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E depois?

sábado, 01 de agosto de 2020

Para pensar:
"Somente um idiota responde uma pergunta com outra pergunta.”
Senhor Barriga

Para refletir:
“À criança que amanhã será homem; à semente que amanhã será fruto; ao casulo que amanhã será mariposa.”
Professor Girafales

E depois?

Uma das grandes perguntas que têm marcado estes meses de quarentena é como iremos sair deste período de provação.

Para pensar:
"Somente um idiota responde uma pergunta com outra pergunta.”
Senhor Barriga


Para refletir:
“À criança que amanhã será homem; à semente que amanhã será fruto; ao casulo que amanhã será mariposa.”
Professor Girafales

E depois?

Uma das grandes perguntas que têm marcado estes meses de quarentena é como iremos sair deste período de provação.

Seremos pessoas melhores? Daremos mais valor à saúde ou ao contato com pessoas queridas? E os pequenos momentos de lazer, serão devidamente valorizados? Continuaremos a trabalhar em casa, e a consumir via internet?

Ou, numa abordagem um pouco mais filosófica mas não menos importante ou concreta: será que toda esta experiência nos ajudará a amadurecer de alguma forma?

Trânsito

Em algumas frentes talvez já seja possível arriscar palpites.

No trânsito, por exemplo, o colunista tem colecionado indícios de que o período de quarentena definitivamente não foi bem assimilado por número significativo de condutores, em especial motociclistas profissionais.

Ao que parece, os maus hábitos adquiridos ao longo de meses de ruas vazias acabaram sendo incorporados às rotinas de muita gente.


Daltonismo adquirido

Sábado passado, 25 de julho,por exemplo, no curto intervalo até que acendesse a luz verde no semáforo que fica em frente à Igreja Luterana, este que vos escreve testemunhou três motociclistas ignorando o sinal vermelho.

Um deles, de fato, esteve muito perto de colher lateralmente um carro que saía da Rua Trajano de Almeida.

Tudo isso em aproximadamente um minuto...

Absurdo

Já nesta sexta-feira, 31 de julho, um cidadão escapou por pouco de ser atropelado na Rua Monsenhor José Antônio Teixeira por um motociclista que trafegava na contramão em alta velocidade.

Moradores, inclusive, afirmam que a cena é corriqueira, e duplamente perigosa.

Afinal, justamente por estarem na contramão, os motociclistas aceleram ainda mais.

Absurdo completo.

Perigo

Ali pertinho, na Rua Augusto Spinelli, o sinal na esquina com a Rua Monte Líbano estava apagado na tarde desta sexta-feira, e não é necessário ser doutor no assunto para perceber os riscos que essa situação implica.

Também no intervalo de um minuto o colunista presenciou diversos motociclistas seguindo rumo às Braunes sem referências sobre o fluxo paralelo, em situações que por pouco não geraram ocorrências.

Ali, definitivamente, é um ponto que necessita de algum plano B para o caso de pane no semáforo.

Bairro Suíço (1)

Praticamente desconhecido há pouco mais de duas décadas, o mirante do Bairro Suíço tem se tornado um ponto de interesse cada vez mais popular entre os friburguenses.

A proliferação de residências, a existência de uma casa noturna, a vista privilegiada do centro da cidade, o recente trabalho realizado pelo movimento Montanhe-se e a própria saturação da quarentena se uniram para aumentar o fluxo de pessoas e veículos, sobretudo nos fins de semana.

Bairro Suíço (2)

Sobre o triste acúmulo de lixo e a presença de materiais cortantes, outras reportagens já abordaram o tema anteriormente.

Mas, seguindo a abordagem voltada ao trânsito, vale destacar que vários trechos na estrada que leva ao mirante estão com o asfalto deteriorado ou até mesmo solto.

Como resultado, a passagem fica em meia pista em diversos pontos, representando um risco para atropelamentos ou colisões frontais.

Um lugar tão bonito e especial, há tempos faz por merecer mais atenção por parte da municipalidade.

Briga de foice

Não será apenas entre os pré-candidatos a prefeito que a disputa promete ser acirrada e de baixo nível.

Dentro das nominatas, também tem muito aspirante a uma cadeira no plenário disposto a tudo para conseguir a (re)eleição.

Ainda mais porque, no formato atual da disputa, e em meio às costuras que estão sendo feitas, em especial na órbita do Palácio Barão de Nova Friburgo, já podemos afirmar com certeza que teremos alguns candidatos ficando de fora, mesmo que com votações expressivas.

Mau sinal

Na prática, isso é um péssimo sinal.

Primeiro, porque lança as campanhas a um clima no qual muitos acreditam que vale tudo.

Depois, porque a própria representatividade do plenário acaba sendo prejudicada.

E, por fim, porque a existência de suplentes com grandes votações sempre se traduz em composições de primeiro e segundo escalão ditadas por critérios políticos, e não técnicos.

E a continuação desses vícios é tudo que não precisamos nessa altura de nossa história.

Anistia

Entre as matérias aprovadas pelo plenário de nossa Câmara Municipal na última semana está uma indicação legislativa apresentada pelo vereador Wellington Moreira que propõe anistias das primeiras multas aplicadas aos empresários em função da pandemia.

A principal linha argumentativa leva em consideração o caráter inusitado do fechamento do comércio e das indústrias, do isolamento e das medidas sanitárias, para ponderar que muitos talvez não tenham compreendido de forma correta todas as determinações e por isso tenham cometido equívocos.

Aprendizado x punição

De acordo com a assessoria do parlamentar, o projeto valoriza o aprendizado e não a punição, uma vez que não poupa da multa os reincidentes.

Resta ver, contudo, se será acatado pelo Executivo.

Apocalypse now

Ainda estamos entrando em agosto e o ano de 2020 já assegurou seu lugar de destaque entre os mais bizarros na história recente da humanidade.

E, como se não bastasse tudo o que já sabemos de cor, chega agora a notícia impensável de que o seriado Chaves deixará a programação do SBT após 36 anos de exibições que tiveram enorme impacto sobre nossa cultura popular.

Se isso não é um sinal dos tempos, então...

Saudoso Teixeirinha

O saudoso cantor gaúcho Teixeirinha, que em dezembro completará 35 anos de falecimento, tem um fã incondicional em Nova Friburgo. O ex-vereador Joel de Sá Martins externa toda essa paixão pelo eterno Rei do Disco aos fins de semana na Rádio Friburgo AM, apresentando o programa Relembrando Teixeirinha.

A edição da madrugada deste sábado, 1º, das 3h30 às 5h30, foi especial para Joel que relembrou os 44 anos de sua recepção a Teixeirinha em Nova Friburgo, no antigo hotel Sans Souci. Em 31 de julho de 1976, o cantor fez um show no campo do Nova Friburgo F.C. com a produção de Joel de Sá Martins e do compositor Horizonte, com grande sucesso.

E aí?

Na próxima segunda-feira, 3 de agosto, o procurador-geral do município é aguardado no plenário da Câmara Municipal, juntamente a duas servidoras, a fim de que sejam prestados esclarecimentos sobre incorporações de alto valor em grupos específicos sobre as quais pairam dúvidas incômodas.

A convocação tem início às 14h, e será transmitida ao vivo pelo canal da Câmara Municipal no YouTube.

