a bola amarela. Sem essência. Forma e não flor.

Desconstruir é preciso. E se tivermos ânimo, reconstruir. Não sei se me fiz entender. Mas também não é preciso. Referenciando mais uma vez Clarice Lispector: “ não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento”. Não me preocupo, pois.

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A internet não é terra de ninguém

quinta-feira, 19 de maio de 2022

Diariamente somos bombardeados por uma enxurrada de informações. Notícias que acontecem do outro lado do mundo chegam quase que imediatamente em nossas telas dos smartphones. A comunicação, que entre as pessoas distantes, era demorada, hoje, em questão de cliques ultrapassa qualquer barreira em milésimos.

Diariamente somos bombardeados por uma enxurrada de informações. Notícias que acontecem do outro lado do mundo chegam quase que imediatamente em nossas telas dos smartphones. A comunicação, que entre as pessoas distantes, era demorada, hoje, em questão de cliques ultrapassa qualquer barreira em milésimos.

As informações estão a cada dia mais rápidas. E da mesma forma que somos bombardeados em nossas redes sociais, cada vez temos menos tempo e estamos dispostos a consumirmos conteúdos de forma desordenada. Contudo, a dinamicidade da comunicação é constante e positiva por muitos os lados, mas também tem seus lados negativos e seus efeitos devastadores.

Tudo que “cai” na internet, se espalha rapidamente, de forma definitiva e em todas as direções. Não há mais o menor controle para quem ou como as pessoas estão consumindo esse conteúdo e esse fenômeno se chama “repercussão viral”.

Na maior parte das vezes, atinge e promove positivamente, muitas pessoas em seus trabalhos, empresas e na boa comunicação. Um grande exemplo, é o jovem, “Luva de Pedreiro” que com seu carisma, ganhou o coração dos espectadores nas redes sociais por ser humilde e hoje assina contratos milionários com grandes empresas.

Contudo, tudo que é bom, também acaba sendo mal utilizado e seus efeitos, podem ter consequências, não somente para a gente, mas para outras pessoas, muitas vezes, irreversíveis, ainda mais em épocas de radicalismo em que vivemos hoje. Mas é preciso saber, até que ponto somos responsáveis pelo que falamos, compartilhamos e divulgamos?

Somos inteiramente responsáveis

Quem nunca ouviu falar de alguém que teve sua intimidade divulgada em um vídeo intimo que circulou na internet? Você jamais se viu diante da propagação de fotos de vítimas fatais após acidentes de trânsito? De maneira nenhuma, você expôs a intimidade de alguém, por meio de conversas ou falas em rede? Nenhuma vez foi comunicado e avisou sobre a realização de uma blitz em um grupo de trânsito?

Ao afirmarmos que a internet é uma “terra sem lei” implica em duas falhas muito graves. A primeira, é que ninguém se importa e ninguém cuida. A segunda é, que todos nos podemos ser inteiramente responsáveis por tudo que fazermos lá, mesmo que, tentemos nos camuflar através de perfis falsos.

Eric Lima, advogado e pós-graduado, explica que os crimes mais comuns na internet são: a calúnia (imputar um crime à alguém), injúria (atribuir a alguém uma qualidade negativa), difamação (imputar um fato ofensivo à reputação alheia), divulgação de pornografia sem consentimento, vilipêndio de cadáver (foto de vítimas fatais em acidentes), violação de direito autoral (pirataria), comunicação de blitzes e falsidade ideológica (se passar por alguém).

“Os mesmos crimes que são cometidos no dia-a-dia, seja numa briga no trânsito ou uma ofensa também acontecem com naturalidade no ambiente virtual. Todos nós estamos sujeitos às mesmas penalidades que a legislação penal e civil que podem gerar dano moral, e ocasionar indenizações. Não podemos esquecer, também, que quem compartilha está contribuindo na disseminação da ofensa e pode ser responsabilizado como se fosse co-autor do crime.”

Como nos prevenirmos

Devemos ter muita responsabilidade ao compartilharmos fotos, vídeos, opiniões e intimidades, pois tudo se espalha com extrema velocidade e podemos responder por isso fora do mundo virtual.

Em relação aos crimes de divulgação de pornografia, o segredo é o mínimo de empatia. Se pararmos para e nos colocarmos no lugar do sentimento que a vítima está passando já é um bom começo. O sofrimento é tamanho que pessoas chegam a fazer besteiras consigo após tamanha repercussão. Denuncie quem compartilha!

