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Lições que podemos aprender com Santa Catarina

quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

Em alemão, “Wanderlust” é definido como um termo que expressa o desejo em explorar o mundo. O sentimento de pegar um carro, um avião, ou mesmo uma bicicleta para viajar proporciona a nós uma sensação indescritível e só quem ama desbravar outros lugares sabe o aconchego que isso nos traz.

Em alemão, “Wanderlust” é definido como um termo que expressa o desejo em explorar o mundo. O sentimento de pegar um carro, um avião, ou mesmo uma bicicleta para viajar proporciona a nós uma sensação indescritível e só quem ama desbravar outros lugares sabe o aconchego que isso nos traz.

Não sei se somente eu, mas confesso que sempre me pego olhando ao redor dos lugares que visito e busco reparar o que há de melhor pelos quatro cantos das cidades e que poderia ser aplicado na nossa querida Nova Friburgo. Seja uma política criada através de uma lei ou mesmo, projetos que fariam a diferença na nossa cidade, que possui um potencial imenso, mas que não consegue alavancar de forma constante. Então, trazemos o questionamento. O que Nova Friburgo poderia aprender e melhorar na vida do friburguense?

A importância de uma meta

Um fato inegável é que Santa Catarina há muito tempo atrás decidiu que iria se tornar um dos polos industriais mais fortes de Brasil e fez disso uma realidade. Essa política fez com que cidades, do interior do estado e com a população próxima a nossa, se desenvolvessem e se tornassem referência no cenário nacional, como Chapecó, Criciúma e São José, entre outras.

Além disso, é inegável que, de uns anos para cá, o Estado de Santa Catarina decidiu que quer ser o maior polo turístico do Brasil. Assim, obras de pequeno, médio e grande porte vêm sendo feitas em todas as cidades do Estado proporcionando que os turistas vivam experiências únicas, tragam dinheiro para as cidades e as recomendem para outras pessoas.

Contudo, a sensação que temos é que Nova Friburgo encontra-se perdida. Com o passar dos anos, grandes indústrias se foram e poucos investimentos foram feitos na cidade para que nos tornássemos um grande polo turístico na região e no nosso estado.

A falta de uma meta definida para a cidade nos faz perder a identidade e torna nossa Nova Friburgo uma incógnita para o crescimento nos próximos anos. Afinal, se não sabemos onde queremos chegar, como iremos mudar? Temos que ter foco!

Ter metas e objetivos claros e bem definidos é primordial para a cidade. O propósito tem potencial de motivar e nortear as ações e a jornada evolutiva de qualquer tipo de projeto, fazendo com que a cidade toda sinta-se, diariamente, engajada, no sentido de vê-los tornando-se realidade em suas vidas.

Parcerias público-privadas

Historicamente, as Parcerias Público-Privadas (PPPs) já existem há muito tempo, mas chegaram agora ao Brasil para solucionar de uma forma clara e socialmente eficaz com relação ao investimento privado e a infraestrutura pública em áreas de altíssima relevância social.

É possível conciliar um grande investimento público com a iniciativa privada e ter ótimos benefícios para a sociedade. O antigo mercado de peixes era conflitante com as políticas de higiene e de bem estar social e hoje dá espaço a um dos pontos turísticos mais visitados da capital catarinense, Florianópolis. Restaurantes com comidas típicas, vendas de artesanatos, alugueis de pontos comerciais e shows de artistas locais, mostram como o Mercado Público da capital é mega rentável não somente ao Estado, mas a toda população empresária e empregada beneficiada pela obra pública.

Zelo com a cidade

Parece simples e óbvio, mas é possível perceber que as diferenças estão nos pequenos detalhes. Nova Friburgo é sem dúvida, uma das cidades mais lindas desse país, com montanhas, rios, cachoeiras e um clima único e que tem um potencial de crescimento gigantesco.

É fato que as belezas naturais da nossa cidade dão um banho em municípios referências no turismo como: Gramado-RS e Campos do Jordão-SP. Em Santa Catarina não é diferente o zelo com que as cidades são administradas, contando sempre com ruas limpas e sem buracos, podas feitas e obras simples, como, por exemplo, a estruturação e o embelezamento dos pontos de ônibus para que a cidade seja bela até onde não se esperava beleza. Nova Friburgo perde muito em detalhes pequenos.

Resumo da ópera

Fato é que Nova Friburgo não está numa redoma e não somente podemos, mas devemos, nos inspirar com o que deu certo além das nossas montanhas.

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A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.

Como desejar Feliz Ano Novo?

quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

Evito assistir os noticiários na TV por existir conflitos de interesses nas notícias. Hoje (27 dezembro, quando redigi esta coluna) numa rede de TV famosa falou-se que a vacinação em crianças contra a Covid-19 é segura. O apresentador fez uma infeliz e errada comparação sobre a diminuição de problemas de saúde no Brasil em crianças por causa de vacinas aplicadas já há muitos anos, dizendo que com a vacina da Covid-19 ocorrerá o mesmo, ou seja, trará benefícios para crianças.