O que se espera

De forma antecipada a coluna reafirma que espera dos convocados uma postura comprometida com a transparência irrestrita, e coerente com aquilo que se demanda de servidores públicos em nossos dias.

Que compareçam e apresentem argumentos técnicos.

Sem floreios, sem vitimização, sem desvios do tema.

Se, ao fim do encontro, conseguirem dissipar todas as dúvidas, este espaço terá enorme satisfação em lhes dar o devido crédito.

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Chega em Friburgo mais uma remessa de tubulações para o novo sistema de água

sábado, 01 de agosto de 2020

Edição de 1º e 2 de agosto de 1970.
Pesquisado por Fernando Moreira

Manchete:

Edição de 1º e 2 de agosto de 1970.
Pesquisado por Fernando Moreira

Manchete:

  • Novo abastecimento d’água - Dez carretas de transportes atravessaram a cidade, conduzindo centenas de tubos de ferro fundido, destinados ao novo abastecimento d'água. A encomenda ultrapassou 700 milhões de cruzeiros, que serão pagos totalmente pela administração municipal, sem participação do Serviço Autônomo. O prefeito Amâncio Azevedo, tomou o "pião na unha" no caso da demora na execução dos serviços, podendo-se esperar grandes novidades no setor e certamente Friburgo não passará mais um verão com deficiências na oferta do precioso líquido.
  • Avenidas marginais ao Rio Bengalas em pandarecos - Nossas avenidas marginais ao Rio Bengalas estão praticamente abandonadas. É demais a moleza da firma que realiza o serviço de recuperação, ou melhor, que não o realiza. Enquanto isso, os transeuntes que se danem, os veículos que dêem muitas voltas e queimem muita gasolina para contornar o trecho esburacado. 
  • Juri - Foi a julgamento no Tribunal do Júri de Friburgo José de Aguiar Ferreira, que em janeiro, na Avenida Júlio Antônio Thurler, tentou assassinar a tiros de garrucha, o pintor José Rubens de Oliveira, conhecido como "Zezinho Pintor", que estava amasiado com a esposa do réu. O Tribunal, após longos debates aceitou a tese da defesa, desclassificando o crime de tentativa de homicídio, e classificando-o como lesões corporais leves, tendo sido o acusado apenado em sete meses de detenção, cuja pena foi dada como cumprida.
  • Álvaro de Almeida concorrerá à Assembleia Legislativa - O eleitorado friburguense já  atinge a casa dos 30 mil, ficando assim o município colocado dentre os dez primeiros do Estado do Rio. Podemos informar com segurança, que o deputado do MDB, Álvaro de Almeida, somente disputará, na vindoura eleição, uma cadeira na Assembléia Fluminense, concorrendo novamente ao cargo que tanto ilustrou na Casa do Povo. 
  • Governador inclui verba para construir Centro de Saúde - A dotação foi consignada por determinação do próprio governador Geremias de Mattos Fontes. Além da verba para o Centro de Saúde, o orçamento prevê recursos para a construção de dois postos de saúde, em Olaria do Cônego e Conselheiro Paulino.
  • Candidaturas do MDB nas ruas - Dois candidatos à sucessão do prefeito Amâncio Azevedo já saíram às ruas: Joel Batista Jonas e Lafayette Bravo Filho. É claro que mais uma legenda surgirá na disputa. Vários redutos medebistas têm esperanças de demover o dr. Waldir Costa da recusa de postular o cargo que o atual prefeito deixará em 31 de janeiro de 1971. Com três pretendentes, pensa o MDB conquistar a mais estrondosa vitória de todos os tempos, já que a oposição em Friburgo cada dia mais está fortalecida e preparada para os embates das urnas.

Pílulas

  • O panorama político dentro do MDB está em efervescência. Os esquemas lenta e inteligentemente preparados para a próxima eleição foram destroçados em minutos. O deputado Álvaro de Almeida sentindo-prejudicado por alas do próprio partido que preside, rompeu as baterias, contou em reunião o “caso da onça” desautorizou toda e qualquer articulação em torno do seu nome para disputar o cargo de prefeito na sucessão de Amâncio Azevedo e promoveu a sua inscrição como candidato à deputação estadual. A coisa teve efeito de bomba das mais fortes e a verdade é que a cúpula medebista ainda não saiu do torpor que a decisão ocasionou, como era lógico que ocasionasse.
  • Com a irrevogável atitude do deputado Álvaro de Almeida, a atenção partidária está inteiramente voltada para os apelos em direção ao dr. Waldir Costa, no sentido de que o ilustre cirurgião, venha a aceitar a sua candidatura a prefeito. Reina no seio do MDB a confiança de que o "Bisturi de Ouro" atenda ao chamamento geral do partido.
  • No campo da deputação federal, o MDB sofre uma enorme perda com a desistência do atual deputado Edgar de Almeida, e bisar o mandato. Edgard está desiludido com certas manobras espúrias de elementos da cúpula estadual, tendo em carta ao partido, comunicado sua desistência de concorrer.

Sociais

  • A VOZ DA SERRA registra os aniversários de: Maria Weidauer (1º); Mário Carpenter Meyer (3); Alberto da Rosa Pinheiro, Luiz de Oliveira Rocha e Henrique Teixeira de Bleauclair (5); Maria do Carmo Nader, Regina Novelli (6).

 

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Mais transporte

sexta-feira, 31 de julho de 2020

Para pensar:
"Não há ninguém mais fácil de enganar do que um homem honesto; muito crê quem nunca mente, e confia muito quem nunca engana.”
Baltasar Gracián y Morales

Para refletir:
“Não se iluda, simpatia nunca foi sinônimo de retidão e retidão nunca foi sinônimo de simpatia.”
Ivan Teorilang

Mais transporte

Para pensar:
"Não há ninguém mais fácil de enganar do que um homem honesto; muito crê quem nunca mente, e confia muito quem nunca engana.”
Baltasar Gracián y Morales

Para refletir:
“Não se iluda, simpatia nunca foi sinônimo de retidão e retidão nunca foi sinônimo de simpatia.”
Ivan Teorilang

Mais transporte

Ao longo dos últimos dias várias notícias direta ou indiretamente relacionadas ao transporte coletivo friburguense se acumularam, e hoje a gente aproveita para atualizar este tema um pouquinho.

Forma de pagamento (1)

Dias atrás a coluna noticiou que a empresa de ônibus Faol havia começado a quitar alguns débitos com a municipalidade, e agora podemos trazer mais detalhes a esse respeito.

Durante a audiência virtual de conciliação realizada no último dia 21 a empresa reconheceu o débito de R$ 5.395.120, 23, o equivalente à soma das execuções de quatro processos distintos.

A coluna entende que grande parte desse débito foi herdada quando da aquisição da empresa.

Forma de pagamento (2)

Acordou-se que o valor seja pago mediante entrada de R$ 322.602,91, dos quais R$ 232.684,25 estão bloqueados por ordem do Juízo, concordando que este montante seja transferido para a conta do município; aos quais será acrescido R$ 89,918,67, que será pago até hoje, 31.

O restante da dívida, que totaliza R$ 5.072.517,32, será pago em 59 parcelas, vencendo-se a primeira no próximo dia 30 de agosto e as seguintes no dia 30 dos meses subsequentes, com incidência da correção monetária, prevista no Código Tributário Municipal.

