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Alarme falso

terça-feira, 21 de novembro de 2023

Uma lembrança, que também não demorará a se desfazer na poeira do tempo

Uma lembrança, que também não demorará a se desfazer na poeira do tempo

Estou caminhando quando ouço uma voz que, um tanto tensa, repete duas ou três vezes o meu nome. Volto-me e me deparo com um antigo conhecido que, ao se aproximar de mim, declara estar muito surpreso, mais do que muito surpreso, grandemente espantado por me ver. Não entendo a razão de tanto alvoroço, uma vez que as nossas ruas já estão carecas e esburacadas de tanto que passo por elas.  Mais do que por ter sido professor por longos anos e mais do que por escrever há tanto tempo para jornal, bater rua é o que me faz conhecido. Não popular e nada famoso, mas ao menos muito visto.

Em seguida meu conhecido esclarece por que encontrar figura tão batida na cidade ainda pode causar admiração. “Você nem acredita! Duas pessoas já me disseram que você tinha morrido!” E imediatamente me pede que o acompanhe até o outro lado da rua, onde sua mulher o espera dentro do carro. “Olha quem está aqui!”, diz ele, como quem mostra, ao vivo e a cores, algo que, se contado, passaria por mentira. Apresso-me em pedir a ela que não se assuste, pois, até onde posso julgar, estou vivo (embora essa não seja uma opinião inteiramente isenta). E, aliás, era uma bela manhã de sol, dessas em que até mesmo um defunto ─ envolto na claridade do dia ─ perde muito do que pudesse ter de amedrontador.

Sim, sinto-me razoavelmente vivo, tão vivo quando se pode estar neste mundo em que tudo é tão incerto e inconstante. O casal então me informa que minha viagem para o Além ─ de onde ninguém volta, ou se volta já é outra pessoa ─ é do conhecimento de muitos e já foi comunicada até a filha deles, minha ex-aluna, que hoje mora nos Estados Unidos. Ou seja, minha morte tornara-se assunto internacional. Grande glória!

Não é a primeira vez que me acontece. Há alguns anos faleceu um xará e foi a mesma confusão. O escritor Mark Twain, ao saber que o haviam dado por falecido, comentou “A notícia de minha morte foi um tanto exagerada”.  No meu caso, também. Mas fiquei pensando que um dia (que esteja longe!) ela será verdadeira. E aí não haverá nenhum exagero em dizer que já não sou mais, pois então serei quando muito uma lembrança, que também não demorará a se desfazer na poeira do tempo. E, no entanto, só então serei eterno, como seremos todos, pois permanecerei naqueles para os quais fui um elo, humilde e frágil, na longa caminhada dos homens sobre a Terra.

‘Vaidade de vaidades! Tudo é vaidade”, diz Salomão no Eclesiastes. E acrescenta: “Uma geração vai, e outra vem, mas a terra para sempre permanece”. Quanto mal e quanto erro, quanta dor inútil e quanto inútil desentendimento poderíamos evitar se de vez em quando nos lembrássemos de que somos tão passageiros, menos que uma fagulha na infindável fogueira da vida. Talvez nos sirvam de alerta essas confusões que às vezes acontecem, anunciando a morte de quem ainda ─ e ainda que muito provisoriamente ─ está vivo.

Resta saber o que vem depois. Só existe uma pergunta realmente essencial e é preciso atravessar o umbral para saber a resposta. Bom será se, quando a notícia de nossa morte for verdadeira, já tivermos obtido a resposta, e ela não nos for desfavorável. 

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Mensagem do Papa Francisco para o VII Dia Mundial dos Pobres

terça-feira, 21 de novembro de 2023

“Nunca afastes de algum pobre o teu olhar” (Tb 4, 7). Esta recomendação ajuda-nos a compreender a essência do nosso testemunho. Deter-se no Livro de Tobite, um texto pouco conhecido do Antigo Testamento, eloquente e cheio de sabedoria. Podemos questionar-nos: De onde tira Tobite a coragem e a força interior que lhe permitem servir a Deus no meio de um povo pagão e amar o próximo até ao ponto de pôr em risco a própria vida?

“Nunca afastes de algum pobre o teu olhar” (Tb 4, 7). Esta recomendação ajuda-nos a compreender a essência do nosso testemunho. Deter-se no Livro de Tobite, um texto pouco conhecido do Antigo Testamento, eloquente e cheio de sabedoria. Podemos questionar-nos: De onde tira Tobite a coragem e a força interior que lhe permitem servir a Deus no meio de um povo pagão e amar o próximo até ao ponto de pôr em risco a própria vida? Estamos diante de um exemplo extraordinário: Tobite é um marido fiel e um pai carinhoso; foi deportado para longe da sua terra e sofre injustamente; é perseguido pelo rei e pelos vizinhos de casa… Apesar de ânimo tão bom, é posto à prova. Como muitas vezes nos ensina a Sagrada Escritura, Deus não poupa as provações a quem pratica o bem. E porquê? Não o faz para nos humilhar, mas para tornar firme a nossa fé n’Ele.