Em relação ao compartilhamento de fotos de vítimas e divulgação de blitz, o segredo é o bom senso. Se ponha em um lugar de um dos familiares que acabou de perder um filho após um acidente envolvendo alguém bêbado. E acima de tudo, saiba que sua divulgação pode render um processo criminal.

Em relação aos crimes de calúnia, injúria e difamação, a resposta é simples. Se as postagens envolverem terceiros então, a responsabilidade deve ser redobrada, e às vezes até elevada à quinta potência. Esses crimes são os que mais geram consequências não somente na esfera criminal, mas na esfera social, já chegando a morte de pessoas nas ruas, por fatos que não eram verdade. Devemos ser extremantes seletivos com tudo aquilo que compartilhamos e tomarmos cuidado com os linchamentos virtuais.

Liberdade informática não quer dizer falta de limites e a liberdade de cada um acaba quando começa a liberdade do outro. A internet não é “terra de ninguém”, e apesar de estamos dentro de um ambiente virtual ainda sim temos nossas responsabilidades. O ideal é sempre se por no lugar do outro e perguntar: “E se fosse comigo?”

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Tem dor nessa vida

quinta-feira, 19 de maio de 2022

Dr. Scott Peck, famoso psiquiatra norte-americano começa seu best-seller “Road Less Travelled” (A Trilha Menos Percorrida) com “A vida é difícil.”. No centro da filosofia budista encontramos a afirmação de que “viver é sofrer”. Jesus disse que “no mundo tereis aflições”. Melody Beattie escreveu: “A vida machuca” (“Pare de se maltratar”, 2003, Record). Quando uma pessoa morre é comum dizer-se: “Descansou.” Ora, afinal, a vida é boa ou não? Talvez tenhamos que fazer outra pergunta: Qual vida? Ou ainda, de que pessoa? E mesmo assim, em que momento?

Dr. Scott Peck, famoso psiquiatra norte-americano começa seu best-seller “Road Less Travelled” (A Trilha Menos Percorrida) com “A vida é difícil.”. No centro da filosofia budista encontramos a afirmação de que “viver é sofrer”. Jesus disse que “no mundo tereis aflições”. Melody Beattie escreveu: “A vida machuca” (“Pare de se maltratar”, 2003, Record). Quando uma pessoa morre é comum dizer-se: “Descansou.” Ora, afinal, a vida é boa ou não? Talvez tenhamos que fazer outra pergunta: Qual vida? Ou ainda, de que pessoa? E mesmo assim, em que momento?

Outro dia percebi que havia ao mesmo tempo sol, uma chuva fininha, uma corrente de ar quente que passou por meu carro, e mais adiante um ar frio. A vida parece ser assim, sem previsões, e parece que a imprevisibilidade esta cada vez maior em tudo, nas decisões judiciais, numa eleição política, no tempo atmosférico, numa relação conjugal.

A vida, aquilo que mantém eu e você vivos é algo maravilhoso, sem dúvida. Olha um cadáver. Inerte. Sem circulação. Sem cor na pele. Sem vida. Onde está a vida que o fazia se movimentar segundos antes da morte? Onde está aquela energia que movia o corpo e a mente? A Bíblia diz que está com Deus, a Fonte da vida (veja Eclesiastes 12:7). Neste sentido, a vida, como energia que nos faz estar vivos agora é maravilhosa! Não temos controle sobre ela. Não podemos dizer a ela: “Fica aqui em meu corpo mais 50 anos!” e ela ficar. Podemos antecipar seu desaparecimento, mas não temos poder para esticar sua permanência mais do que está proposto.

E como é a vida no sentido de como vivemos, de como decidimos ou não decidimos as coisas, de como nos relacionamos uns com os outros, e de como sentimos nossos sentimentos, como pensamos? É boa ou ruim? Feliz ou infeliz? Depende.

Você pode um dia estar se sentindo muito bem. Pode estar sereno, em paz, e pensar: “Puxa, quando é que isso (essa sensação) vai embora?” “Por que não fica assim sempre?” Mas aprendendo a viver um dia de cada vez, uma emoção de cada vez, então você pode deixar aquele pensamento de lado, e curtir o momento agradável. O que é bom passa, mas o que é desagradável também passa. Vem o sol, depois vem a chuva, depois vem o mormaço, em seguida uma neblina, depois um pouco de frio, em seguida o céu azul e o sol esquenta. Tudo imprevisível, assim é nossa vida.