Evito assistir os noticiários na TV por existir conflitos de interesses nas notícias. Hoje (27 dezembro, quando redigi esta coluna) numa rede de TV famosa falou-se que a vacinação em crianças contra a Covid-19 é segura. O apresentador fez uma infeliz e errada comparação sobre a diminuição de problemas de saúde no Brasil em crianças por causa de vacinas aplicadas já há muitos anos, dizendo que com a vacina da Covid-19 ocorrerá o mesmo, ou seja, trará benefícios para crianças.

A verdade é que as vacinas infantis antigas tiveram um longo período de pesquisas antes de serem liberadas, e a da Covid-19 é ainda experimental. Por isso não é cientificamente correto fazer tal comparação. Quando um noticiário (jornal, TV, rádio, revista, web) mostra só um lado da questão, em relação à Covid-19 ou outro assunto, fica a presença da parcialidade da empresa de comunicação. No noticiário citado acima ficou claro que a maneira como anunciaram o tema da vacinação de crianças com o imunizante Pfizer tinha conotação política e não científica. Foi mais um ataque ao presidente da República.

O que seria correto, ético e sem conflitos de interesses neste contexto de vacinação de crianças contra a Covid-19? Seria mostrar ao público estudos variados sobre esta vacina, os que falam de possíveis benefícios e os que falam dos perigos para a saúde das crianças se forem expostas a uma vacina ainda em fase experimental.

Poderosos laboratórios farmacêuticos premiam com altos honorários cientistas que se vendem aos interesses capitalistas desta indústria. Canais de comunicação deixam a ciência de lado (ainda que a citam) para fazerem o sujo jogo político, manipulando a informação para fins partidários e econômicos, com uma roupagem científica comprometida. Isto ilude a população brasileira que só obtém informações por estes canais de TV cheios de conflitos de interesses de poder.

A carta-divulgação da Anvisa (de 20/12/2021) comentou que a decisão de vacinar pessoas entre 5 e 11 anos de idade está baseada em trabalhos realizados pela Pfizer, quando, na verdade, para aumentar a confiabilidade, seria preciso considerar pesquisas de grupos independentes, sem conflitos de interesses. Por causa de disputas políticas visando o poder, a divulgação científica imparcial feita pela mídia é deixada de lado, e a população que se dane.

Por que os principais telejornais do país não mostram os dois lados da ciência sobre a vacina da Covid-19 para o público ser informado e tomar sua decisão pessoal? Não sou contra a vacina da Covid-19, mas sim contra a vacinação indiscriminada e em crianças (por enquanto), e contra o passaporte sanitário que não tem base científica nenhuma, sendo um instrumento de controle político com fins econômicos egocêntricos.

Como dizer “feliz ano novo” num contexto social de manipulação de informação, conflitos de interesses, corrupção descarada, e ataque aos líderes governantes que querem o bem da nação, preservação da família, da ética e da boa moral?

Dr. José Augusto Nasser, médico e neurocientista, formado em Biologia Molecular na Universidade de Colúmbia, nos Estados Unidos, um dos centros mais importantes sobre o estudo de contaminação viral do mundo, afirmou numa audiência pública no plenário do CLDF em Brasília em 8/12/2021: “Quem falou que [vacinas da Covid-19] são seguras?” Ele mesmo responde: “As agências (FDA, Anvisa etc.).” E pergunta: “Quem patrocinou os estudos que foram para as agências?” E responde: “As indústrias farmacêuticas!” E complementa: “Como vão dizer que isto não é seguro, se são elas que patrocinam os estudos?” E terminou sua fala dizendo: “Não vacinem suas crianças. Protejam suas crianças. Sejam corajosos para protegerem suas crianças. As crianças têm timo [glândula no peito especializada em defesa imunológica], as crianças têm imunidade natural. As crianças não precisam de algo que é muito, muito pior do que a doença.”

Desejo um Ano Novo com notícias verdadeiras na mídia, sem conflito de interesses. Mas sei que isso não se tornará realidade porque a maldade avança velozmente no mundo. Interesses de poder e econômicos estão tirando nossa liberdade. Então, desejo que você se proteja no Novo Ano com a verdade.

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Governador Raymundo Padilha atento à estrada da serra

quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

Edição de 28 a 30 de dezembro de 1971
Pesquisado por Thiago Lima

 

Manchetes:

Edição de 28 a 30 de dezembro de 1971
Pesquisado por Thiago Lima

 

Manchetes:

  • Estradas da nossa Serra - Governador atento ao assunto: O ano de 1971 que vai nos deixando, foi marcado pelos aumentos que resultaram na exploração do povo, principalmente em relação aos gêneros alimentícios e demais artigos de consumo nos lares. Daí, todos dizerem - com exceção, é óbvio, de uma chusma de privilegiados - 1971 já vai tarde… 
  • Conforme comunicação que diretamente recebemos, as obras da estrada da serra, estarão, a partir de janeiro de 1972 em ritmo super acelerado, de modo a que sejam concluídas com a máxima urgência. O governador Raymundo Padilha, tomou na melhor conta as justas reclamações que fizemos, agindo assim, como um governante sempre atento aos problemas do povo.  
  • Muito bem, prefeito Feliciano Costa: O prefeito de Friburgo, Feliciano Costa, num gesto que muito nos sensibilizou, enviou ao jornal uma mensagem especial, na qual, além de cumprimentos e votos de boas festas, salientou o quanto foi útil ao seu governo, o apoio leal e desinteressado que lhe oferecemos. O fidalgo gesto do Executivo veio demonstrar como o marujo-médico está preparado para as funções que o povo friburguense lhe confiou através das urnas do passado pleito. 