Tobite, no período da provação, descobre a própria pobreza, que o torna capaz de reconhecer os pobres. É fiel à Lei de Deus e observa os mandamentos, mas para ele isto não basta. A solicitude operosa para com os pobres torna-se-lhe possível, porque experimentou a pobreza na própria pele. Por isso, as palavras que dirige ao filho Tobias constituem a sua verdadeira herança: “Nunca afastes de algum pobre o teu olhar” (Tb 4, 7). Enfim, quando nos deparamos com um pobre, não podemos virar o olhar para o lado oposto, porque impediríamos a nós próprios de encontrar o rosto do Senhor Jesus. E notemos bem aquela expressão «de algum pobre», de todo o pobre. Cada um deles é nosso próximo. Não importa a cor da pele, a condição social, a proveniência… Se sou pobre, posso reconhecer de verdade quem é o irmão que precisa de mim. Somos chamados a ir ao encontro de todo o pobre e de todo o tipo de pobreza, sacudindo de nós mesmos a indiferença e a naturalidade com que defendemos um bem-estar ilusório.

Vivemos um momento histórico que não favorece a atenção aos mais pobres. O volume sonoro do apelo ao bem-estar é cada vez mais alto, enquanto se põe o silenciador relativamente às vozes de quem vive na pobreza. Tende-se a ignorar tudo o que não se enquadre nos modelos de vida pensados sobretudo para as gerações mais jovens, que são as mais frágeis perante a mudança cultural em curso. Coloca-se entre parênteses aquilo que é desagradável e causa sofrimento, enquanto se exaltam as qualidades físicas como se fossem a meta principal a alcançar. A realidade virtual sobrepõe-se à vida real, e acontece cada vez mais facilmente confundirem-se os dois mundos. Os pobres tornam-se imagens que até podem comover por alguns momentos, mas quando os encontramos em carne e osso pela estrada, sobrevêm o fastídio e a marginalização. A pressa, companheira diária da vida, impede de parar, socorrer e cuidar do outro. A parábola do bom samaritano (cf. Lc 10, 25-37) não é história do passado; desafia o presente de cada um de nós. Delegar a outros é fácil; oferecer dinheiro para que outros pratiquem a caridade é um gesto generoso; envolver-se pessoalmente é a vocação de todo o cristão.

Damos graças ao Senhor porque há tantos homens e mulheres que vivem a dedicação aos pobres e excluídos e a partilha com eles; pessoas de todas as idades e condições sociais que praticam a hospitalidade e se empenham junto daqueles que se encontram em situações de marginalização e sofrimento. Não são super-homens, mas “vizinhos de casa” que encontramos cada dia e que, no silêncio, se fazem pobres com os pobres. Não se limitam a dar qualquer coisa: escutam, dialogam, procuram compreender a situação e as suas causas, para dar conselhos adequados e indicações justas. Estão atentos tanto à necessidade material como à espiritual, ou seja, à promoção integral da pessoa. O Reino de Deus torna-se presente e visível neste serviço generoso e gratuito; é realmente como a semente que caiu na boa terra da vida destas pessoas, e dá fruto (cf. Lc 8, 4-15). A gratidão a tantos voluntários deve fazer-se oração para que o seu testemunho possa ser fecundo.

Não posso deixar de fora, em particular, uma forma de mal-estar que aparece cada dia mais evidente e que atinge o mundo juvenil. Quantas vidas frustradas e até suicídios de jovens, iludidos por uma cultura que os leva a sentirem-se “inacabados” e “falidos”. Ajudemo-los a reagir a estas instigações nocivas, para que cada um possa encontrar a estrada que deve seguir para adquirir uma identidade forte e generosa. É fácil cair na retórica, quando se fala dos pobres. Tentação insidiosa é também parar nas estatísticas e nos números. Os pobres são pessoas, têm rosto, uma história, coração e alma. São irmãos e irmãs com os seus valores e defeitos, como todos, e é importante estabelecer uma relação pessoal com cada um deles.

O Livro de Tobias ensina-nos a ser concretos no nosso agir com e pelos pobres. É uma questão de justiça que nos obriga a todos a procurar-nos e encontrar-nos reciprocamente, favorecendo a harmonia necessária para que uma comunidade se possa identificar como tal. Portanto, interessar-se pelos pobres não se esgota em esmolas apressadas; pede para restabelecer as justas relações interpessoais que foram afetadas pela pobreza. Assim «não afastar o olhar do pobre» leva a obter os benefícios da misericórdia, da caridade que dá sentido e valor a toda a vida cristã.

Papa Francisco

Fonte Pascom Brasil

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Os legados literários de Nova Friburgo

terça-feira, 21 de novembro de 2023

Quem sai de Cachoeiras de Macacu e começa a subir a serra sente o cheiro da mata. As florestas, que cercam a região de Nova Friburgo, iluminam o imaginário de quem se sensibiliza com tamanha beleza. A Mata Atlântica tem fertilidade e generosidade, abundância e variedade em sua flora e fauna. Suas reservas ecológicas, como a dos Três Picos, preservam a vida natural, como a da onça parda. Cada passarinho, ao voar e pousar nas plantas e campos, vai espalhando sementes, alimentando filhotes, refazendo a vida com suavidade. É um ambiente que toca a música literária com alegria.

Quem sai de Cachoeiras de Macacu e começa a subir a serra sente o cheiro da mata. As florestas, que cercam a região de Nova Friburgo, iluminam o imaginário de quem se sensibiliza com tamanha beleza. A Mata Atlântica tem fertilidade e generosidade, abundância e variedade em sua flora e fauna. Suas reservas ecológicas, como a dos Três Picos, preservam a vida natural, como a da onça parda. Cada passarinho, ao voar e pousar nas plantas e campos, vai espalhando sementes, alimentando filhotes, refazendo a vida com suavidade. É um ambiente que toca a música literária com alegria.

