Blog de terezamalcher_17966

Naquele instante

terça-feira, 10 de dezembro de 2024

— o segredo —

— o segredo —

Os versos de Cecília Meireles, que compõem o poema “Motivo“ (Eu canto porque o instante existe e a minha vida está completa...)” expressam o que quero dizer nesta coluna. Houve um instante em que senti que havia me tornado escritora. Foi numa brevidade, não mais que um momento de passagem, como tantos outros que vivemos, em que as transformações se efetivam. Aconteceu numa tarde de quarta-feira, durante a oficina literária da qual participava, quando me esforçava para aprender a escrever literatura, tarefa árdua e delicada em que o emprego das palavras envolve tarefas desafiadoras. Durante um exercício corriqueiro as enfrentei e ganhei como prêmio uma constatação, que guardei como segredo: superei os primeiros níveis de aprendizagem.

Vou trazer o texto aqui para compartilhar com os leitores a experiência. Quem sabe alguém possa estar vivendo situação parecida e...

Neste instante tenho que adotar um objeto sobre o qual terei de escrever. Adotar, quero dizer que vou trazer algo para dentro de mim e que está distante. Será? Algo que meu olhar possa tocar e me faça sensibilizar. Estou cercada de tantos “algos”: livros, enfeites, claridade do sol, vozes. Só preciso adotar um mínimo pedaço dentro deste tudo; gostar, observá-lo e nele buscar inspiração. De repente, o som do acordeom subverte meu desejo de ver, me invade e me faz esquecer de tudo à minha volta. A música é um personagem abstrato e intocável de uma peça teatral, que convida o espectador a compô-lo com os demais elementos das cenas. A música tem riqueza de significados que são interpretados particularmente por quem se deixa inebriar. Sou, também, neste instante, adotada pelas notas musicais que me enlevam e me fazem sublimar o ranço quotidiano. Levada pelos sons, sou descortinada e torno-me amante dos acordes. A música me transcende, embala minha franzina existência e encanta meu ralo pensamento com elegância. Sua sonoridade ecoa no ambiente, cujas notas me chegam cheias e intensas, sem pedirem licença para adentrar meu corpo. Sou invadida pela beleza de “Adiós Nonino”, de Astor Piazolla, que compôs um adeus ao seu avô, uma melodia solitária e indivisível, solidária nos vazios da saudade. Tantos outros compositores tocam meus pensamentos ao som das lágrimas dos instrumentos da orquestra que acompanham o acordeom de Piazolla, como a força da composição de O Quebra-Nozes, de Tchaikovsky, que faz vibrar o balé nos palcos dos teatros. A beleza do Concerto de Aranjuez – Adágio, de Juaquín Rodrigo. A maturidade musical de Mozart em seus jovens anos. A cadência lenta e sentimental do Bolero de Ravel, de Maurice Ravel. Ao procurar captar os sentimentos que moveram esses autores a criarem músicas que estarão vivas no infinito universal, entrei em contato com a divindade da arte que surgiu nas células dos seus criadores como um óleo que umedece os sentidos, que seduz os fios da alma e empodera a inventividade única de cada ser. Ao se inspirarem, eles conseguiram escutar os sons que exalam de todas as formas e expressões do amor. E, neste instante, sinto uma voz ecoar das minhas entranhas. É a minha voz narrativa.”

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A sabedoria e a beleza das letras de músicas brasileiras

terça-feira, 03 de dezembro de 2024

Tenho um grupo de amigas desde os primeiros anos de colégio com o qual compartilho, até hoje, uma bela amizade. Semana passada, delas recebi uma mensagem em que algumas letras de músicas eram recitadas e poderiam ser aplicadas a momentos especiais, como a exaltação da amizade, do amor e da saudade. Concluí que as letras continham, além da beleza, a sabedoria simples que pode nos sustentar, esclarecer, estimular. Não é à toa que as pessoas cantarolam músicas, inclusive quando realizam tarefas rotineiras.

Tenho um grupo de amigas desde os primeiros anos de colégio com o qual compartilho, até hoje, uma bela amizade. Semana passada, delas recebi uma mensagem em que algumas letras de músicas eram recitadas e poderiam ser aplicadas a momentos especiais, como a exaltação da amizade, do amor e da saudade. Concluí que as letras continham, além da beleza, a sabedoria simples que pode nos sustentar, esclarecer, estimular. Não é à toa que as pessoas cantarolam músicas, inclusive quando realizam tarefas rotineiras. Ao mesmo tempo em que melodias preenchem o quotidiano, dando graça, ocupando os vazios e distraindo, suas letras fazem pensar.

