Blogs

Na linha de raciocínio, A VOZ DA SERRA não perde o fio da meada!

segunda-feira, 06 de março de 2023

Novamente, o Caderno Z do último fim de semana, me trouxe lembranças do meu pai que, de modo espiritual, vem me acompanhar nesta viagem. Papai nasceu em 1917, no Sana, distrito de Macaé. Eram muitas as suas histórias e eu creio que a mais bizarra era motivo de sua indignação. E dizia ele: “Lá na roça, era melhor que as moças não fossem para a escola, pois logo aprenderiam a escrever cartas para os namorados!”.

Novamente, o Caderno Z do último fim de semana, me trouxe lembranças do meu pai que, de modo espiritual, vem me acompanhar nesta viagem. Papai nasceu em 1917, no Sana, distrito de Macaé. Eram muitas as suas histórias e eu creio que a mais bizarra era motivo de sua indignação. E dizia ele: “Lá na roça, era melhor que as moças não fossem para a escola, pois logo aprenderiam a escrever cartas para os namorados!”. Das bizarrices de antigamente aos avanços de agora, a linha do empoderamento feminino ainda é muito tênue e requer a criação de leis para garantir direitos que deveriam ser naturais.

A filósofa Hannah Arendt, pensadora do século 20, destacou em seu trabalho em prol das igualdades: “A essência dos Direitos Humanos é o direito a ter direitos”. Desde que a mulher começou a sair de seu casulo doméstico, as lutas são incansáveis e assim continuarão, pois há uma projeção feita pelo Fórum Econômico Mundial de 2018 que “serão necessários mais de dois séculos para haver igualdade de gênero no mercado de trabalho e que as desigualdades, em outros segmentos, precisarão de mais de 100 anos para chegarem ao fim”. Tomara que a projeção esteja equivocada.

Elizabete de Souza Siqueira, presidente da comissão Mulher, da 9ª Subseção da OAB Nova Friburgo, ressalta: “Não podemos ficar presas ao tempo, contudo precisamos ter consciência de que a luta deve ser diária e contínua...”. Ainda em seu texto, Elizabete enfatiza: “precisamos seguir em frente e ter em mente que é proibido desistir...”. Exemplos de lutadoras não faltam. Em cada uma de nós tem um pouco de Nísia Floresta, Leonilda Daltro, Bertha Lutz e Almerinda Gama. Enquanto lutamos, pensamos coisas boas para a coletividade. Nosso pensar é cheio de propósitos e não se perde no vazio das superficialidades.

Se a vida é frenesi, como destacou Wanderson Nogueira, “por  que querer a eternidade se na finitude que temos perdemos tempo com bobagens?”. Feliz Dia Internacional da Mulher em todos os dias do ano!

O Cão Sentado, na charge de Silvério, se vestiu com o “Março Lilás” para lembrar que é o mês de conscientização e combate ao câncer de colo de útero. A Prefeitura de Nova Friburgo, por intermédio da Secretaria Municipal de Saúde realiza várias ações em conjunto com as celebrações do mês da mulher. Roda de conversas e palestras com profissionais da área fazem parte da programação.

Ainda em defesa da mulher, a Câmara Municipal aprovou o projeto de lei do vereador Cláudio Leandro, que instituiu em Nova Friburgo o “Programa de Cooperação e Código Sinal Vermelho” em que a mulher pode pedir socorro traçando um “xis” na palma da mão. A lei entrará em vigor, a partir de sua regulamentação pelo Executivo, em até 180 dias.

O programa de destinação do óleo de cozinha, desenvolvido pela concessionária Águas de Nova Friburgo, só no Carnaval, recolheu 70 litros do produto descartado pelos barraqueiros que trabalharam com alimentação nos dias de Momo. Em casa, o programa pode ser realizado juntando-se o óleo usado em uma garrafa que poderá ser entregue em um dos postos de recolhimento. Mais informações no site “Trata Óleo”.

Em “Há 50 anos”, a célebre edição de 3 e 4 de março de 1973 -  “Tomba um homem: A morte de Américo Ventura Filho”. É um deleite ler os depoimentos sobre a sua pessoa. Mesmo quem não teve o prazer de conhecê-lo, classe onde me incluo, é possível avaliar o quanto o sr. Américo “foi um autodidata, mas, tivessem as circunstâncias o favorecido, seria um mestre em qualquer especialidade, pois, fibra, determinação e curiosidade jamais lhe faltaram...”.