 

Mensagem para 1972

Ano novo!...
Tua chegada é festa
que ao mundo todo empresta, 
alegria fraternal
sabor tradicional nos votos de boas festas, 
boa entrada de ano
sem nenhum desengano.

Ano novo!... 
chegas sempre risonho 
como um dourado sonho 
cheio de fé e esperança
e trazendo a lembrança
de um bebê pequenino
sonhando com carinho
como um brinde divino. 

Ano novo!... 
tu chegas sempre em meio 
de uma imensa alegria
que nos traz esse dia
por vezes traz ventura
outras vezes amargura.
esquecemos porém
todas as nossas mágoas
se marcaram ao passado, 
e esperar que o presente
dê ao mundo permanente
alegria anual
numa paz mundial.  

Ano novo!... 
para nossa juventude
tão pra frente, e estudiosa, 
que o novo ano ilumine, 
e transforme seu caminho 
numa estrada luminosa. 

Ano novo!... 
que o sorriso da criança
nada possa ensombrear, 
e que seja entre sorrisos
todo o seu caminhar. 

Ano novo!... 
que tu sejas ano novo
assim para todos nós
um caminho florido, 
que todos os espinhos
possam ser afastados,
e nosso pensamentos
como os nosso desejos
possam ser ajustados. 

Salve! 1972. (Maria Thereza)

 

Pílulas:

  • Com esta edição damos por terminadas as tarefas a que nos propomos relativas a 1971. Vamos partir para novas lutas que, já sabemos, serão árduas e altamente desgastadoras, dada a péssima qualidade do “material” que teremos de enfrentar e que enfrentaremos, sem um só segundo de pausa. Embora não sejamos “palmatória” do mundo, o ânimo com que combatemos os espoletas da sociedade e da política locais não arrefecerá jamais. Não descansaremos, enquanto não vermos amplamente derrotados, certos políticos da nossa terra que fazem da traição a constante das suas carreiras de homens públicos. 
  • No ano da graça de Nosso Senhor, 1972, na seara da política da nossa terra, histórias para alguns verdadeiramente inesperadas e desagradáveis irão acontecer. “O canto do cisne" ocorrerá para glória da política friburguense e felicidade do nosso povo. O vaso tantas vezes vai à fonte que um dia quebra… Não adianta fome para funções públicas. O eleitorado será devidamente esclarecido. Duvidamos que ainda incorra no erro palmar de eleger inutilidades… A coisa é esperar a abertura das urnas! 
  • Verdadeiramente apoiado pela opinião pública friburguense, o industrial Álvaro de Almeida, já se prepara para os embates das urnas em 1972. O fato de não querer participar do diretório local do MDB não quer dizer, em absoluto, que o ex-deputado que tão bem representou o nosso povo na assembleia, vai abandonar a política ou que está desanimado. Ao contrário, está tomando “gás” e diuturnamente funciona em termos da eleição programada. Como membro destacado do diretório estadual do MDB, é presença certa nas reuniões daquele organismo e vem sendo assediado para concorrer a deputação. Nada resolvido até então. 

Sociais:

  • A VOZ DA SERRA registra os aniversários de: Rogério Sampaio (31); Sebastião Mário de Azevedo (2 de janeiro); Getúlio César Garcia Ventura, Melicia Garcia Figueiró e Amadeu Villa (3); Walter Soares da Cunha, Mário Antônio Thurler, Nair Figueiredo Bizzotto e Georgeta Crelier Maia (4); Pedro Cúrio (5); Hamilton Nogueira, Júlio José da Silva e Lourdes de Mello (6); João Luiz Aguilera Campos (7); Alberto Kunzel, Gilberto Moreira Costa, Luzia Garcia Ventura e Beatrice Cariello (8). 

E mais:

  • Nova Friburgo de fora da reforma do ensino primário em 1972 
  • Orquestras super piramidais nas festas de réveillon do Contry Clube, SEF e Xadrez  

 

Foto da galeria
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Medicina na Uerj

quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

Medicina na Uerj
A Universidade do Estado do Rio (Uerj) está retomando seu plano de interiorização e vai se instalar em Cabo Frio, cidade bastante procurada pelos friburguenses, alguns dos quais tem casa de veraneio. A ideia é implantar a Faculdade de Ciências Médicas nas instalações do Hospital Universitário Reitor Hésio Cordeiro que foi considerado de utilidade pública pela prefeitura da cidade praiana.

Medicina na Uerj
A Universidade do Estado do Rio (Uerj) está retomando seu plano de interiorização e vai se instalar em Cabo Frio, cidade bastante procurada pelos friburguenses, alguns dos quais tem casa de veraneio. A ideia é implantar a Faculdade de Ciências Médicas nas instalações do Hospital Universitário Reitor Hésio Cordeiro que foi considerado de utilidade pública pela prefeitura da cidade praiana.

Aqui, ainda não
Mais dois cursos devem ser implantados: Ciências Ambientais e Geografia. A Uerj dará como próximo passo a solicitação da desapropriação do prédio do hospital e mais as instalações da extinta Ferlagos, ambos localizados no bairro Jardim Flamboyant. O curso de medicina é um sonho antigo de Nova Friburgo, mas que não parece ainda muito longe.