O brasileiro é um povo miscigenado, romântico e expressa na música sua diversidade posto que seus sentimentos, esperanças e tristezas não cabem no limite de suas emoções e explodem através da arte. Os autores escrevem as letras com poesia para revelar o encantamento que sentem pelas diversas formas de amor, pelo modo corajoso com que a vida é enfrentada, além de exprimir o gargalhar, as lágrimas correndo pelas faces e os sonhos que buscam melhores oportunidades para a aventura diária.

Vou trazer alguns versos que gostaria de colar nas paredes da minha casa, nos postes da cidade, nas curvas das estradas para evidenciar valores que todos nós deveríamos preservar.

 

Pra você guardei o amor

Que aprendi vendo os meus pais

O amor que tive e recebi

E hoje posso dar livre e feliz

Nando Reis, “Pra você guardei o amor”

 

E o que me importa é não estar vencido

Minha vida, meus mortos, meu sangue latino, meus caminhos tortos

 João Ricardo e Paulinho Mendonça, “Sangue Latino”

 

Devia ter amado mais

Ter chorado mais

Ter visto o sol nascer

Devia ter arriscado mais

E até errado mais

Ter feito o que queria fazer

Queria ter aceitado

As pessoas como elas são

Cada um sabe a alegria

E a dor que traz no coração

Sérgio Britto, “Epitáfio”     

 

A paz invadiu meu coração

De repente me encheu de paz

Como se o vento de um tufão

Arrancasse meus pés do chão

Gilberto Gil, “A paz”

 

Deixa a vida me levar (vida, leva eu)

Sou feliz e agradeço por tudo o que Deus me deu

Serginho Meriti, “Deixa a vida me levar”

 

Coração de estudante

Há de se cuidar da vida

Há de se cuidar do mundo

Wagner Tiso e Milton Nascimento, “Coração de estudante”

 

Se preenchesse páginas e páginas com versos de músicas, declamaria a vida por inteiro e descortinaria os desafios do viver. A música é a amiga que nos conforta, fala com naturalidade e torna as situações mais fáceis.

Se todos fossem iguais a você

Que maravilha viver

 Jobim e Vinicius de Moraes, “Se todos fossem iguais a você”. 

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O infinito universo dos sonhos

terça-feira, 26 de novembro de 2024

Está na minha cabeceira o livro “O que dizem os sonhos: contos escolhidos, adaptados e recontados por Muriel Bloch”. É uma linda e interessante coletânea de sonhos contados desde remotos tempos e que se transformaram em contos. Todas as sociedades são criadoras de enredos, personagens e cenários que vêm tecendo a vida pelos quatro cantos do planeta.

Está na minha cabeceira o livro “O que dizem os sonhos: contos escolhidos, adaptados e recontados por Muriel Bloch”. É uma linda e interessante coletânea de sonhos contados desde remotos tempos e que se transformaram em contos. Todas as sociedades são criadoras de enredos, personagens e cenários que vêm tecendo a vida pelos quatro cantos do planeta.

Sim. O mundo é feito de histórias; reais, imaginadas, contadas oralmente ou escritas através de livros, revistas, inclusive em ambientes virtuais. Vivemos mergulhados em contextos narrados por nós, decorrentes dos fatos que vivemos e dos que escutamos de pessoas. Enfim, guardamos uma verdadeira biblioteca de narrativas que recriamos e recontamos a cada momento.  

As narrativas habitam nosso imaginário e se misturam. Sempre vivas, as memórias se movimentam em nossos pensamentos quando estamos despertos e dormindo. Nos sonhos elas ganham novos cenários, se repartem e nos surgem através de imagens definidas ou distorcidas, extraordinárias ou confusas. O sonho é uma experiência mental inconsciente carregada de significados, podendo expressar desejos reprimidos, experiências premonitórias ou ser um modo do cérebro equilibrar as forças adversas que sofre na experiência diária. Além do mais, podem nos levar aos antepassados, aos ancestrais, inclusive aos primórdios da civilização humana. Possuem conteúdos que podem ser interpretados, tornando-se reveladores de circunstâncias, lembranças e possibilidades nos modos de ser ou fazer.

O fato é que os seres animais criam sonhos. Ainda não se sabe se os vegetais possuem a capacidade de sonhar, mas quem sabe?

O fazer literário é uma atividade criada no imaginário e pode ter suas origens nos sonhos. Quantas vezes acordamos com ideias interessantes ou inéditas? Não é raro acontecer ao escritor acordar, vislumbrando a continuação da história que está produzindo. Diversas vezes, nas oficinas literárias que faço, troquei ideias a respeito do valor de ter um caderninho de anotações na cabeceira.