Muitos foram os depoimentos em sua honra, como bem Nelson Kemp o definiu: “Américo Ventura Filho vinha de uma época em que a palavra valia mais do que qualquer documento assinado. Ventura tombou – por glória de tudo o que ele foi – nos braços da história de Nova Friburgo. Venturinha: Um exemplo a seguir...”. “Um homem do tempo antigo”, tão moderno para antigamente e tão necessário hoje. Quem deixa legado de honra é honrado eternamente!

Publicidade
TAGS:

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.

Mudança de presidência

segunda-feira, 06 de março de 2023

Amanhã, 8, além de receber cumprimentos especiais pelo  Dia Internacional das Mulheres, um grupo especialíssimo delas estará envolvido em outras atividades.

Será a posse da nova presidente da Casa da Amizade do Rotary Clube Nova Friburgo.

Em cerimônia às 14h30, Soraya Campos Babo, após grande gestão como presidente no biênio 2022-2023, estará passando o cargo a Beatriz da Cunha Lima Guimarães (foto) com mandato até março de 2024.

Está chegando o dia

Amanhã, 8, além de receber cumprimentos especiais pelo  Dia Internacional das Mulheres, um grupo especialíssimo delas estará envolvido em outras atividades.

Será a posse da nova presidente da Casa da Amizade do Rotary Clube Nova Friburgo.

Em cerimônia às 14h30, Soraya Campos Babo, após grande gestão como presidente no biênio 2022-2023, estará passando o cargo a Beatriz da Cunha Lima Guimarães (foto) com mandato até março de 2024.

Está chegando o dia

É pra já: será na próxima sexta-feira, 10, das 18h às 20h no Grão Café, no centro de Nova Friburgo, o lançamento do mais novo livro do advogado, historiador, estudioso e figura realmente das mais admiráveis, Pedro Elias Erthal Sanglard.

Na ocasião, ele estará formalizando mais uma rica e relevante contribuição para uma constatação histórica envolvendo Nova Friburgo.

É que este seu novo livro "As Famílias Erthal - Gradwohl e Nova Friburgo", conforme esta coluna já adiantou, reafirma a comprovação irrefutável de que Nova Friburgo e não o município gaúcho de São Leopoldo, foi a primeira cidade brasileira a sediar a Colônia Alemã no Brasil.

Trade Show

Diversos empresários de Nova Friburgo já estão se preparando para um evento relevante no final deste mês.

Entre os próximos dias 28 e 30, acontecerá no Riocentro, na capital fluminense, a 33ª edição do evento Trade Show das Américas, que anualmente, desde 1981, reúne os melhores e mais antenados profissionais do setor alimentício, como os supermercadistas, panificações, hotéis, restaurantes, bares e distribuidores.

Velhos amigos, novas idades!

Dois queridos amigos, vistos lado a lado aí na foto, estreiam nova idade nesta e na próxima semana.

Parabéns ao conhecido médico dr. Domênico Balbi, que ontem, 6, celebrou 73 anos e ao engenheiro e apresentador do programa "Pensando Nova Friburgo", da TV Zoom, José Modesto Arouca que emplacará seu 72º verão na segunda-feira que vem, 13. Parabéns em dose dupla!

Presenças na Festa de Santoinho

O Grêmio Português de Nova Friburgo, sob a atual presidência de Vera Cintra e como parte do calendário das comemorações dos seus 90 anos de fundação a ser festejado em junho deste ano, tem algo bem especial na pauta para este fim de semana.

Está sendo organizado um passeio, com ônibus fretado, para o próximo sábado, 11. Na ocasião, uma caravana do Grêmio Português de Nova Friburgo irá marcar presença na bela Festa de Santoinho que acontecerá na Casa do Minho, no Rio de Janeiro, com apresentações de ranchos folclóricos, jantar festivo, outras atrações e muitas alegrias.

Quem faz parte do Grêmio Português de Nova Friburgo e ainda não acertou sua participação na viagem, deve se apressar.

Tem tudo a ver!

Como ainda se pode notar em muitos casos e situações, apesar da eleição presidencial já ter passado há meses, se encaixa como uma luva para muita gente, o seguinte pensamento de Voltaire, pseudônimo do pensador francês Francois Marie Arounet, defensor das liberdades individuais e de intolerâncias, que nasceu em 21/11/1694 e faleceu em 30/05/1778.

"Uma discussão prolongada significa que ambas as partes estão erradas".

Perfeitas e completas

As mulheres, que tem nesta quarta-feira, 8, um dia totalmente dedicado a elas, são perfeitas e maravilhosas por serem em épocas distintas de suas vidas, filhas, esposas, mães, avós, tias, sobrinhas, enfim tudo para a grandeza e felicidade da humanidade.

