O Estado do Rio de Janeiro ainda está em processo de recuperação econômica, mas o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do ano passado já aponta aceleração em relação a 2018. É o que mostra a Nota Técnica do PIB fluminense 2019, divulgada nesta quinta-feira, 5, pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan). Segundo o estudo, a atividade econômica do Rio cresceu 1,5% no ano passado, apresentando leve alta em relação a 2018 (1,2%) e mantendo-se superior ao PIB nacional de 2019 (1,1%).
“Este é o segundo ano consecutivo de crescimento do PIB do Estado, o que indica continuidade do processo de recuperação da economia, mas ainda é lenta e pouco disseminada a todos os setores”, destaca o gerente de Estudos Econômicos da Firjan, Jonathas Goulart.
O economista explica que a alta do PIB é puxada pela indústria extrativa, que se destacou com aumento de 8,8% no ano, consolidando a expectativa de retomada intensa do mercado de petróleo e gás. Os serviços industriais de utilidade pública e a construção civil também registraram crescimento de 1,9% e 1,0%, respectivamente.
“A alta em relação a 2018 é uma notícia boa, que nos deixa otimistas, principalmente, porque ficamos acima do PIB nacional. Alguns setores interromperam a trajetória de queda, o que também é positivo. Mas é um resultado ainda muito pontual e concentrado na indústria de óleo e gás. Nossa expectativa é que isso se dissemine para outros segmentos, consolidando um ciclo virtuoso”, analisa Sérgio Duarte, presidente do Conselho Empresarial de Economia da Firjan.
Projeção para 2020
Para este ano, a Firjan estima aumento do PIB fluminense em 1,9%, levando em conta o recente ciclo de redução da taxa de juros, com impacto relevante para a diminuição da ociosidade na capacidade instalada das empresas e no mercado de trabalho. Porém, o documento alerta para a conjunção de fatores de risco no horizonte, que pode impactar o resultado, levando o estado a registrar desempenho mais fraco, próximo a 1,0%.
Há o risco político, diante da dificuldade na aprovação das reformas tributária e administrativa, e uma possível duração mais longa dos efeitos do coronavírus. “Esses fatores não mudam a realidade econômica de um dia para outro, mas alteram a percepção de sustentabilidade da economia brasileira, pois são capazes de afetar a confiança do empresário. Temos um otimismo em relação ao crescimento em 2020, mas a materialização desses riscos pode fazer com que tenhamos, novamente, resultado tímido”, argumenta Goulart.
Como é feito o cálculo
A Firjan, com o objetivo de acompanhar os movimentos conjunturais da atividade econômica do Estado do Rio de Janeiro, passou a estimar trimestralmente, em volume, o PIB fluminense a partir de 2017. Destaca-se que as estimativas trimestrais são, por sua própria natureza, sujeitas a revisões periódicas e seus valores definitivos só são obtidos após a divulgação do resultado anual do PIB fluminense, que se dá com defasagem de dois anos, segundo o calendário das Contas Regionais divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A evolução trimestral do PIB fluminense envolve estimativas da variação de volume dos valores adicionados dos setores e subsetores que compõem o cálculo do PIB regional. Posteriormente, a soma ponderada das respectivas variações é somada e adicionada à estimativa de variação do volume dos impostos livres de subsídios para chegar ao PIB a preços de mercado. As estimativas das atividades econômicas isoladas baseiam-se no acompanhamento, análise e aplicação de modelagem econométrica em uma série de indicadores setoriais e conjunturais.
O cálculo dos números dos índices de volume trimestrais foi realizado de acordo com as recomendações do System of National Accounts – SNA 2008, seguindo a metodologia empregada nas Contas Nacionais Trimestrais (CNT) do IBGE. Portanto, as variações calculadas são obtidas por meio da formulação de Laspeyres, com a base de ponderação calculada a partir da estrutura do valor adicionado a preços básicos do Sistema de Contas Regionais do ano anterior* (base móvel). Em seguida, a série base móvel é encadeada. Para o cálculo das séries encadeadas de índices trimestrais do PIB Rio, foi fixada como base de referência a média de 2002 (média de 2002 igual a 100). Dessa forma, como consta na metodologia das CNT e da SNA 2008, a propriedade da aditividade que a base móvel preservava é perdida na série encadeada, ou seja, o índice de volume do setor não será mais uma média ponderada dos índices de volume de seus componentes, pois estes perdem seus pesos relativos.
Após a divulgação dos dados anuais do PIB regional pelo IBGE, a série trimestral do PIB é reajustada para que a variação observada entre dois anos dos dados definitivos do PIB seja coerente com a variação acumulada dos índices trimestrais para esses mesmos anos. É importante ressaltar que a cada nova publicação das Contas Regionais o ajuste provoca alteração nos índices trimestrais dos anos subsequentes.
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