Um amigo da família, psiquiatra, certa vez me disse que quando temos algo a resolver, o melhor a fazer é dormir posto que podemos acordar com uma solução. É verdade!, durante o sonho a criatividade é ampliada haja vista que o cérebro possui atividade constante.

Ao sonhar o escritor passa pelo portal do imaginário e adentra o campo da inventividade plena, livre e sem limites, algumas vezes limitado pelo medo de criar, preconceitos ou padrões culturais mais impositivos.

Ao produzir literatura, a pessoa além de viver seus sonhos, vislumbra as possibilidades de realizá-los. Conforme Antônio Cícero sugeriu em “Guardar”, um dos mais belos poemas que já conheci, quem guarda seus sonhos, fala e escreve sobre eles, imagina e busca trilhar novos caminhos. Cultiva esperanças para um futuro diferente.  O escritor é um colecionador de sonhos e guarda-os em seus escritos, liberta-os dos cofres, deixa-os voar mundo afora.

“Sonhar um sonho impossível, sofrer a angústia implacável, pisar onde os bravos não ousam, reparar o mal irreparável, amar um amor casto à distância, enfrentar o inimigo invencível, tentar quando as forças se esvaem, alcançar a estrela inatingível: essa é a minha busca”.

Miguel de Cervantes, em Dom Quixote de La Mancha

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Nós e a Física

terça-feira, 19 de novembro de 2024

Acho que sou uma pessoa corajosa por ter resolvido ler dois livros de Física, “Einstein: verdadeiras e mentiras”, escrito por Waldon Volpiceli Alves, e “Universo numa casca de noz”, por Stephen Hawking. Como tenho o pensamento voltado para a literatura e busco fundamentos nas Ciências Humanas, como a Filosofia, Psicologia, História, dentre outras, tenho encontrado na Física outras explicações para os fenômenos da natureza e fatos da vida.

Acho que sou uma pessoa corajosa por ter resolvido ler dois livros de Física, “Einstein: verdadeiras e mentiras”, escrito por Waldon Volpiceli Alves, e “Universo numa casca de noz”, por Stephen Hawking. Como tenho o pensamento voltado para a literatura e busco fundamentos nas Ciências Humanas, como a Filosofia, Psicologia, História, dentre outras, tenho encontrado na Física outras explicações para os fenômenos da natureza e fatos da vida. Saindo das Ciências Humanas, em que o homem recebe tratamento “vip”, pelas demais ciências, como a Física e a Química, não recebemos tamanhos privilégios; apenas fazemos parte da natureza.

Ao ler esses livros voltei aos tempos escolares e me deparei com questões que na época me intrigaram e, depois, caíram no esquecimento. Estamos nos movendo em intensa velocidade, decorrente dos movimentos de rotação e translação, além de girarmos com a Via Láctea, nossa galáxia, que se desloca, também, em altíssima velocidade, juntamente com todas as galáxias. É incrível pensar que ao estarmos sentados às margens de um lago a contemplar suas águas plácidas, estamos percorrendo com rapidez impensável o espaço cósmico; somos passageiros de um voo espacial.

Nosso pensamento deve ganhar amplitude para que possamos considerar a complexidade do universo a que a existência no homem na Terra está submetida. Ah, o nosso Planeta Azul, cheio de vida, água e minerais, o mais vivo do Sistema Solar, é regido pelas leis da Física.

Outra questão refletida por mim é o tempo-espaço. O tempo e o espaço são indissociáveis; todo evento ocorre nessa dimensão e, também, é determinado por quatro coordenadas definidas pelas circunstâncias. Não tenho condições de me aprofundar, mas, de um modo geral, a Física nos ajuda a compreender os acontecimentos. Um acidente automobilístico, por exemplo, ocorre num espaço, numa fração de minutos e possui fatores determinantes. Dá até para brincar com tudo o que acontece. Ontem mesmo fui jantar para comemorar meu aniversário de casamento e identifiquei quatro motivos que me fizeram considerar o momento especial: o ambiente aconchegante, bom atendimento, comida saborosa e estar feliz.

Esse modo de pensar é essencial para observarmos os fatos da vida. O sociólogo Max Weber, jurista e economista alemão, considerado um dos fundadores da Sociologia, considerou que a cada momento a realidade deve ser interpretada a partir de diferentes pontos de vista. Ou seja, todo evento tem causas, que geram consequências, que se constituem em novas causas. Em nosso Planeta tudo é mutante, variável e ninguém é dono da verdade.