Como garantia do débito, a Faol oferece o imóvel onde funciona sua sede.

Subsídio

Com relação ao pagamento do subsídio, interrompido há quatro meses, até a tarde desta quinta-feira, 30, ele não havia sido retomado.

E, ainda que a posição da coluna a esse respeito seja bastante conhecida e aponte para uma auditoria independente das contas e a elaboração de plano de mobilidade que permita um equilíbrio econômico justo combinado a um serviço tão eficiente e barato quanto possível, cabe registrar que, neste momento excepcional da pandemia, o colunista é inteiramente favorável ao subsídio, desde que atrelado ao compromisso de que o número de ônibus em circulação seja suficiente para evitar o excesso de lotação em todos os horários.

Algo que precisaria ser acordado com números bem definidos e devidamente fiscalizados.

Investimento preventivo

Deveria ser interesse prioritário da administração municipal reduzir a lotação no contexto atual, inclusive como forma de investimento preventivo em Saúde.

E, para tanto, seria sim compreensível o financiamento da operação em moldes menos lucrativos, com mais cadeiras vazias, em caráter temporário.

Este, no entanto, parece ser mais um exemplo de onde recursos poderiam ser bem empregados, caso não tivessem sido comprometidos em frentes menos nobres ou eficientes.

Fala, leitor!

O entendimento da coluna encontra respaldo em manifestações de vários leitores.

“Eu, como cidadão e trabalhando como representante comercial pelas ruas da cidade, tenho visto todo o esforço dos comerciantes dos mais variados segmentos para atender e cumprir todas as medidas sanitárias. Mas não existe flexibilização correta se o transporte coletivo não funciona. Com a flexibilização, muitas pessoas dependem do transporte público para trabalhar, e sofrem com a superlotação que acaba com qualquer tipo de precaução. É um absurdo a situação de Friburgo.”

O leitor em questão preferiu ter sua identidade preservada.

Vergonha

Também nos últimos dias foi registrado mais um episódio lamentável de vandalismo nos banheiros da Estação Livre.

Os sanitários chegaram a ficar fechados por 48 horas em razão dos reparos, ocorridos pela 24ª vez somente em 2020.

Cá entre nós, isso é absolutamente vergonhoso e inaceitável.

O prejuízo, neste caso mais recente, girou em torno de R$ 3.500.

Foram roubados fios, disjuntores, interruptores, tomadas, lâmpadas, registro e torneiras, entre outros itens.

Tiradentes

No último dia 28, o vereador Zezinho do Caminhão, em resposta a apelos da comunidade do Loteamento Tiradentes, em Amparo, protocolou representação na qual requer o apoio do Ministério Público para que medidas cabíveis sejam tomadas no sentido de assegurar a oferta de um plano alternativo emergencial para que a comunidade volte a ser contemplada com o transporte coletivo, bem como para que seja levado adiante o processo licitatório e a realização das obras necessárias na Rua Jerônimo de Castro e Souza, que dá acesso ao loteamento.

Vai baixar?

Em meio a tudo isso, a Câmara Municipal aprovou por unanimidade e em primeira discussão, na sessão desta quinta-feira, 30, o decreto legislativo que susta os efeitos do decreto do Executivo que havia estabelecido o valor da tarifa em R$ 4,20, com subsídio que se iniciou em R$ 300 mil e depois subiu para R$ 400 mil, antes de ser interrompido há quatro meses.

A coluna entende que após a publicação do decreto, que tem o vereador Zezinho do Caminhão como autor, o vereador Marcinho Alves como co-autor, e foi assinado também pelos vereadores Professor Pierre, Johnny Maycon e Wellington Moreira, a tarifa deve voltar a ser de R$ 3,95.

Questionamento

Os vereadores têm consciência de que não é atribuição do Legislativo baixar ou subir o valor da tarifa, mas entendem que o Palácio Barão de Nova Friburgo agiu de maneira irregular ao reajustar a tarifa num momento em que os vínculos de continuidade do serviço eram (e ainda são) muito precários.

Nas palavras de Zezinho do Caminhão: “A prefeitura teve dois anos de vigência de contrato para conceder o reajuste, e não o fez. A motivação não está no valor. Se tivessem feito isso naquelas oportunidades, não haveria nenhum problema jurídico agora com a Câmara.”

Contaminação

A esse respeito, a coluna se permite dizer algumas palavras.

A condição atual de nosso transporte coletivo é retrato do acúmulo das piores práticas existentes na gestão da coisa pública.

Tanto na política quanto entre comunicadores e uma ou outra organização social, existe um histórico de pessoas que colocaram interesses pessoais à frente dos coletivos no momento de lidar com a concessionária, e muitas decisões ou determinações foram tomadas por razões diferentes daquelas que foram divulgadas.

Joio e trigo

Assim como na sociedade existe quem cometa vandalismos como os que narramos aqui, na política também existe o joio e o trigo.

Existe quem lute habitualmente pela legalidade, e quem o faça apenas quando não obteve êxito na tentativa de negociar a própria influência.

E Friburgo não é diferente.

Portanto, no momento de interpretar o que está ocorrendo agora, o leitor deve se perguntar sobre o histórico dos envolvidos, e dali tirar suas próprias conclusões.

Por quê? (1)

Por que, afinal, a prefeitura não concedeu os reajustes enquanto o contrato estava em vigor, e alterou tão profundamente o próprio discurso quando se viu diante da possibilidade do caos, se um serviço essencial viesse a ser interrompido?

Por que não se dedicou plenamente à licitação, preferindo se esforçar em favor da prorrogação de um contrato sabidamente improrrogável?

Por quê? (2)

Por que alguns vereadores fiscalizam apenas empresas específicas, em momentos específicos?

Porque de resto, entre os poucos fiscalizadores de fato - e todo friburguense deveria ser capaz de reconhecê-los nesta altura do mandato - eles estão fazendo apenas o que acreditam ser correto, e não há nada de condenável nisso.

Já o restante...

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A inflação do lobo-guará

sexta-feira, 31 de julho de 2020

Os mês de julho marca o aniversário da nossa moeda, o Real; em julho de 1994 a nossa atual moeda começou a circular no país. No entanto, neste 2020 – pra variar – teremos mais mudanças: a partir do mês de agosto passam a circular no país as cédulas de R$ 200. Mas quais são os motivos que motivaram essa atitude do Banco Central do Brasil em conjunto com o Conselho Monetário Nacional (CMN)? Há muita coisa envolvida.

Os mês de julho marca o aniversário da nossa moeda, o Real; em julho de 1994 a nossa atual moeda começou a circular no país. No entanto, neste 2020 – pra variar – teremos mais mudanças: a partir do mês de agosto passam a circular no país as cédulas de R$ 200. Mas quais são os motivos que motivaram essa atitude do Banco Central do Brasil em conjunto com o Conselho Monetário Nacional (CMN)? Há muita coisa envolvida.

Em entrevista, Carolina Bastos – diretora do CMN – afirmou que a medida não tem cunho inflacionário. Segundo ela, "temos um sistema de metas. No momento, a inflação é baixa, estável, e controlada". Será?