No quesito poder, elas também são imbatíveis e absolutamente necessárias para tudo. A todas elas, os carinhosos cumprimentos por este 8 de março.

Publicidade
TAGS:

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.

Quaresma: Tempo também para a conversão ecológica

segunda-feira, 06 de março de 2023

O pecado do homem de virar as costas para Deus, criou desordem não só na consciência, na integridade pessoal, não só na convivência social e relacionamento com o próximo, gerando desigualdades e injustiças, mas também causou um desequilíbrio na sua própria relação com a natureza.

A volta à unidade com a natureza, a casa comum

O pecado do homem de virar as costas para Deus, criou desordem não só na consciência, na integridade pessoal, não só na convivência social e relacionamento com o próximo, gerando desigualdades e injustiças, mas também causou um desequilíbrio na sua própria relação com a natureza.

A volta à unidade com a natureza, a casa comum

O ser humano, saindo da harmonia do Criador, perdeu também o senso de respeito e integração com a casa natural. As agressões cresceram à vegetação, às águas, aos animais, ao ar, à camada de ozônio, aos ecossistemas. Do egoísmo cego surge um galopante desmatamento, uma inconsciente degradação do solo, queimadas, poluição volumosa, contaminando e comprometendo os recursos hídricos, envenenando o ar, causando a maior incidência de raios solares e o aquecimento global. Avança a caça irracional, a pesca predatória, levando a extinção das espécies e a desorganização, o desequilíbrio ecológico. É o pecado de quem olha só para o seu interesse e para o seu imediato lucro ou vantagem, não se importando com os danos ao meio ambiente e consequentemente aos seres humanos.

Todos estes vários cenários estão indicados com profundidade e riqueza na Encíclica Social do Papa Francisco, a Laudato si, como em diversas campanhas da fraternidade da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), recordando e conscientizando de que é preciso preservar o que é de todos, a casa comum, a água, a terra, os biomas, especialmente a Amazônia... e no centro da Ecologia, o ser humano, totalmente integrado à ela, os indígenas, as populações ribeirinhas, os quilombolas, os pobres e miseráveis, os privados dos bens naturais, sedentos e famintos, os excluídos do sistema capitalista materialista, que devem ser resgatados e promovidos em sua dignidade de imagem e semelhança de Deus, filhos do Criador, irmãos do Redentor, templos do Espírito Santo.

É necessário criar uma generalizada consciência de responsabilidade ecológica, como um ato de conversão, de volta à sintonia com o plano da criação no respeito à ordem natural. Preservar a imensa riqueza da biodiversidade. Combater as agressões diversas. Promover a educação ambiental, como valorização e defesa da vida e da saúde de toda a comunidade social. Saber cuidar como o nosso irmão São Francisco da irmã natureza, como sagrado sinal da bondade e graça do Deus-Amor.

É importante protegermos a Amazônia grande reserva de vida da humanidade. Mas, também, devemos identificar as "nossas amazônias" bem perto de nós, na nossa cidade e região, os rios, as bacias, as matas, os impactos ambientais de empreendimentos industriais, comerciais, habitacionais, muitas vezes desastrosos, as campanhas que devemos fazer para manter a casa comum com todo equilíbrio para a vida e saúde de todos. Peçamos perdão ao Senhor pelas vezes em que nos omitimos na defesa da vida e da ordem natural, causando assim um grande mal a tantos irmãos, permitindo que a morte prevalecesse. Pelas vezes em que mesmo praticamos destruição ao meio ambiente, colaborando com projetos irresponsáveis no sentido ecológico. Pelas vezes em que nos esquecemos do ser humano não valorizando e protegendo a sua dignidade e vida desde a concepção até a morte natural, não lutando por seus direitos e integridade.

Queiramos a conversão total, não só um ponto ou outro. Busquemos a libertação integral, até porque não se pode separar uma postura da outra. São uma trindade. É na mudança da mentalidade e atitude fundante da estrutura pessoal que iremos reformar e transformar o social num espírito de comunhão e integração com toda a natureza criada. No respeito ao plano do Criador e seguindo o modelo do Salvador, no sopro do Espírito.

Padre Luiz Cláudio Azevedo de Mendonça é assessor eclesiástico da Comunicação Institucional da Diocese de Nova Friburgo

Publicidade
TAGS:

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.

Quais segredos guarda o advérbio também?

segunda-feira, 06 de março de 2023

Vocês devem conhecer aqueles momentos em que buscamos o que assistir na televisão quando surge algo que nos interessa. Pois bem, isso aconteceu noutro dia quando escutei alguém comentar sobre o “também”, dizendo que o advérbio tem inúmeros sentidos, não somente aqueles mais conhecidos, como dando ideia de inclusão, equivalência e comparação.