Medicina em Nova Friburgo?
Por óbvio, o sonho ideal é de que venha por uma instituição pública, mas há em curso uma avaliação da instalação do curso de medicina em Nova Friburgo, através da universidade Estácio de Sá. Nada ainda muito formalizado. Recentemente, foram abertas inscrições para Medicina Veterinária. O curso exigirá uma estrutura maior, incluindo um novo espaço para as atividades práticas. A soma desse novo curso com os já existentes na área de biomédicas (Fisioterapia, Psicologia e Enfermagem) são vistos como embriões para a empreitada de Medicina.

Sem novos cursos, por enquanto
Com relação à Uerj Nova Friburgo, a pandemia certamente deu um freada nos planos de novos cursos, inclusive já discutidos em alguns conselhos da universidade. Mas, por enquanto, nada previsto, pelo menos para 2022. A discussão de bastidores era a possibilidade de trazer pós-graduações na área de Direito, uma vez que Nova Friburgo tem muitos graduados na área, mas raras ofertas de pós-graduação.            

Saldo de empregos positivo
Nova Friburgo gerou 311 novos postos de trabalho no mês de novembro. Os dados são do Caged (Cadastro Geral de Emprego e Desemprego), da Secretaria Nacional do Trabalho. No acumulado do ano, são 2.855 novos postos de trabalho formais. Ainda não estão contemplados os dados de dezembro que só serão divulgados no final do mês de janeiro.

Força das confecções
O setor industrial foi o maior responsável pelo crescimento, sendo responsável por 45% de todas as novas contratações em Nova Friburgo. Destaque para as confecções, setor que mais gerou empregos: 726. O destaque negativo em 2021 é o setor de supermercados, com 139 vagas a menos. Curiosamente, apesar de novos supermercados inaugurados neste ano, isso não refletiu na maior geração de empregos. 

2020 superado
Após terminar 2020 com um saldo de 620 desempregos, Nova Friburgo superou a pandemia e não só recuperou as vagas perdidas no ano anterior como ampliou em quase cinco vezes os empregos formais.

11º no Estado
Apesar da marca expressiva, Nova Friburgo não figura mais entre os dez melhores geradores de emprego do Estado, posição que ficou no primeiro semestre. O município ficou na 11ª posição, atrás de: Rio de Janeiro (1º), Macaé (2º), Niterói (3º), São Gonçalo (4º), Duque de Caxias (5º), Campos (6º), Nova Iguaçu (7º), Volta Redonda (8º), Petrópolis (9º) e Araruama (10º).

Desigualdade vacinal
Dados da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) indicam que apenas 16% dos municípios do Brasil apresentam mais de 80% da população com o esquema vacinal completo e alerta para a distribuição vacinal desigual. Isso é preocupante porque locais com baixa cobertura de vacinação representam um risco para a população local e se tornam porta de entrada para novas variantes.

Números desatualizados
No entanto, como a plataforma usa os dados do Ministério da Saúde, os dados podem ter defasagem. Isso porque, municípios como Nova Friburgo ainda não conseguiram regularizar a aplicação da vacina e o devido cadastro na plataforma do Governo Federal. Pela plataforma, Nova Friburgo teria completado o esquema vacinal (2ª dose) em 63,84% da população alvo (acima de 12 anos). Já a prefeitura divulga ter completado o esquema vacinal de 93,49% dessa população.

Melhor x pior
Ou seja, pelos números frios, sem a devida atualização, mas que dão base para os estudos técnicos do Ministério da Saúde, Governo do Estado e a própria Fiocruz, Nova Friburgo estaria entre os municípios brasileiros “em atraso” na vacinação. Pelos números da prefeitura, certamente estaria entre os melhores do país e do mundo. Resta saber quando os dados ficarão condizentes com a realidade.      

Palavreando
“Sorrio de longe, sinto de perto que a vida é mais do que um ano que passa com todas as suas tragédias e milagres e bem mais do que um ano que chega com todas as suas promessas e planos.  Agora sou o que sou, amanhã já não sei”.

Ano de 2021 foi de muitas perdas. No cotidiano que começa a se reestabelecer, três ausências são muito sentidas na vida prática do friburguense. Figuras que, se não ilustravam os jornais ou no campo das autoridades, eram extremamente queridas e faziam parte do dia a dia da cidade. A coluna faz questão de relembrar hoje, Lauro, Papagaio e Cesar Namer. O ano começou com a perda do Seu Lauro para a Covid-19. Mais antigo barbeiro da cidade, era também um cidadão participativo no Parque Maria Teresa. Papagaio, o pai das Filhas de Bamba. O entusiasta da mais autêntica roda de samba de Nova Friburgo, lá no seu cantinho, no Córrego Dantas. Acometido por um câncer, deixou legado com as filhas. E por último, mais recentemente, Nova Friburgo perdeu o mais mineiro dos friburguenses. Dono do melhor arroz com feijão da serra, César era um tricolor de bom coração já deixa muitas saudades.   