As palavras “sempre” ou “nunca” são perigosas. Nunca sabemos o que virá. Nunca disse para um paciente meu “Você vai ter que usar este medicamento o resto de sua vida!” Por que não dizia isso? Por que não tinha e não tenho condições de afirmar tal coisa. Muitas coisas fantásticas podem ocorrer na vida de uma pessoa em termos terapêuticos ou curativos que nunca imaginaríamos ser possível pela Medicina convencional. Por isso, no máximo, posso afirmar: “Pode ser que você vá precisar usar isto por muito tempo. Mas, vamos ver o que ocorrerá no futuro.”

A vida dói porque vêm dores de fora e de dentro de nós. Dores emocionais, dores físicas, de perda, de abusos, de maldades feitas contra a gente, ou que fazemos contra pessoas. Deus fez os seres humanos bons e equilibrados, mas nós criamos muitas complicações. A vida é bela, mas temos dores. Saúde mental não é ausência de tristeza, ansiedade, medo, mas é não se apavorar quando sentir isto, é ter paciência consigo mesmo quando sentir isso, e aguentar estas emoções desagradáveis até que elas passem sem se drogar com qualquer coisa. E ter esperança de melhora e recuperação.

 

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O sonho do tetra

quarta-feira, 18 de maio de 2022

O sonho do tetra
Grande festa na quadra da Vilage no Samba com o 5º tricampeonato de sua história. A maior campeã do carnaval friburguense também ampliou a sua vantagem para a 2ª maior campeã, a Unidos da Saudade: 27 a 21. Celebrando a conquista, ninguém escondia a empolgação em buscar mais uma vez o inédito tetra. Nunca uma agremiação conseguiu quatro títulos seguidos.

O sonho do tetra
Grande festa na quadra da Vilage no Samba com o 5º tricampeonato de sua história. A maior campeã do carnaval friburguense também ampliou a sua vantagem para a 2ª maior campeã, a Unidos da Saudade: 27 a 21. Celebrando a conquista, ninguém escondia a empolgação em buscar mais uma vez o inédito tetra. Nunca uma agremiação conseguiu quatro títulos seguidos.

2023 é logo ali
Apesar de ninguém dizer, a verde e branco, já tem enredo em mente para 2023. Nada diferente das demais agremiações que, no entanto, terão mudanças. Tanto a última, como a 3ª colocada, Imperatriz de Olaria e Alunos do Samba, respectivamente, mudarão seus carnavalescos. Todas tentando impedir o desejado feito da Vilage.

Menor tempo de preparação
O tempo de preparação para o próximo carnaval será bem menor. Serão praticamente oito meses, portanto, quatro meses a menos do que o normal. O período da ressaca será encurtado. Projeta-se para julho a retomada das atividades nos barracões e eventos nas quadras. Em agosto, devem começar a se revelar os enredos e na sequência as inscrições para as disputas de samba.

Disputas de samba
Ainda, não oficialmente, a Unidos da Saudade deve retomar as disputas de samba, após ter encomendado a obra desse ano. A agremiação recebeu apenas um 10 dos três jurados e após o corte da menor nota, perdeu um décimo na disputa. Exatamente o décimo que a faria empatar em número de pontos com a Vilage. A tricampeã por sua vez faz avaliações internas se, após muitos anos, retomará a disputa de sambas. Tudo leva a crer que sim.

A conferir
A Imperatriz de Olaria deve manter a tradição das disputas já que são sempre muito concorridas e lotam sua quadra. Já o Alunão avalia se mantém o concurso para a escolha do seu samba ou se encomenda a obra, após a última disputa ter dividido a escola, sendo muito acirrada. Tudo deve se tornar mais claro, no entanto, dentro de duas semanas.     

Carnaval em fevereiro
Entre as agremiações é dado como certa a volta do carnaval na sua data, claro que salvo intempéries como a da pandemia da Covid-19, que cancelou os desfiles de 2021 e adiou os deste ano. Nos corredores, se diz que o Poder Público sequer acena com uma discussão sobre manter o carnaval friburguense fora de época.

