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Elegância literária

segunda-feira, 03 de fevereiro de 2020

Ontem fui dormir pensando no assunto que dissertaria nesta coluna. Antes de começar a escrever, sempre tenho um momento de reflexão para chegar a uma decisão a respeito do tema que vou desenvolver e em que ponto de vista vou abordá-lo. Confesso que não é fácil escrever semanalmente, entretanto é um desafio que me permite aprimorar as habilidades relativas à produção criativa de textos, bem como é um incentivo à leitura e à pesquisa. Considero-o uma responsabilidade saudável e que gosto de ter.

Ontem fui dormir pensando no assunto que dissertaria nesta coluna. Antes de começar a escrever, sempre tenho um momento de reflexão para chegar a uma decisão a respeito do tema que vou desenvolver e em que ponto de vista vou abordá-lo. Confesso que não é fácil escrever semanalmente, entretanto é um desafio que me permite aprimorar as habilidades relativas à produção criativa de textos, bem como é um incentivo à leitura e à pesquisa. Considero-o uma responsabilidade saudável e que gosto de ter.

No silêncio da noite pude rever os últimos temas que desenvolvi e conversar comigo nos esconderijos do travesseiro. De repente, uma palavra saltou à minha frente: elegância. A elegância tem graciosidade, expressa individualidade, tem valor e força de expressão. Quem não admira a elegância e deixa-se levar pela beleza contida na essência do que ou de quem a possui? Toda a elegância tem um quê de encantamento e de sedução; não suscita adereços, nem exuberâncias. 

A elegância é desenvolvida e cultivada ao longo da vida. Ou das vidas passadas, se é que posso me referir à eternidade da alma. Talvez uma única vida não seja suficiente para dotar uma pessoa de comportamento harmônico e autêntico. De louco a mestre, de camundongo a girafa, de rama a árvore, ela vai passar por várias formas e estágios de vida até se constituir em um ser dotado de elegância. 

Do mesmo modo posso me referir ao escritor que faz sua formação a partir da construção do hábito de tratar um texto feito de palavras, unidades linguísticas que exprimem significados. As mesmas palavras com que se escreve uma anotação ou uma matéria de jornal podem compor uma poesia, um ensaio ou uma crônica. Da mesma maneira que é possível usar quaisquer palavras para escrever uma carta, pode-se cuidar do emprego das palavras para elaborar uma obra literária. 

Na verdade, a literatura decorre de questões particulares: quem a pessoa quer ser e qual escritor pretende avivar. Com formação e dedicação, é possível fazer-se escritor. Quero dizer: pinçar palavras do dicionário da língua portuguesa e usá-las como obra de arte não é talento, é trabalho sobre trabalho. Ah, a elegância literária não é feita de truques: as palavras não necessitam de adjetivos ou advérbios para mostrar o poder de expressão do texto, nem um livro precisa ser escrito em tinta reluzente.

E vou mais além. Cada palavra empregada decorre da sublimação da libido do escritor que busca seu prazer no fazer literário. Seu desejo inebriante e sublimado transita na força de expressão das frases, laboradas durante a produção de um texto de sentido válido; contundente. 

A obra, escrita com elegância, pode ser admirada como uma paisagem.


 

P.S.: continuo semana que vem 

 

 

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Resgate histórico

sábado, 01 de fevereiro de 2020

Para pensar:

“Pecar pelo silêncio, quando se deveria protestar, transforma homens em covardes.”

Abraham Lincoln

Para refletir:

“A não-violência e a covardia não combinam. Posso imaginar um homem armado até os dentes que no fundo é um covarde. A posse de armas insinua um elemento de medo, se não mesmo de covardia. Mas a verdadeira não-violência é uma impossibilidade sem a posse de um destemor inflexível.”

Mahatma Gandhi

Resgate histórico

Para pensar:

“Pecar pelo silêncio, quando se deveria protestar, transforma homens em covardes.”

Abraham Lincoln

Para refletir:

“A não-violência e a covardia não combinam. Posso imaginar um homem armado até os dentes que no fundo é um covarde. A posse de armas insinua um elemento de medo, se não mesmo de covardia. Mas a verdadeira não-violência é uma impossibilidade sem a posse de um destemor inflexível.”

Mahatma Gandhi

Resgate histórico

Na próxima sexta-feira, 7, será lançado um livro que desde já se anuncia como leitura obrigatória aos amantes de Nova Friburgo, e de sua rica trajetória.

“Teia Serrana II: Novos Temas e Novas Abordagens” é uma obra coletiva que dá sequência ao volume anterior, “Teia Serrana, Formação Histórica de Nova Friburgo”, que reuniu 11 artigos de historiadores e foi lançado em fevereiro de 2003.

Muitos dos autores do primeiro livro, inclusive, retornam agora para dividir novos fragmentos de nossa vasta teia histórica.

Continuidade

A coordenação das duas obras coube a João Raimundo de Araújo e ao saudoso Jorge Miguel Mayer, cujo trabalho teve continuidade pelas mãos de Ricardo da Gama Rosa Costa.

Apesar da evidente ligação entre os dois livros, e do importante incentivo de Martin Nicoulin à elaboração de ambos, parece importante ressaltar que o novo livro não revisita os temas abordados em seu antecessor, mas se dedica a novos tópicos.

Personagens

O próprio Nicoulin voltou a colaborar com um artigo, “Os Friburguenses das duas Sarines”, que se relaciona com as colaborações de Marieta de Moraes Ferreira, “Marianne Joset Salusse, uma mulher à frente de seu tempo” e de Jorge Miguel Mayer, “As Malas Órfãs”, na medida em que todos se debruçam sobre personagens ligados à migração suíça que marca a criação da Colônia de Nova Friburgo.

Janaína Botelho, que também integra o timaço de autores, afirma que estes relatos são emocionantes.

Escravidão

Por sua vez, os artigos de Rodrigo Marretto, “Insurgência escrava na Vila de Nova Friburgo (1820-1850)”; e de Maria Janaína Botelho Corrêa e Selmo de Oliveira Santos, “Terras Frias, um ensaio sobre a Reforma Agrária na Fazenda Rio Grande”; se relacionam na medida em que abordam o contexto do século 19 e o alcance da escravidão praticada em Nova Friburgo naquele período.