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A VOZ DA SERRA é um provocador de emoções!

terça-feira, 28 de dezembro de 2021

Quando peguei meu presente de Natal na caixa do correio, no portão, antes mesmo de abrir, senti o peso de seu conteúdo: 20 páginas de uma edição de tirar o fôlego de qualquer viajante que se disponha a viajar na arte da escrita. A folha A4 logo deu o seu chilique: - Elisabeth, sua maluca, você não vai querer que eu seja o seu “saco de viagem” para carregar tanta bagagem literária! De minha parte, faço ouvidos moucos e me ponho a pensar, digitando as palavras, porque o desafio é muito estimulante.

Quando peguei meu presente de Natal na caixa do correio, no portão, antes mesmo de abrir, senti o peso de seu conteúdo: 20 páginas de uma edição de tirar o fôlego de qualquer viajante que se disponha a viajar na arte da escrita. A folha A4 logo deu o seu chilique: - Elisabeth, sua maluca, você não vai querer que eu seja o seu “saco de viagem” para carregar tanta bagagem literária! De minha parte, faço ouvidos moucos e me ponho a pensar, digitando as palavras, porque o desafio é muito estimulante.

E vamos engatar a marcha à ré e pegar o túnel do tempo: “Papai Noel existe” – a frase de efeito na manchete, “Há 50 Anos”, em dezembro de 1971, não perdeu a validade. Seja pelo legado de São Nicolau ou pelas tradições que acompanham a magia do Natal, o Bom Velhinho está entranhado na cultura natalina e ai de quem tentar banir a sua figura emblemática, pois, sem essa ilusão, é bater de frente com a vida.

Mas vejam só quem encontrei nesta feliz viagem: Robério Canto! Que prazer, meu caro ídolo! Eu sempre dizia: quando eu crescer quero escrever igual a ele. Bem, eu cresci, mas e daí? Continuo esperando o meu crescimento literário, como quem “espera Juliana”. Agora, acabei de aprender, em cada canto do texto de Robério que “há muito tempo eu já devia ter aprendido a não sonhar com coisas que não posso ter...”.

Além do Papai Noel, outra tradição inserida na cultura natalina foi a brincadeira do “amigo secreto”. Agora tudo está modernizado com as ferramentas da internet, que fazem todo o serviço e “é possível brincar até mesmo remotamente”. Sorteios, definição de valores dos presentes, vitrines virtuais e até “escolher quem tirar ou não no sorteio”, tudo é possível. No modo antigo, por exemplo, se a pessoa tirasse alguém que não fosse do seu agrado, a estratégia era dizer: “tirei meu nome”, e trocar o papelzinho.

Neste “Natal do Reencontro” as energias foram promissoras, porque estamos cientes de quanto é bom reunir. Cidade linda, casas enfeitadas, crianças preparando biscoitos, presentes criativos, os bordados de Júlia Santarém, receitas para a ceia caipira... O jornal é um verdadeiro banquete de ideias para o novo ano. Contudo, a charge de Silvério foi concisa: “Se beber não dirija”. Os aniversários acontecem e saudamos a Estrela Dalva Ventura, pelo seu dia 25! Vivas também para o Carlos Rapiso, estimado e competente contador, por seu novo ciclo, na próxima quinta-feira, 30.

“A magia não pode parar” e surpreender as crianças é algo cada vez mais emocionante, que não há de sair de moda. Encontrar Arnaldo Miranda na edição especial de Natal foi uma surpresa e tanto. Confesso que me emocionei, me sentindo dentro do seu texto. Também me faço a mesma pergunta, Arnaldo, pois, em nossa vida modesta, como meus pais conseguiam “ajuntar a sabedoria, a delicadeza, a generosidade, a solidariedade aos ritos sagrados?...”. Meu lar era assim mesmo, e eu “vasculhava a casa”, procurando o Bom Velhinho que me deixava os presentes. Que magia, que lindo, Arnaldo!

Gabriel Alves nos convidou: “agora é hora de repensar. Refletir sobre o que ficou para trás e o que ainda vem pela frente...”. Sabemos, como destacou Ana Borges, que a “celebração do nascimento do menino Jesus renova a fé e reaviva a esperança  em um novo tempo...”. E Jesus, “o ser de luz”, como acentuou Wanderson Nogueira, é o “homem que conviveu com a humanidade, fez escolhas que pareciam impactantes. Ele escolheu os excluídos. Ele ouvia, compreendia e entendia os que não eram ouvidos, os invisíveis...”. Descobrir esses invisíveis é nossa tarefa humana. Dom Luiz Ricci, nosso bispo diocesano, afirmou: “Quanto mais humanos, mais nos aproximamos de Deus e da santidade. Quanto mais humanos, melhores seremos...”. Entre os “Aromas de Natal”, o pastor Gerson Acker foi intenso ao perceber os mais sutis “cheiros”, do estábulo aos sabores da mesa natalina. Entretanto, completou: “A essência do aroma de Natal é Jesus, o Filho de Deus, que se torna humano. É cheiro de bebê. É cheiro de leite materno. É cheiro de família...”. Feliz Jesus todos os dias no seu coração! Eis o perfeito Natal!

 

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Estreou nova idade

terça-feira, 28 de dezembro de 2021

Estreou nova idade

Nesta última segunda-feira do ano, 27 de dezembro, quem passou o dia recebendo parabéns pelo 49° aniversário, foi o admirado Marcelo Machado da Cruz, na foto acompanhado da esposa Selda e dos filhos Marcelly e Gabriel.