No Brasil, passamos por grandes projetos econômicos a fim de superar a realidade hiperiflacionária da época; muitos falharam, mas um foi eficaz: o Plano Real. A partir de sua criação, em 1994, o nosso sistema monetário contava com notas de R$ 1, R$ 5, R$ 10, R$ 50 e R$ 100; mas em 2001 e 2002 foram adicionadas, respectivamente, ao sistema, as cédulas de R$ 2 e R$ 20 com o intuito de diminuir a circulação de cédulas e economizar com novas impressões. A lógica era simples: com duas notas de R$ 20 é possível possuir a mesma quantia de quatro notas de R$ 10.

Mas qual o intuito de criar uma nova cédula após 18 anos de um sistema inalterado? O Banco Central insiste em dizer que a mudança é uma estratégia adotada em meio as necessidades da crise da Covid-19 e, por isso, serão impressos R$100 bilhões em dinheiro de papel. Mais uma vez, serão esses os únicos motivos?

Veja, não há problema nenhum em termos cédulas expressivas circulando; a União Europeia, por exemplo, possui notas de € 500 (quinhentos euros). Isso representa, numa única cédula, mais de R$ 3mil e agora você vai começar a entender a origem do verdadeiro problema. Numa outra analogia cambial, a nossa maior cédula atual (R$ 100) vale menos de 20 dólares; surge aqui o problema.

Apesar das declarações do BC e do CMN, verdade seja dita: acumulamos inflação nas últimas décadas. Em 1995, o salário mínimo chegou a R$ 100; hoje, R$ 1.045. Percebe como o Real perdeu seu poder de compra? Isso acontece devido a inflação, que provoca o aumento dos preços de produtos e serviços. Segundo estudos, passados 26 anos desde o Plano Real, nossa moeda já perdeu mais de 80% do seu valor de compra.

De fato, a inflação medida pelo IPCA está cada vez mais equilibrada, voltando a patamares já observados entre 2005 e 2010. O problema é que em momento algum ela foi plenamente controlada a ponto de fortificar nosso poder de compra; por isso a necessidade de implementar novas estratégias para cumprir o objetivo de reduzir a circulação de grande volume de cédulas.

Cabe a nós compreender a boa relação com o dinheiro; não há política econômica para substituir a importância da educação financeira e é este o meu objetivo aqui: tornar-lhe crítico acerca dos assuntos financeiros. Afinal, percebe a diferença entre esta coluna e todos os outros artigos econômicos? Busco sempre visões – possivelmente – disruptivas.

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Viva a tecnologia

sexta-feira, 31 de julho de 2020

Inevitáveis têm sido os estranhamentos, as surpresas e as reflexões sobre esse mundo novo, que ao mesmo tempo em que parece não ter engatinhado, já aprendeu a voar: o mundo virtual, a conectividade constante e a partilha de afetos e de vidas pelas redes sociais. Sinto que as vidas, os desejos, os passos, os afazeres, as perdas, os anseios, os familiares das pessoas nunca antes haviam sido tão expostos como nos últimos tempos.

Inevitáveis têm sido os estranhamentos, as surpresas e as reflexões sobre esse mundo novo, que ao mesmo tempo em que parece não ter engatinhado, já aprendeu a voar: o mundo virtual, a conectividade constante e a partilha de afetos e de vidas pelas redes sociais. Sinto que as vidas, os desejos, os passos, os afazeres, as perdas, os anseios, os familiares das pessoas nunca antes haviam sido tão expostos como nos últimos tempos.

Há filhos de estranhos cujo crescimento podemos acompanhar com sensação de proximidade ainda maior do que os próprios parentes que se encontram em almoços de domingo. Sem nunca sequer temos os conhecido. Porque seus rostos nos são apresentados às vezes por foto de exame de ultrassonografia. Porque não há mais necessidade de irmos à maternidade para sanar a ansiedade e a curiosidade de conhecer “ a carinha bebê”. Basta esperar algumas horas (às vezes, minutos) e alguém se encarregará de apresenta-lo ao mundo virtual, aos amigos reais, aos amigos de amigos, conhecidos e estranhos que estranhamente (e aqui cabe o plenonasmo) estão aguardando para conhecer a face da nova vida que chegou ao mundo. Muitas vezes, sequer os pais são conhecidos. Nunca os abraçamos. Não trocamos palavras, não compartilhamos momentos.

Venho percebendo que prestar satisfação sobre tudo tem sido uma conta cobrada e cara para algumas pessoas. Nos avisam se está tudo bem, se não está, se alguém nasceu, partiu... se o emprego vai bem, se a dieta está em dia, o que se faz na companhia de amigos. Por vezes, é até cansativo acompanhar em tempo real as vidas das pessoas que circulam por nossas telas. Tenho às vezes a sensação de que muitas pessoas fazem coisas apenas para dizer que fizeram. Para que terceiros saibam que foram feitas. Vivem no piloto automático, na ânsia de cumprir o roteiro e mostrar para os demais que o cronograma está sendo cumprido. Não sei se vivem tão bem cada momento, quando cada imagem por vezes denota personagens afoitos por provarem que fazem cada vez mais coisas legais.

 Às vezes, mesmo que o seu acesso às redes sociais seja muito limitado, se participar de alguma rede social, provavelmente tem conhecimento sobre o paradeiro de muitos conhecidos, de pessoas com as quais pouco trocou palavras na vida. Sabe o que comeram no almoço, a marca do vinho que bebem, as roupas preferidas, os lugares por onde passaram, as principais paisagens avistadas. Se bobear, aproximando alguma imagem, se informa até sobre número de voo e as poltronas em que sentaram-se no avião. Tudo isso, sem esforço algum. Hoje em dia, sabemos de pessoas sem precisarmos conquistar sua confiança, sem conversas longas por telefone para que saibamos o que têm feito e quando percebemos que elas sumiram - das redes – supomos porque será.

A vida multitarefas demanda de você o pensamento acelerado e distribuído nas muitas distrações mentais que demandam nosso pensar contínuo. Hoje em dia, depois que a pandemia deu as caras e chacoalhou as nossas vidas, é ainda mais intensa a interação virtual. E ainda mais cansativa. Mesmo assim, frente à necessidade de afastamento social, não posso imaginar como seria se não pudéssemos ver e saber das pessoas por algum outro canal que não fossem as visitas, os abraços e as conversas.

Aflijo-me em imaginar em como as famílias se conectavam antigamente em meio a pandemias e guerras. Como faziam as pessoas sem que pudessem ver os semblantes dos entes amados frente a uma imposição de isolamento. Como trocavam notícias, informações e cuidados à distância se não tinham a tecnologia como aliados. Basta imaginarmos vivermos esses últimos meses sem proximidade com as pessoas sem o milagre da comunicação. Inimaginável.

Graças à tecnologia, conseguimos proximidade com as pessoas, abraços ainda que virtuais no dia do aniversário. Podemos compartilhar o dia, o que fazemos com aqueles que nos importam. Podemos por vezes trabalhar sem sair de casa, aliviar as saudades em um clique, rever nossos familiares e amigos que estão por aí, no mundo. Nesses meses de confinamento, percebi que temos em mãos ferramentas poderosas sem as quais seria difícil vivermos. São as dores e as delícias desse mundo novo. E viva a tecnologia!