Nova Friburgo é um lugar que faz brotar a rama literária em cada um dos seus cidadãos ou visitantes. Tivemos trovadores e escritores, poetas e contistas que iluminaram a história da cidade, fazendo a palavra acompanhar a vida do friburguense. A trova rodopia pelas curvas das estradas e passeia pelas esquinas das cidades. Rodolpho Abbud, JG de Araújo Jorge e Dilva Moraes deixaram um legado que tornaram a trova viva nas terras Friburguenses.

Seria o mundo perfeito,

Se os sonhos fossem seus reis,

Com o Amor tendo o direito

De ditar todas as leis!

                                              Rodolpho Abbud

Desde os anos sessenta, Nova Friburgo realiza anualmente Jogos Florais quando premia trovadores de várias partes do mundo. Em 2004, foi sancionada a Lei Municipal 4.345 que concede à cidade o título de Cidade da Trova.

Não podemos deixar de ressaltar que nosso escritor maior, Machado de Assis, caminhou pelas ruas em torno da Praça Presidente Getúlio Vargas, cujas árvores o inspiraram à criação de histórias e personagens que enriqueceram a literatura brasileira.

Casimiro de Abreu, autor da poesia “Meus Oito Anos”, estudou em Nova Friburgo, no Instituto Freese. Como Carlos Drummond de Andrade estudou no Colégio Anchieta. A escritora Clarice Linspector admirava a natureza quando aqui se hospedava quando se sentiu inspirada para escrever algumas de suas crônicas, como “Rosas Silvestres” (2010): “Esqueci de dizer que as rosas silvestres são de planta trepadeira e nascem no mesmo galho. Rosas silvestres, eu vos amo. Diariamente morro por vosso perfume”.

Por aqui também passou Francisco Gregório Filho, escritor e contador de histórias, onde criou a Secretaria de Promoção da Leitura. Em uma das suas crônicas para o Jornal A Voz da Serra, escreveu em janeiro de 2013, “A região serrana há muito tem acolhido durante os fins de ano muitos profissionais da área do livro e da literatura para momentos de recanto e recolhimento.” 

Friburgo tem uma Academia de letras atuante desde 1947. Seu patrono é Julio Salusse, autor “Cisnes”, considerado um dos sonetos mais belos do século passado. Homenageou grandes escritores como Julia Lopes de Almeida, romancista, cronista, patronímica da cadeira número 27, que colaborou ativamente com a fundação da Academia Brasileira de Letras. Desce a sua criação, a AFL acolhe os escritores da cidade como forma de difundir a literatura, incentivar a produção literária e preservar a Língua Portuguesa, enquanto patrimônio maior do brasileiro. 

A literatura está viva em Nova Friburgo através de escritores produtivos e agentes culturais. Será que os friburguenses têm conhecimento do potencial literário da sua cidade? 

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Prefeito agride vereador

sábado, 18 de novembro de 2023

Edição de 17 e 18 de novembro de 1973 

Pesquisado por Thiago Lima

 

Manchetes 

Edição de 17 e 18 de novembro de 1973 

Pesquisado por Thiago Lima

 

Manchetes 

Vereador é agredido à ponta-pé - Fato por todos os aspectos lamentável, ocorreu com o vereador Francisco Porto (Arena), logo após o encerramento das solenidades de início de asfaltamento da estrada Friburgo-Teresópolis, a que estivera presente o governador Raymundo Padilha e autoridades integrantes do governo fluminense. Após a partida da comitiva do governador, o vereador Francisco Porto foi abordado pelo prefeito Amâncio de Azevedo que, juntamente com ofensas e ameaças verbais, agrediu o vereador à ponta-pés.

Teresópolis-Friburgo: Padilha presidiu início de asfaltamento - Acompanhado das mais altas autoridades do Estado do Rio de Janeiro, membros da Arena friburguense, ex-prefeito Feliciano Costa e autoridades, comandadas pelo prefeito Amancio de Azevedo, o governador Raymundo Padilha presidiu a cerimônia que marcou o início do asfaltamento da estrada Friburgo-Teresópolis. Os 52 quilômetros da pista, de acordo com o cronograma de obra do DER do Estado do Rio, estarão asfaltados dentro de 420 dias, e serão inaugurados ainda no mandato atual do governador.

Família Daflon quer Azevedos em Niterói - O advogado Gelson Sampaio, contratado pela família de Guido Daflon, deverá entrar com uma solicitação ao Tribunal de Justiça do Estado do Rio, pedindo o desaforamento do processo, a fim de que os irmãos Azevedos sejam julgados em Niterói.

Pardieiro do Suspiro recebe visita: Polícia Federal - Em consequência de campanha deflagrada por este jornal e acompanhada por outros órgãos da imprensa friburguense, a Feira do Suspiro - hoje conhecida como “O Pardieiro” - recebeu a visita de autoridades da Polícia Federal.

 

Pílulas

Afinal de contas, o que estaria ocorrendo com os homens públicos de Friburgo? Esta cidade que sempre foi consagrada no noticiário nacional como um lugar ameno, pacífico, de clima agradável, habitada por um povo ordeiro e laborioso, de repente, de uma hora para outra, passa a ser comparada como uma Caxias do banditismo, onde e quando era rotina a agressão e o crime. O sacrifício de uma vida humana, já não bastou? 