Trens

Parte importante da história friburguense foi conduzida sobre trilhos, e eles estão representados através do artigo de Maria Ana Qualigno, “Ocupação e ressignificações do espaço urbano: o caso do Palácio Barão de Nova Friburgo (1871-1988)”.

Atravessando mais de um século de acontecimentos, o texto une aspectos econômicos e políticos para relembrar a apropriação do espaço urbano em torno da criação da Estrada de Ferro Cantagalo, seu auge e sua decadência até a extinção em 1964.

Outros temas

Através do artigo “A cidade e o integralismo, Nova Friburgo e a Ação Integralista Brasileira”, Maurício Raposo mergulha no universo da Ação Integralista Brasileira em Nova Friburgo, nos anos 1930.

Paralelamente, Sônia Regina Rebel de Araújo analisa a educação de mulheres em um colégio católico, na Escola Normal, nas décadas de 1950 e 60, ao longo do artigo “Diplomar a Mãe-Professora: Festas da Ordem no Colégio Nossa Senhora das Dores”.

Tempos modernos

Por fim, os artigos de Ricardo Gama Rosa Costa, “Nova Friburgo nos tempos de ditadura (1964-1985): A Burguesia vai ao Paraíso” e de João Raimundo de Araújo “Política e Economia em Nova Friburgo dos fins do Século 20 aos primórdios do século 21” brindam o leitor com a análise de momentos mais recentes de nossa história, protagonizados por personagens que muitos de nós chegamos a conhecer, ou que ainda estão na ativa.

Chave de ouro

O último artigo do livro, a cargo de Jorge Miguel Mayer, “Tesouro da Serra: Águas do Alto Macaé” aborda a questão ambiental friburguense dentro de uma perspectiva histórica.

Para completar a receita imperdível, a coluna registra que a querida fotógrafa Regina Lo Bianco assina as imagens e ilustrações do livro, que contou com o apoio financeiro da Associação Fribourg-Nova Friburgo, responsável pela publicação.

Créditos

Para a elaboração destas notas, a coluna recorreu, entre outras fontes, a diversas informações divulgadas por Janaína Botelho, por entender que a obra é de interesse geral e sua existência merece ser amplamente divulgada à população friburguense.

O lançamento de “Teia Serrana 2, Novos Temas, Novas Abordagens” se dará na próxima sexta-feira, a partir das 18h, na Casa Suíça, em Conquista.

Até quando?

O amigo Tony Ventura, vice-presidente do SinComércio e ex-presidente da Associação Comercial de Nova Friburgo, deu voz a questionamentos feitos por muitos friburguenses a respeito da demora na recuperação do trecho que ficou em meia pista, na serra de Cachoeiras.

Aspas

“Sugiro uma matéria sobre situação do deslizamento na serra de Cachoeiras, que está desde outubro em sistema de pare e siga, e a obra de reparação paralisada há quase quatro meses! Colocaram plástico preto, mantêm máquinas e caminhões no local, mas sem ações de reparos. Responsabilidade da Rota 116, e quem vai cobrar o conserto?”

Doações

Ninguém mais enviou informações desta natureza à coluna, mas pudemos observar que o Laje, a Prefeitura Municipal e a Igreja Luterana também se mobilizaram em favor da coleta e do envio de donativos às localidades afetadas pelas recentes chuvas, tanto em Minas Gerais quanto no Espírito Santo.

É bem provável, no entanto, que estejamos vendo apenas uma parte dos esforços realizados em nossa sociedade.

O espaço segue aberto a ajudar nesses esforços, caso isso seja possível.

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Nova Friburgo recepciona o governador Geremias Fontes

sábado, 01 de fevereiro de 2020

Edição de 31 de janeiro de 1970
Pesquisado por Fernando Moreira

Manchetes: 

Edição de 31 de janeiro de 1970
Pesquisado por Fernando Moreira

Manchetes: 

  • O povo e a administração de Nova Friburgo recepciona o governador - Todos unidos, jubilosos, sem distinções de legendas partidárias ou condições políticas, receberam com o máximo de carinho o governador Geremias Fontes com exuberantes e constantes demonstrações de simpatia e afetividade para com o chefe do Executivo estadual.
  • “Maria Duque Estrada Laginestra” - é o nome do Jardim de Infância municipal que brevemente vai funcionar no Prado, Conselheiro Paulino, junto ao Ginásio 16 de Maio. Uma justa homenagem póstuma àquela que tanto realizou em favor da criança friburguense. A unidade padrão, está sendo construída pelo prefeito Amâncio Azevedo.
  • INPS ao invés de PNS - Previdenciários de Friburgo e adjacências querem o retorno da assistência médica ao INPS local, já que o plano de saúde nada lhes trouxe de novo, senão sangria nos minguados orçamentos. 
  • Faculdades em Friburgo - O governador Geremias de Mattos Fontes e o prefeito Amâncio Azevedo, verdadeiramente identificados com a necessidade da vinda das faculdades para Friburgo, decidirão os últimos detalhes do momentoso problema que tanto vem interessando aos jovens friburguenses.
  • Chamberlain Noé - A data natalícia do dr. Chamberlain Noé, em 31 de janeiro, constitui um acontecimento social da mais alta importância, pois o ilustre, querido, e competente médico desfruta de condição especial junto aos friburguenses. Autêntico mestre na Clínica Geral como também na anestesia, ele alcançou os píncaros no que respeita à sua situação profissional e a respeitabilidade pessoal. 
  • TVs em Friburgo: coisa das mais cabulosas. Um dia, não muito distante, o milagre surgirá - Existem coisas nesta cidade que não só espanta, como encabula, desanima, enerva e deixa qualquer um em permanente desespero. Uma delas é a televisão. Quem muitas vezes, já não teve vontade de jogar seu aparelho pela janela e xingar muito devido a má recepção de imagem e som de TV na nossa terra? 
  • Água - O governador Geremias, em companhia do prefeito Amancio visitará o novo sistema de abastecimento d’água da cidade, a “obra do século” para Friburgo e na qual serão investidos três bilhões de cruzeiros antigos. Dita obra, será custeada, a metade pelos cofres da prefeitura e a outra metade por um organismo federal com capitais americanos.O governador também visitará o prefeito Amâncio Azevedo, ocasião em que conhecerá detalhadamente a mais bonita e funcional sede prefeitural do Brasil, obra que, por si só imortalizaria a atual administração municipal. Em seguida, no prédio mencionado e em ela especialmente preparada o governante do nosso Estado receberá em audiência, personalidades, órgãos classistas, autoridades civis, militares e eclesiásticas, prefeitos e presidentes de Câmaras de Vereadores, mantendo longo expediente.