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Novo capítulo

quinta-feira, 30 de julho de 2020

Para pensar:

"Escute 100 vezes, pondere mil e fale apenas uma vez.”

Provérbio turco

Para refletir:

“Ofende os bons, quem poupa os maus.”

Provérbio romano

Novo capítulo

O procurador-geral do Município, Ulisses da Gama, divulgou mais um vídeo nesta quarta-feira, 29, em resposta às críticas que vem recebendo na Câmara Municipal, sobretudo por parte dos vereadores Professor Pierre e Zezinho do Caminhão, os quais citou nominalmente.

Para pensar:

"Escute 100 vezes, pondere mil e fale apenas uma vez.”

Provérbio turco

Para refletir:

“Ofende os bons, quem poupa os maus.”

Provérbio romano

Novo capítulo

O procurador-geral do Município, Ulisses da Gama, divulgou mais um vídeo nesta quarta-feira, 29, em resposta às críticas que vem recebendo na Câmara Municipal, sobretudo por parte dos vereadores Professor Pierre e Zezinho do Caminhão, os quais citou nominalmente.

Entre uma ou outra analogia bastante característica de determinado tipo de orador, o PGM afirmou ter acionado a Comissão de Prerrogativas dos Advogados junto à 9ª Subseção da OAB, e que, “com base nela, e com o respaldo dos meus pares, tomarei as providências devidas”.

Segue

O procurador afirmou ainda que poucos dias atrás “saiu mais uma sentença referente ao tema de incorporação de gratificações”, e que o texto em questão “se baseia no parecer que foi exarado pelo procurador-geral do município”.

Ao se referir a um vídeo gravado pelo vereador Zezinho do Caminhão, Ulisses, declarou que tomará “as medidas legais cabíveis no momento oportuno”.

Em relação a ambos os parlamentares, Ulisses levantou a possibilidade de que suas posturas sejam de palanque, possivelmente motivadas por interesses eleitorais.

Anacrônico

Este colunista não é nem nunca foi candidato, e ainda assim se reserva o direito de considerar absurdo que um servidor se dê ao trabalho de sair em busca de possibilidades burocráticas que eventualmente sirvam para amparar uma recusa a prestar esclarecimentos à população a respeito de uma questão sensível, ignorando por completo tudo o que se espera de um agente público no século 21.

Como já dissemos anteriormente, é antes uma questão de decência do que de Direito.

Básico

De fato, num ambiente democrático mais amadurecido tal postura deveria bastar para que a população se mobilizasse e exigisse a exoneração imediata do servidor, por evidente desrespeito ao que de mais básico se espera da função que exerce.

Ou talvez isso nem fosse mesmo necessário, posto que um prefeito devidamente comprometido com a transparência certamente já teria se antecipado a tal mobilização.

Mas, claro, cada governo tem a PGM que merece.

Alinhados

Outra demonstração deste alinhamento foi dada na tarde desta quarta-feira, 29, quando o prefeito Renato Bravo se recusou a receber o ofício 038/2020, emitido pela Comissão de Finanças, Orçamento, Tributação e Planejamento (CFOTP) e relacionado ao processo de julgamento das contas de 2018.

A dois vereadores e uma servidora efetiva da Câmara a recusa foi justificada sob a alegação de que o processo está judicializado, o que em si chega a ser engraçado, uma vez que a intimação se deu justamente em cumprimento a decisão judicial.

Como resultado a Câmara está tendo de publicar edital para dar ciência ao prefeito de um ato que diz respeito à sua própria defesa...

Patético

Na prática é tudo muito simples: ou a pessoa se envaidece da própria competência e retidão e não se furta a debates e esclarecimentos, ou reconhece a inconsistência de seu posicionamento e busca meios de evitar a transparência e o contraditório.

Qualquer coisa diferente disso cai no patético, e se assemelha muito ao que o próprio procurador disse: “Quem não tem argumentação se utiliza da coisa vil, da coisa pueril, da coisa rasteira, da incongruência, da falta de raciocínio”.

Ora, se os argumentos são tão sólidos, por que nos privar deles?

Desnecessário

Curioso notar, por fim, que ao longo dos seis minutos da gravação não foi rebatido um único argumento da nota divulgada pela Câmara em relação à legitimidade de seu pleno funcionamento ao longo do mês de julho.

Resta evidente, a essa altura, que o Legislativo irá responder de forma muito contundente a qualquer desrespeito à convocação na próxima segunda-feira, 3 de agosto, sob pena de ter a própria imagem arranhada.

E pensar que tudo isso poderia estar sendo evitado...

Alerta

No último dia 13 de julho, Roberto Gil Mazzala Mello, que era pré-candidato a vereador em Nova Friburgo e infelizmente foi vencido pela Covid-19 nesta semana, deixou um depoimento marcante em suas redes sociais a respeito da doença e os efeitos de seus sintomas mais severos.

Como a mensagem se tornou pública, e ele próprio manifestou o desejo de conscientizar a população, a coluna entende que a repercussão de suas palavras neste espaço o deixaria feliz.

Uma pena, apenas, que a coluna não tenha visto este depoimento com maior antecedência.

Aspas

“Segundo dia de internação. É solidão, saudade, falta de ar, oxigênio, saturação baixa, remédio na veia o tempo todo, febre de quatro em quatro horas. E o fantasma da UTI te rondando o tempo todo.

Meus amigos, cuidem-se!! Máscara sempre que for à rua!!! Desde ontem passo a maior parte do dia de bruços, para respirar melhor.

Tem dias que desejamos tantas coisas! Hoje, meu desejo é só voltar a respirar bem!!!”

Fala, leitora!

“Causa-me surpresa que ninguém fique indignado e a mídia não mostre como o friburguense não está respeitando nada. Há muito tempo que tem comércio aberto, que não se usa máscara e que a prefeitura não tem fiscalizado nada. (...) Vi estupefata a dona de um hotel falar em ‘alta temporada’ e que deveriam abrir. Em um mundo totalmente fora da ordem normal, que alta temporada é essa? (...) Lojas em frente à prefeitura funcionavam à meia porta. Em várias reportagens ao vivo se via lojas semiabertas e muita, muita gente sem máscara. Cartas para esse jornal relatam que no ônibus tem gente que não usa e acha que está certa. Hoje [ontem] faleceu uma vizinha, teve problemas cardíacos e teve que ser internada no Raul Sertã. Contraiu a Covid. O que esta cidade está esperando para entender a gravidade da doença?”

Continuando

“Fui ao Centro no final de domingo… Pista de skate com gente sem máscara, gente no autoatendimento com máscara na orelha, gente nos bancos da Rodoviária Sul conversando sem máscara e muitos outros cenários fáceis de serem identificados. E nenhuma fiscalização. Em frente a uma agência bancária tinha uma idosa sentada no banco sem máscara e olhando um papel. Numa padaria havia funcionários com a máscara no queixo.

Eu pergunto: o que Nova Friburgo está pretendendo? E que administração pública é essa? Os canais de denúncia não funcionam.”

Assina a mensagem a leitora Ludmila Pereira.