Mais uma contribuição da Física me encanta: os corpos se atraem. Caso surja algo entre dois corpos, a força total sobre eles é aumentada pela presença de um terceiro. Assim, as forças em torno desses corpos geram influências mútuas. Trazendo isso para o dia a dia, tudo nos atrai e atraímos todas as coisas, pessoas e circunstâncias; somos um ponto dinâmico de energias. E a ideia de o trabalho de equipe ser a soma dos empreendimentos individuais é um princípio da Física.

“Assim caminha a humanidade”: de passo a passo, de embate a embate, entre acertos e erros, vamos superando nossos conflitos, enfrentando os desafios da natureza, superando limites, buscando melhores condições de vida e de sobrevivência, criando arte para expressar suas emoções.

Lendo Física, compreendendo melhor a vida e escrevendo literatura.

 

* Este texto recebeu orientação de Simone M. M. Lopes, professora de física e autora do livro-jogo “A Chave do Enigma”.

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Fluxos da vida

terça-feira, 12 de novembro de 2024

Ao ler o livro de contos “Café com broa: histórias de um mascate”, escrito com beleza literária por Tânia Theophilo, encontrei interessantes metáforas. Por que o passado não volta? Quem não guarda essa vontade nos segredos dos sonhos? A vida é cheia de sutilezas não percebidas a olhos vistos.

Ao ler o livro de contos “Café com broa: histórias de um mascate”, escrito com beleza literária por Tânia Theophilo, encontrei interessantes metáforas. Por que o passado não volta? Quem não guarda essa vontade nos segredos dos sonhos? A vida é cheia de sutilezas não percebidas a olhos vistos.

No conto, “A blusa e o homem do rio”, a personagem, uma jovem bonita e corpulenta, lavadeira de margem de rio, profissão que herdou da mãe, deixa uma camisa masculina, que ganhara de um mascate, cair de suas mãos e ser levada pelas águas. Tempos depois ela revê a camisa num homem alto e belo, de olhos e pele negra, a quem se entrega sem incertezas. De um modo metafórico e delicado, Tânia nos mostra que o fluxo do destino é como o movimento das ondas do mar: o que as águas levam, trazem de volta, mas com cores e formas diferentes.

Volta e meia me recordo do dia em que acordei com seis anos, querendo ser mulher. Na época não tinha noção do ser mulher, apenas admirava a postura, os saltos de sapato alto, coisas assim do jeito feminino. Naquele despertar queria sê-la num passe de mágica, sem passar por todos os processos e etapas do crescimento. Não sei por que motivos guardei aquela vontade até hoje, mais de 60 anos depois. E, agora, de modo diferente, ou melhor, atualizado, penso em quantos dias ainda tenho para viver e como vou vivê-los.

Continuo a escrever a linha do tempo com imensa vontade de prolongar meus jovens anos para eternizar minha existência, mesmo sabendo que a finitude é regra geral. Aos seis anos queria conquistar o adolescer, o amadurecer. Hoje quero viver meu futuro com vitalidade e experiência que os 70 anos me deram.

Somos como as lavadeiras das margens de rio: sempre deixamos as roupas escapulirem das nossas mãos, fazendo com que o destino cuide delas e nos traga de outras maneiras. Tive pessoas que tanto amei e se afastaram por causas diversas, mas foram substituídas por outras a quem dediquei afetos profundos. Dei para meus filhos o que recebi da minha mãe, dos meus tios e avós. Papai viajou cedo para o universo, mas foi substituído por homens doces, que me acolheram como filha, sobrinha e neta. Eis que fui generosamente embalada pelo destino que não permitiu que o desamparo da figura paterna me deixasse piores hiatos.

Os lugares onde morei e tive de deixar foram substituídos por outras moradias das quais cuidei com amor. Há 50 anos durmo na mesma cama, apesar de ter trocado de colchão algumas vezes. Ainda não precisei dela me desfazer, porém sei que quando isso acontecer vou me revirar bastante antes de dormir. Por sorte, escrevo este texto, fazendo uma suave terapia de desapego.

O grande aprendizado de que precisamos ter, talvez mais importante até que um curso universitário denso, é não ficar desapaixonado pela vida ante as ausências das pequenas e grandes coisas. Muito menos deixar que o medo de perder seja um escudo que nos impeça de experimentar com plenitude o que o destino nos apresenta.

Finalizo o texto cantarolando “Como uma onda”, gravada por Lulu Santos, que diz que “nada do que foi será do jeito que já foi um dia, pois tudo passa, sempre passará”. Assim como as roupas que o rio leva, os velhos colchões e os acertos e descaminhos em nossas vidas. 