Congratulações pela nova idade e tudo de bom ao grande Marcelo.

Trégua natalina

Ao que parece, até a tristeza por conta das mortes por Covid-19 deu um tempinho neste Natal.

Estreou nova idade

Nesta última segunda-feira do ano, 27 de dezembro, quem passou o dia recebendo parabéns pelo 49° aniversário, foi o admirado Marcelo Machado da Cruz, na foto acompanhado da esposa Selda e dos filhos Marcelly e Gabriel.

Congratulações pela nova idade e tudo de bom ao grande Marcelo.

Trégua natalina

Ao que parece, até a tristeza por conta das mortes por Covid-19 deu um tempinho neste Natal.

Assim como praticamente todo o comércio fechou as portas sobretudo na tarde/noite do último sábado, 25, dando folga merecida aos funcionários, até mesmo o memorial que fica no bairro Duas Pedras esteve fechado sem funcionamento por conta da inexistência de velórios.

"O veneno que me salva"

O ex-vereador friburguense Cláudio Damião (foto), que no passado esteve a frente do Sindicato dos Bancários da região, se consolida também como poeta e escritor.

Após o sucesso de sua primeira publicação da poesia "Janelas do Tempo", em 2012, Cláudio lançou recentemente mais um livro de poesia: "O veneno que me salva", que pode ser encontrado em uma livraria na Rua Monsenhor José Antonio Teixeira.

Maçonaria e Campesina

Duas destacadas instituições friburguenses começarão o novo ano celebrando aniversários de fundação. Dia 2 de janeiro, a Loja Maçônica Indústria e Caridade de Nova Friburgo completará 183 anos. No dia 6, os parabéns vão para a Sociedade Musical Campesina Friburguense que comemora 152 anos de fundação. Nesta data que também é o Dia de Reis, coincidentemente, o presidente da banda, Carlos Magno da Silva, o Maguinho, soma mais um ano de vida.

Vivas a dupla querida!

Desde já, antecipamos os cumprimentos em dose dupla de satisfação a dois estimados amigos que aniversariam nesta quinta-feira, 30: Eric Lugon e o conhecido advogado, dr. José Carlos Alves, figuras bem conhecidas e queridas em Nova Friburgo. Felicidades e mais felicidades, é o que desejamos!

Maravilhoso e feliz 2022!

Nesta última terça-feira do ano de 2021 que foi marcado por vitórias e alegrias, apesar de muitas adversidades enfrentadas por muitos, apresentamos aos leitores, colegas de trabalho no jornal e amigos em geral, os sinceros votos de feliz 2022, recebendo-o como uma porta aberta para renovações de fé, realizações de novos sonhos com muita saúde, paz, alegrias e grandes realizações.

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Agir com misericórdia

terça-feira, 28 de dezembro de 2021

Aproxima-se o fim de mais um ano e a abertura de mais um ciclo em nossas vidas. Todo recomeçar é permeado da esperança de que tudo será diferente. No entanto, está sob nossa responsabilidade fazer construir essa nova realidade. Diante de tudo o que vivemos em 2021, é desejo comum que em 2022 sejamos promotores de humanidade. Assim, é urgente que a misericórdia ocupe o primeiro lugar em nossas atitudes.

Aproxima-se o fim de mais um ano e a abertura de mais um ciclo em nossas vidas. Todo recomeçar é permeado da esperança de que tudo será diferente. No entanto, está sob nossa responsabilidade fazer construir essa nova realidade. Diante de tudo o que vivemos em 2021, é desejo comum que em 2022 sejamos promotores de humanidade. Assim, é urgente que a misericórdia ocupe o primeiro lugar em nossas atitudes.

Na bula de proclamação do Ano Santo da Misericórdia (2015-2016), o Santo Padre convocou toda a Igreja para ser sinal eficaz do agir de Deus Pai. Somos chamados a testemunhar a misericórdia de Deus por toda a humanidade. Não é aleatória a escolha deste tema na era em que vivemos. O mundo está necessitado de misericórdia, a humanidade está necessitada de compaixão.

Como um pastor que conduz seu rebanho, o Papa Francisco encaminha toda sua grei às entranhas da misericórdia de Deus. Ele traça com clareza o caminho que devemos seguir, mostra-nos necessitados da misericórdia, evidencia exemplos, ensina-nos a ver a misericórdia divina que toca nossa humanidade e nos faz relembrar como deve ser o agir de um verdadeiro cristão.

O Sumo Pontífice faz-nos perceber que somos necessitados da misericórdia de Deus. Já em sua primeira missa com o povo (17 de março de  2013), o Santo Padre diz que o primeiro passo para experimentar a misericórdia é reconhecer que somos necessitados dela. Somos homens feridos pelo pecado. Sabemos escolher entre o bem e o mal, mas devido a nossa fraqueza escolhemos o mal. E esta realidade acrescenta-se à ideia de que nosso pecado não pode ser perdoado. Falta-nos a experiência concreta da misericórdia. “(...) é triste ver como a experiência do perdão na nossa cultura vai rareando cada vez mais” (Misericordiae vultus, 10).