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Broa de milho com legumes crus: um patrimônio imaterial friburguense

quinta-feira, 30 de julho de 2020

Existe um tipo de guloseima feita pela comunidade rural de Nova Friburgo desde o século 19, a broa de milho com legumes crus. No distrito do Campo do Coelho, essa guloseima é conhecida como broa de planta feita pela Dona Dodoca, sitiante naquela região. Igualmente localizei no Alto do Schuenck, no distrito de Amparo e em Galdinópolis, no distrito de Lumiar, famílias descendentes de colonos suíços e alemães que mantém a tradição de fazer esse tipo de broa.

Existe um tipo de guloseima feita pela comunidade rural de Nova Friburgo desde o século 19, a broa de milho com legumes crus. No distrito do Campo do Coelho, essa guloseima é conhecida como broa de planta feita pela Dona Dodoca, sitiante naquela região. Igualmente localizei no Alto do Schuenck, no distrito de Amparo e em Galdinópolis, no distrito de Lumiar, famílias descendentes de colonos suíços e alemães que mantém a tradição de fazer esse tipo de broa.

No entanto, quem fez da preparação da broa de milho uma festa foram os Mozer. Em Lumiar, 17 membros dessa família residem em um condomínio que denominam de Vila Mozer. Na propriedade passa um generoso riacho que além de ser um local de lazer fornece energia ao moinho de fubá e ao monjolo que a família faz uso mantendo a tradição de seus ancestrais.

Fui conhecer o processo de elaboração dessa tradicional broa. Quem comanda todo o grupo familiar é Maria Bercília Mozer de Moraes. Geralmente são feitas para venda entre três a quatro fornadas de 56 broas na Vila Mozer sempre no último sábado do mês de julho. O objetivo do evento é arrecadar dinheiro para a confecção das fantasias do bloco de carnaval da família, Flor do Luar, que desfila nos dias de folia.

Essa tradição foi iniciada pelo pai de Bercília, o senhor Astrogildo Mozer, nascido em 1919. Era produtor rural, tropeiro e casado com Dorcelina Schuab Mozer. Falecido em 1994, foi fundador da Vila Mozer criada para abrigar os seus 11 filhos. A primeira festa da broa de milho realizada de forma a criar um evento turístico em Lumiar foi em 27 de julho de 1991, quando Astrogildo ainda era vivo.

Os suíços chegaram em Nova Friburgo no século 19, para trabalhar em glebas de terra se dedicando ao cultivo de alimentos. Os Mozer estavam entre esses colonos. De acordo com o historiador Henrique Bon, os Mozer são originários de Vaud, na Suíça. A família era composta pelo patriarca Joseph Moser, que faleceu durante a viagem de navio, a esposa Marianne e quatro filhos, nos quais dois igualmente faleceram na travessia do Atlântico. Os dois filhos menores Henri e Marie-Jeanne chegaram à Nova Friburgo com a mãe, que por uma tragédia morreu em abril de 1820, poucos meses depois de sua chegada.

Henri casou-se com a colona Henriette Julliard e adquiriram terras nas cabeceiras do Rio Macaé, no rio da Boa Esperança, deixando imensa descendência. Marie-Jeanne, irmã de Henri, casou-se com o brasileiro João de Oliveira Ramos, deixando menor prole. Mas havia também outro Joseph Moser, marceneiro, patriarca de numerosa família. Segundo Bon é difícil estabelecer quais dos dois Josephs os atuais Moser têm a sua descendência.

Vamos à receita dessa broa: legumes como batata doce, chuchu, inhame, cabeça de inhame, cará, abóbora e mandioca são ralados crus. O ingrediente básico é a farinha de milho, o fubá, que pode ser branco ou amarelo, ou mesmo ambos. Entra igualmente na composição da broa, açúcar e um pouco de cada um desses ingredientes como banha de porco, óleo, margarina, farinha de trigo, leite, ovos e fermento. Tudo é misturado e batido na batedeira.

A massa da broa de milho pode ser envolvida em folhas de bananeira ou de caeté e assada necessariamente em um forno de barro que fica fora da casa, no quintal. Tudo indica que os legumes crus adicionados era uma maneira de dar mais rendimento a massa da broa, dar sustança, empanturra, faz bucha. A broa de milho com legumes crus é uma tradição passada de geração em geração pela comunidade rural de Nova Friburgo, um precioso saber local.

Além da particularidade de seus ingredientes e modo de fazer, a exemplo da massa ser envolvida em folhas de bananeira e assada em forno de barro, a sociabilidade no momento de sua elaboração é outra importante característica. A lei municipal de 2009 criou instrumentos de proteção do patrimônio cultural do município, com o tombamento dos bens históricos.

Além dos bens materiais, prevê o tombamento do patrimônio imaterial. A lei dispõe que o poder público reconhece e protege como patrimônio cultural bens de natureza imaterial a fim de garantir a continuidade de expressões culturais referentes à memória, à identidade e à formação da sociedade do município, para o conhecimento das gerações presentes e futuras.

No caso da broa de milho feita com legumes crus, caso seja reconhecida pelo poder público como patrimônio cultural, ganha um registro no Livro dos Saberes, em razão do conhecimento e modo de fazer enraizados no cotidiano das comunidades rurais de Nova Friburgo. 

Mas já temos uma boa notícia. O vereador Joelson José de Almeida Martins, conhecido como Joelson do Pote encaminhou o projeto de Lei Municipal para declarar a broa de milho de fabricação artesanal pela comunidade rural de Nova Friburgo Patrimônio Cultural Imaterial do povo friburguense.

  • Foto da galeria

    As broas de milho são assadas em folhas de bananeira (Acervo pessoal)

  • Foto da galeria

    Maria Bercília Mozer de Moraes retira as brasas do forno (Acervo pessoal)

  • Foto da galeria

    O monjolo utilizado na Vila Mozer (Acervo pessoal)

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Ajudando crianças e adolescentes na pandemia

quinta-feira, 30 de julho de 2020

Crianças têm sentimentos de angústia, medo e tristeza. Elas não são indiferentes ao impacto da pandemia que vivemos. Elas sentem medo, incertezas, têm mudanças em suas rotinas, precisam também de isolamento social e conviver com o estresse dos pais. Os pais, e outros parentes que convivem de perto com as crianças e os adolescentes em casa, precisam entender as emoções deles para saberem como ajudar os filhos durante esta pandemia maluca, a qual parece ser fruto de inapropriada alimentação de animais proibidos por Deus para consumo como relatado em Levítico capítulo 11, na Bíblia.

Crianças têm sentimentos de angústia, medo e tristeza. Elas não são indiferentes ao impacto da pandemia que vivemos. Elas sentem medo, incertezas, têm mudanças em suas rotinas, precisam também de isolamento social e conviver com o estresse dos pais. Os pais, e outros parentes que convivem de perto com as crianças e os adolescentes em casa, precisam entender as emoções deles para saberem como ajudar os filhos durante esta pandemia maluca, a qual parece ser fruto de inapropriada alimentação de animais proibidos por Deus para consumo como relatado em Levítico capítulo 11, na Bíblia.

Este artigo é um resumo de um trabalho científico com o título “Considerações sobre saúde mental para crianças e adolescentes na pandemia da Covid-19”, publicado em maio de 2020 na Revista Paquistanesa de Ciências Médicas, tendo com autores uma equipe de cientistas da Universidade Médica King Edward de Lahore, do Paquistão, e da Faculdade de Medicina Rutgers New Jersey, em Newark, nos Estados Unidos.