Pois nunca se viu tanta servidão a um governo municipal, como tem recebido o prefeito atualmente. Em todos os lugares, a todo instante, uma diabólica máquina política, funciona incessantemente no sentido de enganar o povo. E, neste funcionamento, a política friburguense vai caminhando para áreas altamente negativas. 

E, o que a família friburguense está a reclamar neste momento, não utópicas “condições de vida progressista” e sim tranquilidade, com o respeito daqueles que depositaram confiança para a condução de seus destinos municipais. 

 

Sociais 

A VOZ DA SERRA registra os aniversários de: Arsenio José da Silva (19); Haroldo Braune e Marinete Almeida (20); Nelson Kemp e Maria Cristina Cordeiro (21); Regina Lúcia Yunes e Sérgio Miranda (22); Oswald Carpenter Meyer, Nelly Monteiro Kapell, Regina Célia Miled e Euza Rodrigues Carestiato (23); Olinda Vasconcellos Coutinho, Ricardo José Oliveira e Paulo César Miranda (24); Geraldo Pacheco Pereira, Maria Freitas Mazzei e Costantino Lompreta.

Foto da galeria
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Os olhos desenham a forma do infinito

sábado, 18 de novembro de 2023

Coragem? Temos de sobra. Medo? Também. Às vezes, o que não se tem é escolha. Com coragem ou medo é necessário enfrentar suas lutas exclusivas que, por mais que se assemelham às dos outros, é sua e só você pode mergulhar.

Seria fácil apenas dizer: vai! Aqueles tais 30 segundos de insanidade talvez seja o que se precise para ir. Os tais segundos que não pensamos em temor ou consequências, se faz o que precisa ser feito e que mais ninguém pode fazer por você. Resultado? É tudo que vem depois de decidir entrar no jogo. 

Coragem? Temos de sobra. Medo? Também. Às vezes, o que não se tem é escolha. Com coragem ou medo é necessário enfrentar suas lutas exclusivas que, por mais que se assemelham às dos outros, é sua e só você pode mergulhar.

Seria fácil apenas dizer: vai! Aqueles tais 30 segundos de insanidade talvez seja o que se precise para ir. Os tais segundos que não pensamos em temor ou consequências, se faz o que precisa ser feito e que mais ninguém pode fazer por você. Resultado? É tudo que vem depois de decidir entrar no jogo. 

O jogo é permanente, mesmo não estando em campo, antes ou depois. A vida é várzea, é montanha no horizonte. Viver é oceano que nem sempre tem ilha ou praia. Os olhos desenham a forma do infinito, mas o olhar é que estipula finitudes ou não. Pode se enxergar longe e não ver o que está perto. Pode-se sentir o que está dentro, mas desatento desconsiderar o que explode no peito, o que treme fora e as causas.

Acumulamos e pode ser que jamais se chegue a tal gota d’água. Aquela que faz transbordar o copo. Seria ela a mais importante? 

O que precede os tais segundos em que, de repente, decidimos enfrentar, encarar, desbravar, ser? Por que não antes? Porque é agora!         

Chamar para dançar aquele que se observa do outro lado do salão. Trocar de emprego. Ir, sem ingresso, à final do campeonato que seu time nunca venceu. Pegar as chaves do carro, uma mochila grande e viajar sem destino, entrar em cidades que nunca entrou ou sequer ouvir falar o nome. Quebrar o alarme e dormir por mais duas horas, mais um ou dois dias inteiros. Demitir o patrão. Invadir a piscina do vizinho do lado e chamar os amigos para um churrasco. Mandar embora a dor que aquele amor causou e se despedir de relacionamentos que foram bons enquanto duraram, mas que não podem mais perdurar, para preservar as boas memórias. Desfilar com pernas de pau no bloco de carnaval. 

Escrever, escrever e escrever poesias para os desconhecidos da praça. Se declarar apaixonado para o bonitão que bebe cerveja no bar da esquina e não se preocupar em ser assustador demais ou muito emocionado. Andar pelado pelo apartamento depois de um banho gelado e não se preocupar se os vizinhos do prédio em frente te observam da janela. “Tá olhando o quê?” Atentado ao pudor seria estar vestido dentro de sua própria casa nesse calorzão de 35 graus com sensação térmica de 50. 

Beba água. Diminua a velocidade. Desligue o computador. Lave as mãos. Apague as luzes. Proibido fumar. Não urine na tampa do vaso, acerte o alvo. Leia a Bíblia. Anarquistas adoram dar ordens. Filósofos não pecam, mas dão conselhos. Por que? Nem tudo tem resposta, talvez para tudo haja perguntas. Não saber é dádiva contemporânea.  

Bom mesmo é brincar na chuva. Inventar a brincadeira de ser feliz com suas próprias regras em que a primeira regra é não ter regra. Livre, desenhar com o dedo o símbolo do infinito no céu, perceber que o olhar forma o infinito em si para o universo. Você pode ver. Eu posso sentir. A tristeza vai embora. O que vigora para além da rima? Você é infinito. 