Nosso agir, por vezes, se aproxima do “servo sem compaixão” (Mt 18,22), que tendo sido perdoado de uma alta dívida foi incapaz de perdoar a pequena parcela de seu devedor. Afirma, categoricamente, o Santo Padre que a misericórdia não pode ser compreendida por nós só como a agir do Pai, mas é um dever para nós cristãos. “Somos chamados a viver a misericórdia, porque, primeiro, foi usada misericórdia para conosco” (idem, 9). Assim, por termos experimentado a misericórdia divina, somos impelidos a expressá-la em nosso agir.

Façamos com que este próximo ano seja marcado pela misericórdia, estando atentos às dores de nossos irmãos, às suas necessidades mais urgentes, partilhando como verdadeiros irmãos e fazendo acontecer a paz, igualdade e fraternidade.

Foto da galeria

Padre Aurecir Martins de Melo Junior é assessor diocesano da Pastoral da Comunicação. Esta coluna é publicada às terças-feiras.

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A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.

A troca de afetos no final de ano

segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

Hoje vou falar da literatura que acontece na vida, das palavras que não
são escritas, mas ditas espontaneamente, dos gestos que não são descritos,
porém expressos com naturalidade. A literatura corre pelos meandros das
relações afetivas entre os seres deste planeta azulado, a safira do sistema
solar.
Nesta época do ano, a afetividade está aflorada e manifesta de formas
diferentes. O olhar e o sorriso ganham um brilho especial, os braços parecem
ficar maiores para acolher o outro e os beijos mais estalados. Os acenos mais

Hoje vou falar da literatura que acontece na vida, das palavras que não
são escritas, mas ditas espontaneamente, dos gestos que não são descritos,
porém expressos com naturalidade. A literatura corre pelos meandros das
relações afetivas entre os seres deste planeta azulado, a safira do sistema
solar.
Nesta época do ano, a afetividade está aflorada e manifesta de formas
diferentes. O olhar e o sorriso ganham um brilho especial, os braços parecem
ficar maiores para acolher o outro e os beijos mais estalados. Os acenos mais
vibrantes. Até as lágrimas deixam-se correr facilmente pelas faces.
Os afetos contornam a vida através de um esforço esperançoso para que
as coragens e as disposições nos animem frente aos desafios do tempo que
estão por vir. Nos últimos dias do ano, há questões pendentes a serem
resolvidas, acenos de despedidas, relações a serem comemoradas e
resgatadas, motivos para celebrar a vida. É um tempo de finalização ante o
novo ano que vai chegar.
Tenho sentido isso nas trocas de mensagens de Natal, já que os cuidados
com a saúde nos exigem certa distância. As emoções, mesmos que tocadas
pelo Covid-19, explodem constantemente em nossos afetos. Ah, somos seres
de sentimentos, cercados por tantos outros, como os animais e as plantas.
Somos uma vida dentre tantas que fazem os sentimentos borbulharem do
nascer ao pôr-do-sol.
O vermelho vibrante, como a intensidade do sangue, surge nas
mensagens às pessoas queridas, possibilitando a troca de bons afetos e
desejos. É prazeroso construir, enviar e receber mensagens. Os cartões de
Natal, encaminhados pelos correios, deixaram de existir faz tempo, os virtuais
tomaram conta da internet porque as pessoas continuam a sentir necessidade
de trocar afetos neste final de ano. É um intercâmbio que alimenta a alma
porque nos faz sentir amados. Os modos de amar estão sendo modificados
pela modernidade, mas o amor ainda não pereceu. Continua a manter-se vivo,

pronto para interagir, enquanto força que revitaliza nossas energias e fortalece
nossos elos com a vida. Salva-nos!
O Natal se caracteriza por uma energia forte que emana do interior de
cada ser vivo. Os animais também fazem parte do Natal, tal qual as plantas.
Inclusive o pinheiro e a rena são símbolos marcantes deste tempo.
Que neste final de ano, a troca de afetos seja como um óleo que unte
nossas forças para trilharmos os caminhos de 2022.

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Presente de Natal

sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

Eu estava num quiosque em Copacabana, tomando uma caipirinha atrás da outra, esperando Juliana e pressentindo que Juliana não viria. Tinha chovido durante o dia, a tarde estava cinzenta, o mar vinha que parecia querer engolir a cidade, mas de repente mudava de ideia e estancava na beira da praia. Eu fazia força para não pensar em nada, mas a Ju também era uma onda que ia e voltava sem cessar.

Eu estava num quiosque em Copacabana, tomando uma caipirinha atrás da outra, esperando Juliana e pressentindo que Juliana não viria. Tinha chovido durante o dia, a tarde estava cinzenta, o mar vinha que parecia querer engolir a cidade, mas de repente mudava de ideia e estancava na beira da praia. Eu fazia força para não pensar em nada, mas a Ju também era uma onda que ia e voltava sem cessar.

Foi aí que dois meninos passaram na frente do quiosque, chutando uma bola já meio gasta de tanto levar pontapé. Fiquei me perguntado onde, naquela tarde feiosa, eles iriam jogar, a areia ainda encharcada não era uma opção. Mal eles saíram do meu campo de visão e eu já tinha me esquecido de como eles eram, se eram brancos ou negros, se vestiam camisa de algum time de futebol ou uniforme escolar. Somente a bola ficou, quicando na minha memória.