As crianças são vulneráveis mentalmente à situações ruins como uma pandemia porque elas não possuem estratégias psicológicas de enfrentamento dos fatores estressores como este surto virótico, e elas podem não ter habilidades de comunicar seus sentimentos como nós adultos. O fato delas de repente não mais irem à escola e precisar se isolar de amigos, causa estresse e ansiedade nelas. E se elas são expostas à noticiários que enfocam tragédias devido ao vírus corona, isto piora seu estresse mental.

Os sintomas principais que surgem em crianças diante de um fator estressante como desta pandemia podem ser ansiedade, depressão, alterações no sono e apetite, prejuízos sociais, sentimentos de incerteza e agitação. Algumas podem regredir querendo de novo a chupeta ou não mais se vestindo sozinhas como fazia antes. Um estudo na China observou crianças e adolescentes quanto ao estresse da pandemia e foi verificado que muitos apresentavam distração, irritabilidade, medo de que familiares pudessem pegar a doença e morrerem e apego excessivo aos familiares.

As crianças e adolescentes são também expostos às notícias da pandemia, algumas das quais cheias de sensacionalismo e com possíveis mentiras, gerando estresse. Além dos efeitos dolorosos da pandemia para a sociedade, ainda vemos notícias de governantes e empresários fraudando o povo com compras superfaturadas dos equipamentos para o combate da doença. São pessoas doentes da malignidade, ganância e insensibilidade.

As crianças sofrem emocionalmente nesta tragédia porque o medo dos adultos as contagia já que elas são bem sensíveis ao estado emocional dos adultos em volta delas, que são sua fonte de segurança e bem estar emocional. Nos Estados Unidos cerca de 40% das pessoas com filhos abaixo dos 12 anos de idade entraram num alto nível de estresse devido às responsabilidades de trabalho afetado pela pandemia. Mais do que 50% dos pais relataram que o isolamento social está afetando suas funções parentais.

Infelizmente em alguns lares complicados, o isolamento social pode causar um aumento de atitudes abusivas com os cuidadores atuando com negligência e exploração dos filhos. Num distrito da China a polícia relatou que a violência doméstica aumentou quase três vezes mais em fevereiro de 2020, passando de 47 ocorrências nos últimos anos para 162 só neste ano, ocorrendo também no estado do Texas nos Estados Unidos, incluindo gritar, dar tapas nas crianças, explorar serviços delas. Uma covardia, não é?

Os adolescentes têm sofrimentos pela pandemia por estarem longe de amigos, da escola, de festas de aniversário, prática de esportes com amigos, além de ficar longe de avós, tios, primos. Os sintomas neles podem ser nervosismo, chateação, tristeza, ansiedade e medo.

O que os pais podem fazer para ajudar seus filhos pequenos e jovens durante a pandemia? Nas crianças pequenas use mais tempo com elas durante o dia, parando o trabalho em casa por uns 15 minutos pelo menos para se concentrarem no cuidado daquela criança, brincando com ela. Abrace mais seus filhos, dê um colinho para eles com mais frequência, transmitindo serenidade e carinho.

Não deixe a TV ou rádio ligado com notícias ruins da pandemia, e não fiquem conversando sobre isto quando as crianças estiverem perto. Anime seus filhos a terem contato com os avós e outros parentes que eles gostam usando o celular, ou por vídeo chamadas. Acompanhe seus filhos nas aulas on-line.

Evite que as crianças fiquem muito tempo na TV, intercalando as atividades delas com contar histórias em livros, atividades de artes, brincar de esconde-esconde, montar blocos de brinquedo, caminhar e brincar ao ar livre em locais permitidos. Não deixe que elas fiquem com equipamentos eletrônicos na parte da noite porque a luz brilhante da TV, dos celulares, tablets, prejudica o hormônio que facilita o sono.

Se a criança terá que perder a festa de aniversário ou um outro evento social que ela gosta muito, deixe ela falar da frustração dela, da tristeza, e apenas ouça o desabafo dela procurando ser compreensivo e pense em possíveis soluções para esta perda.

Usem palavras simples ao explicar para as crianças as mudanças necessárias durante o isolamento social. Por exemplo, diga que por causa do vírus é preciso usar máscaras ao estar num local com outras pessoas, que não é possível no momento brincar com outras crianças para poder ficarem saudáveis, que precisamos limpar objetos para que eles não fiquem sujos, que muitos de nós ficamos doentes vez ou outra e se isso ocorrer papai e mamãe irão cuidar da pessoa até ela ficar boa.

 

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Dados comparados

quarta-feira, 29 de julho de 2020

Para pensar:
"O pássaro que voa sempre encontra algo; o que fica no ninho, nada.”
Ditado sueco

Para refletir:
“O medo atribui grandes sombras a pequenas coisas.”
Ditado sueco

Dados comparados

A fim de que tenhamos referência a respeito de nossa situação dentro dos esforços de combate à pandemia de Covid-19, a coluna deu uma pesquisada nos cenários encontrados em Teresópolis e Petrópolis, e encontrou algumas diferenças bastante significativas.

Casos e óbitos

Para pensar:
"O pássaro que voa sempre encontra algo; o que fica no ninho, nada.”
Ditado sueco

Para refletir:
“O medo atribui grandes sombras a pequenas coisas.”
Ditado sueco

Dados comparados

A fim de que tenhamos referência a respeito de nossa situação dentro dos esforços de combate à pandemia de Covid-19, a coluna deu uma pesquisada nos cenários encontrados em Teresópolis e Petrópolis, e encontrou algumas diferenças bastante significativas.

Casos e óbitos

No que se refere aos números de casos confirmados e de óbitos, por exemplo, Teresópolis está em situação muito pior que a de Nova Friburgo, apesar de ter população ligeiramente menor (estimativa de 180.886 habitantes, ante 190.631 em nossa cidade).

Na tarde desta terça-feira, 28, nossos vizinhos registravam 2.418 casos confirmados, com 81 óbitos.

No mesmo horário nossos registros indicavam 1.033 casos confirmados, e 62 óbitos.

Subnotificação?

Não foi possível comparar o número de testes realizados, mas a análise desses dados - em especial a proximidade maior em relação aos óbitos do que nos casos confirmados - sugere que ainda estamos testando pouco, e provavelmente nosso quadro de subnotificação é mais acentuado.

Petrópolis, por sua vez, registra 2.286 casos confirmados e 140 óbitos, numa população estimada em 306.191 pessoas.

Na Cidade Imperial, assim como na Real, a leitura aponta para um quadro de subnotificação, ainda que nos últimos dias a testagem em massa tenha sido adotada por lá.

Informações

Em termos de acesso a informação, tanto Petrópolis quanto Teresópolis oferecem páginas de acompanhamento sensivelmente mais completas que a nossa, com quadros evolutivos de inúmeros parâmetros e outras informações importantes como, por exemplo, a evolução diária no número de testes realizados, bem como suas diferentes especificações.

Se nosso boletim diário já melhorou muito desde que começou a ser divulgado, e hoje fornece as principais informações para que seja possível avaliar as possibilidades de flexibilização da quarentena, a página de acompanhamento ainda pode ser melhorada.

Leitos

Se em número de casos e óbitos nossos vizinhos se encontram em situação desfavorável, em relação ao número de leitos ofertados à população o quadro se inverte.