Pílulas:

  • O governador Geremias, num gesto cativante para com os friburguenses, apresentará no Salão de Atos do Colégio Anchieta, a prestação de contas das suas realizações, como também seu programa administrativo para 1971. 
  • O governador deveria visitar-nos com mais frequência, pois assim haveriam sacudidelas nas obras estaduais em andamento. Durante a semana findante o movimento nas estradas foi fabuloso. Tudo o que estava paralisado foi movimentado pra valer. Naquele trecho da futura avenida – fundos do Colégio Modelo – o negócio andou mesmo. Máquinas, enfim tomaram o caminho da nossa terra. Pena que o dr. Geremias não venha a Friburgo todas as semanas.

Sociais:

  • AVS registra os aniversários de: dr. Chamberlain Noé (31 de janeiro); Leonor Laginestra Quintaes, Almir Ventura, Roberto Rangel Ventura, Hélio de Freitas Madureira, Renato Albino e Celina Spinelli Carvalho (1º); Celsio Folly (2); Rosaly Sampaio Azevedo (3); Jader Lugon, José A. Ventura, Nair Figueiredo Bizzotto e Cesar de Souza (4); Bernardo Nunes Pinto Filho, Helio Tavares (6); Ângelo Ribeiro (7).

 

Foto da galeria
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Se essa curva falasse...

sábado, 01 de fevereiro de 2020

A última curva de uma cidade. Aquela que descortina novos lugares ou simplesmente outro lugar... Quantos segredos guarda, quantos sentimentos grava, tantas histórias que narra... Suspiros de realização e dever cumprido ou puramente desistência daquilo que a força exterminada obrigou se entregar. Saudade daquilo que acabou de se tornar memória. Ansiedade pelo que está por vir. Chegando ou deixando, a última curva é também a primeira.

A última curva de uma cidade. Aquela que descortina novos lugares ou simplesmente outro lugar... Quantos segredos guarda, quantos sentimentos grava, tantas histórias que narra... Suspiros de realização e dever cumprido ou puramente desistência daquilo que a força exterminada obrigou se entregar. Saudade daquilo que acabou de se tornar memória. Ansiedade pelo que está por vir. Chegando ou deixando, a última curva é também a primeira.

Se essa curva falasse tudo o que capta... Livro de muitos recortes diversos que nos contam sobre a vida. A vida, essa história de pessoas reais e com realidades fantasiadas de sonhos. Gente que busca e é buscada pelo amor, pela raiva, pela emoção, pela lógica, pela razão e por todos os extremos que fazem o outro extremo existir. Seduzidos, nos rendemos ou nos permitimos seduzir e assumir o fictício controle do tempo.

Como poeta, é piegas brincar com as palavras que se contradizem, mas como humano é inevitável trafegar entre os contrários que nos definem e escrevem a nossa jornada. Escolhemos. A todo instante fazemos escolhas minúsculas que podem ou não nos levar decisões maiores. Nossas escolhas são responsabilidade exclusiva de nós mesmos. E aprendemos ferindo e se ferindo. 

Mas é preciso consciência de que viver sob júri não nos faz crescer. Aceitar nossas imperfeições afim de evoluir é melhor do que condenar e se condenar. Nesse modo de afirmação do viver, a curva ainda que perigosa, se torna mais suave e passamos por ela com menos desapego.

E nessa curva tem adeuses solitários, outros felizes, tantos quantos doídos. É tão singular. Adeuses decididos e outros repletos de receios. Por mais que se assemelhem, são muito exclusivos. Adeuses obrigados sem direito a deliberação própria - acontecem. Porque a vida nos empurra mesmo, como aquele coleguinha de escola que acha esse tipo de brincadeira, divertido. E nos surpreendemos porque sabemos superar, de um jeito ou de outro. 

E, nessa curva tem chegadas igualmente como os adeuses... Solitárias, felizes, doídas, decididas, obrigadas... Por mais que planejemos, há acasos, surpresas agradáveis e também inoportunamente desagradáveis. Há de se conviver com o leque do inimaginável. Estamos aí... Pode chover ou fazer sol, isso quando ambos não vêm juntos.  

E no fim, a curva apenas representa a possibilidade de encontrar e se encontrar nesse mundo tão enorme de pequenas, médias e grandes cidades. As vilas que desenhamos no peito e fazem mapa na alma. A curva – primeira e última - é apenas um marco de chegar e partir. Se essa curva falasse, ainda assim teríamos de experimentar por nós mesmos, pois, por mais que tenhamos o dom de ouvir, é preciso viver.    

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(In)Segurança

sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

(In)Segurança

O leitor certamente tem a dimensão de que levar certas denúncias adiante, enfrentar certos interesses infiltrados, honrar o juramento em contextos desenhados para premiar o erro, a vista grossa, a colaboração, são posturas que envolvem riscos, sobretudo quando muitos que deveriam estar fazendo o mesmo preferem ignorar os fatos, ou tirar proveito deles.

Vale para o Judiciário, para o Executivo, para o Legislativo, para o cidadão engajado, e também para a imprensa.

Prato frio

(In)Segurança

O leitor certamente tem a dimensão de que levar certas denúncias adiante, enfrentar certos interesses infiltrados, honrar o juramento em contextos desenhados para premiar o erro, a vista grossa, a colaboração, são posturas que envolvem riscos, sobretudo quando muitos que deveriam estar fazendo o mesmo preferem ignorar os fatos, ou tirar proveito deles.

Vale para o Judiciário, para o Executivo, para o Legislativo, para o cidadão engajado, e também para a imprensa.

Prato frio

A coluna não costuma trazer este tema à tona, mas recentemente algumas fontes de credibilidade começaram a manifestar preocupação, deixando transparecer a mobilização de forças denunciadas (ou na iminência de o serem) no sentido de “dar um susto” em vozes denunciantes, aqui em nossa cidade.

Nada a ser feito agora, enquanto certos assuntos estão “quentes”, mas daqui a pouco, quando pautas de naturezas diversas estiverem em destaque e a associação entre grupos incomodados e o ato eventualmente praticado não seja tão evidente.