Economia ou movimento?
Ainda que não se tenha uma avaliação mais apurada, os que defendiam o carnaval fora de época já fazem uma revisão. Ainda que se possa trazer estrelas do carnaval carioca e de São Paulo, inclusive friburguenses que lá trabalham, não compensa o clima, tanto do frio, como das pessoas em si. O evento em maio pode ter levado economia aos cofres públicos, no entanto, perdeu a oportunidade da celebração ampliada do aniversário da cidade, com outro tipo de eventos, como a sonhada volta da festa da cerveja.

Domingo de boas vendas
Segundo os barraqueiros que alugaram seus espaços no entorno da Praça Dermeval, o maior volume de vendas foi registrado no domingo, 15, dia dedicado aos poucos blocos que saíram e o trio elétrico, incluindo uma festa LGBTQIA+. No entanto, a impressão é que o maior público ocorreu no sábado, 14, com o desfile das escolas de samba do Grupo Especial que lotou a Alberto Braune. Já os desfiles dos antigos blocos de enredo na sexta, 13, contaram com poucas pessoas nas arquibancadas.

Avaliação
Elogios à estrutura montada, com arquibancadas mais amplas do que nos anos anteriores, assim como uma boa quantidade de banheiros químicos. Boa iluminação e som na avenida. A organização do trânsito, no que pese em fluidez, não deixou a desejar. Já os horários de encerramento das atividades no palco da praça foram alvos de críticas, assim como colocar o Bloco das Piranhas no domingo. No geral, foi um grande carnaval.  

Quase fora
No sábado do carnaval friburguense, acabou passando batida mais uma derrota do Friburguense, em casa, dessa vez para o Sampaio Corrêa, por 3 a 1. Apesar de ter marcado gols em todos os jogos, a defesa tricolor é disparada a pior da competição, sofreu nove tentos, mais do que o dobro da 2ª pior. Para além dos números ruins, o sonho de classificação para as semifinais do 1º turno está praticamente encerrado.

Eliminado do turno
Faltando duas rodadas, para se classificar o Friburguense precisaria de duas vitórias e ainda torcer para que o Volta Redonda perca seus três jogos restantes mais uma combinação de resultados quase impossível. O time da Cidade do Aço tem uma rodada atrasada que se completa hoje, 18, às 15h, diante do Artsul. Em suma, nem a matemática salva: o Friburguense está eliminado. Além de pensar no 2º turno, o Friburguense precisará é lutar contra o incômodo último lugar da competição.

Rebaixamento
Em penúltimo, a apenas um ponto da zona do rebaixamento, o Friburguense pode entrar nesse lugar, caso o Maricá empate ou vença o Gonçalense/Petrópolis, em partida ainda da 3ª rodada que se completa hoje, 18, também às 15h. Apesar da situação ruim na tabela, se mantém o otimismo de que o Friburguense não brigará para não cair para a terceirona e que tem time para brigar pela classificação.

Palavreando
“Que comece um novo carnaval... O novo é entusiasmante. Mas lealdade à quarta-feira de cinzas, pois luto fantasiado falseia a verdadeira vontade de começar novo desfile... De começar de novo. Para viver novo enredo, desde à sua concepção, à escolha de seus sons, fantasias, alegorias e adereços. Suas verdades”.

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A moça que gostava de estudar

quarta-feira, 18 de maio de 2022

Nunca se sabe o que esperar de uma pessoa que gosta de ler e de estudar

Nunca se sabe o que esperar de uma pessoa que gosta de ler e de estudar

No bairro onde passei alguns anos de minha infância, estudar não era coisa a que se desse grande valor. Para a maioria das famílias, se o filho aprendesse o suficiente para conseguir emprego numa fábrica ou numa loja, já estava muito bom. Passar disso era ambicionar demais, já era estar querendo se meter a filho de doutor. Minha mãe, no entanto, era uma exceção, não sem motivo ela se chamava Conceição (no oficial); Ceção (para as coisas do dia a dia) e uma de suas ideias fixas era arrumar colégio para nós. De modo que eu e meus irmãos tínhamos grande dificuldade de escapar dos estudos. Apesar disso, eu comungava da crença geral entre a garotada local de que estudar contrariava a natureza humana. Não podia ser normal a gente ter que renunciar a jogar pelada ou apostar corrida pelas ruas para se enfurnar entre quatro paredes, contemplando a professora diante de um quadro negro, fazendo umas contas malucas que ninguém entendia.