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A reconstrução da vida a partir da traição

terça-feira, 05 de novembro de 2024

Estou lendo “Todas as suas perfeições”, de Colleen Hoover, que aborda um delicado e tocante assunto: a reconstrução da vida depois de uma pessoa ser traída pelo companheiro. Certa vez, conheci um casal, pessoas com quem gostávamos de estar, um exemplo de vida a dois. Jorge e Adélia, cujos nomes são fictícios, expressavam felicidade em seus semblantes. Conversando com uma amiga em comum, soube que antes de se conhecerem e ficarem juntos, descobriram que ambos eram traídos (a mulher de Jorge era amante do marido Adélia).

Estou lendo “Todas as suas perfeições”, de Colleen Hoover, que aborda um delicado e tocante assunto: a reconstrução da vida depois de uma pessoa ser traída pelo companheiro. Certa vez, conheci um casal, pessoas com quem gostávamos de estar, um exemplo de vida a dois. Jorge e Adélia, cujos nomes são fictícios, expressavam felicidade em seus semblantes. Conversando com uma amiga em comum, soube que antes de se conhecerem e ficarem juntos, descobriram que ambos eram traídos (a mulher de Jorge era amante do marido Adélia). Quando souberam eles se solidarizaram e compartilharam a dor, fazendo nascer profundo afeto e, a partir desse sentimento, reconstruíram a vida. Casaram-se e tiveram dois filhos.

O belíssimo filme “Destinos Cruzados”, obra do romancista americano Warren Adler, adaptado para o cinema e dirigido por Sydney Pollack, com Harisson Ford e Kristin Scott Thomas, aborda a traição de um homem e de uma mulher e do romance que nasce entre os respectivos cônjuges traídos, que experimentaram juntos a dor e a raiva decorrentes.

Trair é uma decisão pessoal. Quem trai engana e quebra um compromisso. Os motivos são particulares, e não me cabe julgar. Mas o que me traz ao tema é a pessoa que sofre a traição, aquela que padece com a quebra de fidelidade e lealdade do parceiro.  Os impactos na vida de uma pessoa traída podem variar desde um estado de tensão emocional a crises de raiva, da ansiedade ao transtorno do estresse pós-traumático, das dores emocionais à depressão. As reações podem ser diversas e em intensidade diferentes, muitas vezes violentas. Quem vive uma traição pode sofrer um dos piores sentimentos que alguém pode ter.

A traição transforma a vida; os dias não mais serão como antes, mesmo para aqueles que buscam na indiferença o melhor conforto. As dores podem se enraizar na vida a ponto de atrapalhar ou impedir a construção de projetos pessoais ou de novos relacionamentos. O recomeço da caminhada necessita desapegos e determinação para deixar no passado um colar de mágoas.

Enfim, a literatura pode salvar, ao menos amenizar, quando aborda temas delicados como esse. É bom presenciar, através da leitura, as experiências sofridas pelos personagens, bem como as maneiras como convivem com as reviravoltas do destino.

Ah, meu amigo leitor, a vida nos desafia todos os dias de diferentes maneiras e não nos poupa sofrimentos. Mas a gente está neste planeta para aprender a superá-los, não é verdade?

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O voo de Antônio Cícero

terça-feira, 29 de outubro de 2024

Semana passada o poeta Antônio Cícero, com dignidade e determinação, voou para a eternidade. Com admiração pela sua vida e obra, dedico-lhe esta coluna como um modo de GUARDAR a beleza dos seus poemas, que inspiram tantas pessoas, não só as que escrevem, mas aquelas que vivem com ternura e buscam a sabedoria em cada momento dos seus dias.

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Semana passada o poeta Antônio Cícero, com dignidade e determinação, voou para a eternidade. Com admiração pela sua vida e obra, dedico-lhe esta coluna como um modo de GUARDAR a beleza dos seus poemas, que inspiram tantas pessoas, não só as que escrevem, mas aquelas que vivem com ternura e buscam a sabedoria em cada momento dos seus dias.

***

Adeus, Antônio Cícero! Adeus meu poeta a quem GUARDO ao ler e reverenciar suas poéticas palavras, tão bem escolhidas e escritas. Permito que suas doces ideias abracem as minhas que, timidamente, querem lançar voo sobre a folha de papel, o maior desafio para o escritor, e conquistar espaços sem finitudes.

Despeço-me de você com alegria e orgulho por tê-lo conhecido, inclusive pessoalmente, por passear descontraidamente sobre sua obra, por trazê-la aos modos como experimento meus dias, meus momentos. Por vê-lo acenar com simplicidade nos horizontes do meu imaginário. Por planar e dançar sobre seus pensamentos cheios de criatividade, singeleza e atualidade.