Planejando?

A própria coluna andou recebendo mensagens nitidamente intimidatórias tão logo começou a denunciar a aquisição de medicamentos com sobrepreço, e já tomou as medidas cabíveis a esse respeito.

E, de acordo com o que foi possível entender, o nome do vereador Professor Pierre chegou a ser citado como alguém a ser “assustado” no futuro próximo.

Precedente

Tudo talvez não passe de uma tentativa de construir um clima intimidatório, mas não podemos nos esquecer que no fim de 2017, exatos 40 dias após a peça que reuniu as informações levantadas pela operação legislativa “Mãos de Sangue” ter sido entregue ao Ministério Público Federal, o carro do vereador Professor Pierre sofreu um impacto que a perícia confirmou ser compatível com disparo de arma de fogo.

Evidentemente as forças que se mobilizaram naquela altura estão igualmente incomodadas com as consequências daquela mesma fiscalização.

União necessária (1)

Enfim, a coluna registra estes sinais a fim de alertar a sociedade a respeito de tais possibilidades, chamando atenção para a importância da atuação conjunta de todos que entendam ser correto enfrentar comportamentos incompatíveis com o interesse coletivo.

É a omissão de muitos que faz com que poucos se tornem alvos destacados, e cabe à sociedade deixar claro seu interesse e sua disposição em lutar pela verdade, enfatizando que já passamos da era na qual silenciar vozes era tão fácil quanto puxar um gatilho ou simular um acidente.

União necessária (2)

Se muitos vereadores fiscalizassem, se muitos jornalistas apurassem e denunciassem, se a população se unisse, cobrasse e se fizesse ouvir, e se o judiciário agisse com maior celeridade - apesar do acúmulo de trabalho -, certamente o respaldo e a segurança de quem defende o que é interesse de todos seriam muito maiores.

Tal união, tal diluição de protagonismos, tal manifestação de compromisso em favor do bem comum são muito necessárias neste momento em Nova Friburgo, e a coluna conta com o apoio dos leitores e dos colegas da imprensa para deixar claro que ninguém está sozinho nessa luta.

Sounds of silence

Dito isso, talvez seja importante acrescentar que Nova Friburgo não tem amadores em suas linhas de defesa.

Existe sim uma reserva informativa de segurança, bem guardada e distribuída entre uma rede de confiança, pronta para ser acionada na eventualidade de qualquer ação de natureza truculenta contra qualquer agente fiscalizatório de nossa cidade.

Se alguém acha que tudo o que se tem é divulgado, então está muito mal-informado.

Regras simples

No fim, é muito simples.

Estão incomodados?

Então partam para o debate, desmintam cara a cara, caso a caso.

Querem ser elogiados?

Então façam por merecer.

Mais um

O PSTU de Nova Friburgo confirmou a pré-candidatura do bancário Hugo Moreno, de 32 anos, a prefeito nas eleições de outubro.

Hugo já havia sido candidato em 2016, quando obteve 1101 votos, equivalentes a 1,07% do total.

Tiradentes

A coluna tem sido procurada sistematicamente por moradores do Loteamento Tiradentes, no Amparo, pedindo apoio para dar publicidade à situação de isolamento que vem sendo imposta aos moradores desde que escorregamentos de terra interromperam o serviço de transporte coletivo, em meio ao grande volume de chuva que caiu sobre o distrito recentemente.

Além do buraco no acesso ao loteamento moradores reclamam também da falta de iluminação pública no trecho mais perigoso, justamente onde há a cratera.

Tão simples

Tendo igualmente sido confrontado com alguns destes relatos, o repórter Guilherme Alt encaminhou algumas perguntas simples à Secom.

Basicamente questionou se o ex-vereador Aylter Maguila era habilitado para conduzir a van que foi disponibilizada para transportar os moradores, e por que era ele, um subsecretário, quem estava dirigindo a van, e não um motorista dos quadros municipais.

Ao que parece, no entanto, o repórter mirou no que viu e acertou no que não viu.

Tem motivo?

A primeira resposta teria sido simples, uma vez que o ex-vereador é sim habilitado para realizar o transporte.

Já a segunda seria importante, e de interesse tanto da prefeitura quanto do próprio subsecretário, diante da possibilidade de interpretação do caso como utilização da máquina pública para fins clientelistas, às vésperas de um pleito eleitoral.

Tanto mais quando se considera a postura governista do ex-parlamentar quando ocupou uma das cadeiras na Câmara Municipal.

Difícil

Em vez de qualquer explicação, no entanto, optou-se simplesmente por interromper o serviço, e jogar a culpa - através de uma série de áudios em ambiente protegido - em quem procurou o jornal levantando questionamentos.

Quer dizer: pelo visto, perguntar ofende sim, e se a ajuda não puder vir pela via conveniente, então não vem por lugar algum.

Difícil, viu?

Na forca

Em resumo, o caso acabou servindo para expor divisões entre representantes de moradores e flagrantes conflitos entre interesses eleitorais de quem pretende representar o distrito no plenário a partir de 2021.

Ao que parece, ser o salvador da pátria se tornou mais importante do que efetivamente salvar a pátria.

E o Tiradentes segue sendo enforcado.

ENTENDA O CASO.

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Novo bispo diocesano

sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

Novo bispo diocesano
A escolha do novo bispo da Diocese de Nova Friburgo pode demorar até dois anos. É o prazo máximo, quando fruto de uma excepcionalidade, como a da renúncia ocorrida em Nova Friburgo, por parte de Dom Edney Gouvêa Mattoso, que alegou motivos pessoais, após quase dez anos no comando da Igreja Católica na região. Outros casos excepcionais para além desse, são quando da morte do bispo, idade limite (75 anos) ou falta grave. 

Novo bispo diocesano
A escolha do novo bispo da Diocese de Nova Friburgo pode demorar até dois anos. É o prazo máximo, quando fruto de uma excepcionalidade, como a da renúncia ocorrida em Nova Friburgo, por parte de Dom Edney Gouvêa Mattoso, que alegou motivos pessoais, após quase dez anos no comando da Igreja Católica na região. Outros casos excepcionais para além desse, são quando da morte do bispo, idade limite (75 anos) ou falta grave. 