 Mas havia nesse bairro certa mocinha que gostava de estudar. Aquilo rompia com a harmonia do universo. Lá ia ela carregando livros e cadernos e, ao contrário de nós outros, com a cara mais feliz do mundo. Sim, ela não apenas ia ao colégio, mas ia contente. Verdade que, sendo alguns anos mais velha do que nós, frequentava uma escola no Centro e ainda se dava ao luxo de ir e vir de bicicleta, enquanto nós marchávamos a pé para o grupo escolar da vizinhança. O mais assombroso era que havia quem garantisse que ela gostava também de ler, isto é, não se limitava aos que os professores mandavam, mas por conta própria enfiava os olhos e a cara em livros que ela mesma procurava.

 Diante de tamanha estranheza, também os adultos tinham a suspeita de que a moça era, como então se dizia, meio gira. Ou seja, meio pancada, meio abestada. Para falar francamente, meio maluca. A família, no entanto, tratava-a com naturalidade e até mesmo com orgulho. A mãe dela chegava a olhar a gente de cima, como se dissesse que a filha não era da nossa laia, muito pelo contrário, era alguém que gostava de estudar. Alguém que podia até vir a ser datilógrafa em algum escritório ou secretária em alguma fábrica, por que não?

Nós, meninos, nunca tivemos dúvida sobre a pouca sanidade mental da moça. Alguns, mais benevolentes, a consideravam esquisita; os demais a tinham na conta de doida varrida. Quando ela passava pedalando, pontas de cadernos e livros olhando para fora da pasta abarrotada, a gente parava para contemplar com curiosidade e um pouco de medo ─ nunca se sabe o que esperar de uma pessoa que gosta de ler e de estudar. Mas o fato é que a moça nunca nos fez outro mal, a não ser o mau exemplo que dava e que alguns pais logo começaram a querer que os filhos imitassem. Isso não me afetou muito porque, como já disse, mesmo que eu não quisesse, Ceção me mandava para as aulas. Quanto aos livros, muito cedo também eu viria a contrair a incurável doença de gostar deles.

Aquela misteriosa moça só deixou de ser para nós um mistério quando tomou um tombo de bicicleta. Aconteceu que certo dia ela não conseguiu equilibrar em cima de duas rodas o corpo e a sabedoria e ambos vieram ao chão. A pobrezinha ficou esparramada no meio da rua, numa deselegância que ninguém podia imaginar numa pessoa tão estudiosa. Um cidadão chegou para socorrê-la antes que ela pudesse arrumar a saia, tendo ele, no entanto, a infeliz gentileza de acalmá-la dizendo: “Não adianta esconder que eu já vi tudo!” Mas levantou-a com cuidado, enquanto os moleques juntavam pertences dela e cheios de cerimônia os entregavam.

A partir daquele dia deixamos de ver aquela jovem como um ser estranho, quase do outro mundo. Foi com certeza o momento em que de uma vez por todas compreendemos que os intelectuais são apenas seres humanos e que, como todos os mortais, estão sujeitos a quedas e fracassos.

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Na falta do que dizer, fala-se em golpe

quarta-feira, 18 de maio de 2022

Li no portal de notícias Uol, na segunda feira, 16, a seguinte pérola: “Partidos veem risco de Jair Bolsonaro tentar golpe, e autoridades se calam”. Confesso que fico pasmo quando vejo esse tipo de assunto vir à baila, pois me parece coisa de quem não tem o que fazer e começa a disseminar boatos ou inverdades, com o intuito de disseminar o medo ou, o que é mais grave, para criar mais problemas com o objetivo de tumultuar por tumultuar.

Li no portal de notícias Uol, na segunda feira, 16, a seguinte pérola: “Partidos veem risco de Jair Bolsonaro tentar golpe, e autoridades se calam”. Confesso que fico pasmo quando vejo esse tipo de assunto vir à baila, pois me parece coisa de quem não tem o que fazer e começa a disseminar boatos ou inverdades, com o intuito de disseminar o medo ou, o que é mais grave, para criar mais problemas com o objetivo de tumultuar por tumultuar.