Teresópolis, por exemplo, disponibiliza 28 leitos de tratamento intensivo exclusivos para Covid pelo SUS, ante 88 de Petrópolis.

Por aqui são dez leitos, além de outros oito semi-intensivos.

Número que pode e deve aumentar em breve, com a promessa de que o governo estadual irá fornecer recursos humanos para o funcionamento de mais dez leitos.

Será?

Quando olhamos para os chamados leitos pactuados, que pertencem à rede privada mas podem ser utilizados pelo SUS em caso de necessidade, a diferença também é grande.

Em Petrópolis, por exemplo, o somatório de todos os leitos chega a 122.

Por aqui a rede particular está disponibilizando 18 leitos, com capacidade de ampliação, sobretudo no Hospital Serrano.

Nos bastidores da política, contudo, não são poucas as pessoas apostando que, tão logo os novos leitos SUS entrem em operação, a rede particular tende a reduzir sua oferta.

Será?

Delicado

Evidentemente, se tal situação vier a se observar, estará na contramão não apenas dos interesses dos clientes, mas da sociedade como um todo, que conta com a oferta de leitos para que possa retomar, em alguma medida, suas atividades econômicas.

Por mais que seja compreensível que os hospitais precisem retomar os demais atendimentos em níveis mais próximos da normalidade, a questão é certamente delicada e precisa ser avaliada com cuidado e foco no interesse coletivo.

Aprovou

Confirmando expectativas, o plenário da Câmara Municipal aprovou nesta terça-feira, 28, por unanimidade e em discussão única, o projeto de lei apresentado pelo vereador Johnny Maycon que estabelece a obrigatoriedade da divulgação dos salários e gratificações dos servidores municipais comissionados e efetivos, no Diário Oficial eletrônico e no Portal da Transparência.

O prefeito Renato Bravo tem agora até 15 dias para sancionar ou vetar a lei, mas o histórico da atual legislatura sugere que um veto como este dificilmente não seria derrubado.

Na prática, a chance de que a lei entre em vigor muito em breve é muito grande.

Sugestão

De acordo com o vereador, a atual gestão gasta cerca de R$ 270 mil mensais com gratificações, contra aproximadamente R$ 190 mil no governo anterior.

A esse respeito, a coluna reafirma sua sugestão de que as gratificações sejam cortadas pelo próximo prefeito, ao menos temporariamente, a fim de que esse montante seja dividido e acrescentado aos salários mais baixos do funcionalismo.

Tem muito servidor passando sérias dificuldades, enquanto alguns apadrinhados levam uma vida muito confortável.

Isso precisa mudar urgentemente.

Fenf

O friburguense Lincoln Vargas, artista de inúmeros talentos e promotor do Festival de Esquetes de Nova Friburgo (Fenf) confirmou que o evento vai ter sim sua edição anual em 2020, apesar da pandemia de Covid-19.

Diferentemente de outros anos, contudo, o Fenf 2020 será on-line.

A coluna celebra a boa notícia, e promete trazer em breve mais detalhes sobre o festival, que deve distribuir R$ 1.500 em prêmios e para o qual as inscrições estarão abertas até o dia 30 de agosto.

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Olívia de Havilland morre aos 104 anos

quarta-feira, 29 de julho de 2020

Morreu no último domingo, 26, aos 104 anos, em Paris, a última estrela da época de ouro de Hollywood, atriz do famoso e épico filme “E o vento levou”, de 1939, no papel de Melanie Hamilton e ganhadora de dois Oscar, prêmio máximo do cinema americano. Suas duas estatuetas são uma de 1946 com o filme “Só resta uma lágrima” e outra de 1949, “Tarde demais”. Curioso que sua atuação num dos filmes campeões de bilheteria e mais assistidos no mundo, da qual foi uma atriz coadjuvante de grande importância, não lhe rendeu nenhum prêmio, apesar da indicação.

Morreu no último domingo, 26, aos 104 anos, em Paris, a última estrela da época de ouro de Hollywood, atriz do famoso e épico filme “E o vento levou”, de 1939, no papel de Melanie Hamilton e ganhadora de dois Oscar, prêmio máximo do cinema americano. Suas duas estatuetas são uma de 1946 com o filme “Só resta uma lágrima” e outra de 1949, “Tarde demais”. Curioso que sua atuação num dos filmes campeões de bilheteria e mais assistidos no mundo, da qual foi uma atriz coadjuvante de grande importância, não lhe rendeu nenhum prêmio, apesar da indicação.

Nascida em Tóquio, em 1916, inglesa por parte de mãe, americana por adoção e francesa de coração, pois morava em Paris desde 1953, foi na cidade luz que seus olhos se fecharam para sempre; longe de seus contemporâneos desde há muito já falecidos e numa solidão, talvez maior do que a própria morte. Aliás, poucos são aqueles que ultrapassam a marca dos 100 anos e, na realidade, talvez isso seja mais motivo de tristeza do que alegrias, mesmo que a capacidade mental e a saúde não estejam comprometidas em demasia.

Num mundo em que os valores estão em constante mutação, mesmo aqueles que são cinéfilos por natureza, terão que forçar a memória para se lembrarem dela num filme lançado em 1939. Aliás, a trajetória dele é curiosa, pois surgiu nas telas no início da segunda guerra mundial e teve sucesso imediato. Além de ter sido o primeiro filme mais longo da história do cinema, com mais de três horas de duração, foi também campeão de bilheteria e, talvez assim o permaneça, se corrigidos os valores dos ingressos ao longo desses 81 anos de existência. Sem falar na sua música tema, que durante muitos anos fez parte da lista das músicas mais tocadas nas paradas de sucesso, nas décadas de 50, 60 e 70.

Na vida tudo passa, principalmente, num mundo em constante evolução, ainda mais depois da banalização da internet, onde os valores se transformam e as novidades são efêmeras, sendo em pouco tempo substituídas por outras. Assim, aqueles com idade acima de 40 anos ainda se lembram de fatos passados, de “E o vento levou” e de Olívia de Havilland. Os mais novos, e aqui não incluo nenhuma crítica por isso, só o saberão se rendeu frutos de trabalhos escolares ou universitários, ou ainda, aqueles que amam a chamada sétima arte (1ª arte – arte sonora (som), 2ª arte – artes cênicas (dança), 3ª arte - pintura (cor), 4ª arte -escultura/arquitetura, 5ª arte - teatro, 6ª arte - literatura (palavra), 7ª arte – artes audiovisuais). Mas, mesmo estes deverão cavar fundo na memória, em função do grande número de títulos que se acumularam durante toda a cinematografia americana e mundial.

Lembro-me que há mais ou menos um mês, quando as notícias sobre a Covid-19 deixavam aparecer alguma outra informação, ter comentado com minha mulher uma matéria sobre Olívia de Havilland. Tal matéria dizia estar ela ainda viva, aos 104 anos de idade, e ser a última remanescente da época de ouro de Hollywood, pois Kirk Douglas, outro gigante dessa época, também nascido em 1916, falecera em 5 de fevereiro de 2020.

Olívia pode ter morrido envolta na solidão, mas permanecerá viva na história da cinematografia mundial e na memória daqueles que ainda se lembram de “E o vento levou”. Descanse em paz.

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