9 meses a dois anos
Mas raras são as vezes que o processo, que passa por diversas instâncias, leve tanto tempo. A média, geralmente é de nove meses a um ano. Apesar dessas diversas instâncias que passam pelo conselho local à Roma, a decisão sempre é tomada diretamente pelo papa. Todo processo corre em sigilo absoluto.       

Longo processo de escolha
Entre os muitos requisitos para assumir o episcopado estão: a idade mínima de 35 anos, ter sido ordenado presbítero pelo menos há cinco anos e ter adquirido o grau de doutor ou ao menos a licenciatura em Sagradas Escrituras, teologia ou direito canônico. Condições que devem trazer um padre de fora da região para a função, como é comum.

Dom Paulo de Conto
Enquanto não se tem o novo bispo, assume hoje, 31, a Diocese friburguense, Dom Paulo de Conto. Ele teve sua renúncia do bispado por limite de idade aceita pelo Papa Francisco, em 2017, e, agora sai dessa condição, temporariamente, para ser administrador apostólico da diocese, até que Roma indique o novo bispo.

Interino
Além de administrar, Dom Paulo terá função importante nesse processo de escolha, pois caberá a ele relatar aos seus superiores a avaliação das condições e necessidades da Diocese que culminarão no perfil desejado.

Fã de Francisco
Em entrevistas a mídias especializadas, Dom Paulo se mostra fã do Papa Francisco, tendo-o, inclusive como autor predileto. Revela que suas vivências o fizeram nutrir sentimentos de ir ao encontro das pessoas, promover a acolhida, a misericórdia, o perdão e o amor. Dom Edney se torna agora bispo emérito, ou seja, sem funções administrativas, mas segue a serviço da Igreja.

Parabéns, Alunão!
A escola de samba Alunos do Samba celebra 74 anos de fundação no próximo domingo, 2 de fevereiro. Com ensaio e festa com direito a bolo e tudo, a quadra, em Conselheiro Paulino, estará aberta a toda comunidade. Uma das agremiações carnavalescas mais antigas do Brasil, a azul e branco aposta em um grande desfile este ano com enredo que cantará a Estrada Real.

Ensaios na rua
Antes da festa de aniversário, a Alunão visita hoje, 31, a partir das 22h, a co-irmã Vilage no Samba, em retribuição ao show da verde e branco realizado recentemente na sua quadra. Os ensaios seguem a todo vapor em todas as agremiações que desfilam no sábado e domingo de carnaval. Destaque para o ensaio técnico da Unidos da Saudade no domingo, 2, às 14h, em frente à fábrica Ypu. Em caso de chuva, o ensaio será na quadra.

Se virando
Não há previsão de ensaio técnico na Avenida Alberto Braune, local dos desfiles, como ocorrido em anos anteriores. A alternativa encontrada pelas escolas é fazer ensaios nas ruas próximas às suas sedes.

Dias de ensaios
No calendário de ensaios, os antigos blocos de enredo têm feito pelo menos dois ensaios por semana. As escolas maiores – três. Globo de Ouro e Unidos do Imperador ensaiam às segundas e quartas. Bola Branca, às quartas e sábados. Raio de Luar, quartas e sextas. Já a Vilage ensaia terças, sextas e domingos; a Imperatriz de Olaria, terças, quintas e sábados. Unidos da Saudade, terças, quintas e domingos. E o Alunão, sextas e domingos.   

Palavreando
“Embriagado pela sobriedade me arrependo de ter me permitido embrutecer. Fiz muralha para as minhas fragilidades e as ocultando me feri por dentro”.

 

 

Foto da galeria
Essa casinha na beira do rio e cercada pela Mata Atlântica é de 1839. Da Fazenda Mata Atlântica mostra a importância da preservação e o quanto a mata atlântica é um patrimônio que pode e deve turbinar o nosso turismo. Além do perfil da Fazenda Mata Atlântica, a foto faz parte da campanha Siga Friburgo, no Instagram
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Sem interesse

sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

Maria circulava por aí. Todo santo dia, mil tarefas por fazer, atividades de não dar conta, alguma energia vital, e a vontade de fazer dar certo. Seu simples viver dentro da normalidade, a intrigava por uma razão: ela não conseguia compreender a razão de alguém sempre exigir-lhe recompensas por alguma coisa ou indagar-lhe sobre seus interesses pelos feitos. Ela sequer conseguia explicar, mas relatara o que lembrava.

Maria circulava por aí. Todo santo dia, mil tarefas por fazer, atividades de não dar conta, alguma energia vital, e a vontade de fazer dar certo. Seu simples viver dentro da normalidade, a intrigava por uma razão: ela não conseguia compreender a razão de alguém sempre exigir-lhe recompensas por alguma coisa ou indagar-lhe sobre seus interesses pelos feitos. Ela sequer conseguia explicar, mas relatara o que lembrava.

Certo dia, em seu trabalho, no executar normal de sua função, precisou se debruçar um pouco mais sobre algumas questões para entregar um resultado melhor a um cliente, cujo caso era menos rotineiro e mais complexo. O fez por dever de ofício, responsabilidade e intenção de solucionar a demanda. Ao terminar o serviço, aliviada e com sorriso no rosto, informou que tudo estava dentro da conformidade e finalizou a demanda. Eis que um colega, em sequência, indagou-lhe se aquele cliente era alguém importante a merecer tamanho empenho e exclamou que agora ele lhe devia um bom favor. Ela, que sequer havia pensado nisso, manteve-se calada e pôs-se a refletir.

Outro dia, ao se deslocar de carro, percebeu que o pneu estava furado. Encostou o veículo e em seguida, foi ajudada por uma pessoa do bairro que vinha logo atrás. Com o auxílio, sentiu-se aliviada e grata. Simpatizou-se com aquele que havia trocado seu pneu, e antes mesmo de perguntar como poderia retribuir a gentileza, ele afirmara em tom de brincadeira: “- você me deve essa, vou aparecer para cobrar.” Rindo, ela respondeu que sim. E seguiu.

Coisas assim, aconteciam todos os dias, desde gestos brandos a propostas absurdas. Existir fazendo a coisa imputada como certa já lhe colocaria em posição de credora e também de desconfiança, afinal, qual a necessidade de dedicar-se tanto sem querer nada em troca? Começou a reparar, então, como parte da sociedade se coloca, talvez de forma inconsciente, sobre um tabuleiro de jogo, em que ganhar vantagens, dever favores, passar a frente, eliminar adversários, somar pontos passa a incorporar o cotidiano. Esse jogo, Maria, simplesmente, não queria jogar.