A ternura com que costurou cada um dos seus versos me mostra que a vida tem a lindeza de quem a toca com firmeza. Em sua poesia não vejo nem vencedores nem perdedores, mas encontro pessoas que buscam o encontro consigo mesmas.

Até mais ver, Antônio Cícero, vou lhe GUARDAR em toda minha infinitude, não em livros ou cadernos fechados, mas em meus pensamentos fluidos e esperançosos.

 

GUARDAR

Guardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-la.

Em um cofre não se guarda coisa alguma.

Em um cofre perde-se a coisa à vista.

Guardar uma coisa é olhá-la, fitá-la, mirá-la por

admirá-la, isto é, iluminá-la ou ser por ela iluminado.

Guardar uma coisa é vigiá-la, isto é, fazer vigília por

ela, isto é, estar por ela ou ser por ela.

Por isso melhor se guarda o voo de um pássaro

do que um pássaro sem voos.

Por isso se escreve, por isso se diz, por isso se publica,

por isso se declara e declama um poema:

para guardá-lo;

Para que ele, por sua vez, guarde o que guarda:

Guarde o que quer que guarde um poema:

Por isso o lance do poema:

Por guardar o que se quer guardar.

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Quero me encontrar com Deus!

quarta-feira, 23 de outubro de 2024

Eita, que livro instigante!  Ao ler os contos de Eliane França, reunidos no livro “Sobre o dorso das fêmeas”, Editora Penalux, 2021, fiquei tocada. Parece que uma bandeja de perguntas passou pela minha frente, oferecendo não sei lá quantas questões, me fazendo pensar tanto que embalaram meu sono e me trouxeram sonhos agitados.

Eita, que livro instigante!  Ao ler os contos de Eliane França, reunidos no livro “Sobre o dorso das fêmeas”, Editora Penalux, 2021, fiquei tocada. Parece que uma bandeja de perguntas passou pela minha frente, oferecendo não sei lá quantas questões, me fazendo pensar tanto que embalaram meu sono e me trouxeram sonhos agitados.

Num dos contos, a “Experiência”, a personagem, viúva e idosa, sentada numa cadeira, esperando os filhos para um almoço, vê Deus. As frases vão tecendo o momento, misturando o contato do Divino com a expectativa da chegada da família, o seu momento existencial, o cheiro da comida. Suas desesperanças e solidão, os filhos, a nora pérfida, a roupa apertada pelos quilos a mais. Tudo se junta, porém nada se compara com a grandeza de ver Deus.

Com maestria, Eliane França, pergunta à personagem, de certo para nós, os leitores: Como Ele é. Sem interrogação, exclamação ou outra pontuação, ela termina o texto, deixando-nos de boca aberta, com a questão caindo pelos lábios.

Lido no Clube de Leitura Vivências, em grupo, organizado por Márcia Lobosco, o livro causou reboliços; ficou todo mundo intrigado. Quando o encontro acabou, a pergunta cresceu em mim. Quando era criança, via Deus nos quadros e nas imagens das igrejas, uma figura grande e forte, que até me causava medo e inquietude. Curiosa, fui criando diferentes imagens em função do que me diziam e daquilo que via. Tinha a certeza, apenas, que Ele era uma entidade a quem tínhamos de respeitar e conversar nas orações antes de dormir. Até que, certa vez, escrevendo esta coluna, tive a convicção de que se olhasse para a natureza encontraria Deus. Suspirei fundo, aliviada.

Ao ler Jung, psiquiatra e psicoterapeuta suíço, tive a noção de que a religião é uma forma de compreendermos a vida em sua plenitude e finitude porque temos um grande enigma que nos ronda com justeza absoluta: vamos morrer! Terminar, acabar, desaparecer. Esse fato me encrenca, me assola e desassossega. Gostaria de ser eterna. Mas sou humana. Vou findar.

Sem cuidados ou pudor, o texto apresenta a desafiadora pergunta na última frase do conto. A autora é daquelas que olha para o leitor e determina: você decide o que vai acontecer. Como a literatura nos oferece sabedoria e nos salva em cada texto, conceder ao leitor tal direito é um modo de nos amadurecer para a vida, posto que temos que decidir de instante a instante.

Como é Deus. A pergunta persiste mesmo sem sinal de interrogação. Gosto de rezar o Pai Nosso, de olhar para o céu e ver a força do universo, de me deitar e me entregar ao sono. De olhar para minha filha. E escutar a voz da minha mãe. De ver a natureza. De ter amigos. De escutar o latido dos meus cachorros. De dar milho aos passarinhos.  De saber que todos estão vivos. Será Deus isso tudo?