... O mais importante era a bola. Na ruazinha obscura em que a gente morava, um menino tinha bicicleta — velha, mas tinha —. E o Gutemberg (a mãe dele brigava se a gente chamava ele de Guto), o Gutemberg até estudava em escola particular. Nada disso me doía. Mas quase todos tinham bola de couro, presente de Natais passados. E a minha era uma porcaria de borracha, a única vez que eu levei ela pra pelada foi a maior vaia, voltei pra casa chorando.

Era dezembro de novo. Eu não pensava em bicicleta, ou em passeio ao Rio de Janeiro. Gutemberg já tinha ido e dizia ser muito maior e mais bonita do que nossa cidade, com prédios que raspavam nas nuvens. Eu queria era uma bola de couro. Uma vez sonhei que estava entrando no campinho de terra, a bola apertada embaixo do braço, brilhando que nem que fosse de ouro.

Mamãe quase não saía mais da cama, vovó tinha vindo de Campos tomar conta da casa e atazanar a minha vida. Mal eu botava o pé na rua, e ela já estava na janela gritando: “Entra pra dentro menino!” Mas foi bom, porque papai não precisava mais pagar empregada. Além disso, eu vi ele falando com mamãe que as coisas estavam melhorando na oficina.

Os dois meninos passaram de volta. Reparei que estavam com camisa do Flamengo. Parece que tinham desistido de bater bola e iam fazer qualquer outra coisa enquanto a noite não chegava. Eu é que não desistia. Naquele Natal, vovó ajudando em casa, a oficina com mais serviço, eu podia enfim pedir uma bola de couro. Na vida toda, foi o único bilhete que escrevi pro meu pai.  Botei num envelope e enfiei no bolso do macacão dele. Não tive resposta, mas tive certeza. No dia 25 ia sair de casa bem cedo, chutando uma bola de couro novinha. A rua inteira ia ficar parada, me admirando dar chutinhos pra lá e pra cá, driblando a mim mesmo.

Vinte e quatro chegou, vovó fez rabanada e doce de abóbora. De noite papai saiu todo contente, todo mundo na casa parecia contente, até mamãe, que veio pra sala e ficou olhando a televisão velha que vovô tinha mandado lá de Campos.

Eu esperei até tarde. Mas depois pensei que era melhor dormir, para aumentar a emoção do presente quando acordasse. Levantei antes de todo mundo, corri para a sala e vi a sacola com meu nome. O coração disparou... A mão tremia enquanto eu rasgava o papel ...

Tomei mais uma caipirinha e fui me arrastando em direção ao apartamento. Juliana não viria mesmo. Há muito tempo eu já devia ter aprendido a não sonhar com coisas que não posso ter.

 

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Boas festas!

sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

Seria mais prático escrever um enorme “Feliz Natal” como o título desta semana, mas não seria uma abertura das mais receptivas. Afinal, ainda que o cristianismo seja extremamente forte na miscigenação da cultura brasileira, há diversas pessoas que poderiam não se sentir representadas por esse texto. Eu mesmo, não sou dos mais religiosos e acabei tornando esse momento como tema da coluna desta edição especial.

Seria mais prático escrever um enorme “Feliz Natal” como o título desta semana, mas não seria uma abertura das mais receptivas. Afinal, ainda que o cristianismo seja extremamente forte na miscigenação da cultura brasileira, há diversas pessoas que poderiam não se sentir representadas por esse texto. Eu mesmo, não sou dos mais religiosos e acabei tornando esse momento como tema da coluna desta edição especial.

Ruas lotadas, comércios fervorosos, é tempo de garantir geração de receita no momento de maior fomento ao consumo do ano. A propósito, falamos muito sobre consumo ao longo de 2021 (continuaremos falando em 2022) e você já deve ter repensado alguns princípios e valores que regem o seu estilo de vida. Sazonalidades de mercado são momentos delicados para o consumidor e aqueles que já têm fortes tendências consumistas correm grandes riscos de uma economia desajustada para o início do ano que está para chegar.

Enfim, agora é hora de repensar. Refletir sobre o que ficou para trás e o que ainda vem pela frente. Só assim nos tornamos capazes de entender o agora. Aliás, é o que mais importa; é o único momento para nos tornamos responsáveis pelas consequências das nossas decisões. Já parou para pensar sobre como a ideia de “recomeço” é extremamente reconfortante para nossos corações – e para os planos que ainda vamos concluir?

- “Ano que vem eu começo.” – disse o esperançoso sem iniciativa.

- “Virando o ano eu faço.” – afirmou a procrastinadora.

- “Depois do carnaval é que as coisas engrenam.” – comentou o preguiçoso.

Ou até mesmo o mais usual:

 - “Segunda-feira eu inicio meu projeto!” – falaram todos em algum momento da vida.

Novos ciclos são a oportunidade de nos encontrarmos motivados para novos projetos; novos objetivos. Use toda essa energia a seu favor, esse é o momento de renovar-se. Só não se perca!

Se o Natal é uma comemoração para você e sua família, viva-o com intensidade. Caso não seja um costume seu, faça o mesmo à sua maneira. Para ambas as possibilidades, posso desejar enorme felicidade nos corações de cada um de vocês que estiveram comigo ao longo deste ano. A mim, agora, só me resta agradecer.

Portanto, MUITO OBRIGADO!

Boas festas!

 

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