Ela queria que sentir gratidão bastasse, que dever comprometimento fosse o necessário e conviver com cooperação, harmonia, sensibilidade e responsabilidade fosse regra e não exceção. Sentiu-se a “estranha no ninho”, o “peixe fora d´água”, o “patinho feio”. E conformou-se. E resistiu. Segue circulando por aí e esforçando-se em suas mil atividades, sem interesses escusos. Prefere um olhar grato. E lhe basta.

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CDB, LCI, LCA: sabe o que significam essas siglas?

sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

Investir, na verdade, nada mais é do que multiplicar o dinheiro; seja alocando recursos em ideias, negócios, sonhos ou mercado financeiro. Contudo, este, por sua vez, permite uma vasta diversidade de produtos de investimentos e possibilita, ao investidor, a caracterização de seus investimentos de acordo com os seus princípios e necessidades. Um bom investidor busca conhecer e aprender sobre todos os produtos de mercado financeiro e é essa a minha missão de hoje: te ensinar – ou talvez apenas esclarecer – o que é a renda fixa. Já ouviu falar?

Investir, na verdade, nada mais é do que multiplicar o dinheiro; seja alocando recursos em ideias, negócios, sonhos ou mercado financeiro. Contudo, este, por sua vez, permite uma vasta diversidade de produtos de investimentos e possibilita, ao investidor, a caracterização de seus investimentos de acordo com os seus princípios e necessidades. Um bom investidor busca conhecer e aprender sobre todos os produtos de mercado financeiro e é essa a minha missão de hoje: te ensinar – ou talvez apenas esclarecer – o que é a renda fixa. Já ouviu falar?

Antes de mais nada, o mercado financeiro pode ser categorizado em apenas duas grandes áreas de distinção, a renda fixa e a renda variável. Na renda fixa, não há o investimento, de fato, no setor produtivo, não haverá uma empresa desenvolvendo ideias e soluções sociais, por exemplo. Nesta categoria de investimentos, ao adquirir um produto você está, literalmente, emprestando dinheiro para o emissor em troca de uma rentabilidade e liquidez definida logo no momento da compra – é uma forma de captação de recursos para instituições financeiras.

Rentabilidade - Contudo, ao mencionarmos a rentabilidade da renda fixa, precisamos falar de Selic – a taxa básica de juros no Brasil. Os produtos de renda fixa são sempre indexados a alguma taxa de comparação para rentabilidade e a mais comum é o CDI (Certificado de Depósito Interbancário) que acompanha de perto a taxa Selic, que está em constante queda desde 2016. Portanto, caso queira investir nessa modalidade, não aceite rentabilidade abaixo de 100% do CDI, pois o investimento em Tesouro Selic, por exemplo, já vai possibilitar uma rentabilidade próxima.

Liquidez - Na renda fixa, é o tempo de vencimento de um produto. Numa análise simples, quanto maior o tempo de liquidez, maior será a rentabilidade. Lembre-se, um produto com liquidez de dois anos só terá sua rentabilidade efetuada após passado esse tempo.

Produtos e segurança - Apesar da baixa rentabilidade atual (com a Selic em 4,5% ao ano), a maior vantagem da renda fixa é a segurança dos seus recursos e por isso é importante conhecer os produtos desta categoria que, entre muitos outros, são poupança, CDB (Certificado de Depósito Bancário), LCI e LCA (Letra de Crédito Imobiliário e do Agronegócio), Letra de Câmbio e Tesouro Direto. Ao escolher um produto que mais se adeque às suas necessidades, saiba que o FGC (Fundo Garantidor de Crédito, “entidade privada, sem fins lucrativos, destinada a administrar mecanismos de proteção a titulares de créditos contra instituições financeiras") garante até R$ 250 mil por CPF em cada produto de renda fixa; exceto o Tesouro Direto, que tem como garantidor o próprio Tesouro Nacional. Para exemplificar, se você adquire um CDB de R$ 200mil e a instituição financeira falir, é o FGC quem vai garantir seu capital investido e você não perderá o dinheiro.

Gostou? É investimento. O dinheiro se multiplica acompanhado de muita segurança. Agora, se o seu foco é alta rentabilidade, o que você busca é a renda variável; tema da coluna da próxima semana.

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Corrente do bem

quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

Para pensar:

“Nada é tão admirável em política quanto uma memória curta.”

John Galbraith

Para refletir:

“A verdadeira arte da memória é a arte da atenção.”

Samuel Johnson

Corrente do bem

Quem viveu aqueles dias de janeiro de 2011 aqui em Nova Friburgo ou em cidades próximas certamente irá se lembrar da imensurável quantidade de insumos doados por pessoas que cujos nomes jamais saberemos, espalhadas pelos quatro cantos do Brasil.

Para pensar:

“Nada é tão admirável em política quanto uma memória curta.”

John Galbraith

Para refletir:

“A verdadeira arte da memória é a arte da atenção.”

Samuel Johnson

Corrente do bem

Quem viveu aqueles dias de janeiro de 2011 aqui em Nova Friburgo ou em cidades próximas certamente irá se lembrar da imensurável quantidade de insumos doados por pessoas que cujos nomes jamais saberemos, espalhadas pelos quatro cantos do Brasil.

Com enorme frequência chegavam caminhões trazendo desde água a medicamentos, passando por roupas, fraldas, e tudo mais que pudesse servir às centenas de desabrigados.

Devemos muito a desconhecidos, aos quais nunca poderemos agradecer pessoalmente.

Passar adiante

Existem, no entanto, maneiras de passar o carinho adiante, fazendo nossa parte para aliviar o sofrimento de quem, hoje, experimenta dores que nos são tão familiares.

Nesse espírito, a coluna abre espaço para divulgar iniciativas voltadas a arrecadar doações para as vítimas das chuvas, sobretudo em Minas Gerais e no Espírito Santo, começando pela carta divulgada pela Cáritas Diocesana que a coluna reproduz abaixo.

Aspas (1)

Aos senhores Reverendíssimos Sacerdotes e ao amado povo de Deus,

Temos acompanhado diariamente, pelos mais diversos meios de comunicação social, a dramática situação que tem tomado conta de muitas localidades desde que se iniciaram as fortes chuvas de verão.