Meus pensamentos encontram afinidade com o poema de Leandro Gomes de Barros (1865-1918), poeta de literatura de cordel brasileiro, considerado por Carlos Drummond de Andrade o “Rei da Poesia do Sertão”.

Se eu conversasse com Deus

Iria lhe perguntar

Por que é que sofremos tanto

Quando viemos para cá?

Que dívida é essa

Que a gente tem que morrer para pagar?

 

Perguntaria também

Como é que Ele é feito

Que não dorme, que não come

E assim vive satisfeito

Por que foi que Ele não fez

A gente do mesmo jeito?

 

Por que existem uns felizes

E outros que sofrem tanto?

Nascemos do mesmo jeito,

Moramos no mesmo canto.

Quem foi temperar o choro

E acabou salgando o pranto?

 

Agora, mais do que nunca, quero me encontrar com Deus.

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Responsabilidade e lazer: o dilema do adolescente

terça-feira, 15 de outubro de 2024

Shakespeare dá a solução para quem quer namorar e precisa estudar.  “Trabalhos de Amor Perdidos” é uma comédia romântica, uma obra moderna, pertinente ao que acontece hoje com os jovens que vão fazer provas ou prestar concursos e precisam se dedicar aos estudos, mas são surpreendidos pelo amor. E... o tempo passa. No século XVI, quando “Trabalhos de Amor Perdidos” foi escrito pelo dramaturgo Shakespeare, esse dilema já existia.

Shakespeare dá a solução para quem quer namorar e precisa estudar.  “Trabalhos de Amor Perdidos” é uma comédia romântica, uma obra moderna, pertinente ao que acontece hoje com os jovens que vão fazer provas ou prestar concursos e precisam se dedicar aos estudos, mas são surpreendidos pelo amor. E... o tempo passa. No século XVI, quando “Trabalhos de Amor Perdidos” foi escrito pelo dramaturgo Shakespeare, esse dilema já existia.

Faz mais de vinte anos que conheci o texto. Na época, estava envolvida com o teatro, fazendo adaptações de textos literários em prosa para o palco, estilo dramatúrgico. O texto de Shakespeare é uma graça. O rei de Navarra decide cultivar o espírito e o conhecimento. Para tal, convoca três lordes para acompanhá-lo e, juntos, determinam três anos de jejum, abstinência sexual e muito estudo. Quem fosse flagrado com uma mulher seria acusado de traição e sofreria severas humilhações. Mas, por força do destino, a princesa da França, acompanhada por suas três damas de companhia, chega ao palácio para pleitear uma região para seu velho e acamado pai. Encantados com as moças, o Rei de Navarra e seus lordes se arrependem dos juramentos, mas não podem desrespeitá-los. O conflito, então, está armado!

Qual o adolescente que não se vê diante das responsabilidades escolares e da vontade de se entregar à liberdade para passear, namorar, conversar? Enfim, acaba mergulhado nesse dilema bastante sofrido. Inclusive, para todos que o acompanham.

Na época em que meus filhos estudavam era uma negociação infinita. Uma vez, minha filha, já em fase final de colégio, levava as amigas para estudar em casa. E, meu filho, no início da faculdade, fazia o mesmo. Eram quatro num quarto, quatro num outro e uma movimentação contínua no corredor. Bons e inesquecíveis momentos.

Mas não é apenas com os adolescentes que isso acontece. Com os adultos também. Só não em situações de estudo, mas de trabalho, compromissos familiares, financeiros etc. Estamos, volta e meia, divididos entre situações de lazer e de responsabilidade. De certo, esses dilemas nos amadurecem desde a infância quando temos de aprender a distinguir os momentos. É interessante observar que cada pessoa que participa dessa situação tem um envolvimento diferente; o adolescente, os pais, os professores, os amigos. Cada qual tem pontos de vista, necessidades e atitudes próprias. É inteligente fazer o trânsito entre essas posições, até para compreender melhor aquele que sofre o dilema, dado que cada um vive numa época distinta, com cultura e valores específicos.

Com certeza, uma questão se impõe: é necessário equacionar o lazer com a responsabilidade, uma equação que vai sendo amadurecida e internalizada com a experiência adquirida ao longo dos anos. Equalizar esses lados é um dos modos de cuidar da saúde mental, física e emocional; é o caminho do meio. Nem tender para um lado, nem para o outro. Ambos são importantes para o bem-viver.

Shakespeare encontra uma saída para a questão. Na divertida comédia, o bardo inglês, depois de tantos contratempos e embates, engrandece o amor, honra o compromisso dos rapazes e faz com que as moças os aguardem.