Vocês devem conhecer aqueles momentos em que buscamos o que assistir na televisão quando surge algo que nos interessa. Pois bem, isso aconteceu noutro dia quando escutei alguém comentar sobre o “também”, dizendo que o advérbio tem inúmeros sentidos, não somente aqueles mais conhecidos, como dando ideia de inclusão, equivalência e comparação.

Eu me pus a pensar a respeito até porque é uma palavra que, volta e meia, sinto dúvidas quando a emprego ao escrever. Certamente, todo o texto, mesmo os não literários, tem riqueza de significados. Basta ler com atenção e refletir sobre as circunstâncias em que foi escrito, observar os modos com que está contextualizado nas situações, sejam reais ou ficcionais, que captamos mensagens, algumas das quais instigantes ou com duplo sentido. 

Será o advérbio um anarquista? Afinal de contas é aquela palavra que muda tudo, dando um sentido ao verbo, ao adjetivo e a ele mesmo. Inclusive a uma frase. Os advérbios guardam segredos. Fui percebendo, ao longo da pesquisa e refletindo sobre como escrevo, que, muitas vezes, uso o “também” para mostrar algo secundário. É importante ter ciência do que quero dizer. 

Mesmo fazendo comparações, inclusões ou equivalências, o termo a que me refiro ao “também” está em segundo plano. Ou seja, a referência que vem a seguir está em posição secundária. E, ainda, pode guardar o sentido de intrusão. Nunca havia pensado a respeito, e aquela passada rápida por canais me foi instrutiva.

Atribuímos valores a tudo. Para nossa saúde física e mental, precisamos reconhecer o grau de importância das situações para que possamos avaliar e decidir.  Também refletir sobre as consequências das nossas opções que, a meu ver, é a etapa do “também”, a secundária.

Vou passar o dia a pensar nas coisas da minha vida que preciso colocar no plano do também. Será que vou conseguir reordenar tudo aos quase setenta anos? Será que vou, também, precisar de mais tempo? 

Ainda bem que fiz a limpeza dos pés ontem...

Publicidade
TAGS:

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.

Tomba um Homem: A morte de Américo Ventura Filho

sábado, 04 de março de 2023

Edição de 03 e 04 de março de 1973 

Pesquisado por Nathalia Rebello (*)

Manchetes 

Edição de 03 e 04 de março de 1973 

Pesquisado por Nathalia Rebello (*)

Manchetes 

Tomba um Homem - Com a morte de Américo Ventura Filho (22-08-1907 - 23-02-1973) foi encerrado um capítulo na história de Nova Friburgo. De origem modesta, as circunstâncias e sua natureza o transformaram num autodidata nas múltiplas atividades que desenvolveu na vida, toda vivida em função de sua comunidade e de sua família. Foi um autodidata mas, tivessem as circunstâncias o favorecido, seria um mestre em qualquer especialidade, pois, fibra, determinação e curiosidade jamais lhe faltaram. Ferroviário, comerciante, industriário, funcionário de nossa Câmara Municipal e, logo após, funcionário da prefeitura, deixou seu nome gravado como secretário e homem de confiança de diversos prefeitos. Jornalista, desde 1954, jamais exerceu atividade em outro jornal que não fosse a nossa A VOZ DA SERRA onde, começando por baixo, e alcançando a direção, marcou com o ferrete de sua forte e singular personalidade os caminhos seguidos.

Nesta edição especial, sua personalidade é analisada por Nelson Kemp (jornalista), José Côrtes Coutinho (jornalista e educador), Pedro Cúrio (jornalista), Juvenal Marques (jornalista e poeta), Augusto Cláudio Ferreira (Juiz do Trabalho e jornalista), Pedro Paulo Cúrio (o nosso colunista W. Robson), Séven-Avlis (poeta) e Ezidio Assis (poeta) e também por uma carta de sua filha Dalva Maria Ventura Marques, entre outros. Confira alguns depoimentos: 