A Diocese de Nova Friburgo, marcada em sua história por semelhante sofrimento, se solidariza com as famílias atingidas pelo tão grande tormento. E, unida aos esforços da Cáritas Diocesana, se mobiliza para poder diminuir a aflição destes irmãos que perderam tantos bens.

Aspas (2)

No município de Campos dos Goytacazes sofrem as comunidades ribeirinhas, bem como os municípios de Porciúncula, Italva, Itaperuna, Laje do Muriaé, Bom Jesus do Itabapoana, Cardoso Moreira, Santo Antônio de Pádua, Natividade, Aperibé, São Francisco de Itabapoana e Varre Sai.

Além destes municípios, que compõem nossa diocese vizinha, fomos procurados por familiares de pessoas que residem em alguns municípios da Zona da Mata de Minas Gerais e sofrem igual situação: Carangola, Espera Feliz, Divino e Orizânia.

Aspas (3)

Diante da aflição sofrida por nossos irmãos estamos promovendo uma coleta em caráter de “urgência”. Estaremos recolhendo nas sedes das paróquias os seguintes provimentos: água mineral, material de limpeza e higiene pessoal, roupas e alimentos não perecíveis. A coleta será realizada até o domingo dia e de fevereiro, e depois encaminhada para a sede de Cáritas Diocesana que se responsabilizará pela distribuição.

Outro ponto de coleta será a sede da Cáritas Diocesana, que fica na rua ao lado do Detran em Duas Pedras, Nova Friburgo.

Na certeza da caridade de todos, agradecemos.

Gratidão

A coluna desde já agradece pelo apoio dos leitores, e abre espaço para divulgar qualquer iniciativa de caráter semelhante.

Afinal, jamais poderemos ser suficientemente gratos pela ajuda que recebemos, e mais do que ninguém sabemos o quanto essas doações são decisivas em momentos de grande aflição.

Cansaço

A coluna anda realmente saturada de enfrentamento, e com muita vontade de divulgar boas notícias sobre nossa região, mas o contexto não anda muito favorável para isso.

Veja o leitor que na tarde desta quarta-feira, 29, a Prefeitura de Nova Friburgo divulgou nota na qual afirma que “o processo 1077/16 não havia sido concluído [quando da adesão à ata de Duque de Caxias], o que só se concretizou em 17 de abril de 2017. A compra dos medicamentos foi realizada pelo município no dia 21 de fevereiro de 2017. Portanto, não havia objeto comparativo. No período de janeiro a abril de 2017, o Governo não poderia deixar o hospital desabastecido.”

Segue

“Entre fazer uma contratação por meio de dispensa de licitação optou-se por aderir a ata (sic), devidamente registrada após procedimento licitatório. Caso contrário, a rede de saúde ficaria desabastecida de medicamentos.

Sendo assim, a municipalidade reitera que não houve, em qualquer momento, má fé (sic), esquema ou dano ao erário e que possui como finalidade maior zelar pelo cuidado com a saúde da população.”

Registros

O Governo Municipal sabe muito bem que a sessão de julgamento na qual o TCE-RJ credenciou o processo licitatório 1077/16 se deu no dia 25 de novembro de 2016, data a partir da qual o processo poderia ter sido levado adiante.

Mais que isso: sabe que o ofício enviado por Bruno Villas Bôas (coordenador do processo de transição por parte do governo recém-eleito) a Edson Lisboa (coordenador do processo de transição por parte do governo que se encerrava), com cópias para Rogério Cabral e Renato Bravo, foi enviado posteriormente a este credenciamento, no dia 2 de dezembro de 2016.

Clareza

Ora, este ofício se encerra solicitando claramente a “suspensão imediata do edital de licitação para aquisição e fornecimento de medicamentos para o sistema de saúde municipal de Nova Friburgo”; e a “adesão da ata de registro sugerida para regularização dos estoques de medicamentos, evitando assim a emissão de fornecimento de emergência”.

Ou seja, o governo eleito solicitou - antes mesmo de assumir - que o processo fosse interrompido, e agora diz que ele não havia sido concluído? Tudo isso depois do TCE já ter credenciado o processo 1077/16.

Mais claro que isso, impossível.

Maduro

Mas, como se não houvesse demonstrações suficientes quanto à escolha deliberada que foi feita, bem como de quem foi seu artífice, a coluna pode acrescentar que o então secretário de Infraestrutura e Logística, Angelo Jaquel, assumiu suas funções no dia 13 de janeiro de 2017 e encontrou o processo 1077/16 absolutamente pronto, razão pela qual rapidamente se dedicou a ele.

Sem alternativa?

A primeira data agendada acabou sendo adiada por orientação do então secretário de Governo, mas Angelo insistiu e a remarcou para oito dias depois.

E, por ter levado adiante o processo licitatório, foi repreendido pelo mesmo secretário a plenos pulmões nas dependências do Palácio Barão de Nova Friburgo, ao alcance de diversas testemunhas.

É cansativo, portanto, que o governo insista em dizer que não teve outra escolha, ou que não se tratou de uma opção planejada com antecedência.

Inesquecível

Algumas pessoas parecem ainda não ter a dimensão do volume de registros reunidos acerca daqueles dias, e da forma como qualquer esforço por reescrever os fatos pode ser imediatamente comprovado ou descartado.

Já passamos, há muito, da fase de tentar encontrar uma falha na apuração, ou alguma brecha pela qual seja possível dar cores bonitas a tudo o que se passou.

Quadros clínicos foram agravados em função de tudo que aconteceu.

Não se esquece esse tipo de coisa.

Outro estágio

O Palácio Barão de Nova Friburgo, neste momento, deveria guardar seus esforços retóricos para tentar convencer a Polícia Federal, o Ministério Público e a Controladoria Geral da União (CGU).

E não apenas para justificar de alguma forma a compra de medicamentos com inaceitável sobrepreço, mas também tudo que envolveu a crise da esterilização em 2017 - incluindo o lamentável memorando 21 que determinou a continuidade da realização de cirurgias quando os problemas da CME já era evidentes, bem como tudo o que foi apurado a respeito da alimentação hospitalar, para citar apenas investigações que são de domínio público.

Caminho errado

Porque junto a esta coluna, definitivamente não vai ser com notas como esta que a atual administração vai recuperar um pouco que seja da credibilidade perdida.