Ih, está me dando vontade de trazer o texto para os tempos atuais. Quem sabe começar por uma conversa entre um professor com seus alunos? Quem sabe... 

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A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.

Ao cheiro e ao gosto do café

terça-feira, 08 de outubro de 2024

A vida é cheia de coincidências. Por que não será entre colunistas de jornal? Faz uns dias que senti uma emoção prazerosa ao fazer o café da manhã. Na maioria das vezes o faço de modo automático, quase de olhos fechados. Mas naquela manhã ensolarada, escutando os passarinhos e os cachorros da vizinhança a latir, senti uma sensação diferente. Parece que preparava algo para uma visita nobre e de cerimônia. Este alguém era eu. Talvez porque estivesse me sentido majestosa diante daquele dia, não mais do que uma data comum carregada de simplicidade.

A vida é cheia de coincidências. Por que não será entre colunistas de jornal? Faz uns dias que senti uma emoção prazerosa ao fazer o café da manhã. Na maioria das vezes o faço de modo automático, quase de olhos fechados. Mas naquela manhã ensolarada, escutando os passarinhos e os cachorros da vizinhança a latir, senti uma sensação diferente. Parece que preparava algo para uma visita nobre e de cerimônia. Este alguém era eu. Talvez porque estivesse me sentido majestosa diante daquele dia, não mais do que uma data comum carregada de simplicidade.

Depois que coloquei o café no filtro e medi a quantidade de água numa chaleira de ágata branca que uso exclusivamente para esta finalidade, comecei a derramar um filete de água sobre o pó e a mexer com uma pequena espátula de madeira que, também, apenas a uso no preparo do café. O cheiro forte do café foi adentrando em mim como um convidado de honra. A cada inspiração, o aroma entranhava nas minhas células que despertavam de uma noite de sono. Naqueles instantes, tudo parou; o mundo era apenas eu fazendo o café da manhã. A felicidade, então, com um jeito alegre, foi se chegando a cada mexida que dava no coador de café, fazendo com que a vontade de cantar se aproximasse improvisada. Uma fome atrevida se movimentou no meu estômago, querendo degustar aquele café com torradas e queijo fresco.

Para minha surpresa, antes de iniciar a construção deste texto, li a coluna “Escrevivendo” do meu amigo e colunista deste jornal, Robério José Canto, em que abordou o café da manhã sob outro ponto de vista. Logo pensei ser uma persistência repetir o tema. Assim, tomada de dúvidas, passei uma mensagem ao Robério e trocamos ideias a respeito. Mas ele, como sempre, me estimulou a escrevê-la. Então decidi ir em frente. Aprendi, nos tempos de universidade, que todos os temas possuem inúmeros pontos de vista a serem explorados. Eu vou explorar a ideia do prazer em fazê-lo e degustá-lo como um culto ou um ritual. Como um momento nobre que não tem hora nem lugar.

Fazer o café é o mesmo que preparar um brinde à vida. Sempre fumegante, é um modo de nos aquecer em todos os sentidos. Há momentos em que a gente precisa, quando sozinhos, saldar o instante e, quando acompanhados, compartilhá-lo. Já ouvi dizer que o melhor da festa é a preparação. Com o café acontece o mesmo, desde a escolha do pó. Ora pois sim, são tantas as qualidades a serem observadas que vão desde a pureza do pó e a credibilidade do fabricante, até a data de fabricação e embalagem preservada.

O café é um bom companheiro e um ótimo ouvinte daquele que sente necessidade de refletir sobre os fatos da vida. Ah, meu amigo leitor, já pensou nas situações que podem ser resolvidas ao cheiro e ao gosto do café? Além de ser um momento propício para trocar ideias e debater uma questão mais delicada. Melhor ainda é continuar uma conversa degustando o café, sentindo o seu gosto único tomar conta da boca, tornando aquele momento inesquecível. Como também o sabor do café pode amenizar os ânimos e ser um bom motivo para pausar o trabalho.

Robério gosta de tomar café com os amigos à tarde. O assunto literário sempre vem se enroscando nas conversas, desde livros, autores e situações vivenciadas. Assunto é que nunca falta, um vai puxando o outro sem deixar a hora passar. Aí, o café sempre confirma a proposição: a literatura faz amigos.

Gosto de escrever de manhã, tomando café. Parece que a rotina matinal me faz nascer ideias e facilita a fluidez narrativa. Tenho a impressão de que o café convida os personagens a sentarem ao meu lado e a se mostrarem. Faz com que os temas dancem com a fumaça que sai da xícara. É um momento cheio de magia.

Que tal, amigo leitor, vamos, num desses entardeceres, tomar café com broa de milho?

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