Respire. Sinta. Abrace. Fique à toa. Vá à luta. Pergunte tudo o que quiser à Mãe de Santo. A Roda da Fortuna está na sua mesa de tarô. A Morte pode ser bem-vinda. Mudanças são ótimas, quando para melhor. Não temas. Dizem que o melhor ainda está por vir. Veio e virá ainda melhor mais uma e mais outra e tantas outras vezes. A paixão é o que há de mais instigante, e intenso é…                  

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Quatro anos de Educação Financeira em A VOZ DA SERRA

quinta-feira, 16 de novembro de 2023

Caros leitores e equipe do jornal.

Hoje o dia é especial, pois celebramos um marco significativo na minha jornada como colunista de educação financeira. Há exatos quatro anos, eu dava os primeiros passos nesta coluna com o intuito de compartilhar conhecimentos sobre o universo das finanças pessoais. Hoje, ao redigir o meu 204º texto, é impossível não refletir sobre o incrível caminho que percorremos juntos.

Caros leitores e equipe do jornal.

Hoje o dia é especial, pois celebramos um marco significativo na minha jornada como colunista de educação financeira. Há exatos quatro anos, eu dava os primeiros passos nesta coluna com o intuito de compartilhar conhecimentos sobre o universo das finanças pessoais. Hoje, ao redigir o meu 204º texto, é impossível não refletir sobre o incrível caminho que percorremos juntos.

Lembro do dia em que recebi a ligação de Adriana Ventura, diretora deste jornal e, agora, uma amiga. Era novembro de 2019, eu estava prestes a inaugurar meu primeiro empreendimento no mercado financeiro, a proposta surgiu e eu, sem pestanejar, aceitei com grande entusiasmo. A resposta era um claro “sim”! Mas não foi fácil. A responsabilidade de trazer, toda semana, conteúdo de qualidade foi um grande desafio.

Quero expressar minha profunda gratidão ao jornal por acreditar na importância da educação financeira e por proporcionar este espaço valioso para discutir temas que impactam diretamente a vida de tantas pessoas. A parceria desenvolvida ao longo desses anos não apenas enriqueceu a minha experiência como escritor, mas também fortaleceu a missão de disseminar conhecimento financeiro para a comunidade.

Agradeço também a cada leitor que dedicou seu tempo para acompanhar minhas palavras, compartilhar experiências e, acima de tudo, buscar uma melhor compreensão sobre como administrar suas finanças de maneira mais eficaz. Vocês são a razão pela qual esta coluna existe, e ver o impacto positivo que a educação financeira pode ter em suas vidas é verdadeiramente gratificante.

Ao longo desses quatro anos, aprendi tanto quanto compartilhei. A jornada foi enriquecedora e, sem dúvida, moldou-me como escritor e educador financeiro. Neste momento de celebração, renovo meu compromisso com o desenvolvimento de cidadania através da Educação Financeira.

Que possamos continuar aprendendo e crescendo juntos nos próximos anos. Agradeço por fazerem parte deste pedaço da minha história!

Com gratidão

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Gestão do lixo: Friburgo precisa de soluções inteligentes

quinta-feira, 16 de novembro de 2023

Já parou para pensar quanto lixo você joga fora no seu dia-a-dia? A estimativa é de que cada brasileiro produza, em média, 379,2 quilos de lixo por ano. Isto é, cada habitante de cada município brasileiro descarta mais de um quilo de resíduos por dia, segundo estudo realizado pelo Panorama de Resíduos Sólidos no Brasil em 2020.

Já parou para pensar quanto lixo você joga fora no seu dia-a-dia? A estimativa é de que cada brasileiro produza, em média, 379,2 quilos de lixo por ano. Isto é, cada habitante de cada município brasileiro descarta mais de um quilo de resíduos por dia, segundo estudo realizado pelo Panorama de Resíduos Sólidos no Brasil em 2020.

Quer se espantar mais? Você já parou para pensar que o nosso país atualmente abriga aproximadamente 210 milhões de pessoas, e que todo santo dia, somos responsáveis pelo descarte de cada vez mais e mais resíduos, sendo certo que a maior parte deste lixo é descartado de forma inadequada.

Infelizmente, o lixo produzido, não some com um estalar de dedos. Quando botamos a sacolinha do mercado com resíduos para fora de casa, o caminho é longo até que chegue ao descarte adequado. Por mais óbvio que pareça, mesmo que o caminhão da coleta passe, ou as ruas sejam varridas, os resíduos ainda permanecem a nossa volta.

Maior parte dos resíduos produzidos pelos habitantes não passam por qualquer tipo de coleta no país. De acordo com o Sistema Nacional de Informações sobre o Saneamento, mais de 1.000 municípios brasileiros não disponibilizam coleta de lixo domiciliar para toda a população urbana.

Além disso, a maior parte dos municípios não tem a menor preocupação acerca de um descarte adequado de todo esse lixo. Mais de 40% dos resíduos sólidos urbanos, são despejados nos mais de três mil lixões espalhados por todo país, o que leva a contaminação do solo por centenas de anos e da água.

E se você acha que pagamos apenas pela coleta do lixo, você está muito enganado. Nós, contribuintes, pagamos caro pela coleta do lixo, pelo transporte até o lixão ou aterro sanitário, e pelo espaço onde o lixo foi ou está sendo descartado – mesmo por aqueles espaços que não tem mais a capacidade de receber mais resíduos.