Melhor mandar boas notícias do cotidiano, que publicaremos com satisfação. Certamente deve haver muitas, por exemplo, relacionadas à aplicação dos R$ 18 milhões recebidos através do Programa de Financiamento aos Municípios na Área da Saúde (FinanSUS), não?

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Nova Friburgo ganha mais uma obra de história

quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

O município de Nova Friburgo ganha mais uma obra, o livro “Teia Serrana 2, Novos Temas, Novas Abordagens”, que joga ainda mais luz sobre a sua rica história. O primeiro volume “Teia Serrana, Formação Histórica de Nova Friburgo”, lançado em fevereiro de 2003, contou com 11 artigos de historiadores, alguns dos quais são igualmente articulistas no segundo volume. Os coordenadores de ambas as obras foram João Raimundo de Araújo e Jorge Miguel Mayer, esse último falecido no dia 20 de março de 2018, e substituído por Ricardo da Gama Rosa Costa.

O município de Nova Friburgo ganha mais uma obra, o livro “Teia Serrana 2, Novos Temas, Novas Abordagens”, que joga ainda mais luz sobre a sua rica história. O primeiro volume “Teia Serrana, Formação Histórica de Nova Friburgo”, lançado em fevereiro de 2003, contou com 11 artigos de historiadores, alguns dos quais são igualmente articulistas no segundo volume. Os coordenadores de ambas as obras foram João Raimundo de Araújo e Jorge Miguel Mayer, esse último falecido no dia 20 de março de 2018, e substituído por Ricardo da Gama Rosa Costa.

Os dois livros, nos quais participa, foram incentivados por Martin Nicoulin, autor da clássica obra “A Gênese de Nova Friburgo”.  Segundo os coordenadores João de Araújo e Ricardo Costa, os artigos do novo livro não são uma reinterpretação de assuntos já cogitados no primeiro tendo em vista que apresentam novos temas. Ainda segundo os coordenadores, existe uma correlação temático-temporal entre os artigos.

O texto de Martin Nicoulin “Os Friburguenses das duas Sarines”, o de Marieta de Moraes Ferreira, “Marianne Joset Salusse, uma mulher à frente de seu tempo” e o de Jorge Miguel Mayer, “As Malas Órfãs”, traduzem trajetórias de personagens diferentes que são ligados historicamente à migração suíça para a criação da Colônia de Nova Friburgo. Seja com o imigrante Jean-Antoine Musy ou através de Mariane Joset Salusse ou mesmo nas análises feitas a partir do conteúdo das malas de migrantes falecidos ao longo do trajeto, o leitor irá se emocionar com a leitura dos textos desses três historiadores.

Percorrendo o século 19, os artigos de Rodrigo Marretto “Insurgência escrava na Vila de Nova Friburgo (1820-1850)” e de Maria Janaína Botelho Corrêa e Selmo de Oliveira Santos, “Terras Frias, um ensaio sobre a Reforma Agrária na Fazenda Rio Grande”, demonstram certa unidade temática em torno da escravidão existente em Nova Friburgo. Mesmo tratando-se de objetos aparentemente diferentes, a conclusão que podemos inferir de sua leitura é a força da escravidão existente na região.

Já Maria Ana Qualigno, em “Ocupação e ressignificações do espaço urbano: o caso do Palácio Barão de Nova Friburgo (1871-1988)”, apresenta uma análise relacionada à história da ferrovia em Nova Friburgo, perpassando por momentos distintos da história local. Unindo aspectos econômicos e políticos, a autora discute a apropriação do espaço urbano em torno da criação da Estrada de Ferro Cantagalo, apresentando os momentos de sua grandeza e decadência até a sua extinção em 1964, já instalada a ditadura militar. Os artigos a seguir, a cargo de Maurício Raposo “A cidade e o integralismo, Nova Friburgo e a Ação Integralista Brasileira”, e de Sônia Regina Rebel de Araújo, “Diplomar a Mãe-Professora: Festas da Ordem no Colégio Nossa Senhora das Dores”, embora com temáticas diferentes, abordam aspectos histórico-culturais de Nova Friburgo.

De um lado, Maurício Raposo estuda o papel da Ação Integralista Brasileira em Nova Friburgo nos anos 1930, enquanto Sônia Rebel Araújo analisa a educação de mulheres em um colégio católico, na Escola Normal, nas décadas de 1950 e 60. São temas e abordagens diversos unidos por análises da política e da cultura no município, ambos mostrando facetas diferentes do pensamento conservador existente. Os artigos de Ricardo Gama Rosa Costa, “Nova Friburgo nos tempos de ditadura (1964-1985): A Burguesia vai ao Paraíso” e de João Raimundo de Araújo “Política e Economia em Nova Friburgo dos fins do Século 20 aos primórdios do século 21” abordam principalmente uma história do tempo presente, tendo como elemento de ligação o predomínio das práticas autoritárias desde 1964, até a atualidade.

Como sustentação material dos projetos políticos de diversos sujeitos históricos ao longo do tempo, os autores apresentam elementos importantes no campo da economia municipal e regional que explicam o sucesso desses atores políticos. É interessante perceber que Heródoto Bento de Mello foi o político que inaugurou no município o período da ditadura militar tornando-se prefeito em abril de 1964 e permaneceu atuante até primórdios de 2010.

Coube a ele a introdução no município de um comportamento liberal conservador, com práticas francamente autocráticas, que revela até hoje uma marca forte no comportamento político de boa parte da sociedade friburguense. O último artigo do livro, a cargo de Jorge Miguel Mayer, “Tesouro da Serra: Águas do Alto Macaé” traduz uma preocupação cara ao autor, a discussão sobre o meio-ambiente visto numa perspectiva histórica. A fotógrafa Regina Lo Bianco assina as imagens e ilustrações. O livro contou com o apoio financeiro da Associação Fribourg-Nova Friburgo, responsável pela publicação. O lançamento de “Teia Serrana 2, Novos Temas, Novas Abordagens” será no dia 7 de fevereiro, às 18h, na Casa Suíça, em Conquista.

  • Foto da galeria

    Capa do livro Teia Serrana 2, Novos Temas, Novas-Abordagens

  • Foto da galeria

    Integralismo em Nova Friburgo Ilustrações da fotógrafa Regina Lo Bianco

  • Foto da galeria

    O livro teve o apoio da Associação Fribourg-Nova Friburgo

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