Em seu artigo "O Golpe de Bolsonaro", publicado na “Ilustríssima”, Wilson Gomes (professor da Universidade Federal da Bahia e autor de "Crônica de uma Tragédia Anunciada", domingo, 15, na Folha) ensina os dois significados da palavra, um estimulando o outro. Tem o mais comum, que é sinônimo de tramoia, farsa, embuste, logro, fraude. O outro, muito conhecido dos brasileiros desde a Proclamação da República, significa tomada violenta do poder pelos militares. "O governo Bolsonaro e os generais seus acólitos jogam com os dois sentidos do termo", constata Gomes. "Mas, afinal, o golpe virá, ou é só mais uma das enganações de um movimento político que não existe sem fraude ou engodo?". Longe de mim contestar um emérito professor da Universidade Federal da Bahia, apesar da Folha não especificar qual matéria por ele lecionada, mas posso entrar nessa discussão, sem medo de errar.

Primeiro doa a quem doer, o movimento político a que se refere o mestre existe sim, pois é o resultado de 57,8 milhões de votos que elegeram o presidente atual; se ele não existe sem fraudes ou engodo, saberemos nas próximas eleições. O que não se pode negar é o fato de apesar de sofrer uma oposição ferrenha, jamais vista na história da república brasileira, Jair Bolsonaro vai entregar ao sucessor ou a ele mesmo, um país muito melhor do que aquele oriundo de 14 anos de PT e mais dois de Temer.

O mestre baiano cita ainda: “Na dúvida, acho melhor parar de falar esta palavra porque é isso que os golpistas querem: disseminar o medo e a insegurança na população que irá às urnas em outubro, para desviar a atenção do que realmente interessa, a grave crise econômica que assola as famílias brasileiras”. Esquece ele que ao final do governo do PT, englobando Luís Inácio por oito anos e Dilma Rousseff por seis anos, a taxa de desemprego alcançou 12 milhões de cidadãos e a inflação ao final do ano de 2016 era de 10,71 % (fase final do governo Dilma). Esqueceu ainda que o governo petista não foi assolado por dois anos da pandemia do Covid 19, nem conviveu com a guerra da Ucrânia. A aludida crise econômica é mundial e não poupou nem mesmo os Estados Unidos, onde a inflação de 6,7% (em 2021) já pulou para 8,5 % nos primeiros cinco meses de 2022. Ela atingiu o maior nível desde 1982, refletindo desequilíbrios da pandemia; os preços altos levarão o Banco Central de lá a subir os juros. É bom que se diga também que a alta dos combustíveis na terra do Tio Sam é significativa. (O preço da gasolina nos EUA em 2022 está em R$ 5,13, o litro (US$ 4,17, o galão) em 6 de abril). Na Europa os preços da gasolina nos postos são bem mais altos, se aproximando de R$ 13, o litro em alguns países, atualizado em 6/4/2022). Na terra do Tio Sam, em 2019 era de US$ 2,56 por galão (um galão é igual a 3,78 litros). Mas, isso não interessa ser revelado por essas mentes tacanhas, pois como já foi dito, mostram que a crise é mundial.

Cumpre dizer, também, que um golpe para ser engendrado precisa do apoio dos chefes das forças armadas o que não parece ser o caso presente; eles podem e com certeza repudiam a maneira com que a figura do chefe da nação vem sendo atacada, mas não demonstram a mínima intenção de usar a força para apaziguar o país. Quem viveu 1964 sabe que a desordem reinante por aqui, com ameaça às instituições e mesmo à democracia brasileira foi o estopim para o 1º de abril.

No entanto, esse movimento não se iniciou num simples estalar de dedos, ele foi gestado durante meses e iniciado apenas no momento em que a situação de normalidade democrática estava sob ameaça. Nenhum presidente, seja do país que for, inicia um movimento sem o apoio das forças armadas e tenho certeza que nossos chefes militares jamais apoiarão uma tentativa de fechamento do Congresso Nacional pelo atual governo. Claro está que se a ordem pública e social estiver sob ameaça, aí sim, as forças armadas cumprirão o seu papel de garantir a ordem constitucional do Brasil.

O resto é conversa para boi dormir, fruto da inveja de 43 milhões de eleitores que não aceitam até hoje o resultado das urnas de 2018. Se tivessem antevisto a derrota de Haddad tudo fariam para fraudar aquelas eleições e, aí, isso seria normal pois pimenta só arde no do vizinho.

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