Essa metodologia antiga de descarte de lixo – que, por sinal, pode ser novamente implementada em Nova Friburgo, através dos novos contratos na gestão de lixo – traz prejuízos irreparáveis não somente ao meio ambiente e a nossa saúde, mas também, ao nosso bolso, enquanto contribuintes, dando um triste fim a tudo que descartamos.

Marcelo Barros, administrador de formação, atua há pelo menos 30 anos no mercado de soluções energéticas e explica que o descarte de resíduos nos aterros sanitários não é nem de longe a melhor solução, tanto para o meio ambiente, como para a própria cidade.

"O descarte de lixo nos aterros sanitários é um processo delicado. Quando utilizamos esse método de descarte de resíduos, há chances de vários riscos de acidentes ambientais que vão desde a contaminação dos lençóis freáticos até risco de explosões por conta dos gases emitidos pelo lixo. No fim das contas, todo material continua acumulado no local durante décadas, até que o aterro esteja no limite. Posteriormente, novos aterros são abertos e os antigos ainda continuam poluindo”, explica Marcelo.

Inovação que transforma lixo em luxo

Já pensou se deixássemos de gastar dinheiro com o nosso lixo e transformarmos ele em uma excelente fonte de renda para a cidade, por meio da geração de energia, criação de vagas de empregos, venda de matéria prima e até mesmo, combustíveis para veículos? Parece uma ótima ideia, não? E é! Marcelo explica:

"Hoje, existem soluções inteligentes de usinas de tratamento, que conseguem, de forma automatizada, separar os materiais recicláveis, incinerar o lixo que consegue produzir energia elétrica e combustível e por fim, transformar descartes em materiais úteis para obras públicas, como tapumes de madeiras, cavaletes entre muitos outros.  No longo prazo, a história já provou que projetos como estes podem ser extremamente rentáveis aos municípios e especialmente para a população – que ganha novas vagas de empregos e ganha com a redução drástica dos impactos ambientais, e o melhor, tudo isso sem a existência de um aterro sanitário"

Soluções como essas já são usadas em todo o planeta. Em Oslo, na capital da Noruega, cerca de metade da cidade é aquecida pela queima de lixo, de onde também grande parte da sua energia elétrica é produzida. E sabe qual a problemática norueguesa? Eles não têm mais lixo para queimar e hoje, chegam até a ter que importar lixo da Inglaterra e da Irlanda.

Embora o Marco do Saneamento, assinado em 2020, buscou determinar um prazo de quatro anos para que todos os locais de descarte irregulares fossem desativados, no Brasil, a cada dia que passa os locais inadequados para descartes são criados, numa tentativa de solução de problemas que beneficiam pouquíssimos. 

 Esperamos que um dia, a problemática do lixo friburguense seja como a norueguesa e a nossa maior preocupação seja em como comprar os resíduos alheios das cidades vizinhas para produzirmos energia e gerar renda para todos - e não em como faremos para abrirmos novos aterros sanitários, em um ciclo vicioso e sem fim.

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Apesar dos pesares

quinta-feira, 16 de novembro de 2023

A cada dia que passa a vida mostra que saber ouvir é mais que uma habilidade rara, mais do que uma necessidade, mais do que uma demanda social. É um dom. Proponho uma breve observação. Quantas pessoas falam ao mesmo tempo nas mesmas rodas de conversa? E dessas, quantas estão falando sobre si mesmas, sobre suas próprias vidas, seus anseios individuais e seus problemas? Quantas estão a reclamar o tempo todo?

A cada dia que passa a vida mostra que saber ouvir é mais que uma habilidade rara, mais do que uma necessidade, mais do que uma demanda social. É um dom. Proponho uma breve observação. Quantas pessoas falam ao mesmo tempo nas mesmas rodas de conversa? E dessas, quantas estão falando sobre si mesmas, sobre suas próprias vidas, seus anseios individuais e seus problemas? Quantas estão a reclamar o tempo todo?

Em sequência, proponho que observem quantas pessoas ouvem atentamente a história do outro, olham nos seus olhos e efetivamente parecem se importar com as informações compartilhadas.

Dia desses me aconteceu algo curioso. E que curiosamente sempre acontece. Comigo! Estive com uma pessoa que pouco vejo e com quem não tenho intimidade alguma. Mas a quero muito bem e ela deve perceber. Estivemos juntas por 20 minutos apenas e em uma circunstância incomum. Pois bem. Nesse interregno de tempo eu pude saber das dores mais profundas pelas quais ela passa, do sofrimento de sua família, sobre suas recentes perdas e dificuldades. Coisas que só contamos a Deus quando colocamos a cabeça no travesseiro. Ela não estava lamuriando. Definitivamente não estava. Abriu seu coração simplesmente por sentir que teria dois ouvidos disponíveis por algum tempo e talvez um coração aberto a acolhê-la de alguma maneira. Talvez um olhar sincero além dos ouvidos atentos.

Confesso que quando ela começou a contar sobre sua vida, olhei no relógio e lembrei-me o tanto de afazeres que ainda tinha por fazer. Por alguns segundos senti medo da demora e pensei em mudar o rumo da prosa, imaginando o tanto que ela se prolongaria. Por pouco não a interrompi. Não daria tempo, eu não tinha realmente disponibilidade aquela hora. Afinal, já sabemos as horas voam.

Não raras vezes eu imagino que “aquela pessoa” poderia ser minha mãe ou minha avó e que eu gostaria de que elas fossem sempre tratadas com zelo, respeito e atenção quando decidissem abrir o coração com alguém. Um pensamento um tanto egoísta que às vezes vem. Não por isso. Muito mais frequentemente eu me coloco no lugar de uma pessoa estranha e procuro buscar entender como ela se sente e volta e meia percebo que ela precisa simplesmente do que mais posso oferecer: atenção (que não necessariamente é sinônimo de tempo) e carinho.

Dessa vez foi assim. Felizmente eu perseverei alguns segundos, me acomodei melhor na cadeira e me pus a ouvi-la como se tivesse a eternidade à sua disposição. Olhei atentamente para aqueles olhos cansados de um dia de trabalho exaustivo que escondiam por trás dos óculos um semblante triste, abatido e desolado. Senti de forma profunda que ali residia uma enorme dor. E sem que eu proferisse uma palavra (eu juro, nenhuma palavra) ela confiou a mim suas profundas aflições.

Enquanto ela falava, eu agradecia. Agradecia por estar ali naquele exato local e momento podendo ser útil a alguém como ela. Agradecia por não ter posto o meu egoísmo e a minha pressa à frente do sentimento dessa pessoa. Agradecia por meu coração naquele momento estar livre daquelas angústias vividas por ela. Agradecia por conseguir me transportar para o lugar ocupado por ela, entender seus anseios. Agradecia por ser eu a estar ali. Agradecia por isso sempre acontecer comigo e apesar de eu não conseguir me vencer sempre, por estar ali tentando, mais uma vez, com mais uma pessoa. Agradecia pelo dom de ainda saber ouvir.  Muito mais do que por meio dos ouvidos.

Ao fim da conversa – eu, com os minutos contados e ela, atrasada para pegar seu ônibus - bastou um abraço e sem que eu dissesse nada, encerramos aquela longa conversa. Que experiência rica. Como estamos carentes de um interlocutor de verdade, com quem possamos simplesmente compartilhar, não só o lado bom da vida, mas também as profundezas da alma. Sem julgamentos.

Dali saímos e eu rezei por ela. Apesar da correria do dia a dia, do ruído e da ansiedade social, não me esqueci de que ainda sei ouvir. E mais uma vez agradeci por não ter ensurdecido a alma. Apesar dos pesares.

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Nossa tendência de experimentar medo e ansiedade é genética?

quinta-feira, 16 de novembro de 2023

A revista Scientific American online publicou uma resposta à pergunta do título acima do dr. William R. Clark, professor do departamento de biologia molecular, celular e do desenvolvimento da UCLA (Universidade da Califórnia em Los Angeles). Original em inglês disponível nesse link: https://www.scientificamerican.com/article/is-our-tendency-to-experi/ Vamos ver a resposta do dr. Clark sobre se a ansiedade e medo tem base genética.

A revista Scientific American online publicou uma resposta à pergunta do título acima do dr. William R. Clark, professor do departamento de biologia molecular, celular e do desenvolvimento da UCLA (Universidade da Califórnia em Los Angeles). Original em inglês disponível nesse link: https://www.scientificamerican.com/article/is-our-tendency-to-experi/ Vamos ver a resposta do dr. Clark sobre se a ansiedade e medo tem base genética.

Ao sentirmos medo, a tendência automática é reagir frente ao perigo percebido. Pessoas diferentes reagem de forma diferente diante do medo. Quanto à ansiedade, algumas têm ansiedade traço, que é a que existe desde que o indivíduo era pequeno, enquanto que outras têm ansiedade estado, que surge temporariamente diante de algum evento estressor, mas depois retorna ao nível normal.

O medo ajuda a pessoa a não arriscar a vida. Serve de proteção. O problema é quando o medo se torna uma fobia, que é uma emoção de medo exagerado. A fobia não é útil e prejudica o desempenho da pessoa. A fobia e a ansiedade excessiva, explica o dr. Clark, causam não só angústia mental, mas vários sintomas físicos reais, incluindo dor localizada. Mas até que ponto o medo é aprendido com a vivência e a experiência do ambiente, e até que ponto sofre influência genética?

O estudo do medo em camundongos mostrou que ele pode ser criado seletivamente nas gerações seguintes, sugerindo forte componente genético. Camundongos selecionados ao acaso submetidos a um teste numa caixa aberta e iluminada, sem esconderijos, exibiam respostas diferentes. Alguns se encolhiam e ficavam parados perto de uma parede, defecando e urinando repetidamente, enquanto outros andavam pela caixa, cheirando e explorando sem preocupação.

Se os ratinhos medrosos forem criados uns com os outros ao longo de várias gerações, é possível desenvolver gerações nas quais todos os membros serão altamente ansiosos e com medo em testes diferentes. Interessante que eles não aprendem esse medo e ansiedade excessiva uns com os outros ou com suas mães. Um rato recém-nascido de uma linhagem temerosa, criado por uma mãe destemida junto com irmãos destemidos, ainda poderá medo quando adulto.

Camundongos sem receptores de células nervosas para o neurotransmissor Gaba (ácido gama-amino butírico) são mais medrosos do que os com o receptor. O Gaba é usado por regiões superiores do cérebro e pode funcionar para diminuir as respostas excessivamente temerosas aos estímulos ambientais. Verificou-se que camundongos sem um receptor no cérebro para hormônios do estresse glicocorticoides são bem menos ansiosos do que camundongos de controle.

Dr. Clark diz que há evidências em humanos, obtidas de estudos de crianças adotadas e gêmeos idênticos criados juntos ou separados, de que uma tendência à ansiedade e ao medo é um traço hereditário. Fobias específicas, como medo de cobras, de dor, altura ou espaços fechados, estão quase inteiramente ligadas a experiências ambientais individuais. Mas a tendência de desenvolver respostas de medo ou ansiosas ao meio ambiente em geral tem componente genético claro.

Parece que grande parte da contribuição genética para o medo e a ansiedade em humanos envolve neurotransmissores e seus receptores, e o Gaba e seus receptores têm papel fundamental. Talvez o mais importante neurotransmissor que media a ansiedade em humanos seja a serotonina. A depressão grave também tem um componente genético marcado.

Medo e ansiedade são influenciados por muitos genes. Não existe um simples gene de "medo" herdado de uma geração para outra. O que recebemos geneticamente de nossos pais nos predispõe a responder com maior ou menor grau de ansiedade a eventos em nosso ambiente. Mas o quanto nossa vida é afetada por essa predisposição herdada depende em grande parte de nossa história individual - o número, força, tipo e duração dos eventos que provocam tais reações.

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Cesar Vasconcellos de Souza – doutorcesar.com

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"Por que amo Nova Friburgo?"

quinta-feira, 16 de novembro de 2023

A Academia Friburguense de Letras realizou, neste ano, o concurso literário “Por que amo Nova Friburgo?”, realizado com o apoio da Secretaria Municipal de Educação. O concurso abrangeu duas categorias diferentes de alunos do Ensino Fundamental: 6 e 7anos; 8 e 9 anos. 

A Academia Friburguense de Letras realizou, neste ano, o concurso literário “Por que amo Nova Friburgo?”, realizado com o apoio da Secretaria Municipal de Educação. O concurso abrangeu duas categorias diferentes de alunos do Ensino Fundamental: 6 e 7anos; 8 e 9 anos. 

Foi uma cerimônia alegre. Muito alegre. As cores da Academia pareciam brilhar e se misturavam com o sorriso dos pais e professores. Os premiados chegavam com uma postura tímida e com passos suaves. Os rostos dos pais não escondiam o orgulho de acompanhar os filhos, e os professores chegavam com passos firmes e confiantes do cuidadoso trabalho que fizeram com os alunos. E, nós, os acadêmicos, com alegria e paz, recebemos os convidados com afetividade.

O professor e acadêmico Robério José Canto cuidou do concurso com o toque de mestre, resultado da experiência de uma vida como professor de literatura e, também, como organizador de concursos literários da AFL; foram muitos, envolvendo temas diversos e participantes de vários estados do Brasil.

Neste concurso resolvemos dar atenção aos alunos da Rede Municipal de Ensino como uma forma de valorizar a Língua Portuguesa e a literatura na nossa cidade, lugar que amamos e no qual vivemos. Por isso o título, “Por que amamos Nova Friburgo?”. Também tivemos a intenção de fazer os alunos olharem com afeto para o lugar onde vivem.

Neste concurso, a nossa Casa, a Casa de Júlio Salusse, autor de “Cisnes”, um dos poemas mais belos já composto, cumpre suas finalidades. Durante a cerimônia, o auditório repleto me fez constatar que a Academia está cheia de vida e seus acadêmicos trabalhando para tê-la com as portas e janelas abertas para a cidade. 

Além dos alunos premiados, acompanhados por suas famílias, amigos e professores, contamos com a presença da Secretária de Educação, Caroline Moura Klein, do Secretário de Cultura, Daniel Figueira, Jorgeana da Vitória Abreu, Coordenadora de Língua Portuguesa da Secretaria de Educação, Márcia Machado, Coordenadora da Biblioteca da Secretaria Municipal de Cultura. Depois da cerimônia, a Academia ofereceu aos presentes um coquetel, durante o qual puderam compartilhar aquele vitorioso momento, conversar e reencontrar pessoas.

Enfim, a literatura engrandece, transforma e une as pessoas. Acredito que um jovem, depois de vencer um concurso literário, seja uma pessoa enriquecida pela experiência de ter realizado uma tarefa desafiadora com empenho, criatividade e inteligência. Reconheço que a sensação de ter conquistado uma vitória com lisura e autenticidade é importante para a construção do caráter de uma pessoa.

Salve os vencedores dos 6ª. e 7ª. anos do Ensino Fundamental: Rafaela Vieira Giz, Ana Júlia Marchon Freiman, Polyana Lima Batista Breder, Maria Eduarda Combat, Miguel Netto. 

Salve os vencedores dos 8ª. e 9ª. anos do Ensino Fundamental: José Fraga Storani, Fernanda Tardin Linhares, Davi Rocha, Kauê Jorge Linhares Veloso, Lara Figueira Pinto Bastos.

Salve os professores:  Rosiara Campos Knupp, Daniele de Souza Figueira, Olympia Maria de Lima David, Aparecida Eva de Lacerda de Freitas, Juliana Barros Muniz, Juliana de Souza Cabral.

Salve a professora Jorgeane da Vitória Abreu, coordenadora de Língua Portuguesa.

Salve Maria Janaína Botelho, nossa presidente.

 

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