“Américo Ventura Filho vinha de uma época em que a palavra valia mais que um documento assinado” Ventura tombou - por glória de tudo que ele foi - nos braços da história de Nova Friburgo. Venturinha: Um exemplo a seguir… Autodidata, ensinara-lhe a família as diretrizes certas da vida. Era no tempo em que árvores copadas davam galhos frondosos, ornamentando as montanhas friburguenses, homens e mulheres, ao lado dos pais, na luta cotidiana. Descendia de um desses troncos luso-brasileiros, pois o seu progenitor era filho de Antônio José Ventura - o valoroso português que se empenhou a construir a cidade. E seu pai - Américo - ajudava o bom mestre de obras, ao lado da sua Margarida, toda a numerosa família Ventura unida, amando os filhos, que se criavam sob o olhar materno, aprendendo, estudando, trabalhando, no esforço de dar a todos conforto e recursos para a peleja, que era cada vez mais difícil. E um filho, com o nome do pai, foi se educando naquele meio respeitoso, amoroso, familiar, cada um obediente às ordens dos pais. E Américo Ventura Filho se fez pelo seu esforço, no ambiente que ele conhecera na juventude, casando-se, mas indo diariamente retomar a bênção à sua velha mãe. Com aqueles costumes dos antepassados, ele foi criando os filhos e, muito cedo, perdeu a adorada companheira - a educadora Lourdes Rangel Ventura, sofrendo golpe brutal. Numa angústia terrível, continuou a dar aos filhos o tratamento da mãe saudosa, a mais nova - Dalva - mereceu os seus maiores cuidados. Depois de funcionário municipal, dos mais capazes, Venturinha assumiu a direção da A VOZ DA SERRA, envolvido na política, firme, ereto, leal, disciplinado - um Homem do Tempo Antigo - e tomou parte nas batalhas partidárias, enfrentando os adversários, mas dentro daquela linha que lhe traçaram o avô e o pai, na compostura moral de chefe de família exemplar, incapaz de um deslize, amigo de seus amigos, devotado à sua terra natal, primeiro Friburgo e, depois, o resto… Ouvia-lhe seus conselhos, gostava de sentir a sua opinião sobre os problemas em foco e eu me convencia de que Venturinha não era o homem para o momento em que vivemos, as demissões em massa de antigos colegas o perturbam e ele não estava satisfeito com os caminhos escuros por onde vai a sua idolatrada terra… E, por ela, morreu! Até breve, querido companheiro!” - Nelson Kemp  

“Excepcional figura humana. Aqueles que o conheceram, os que com ele conviveram, parentes, amigos, poderiam resumir numa frase a biografia de Américo Ventura Filho. Excepcional na singularidade do caráter. Não se media pela craveira comum nem se bitola nos estreitos limites do convencionalismo que a sociedade impõe. Excepcional pela individualidade própria, que não copia ninguém e a ninguém toma por modelo, antes se impõe por atitudes firmes, desassombrada por vezes, sem que melindres feridos ou interesses contrariados lhe impeçam a caminhada na busca do que julga ser correto, honesto e compatível com a dignidade do cidadão. Assim era Ventura: sempre digno, coerente consigo mesmo, ereto de corpo e de atitudes, coerente nas suas convicções, inflexível na dedicação aos amigos, solidário na horas difíceis, incomparável no amor aos pais, aos filhos, aos irmãos, jornalista “sem medo e sem mácula" pena, cérebro e coração à serviço das causas da comunidade, íntegro até a medula, um homem bom, visceralmente bom - e o posso dizê-lo ao longo de um convívio de mais de trinta anos - qualidades que procurava esconder sob o verniz de uma estudada rudeza, para que não lhe percebessem o que, talvez, considerasse uma fragilidade de caráter. Traçou uma linha reta como a imagem geométrica de sua vida. E dela não se afastou. Felizes os que podem imitar-lhe o exemplo. Assim era Américo Ventura Filho. Obrigado Ventura” - José Cortes Coutinho

Sociais

A VOZ DA SERRA registra os aniversários de: Jofre Salerno Fabris, Hubert Joepgens, Inês Mello e Manuel Delmiro Amoedo Cima (5); Geraldo Namem e Maria Elizabeth Cariello (6); Carlos Alberto Serrapio Cardoso (7); Regina Maria Ferreira das Neves, Paulo Murilo Cúrio e Nair Egger (8); Amália Vasconcelos Lompreta, Lucy Azevedo Soares da Silva e Walter Wirdmann (9); Alice Ventura Vidal, José Vasconcellos Coutinho, José Carlos Chevrand e Terezinha de Almeida (10).

 

Foto da galeria
Publicidade
TAGS:

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.

A vida é frenesi

sábado, 04 de março de 2023

Eu não tenho talento pra cantar ou para dedilhar violão. Até invejo quem tem. Meu talento é ler pessoas. Escrever sobre elas. Sobre o que sabem e o que não sabem. Sobre o que são na superfície, no esconderijo de suas existências ou mesmo sobre o que invento sobre elas na minha mais fértil imaginação. 

Eu não tenho talento pra cantar ou para dedilhar violão. Até invejo quem tem. Meu talento é ler pessoas. Escrever sobre elas. Sobre o que sabem e o que não sabem. Sobre o que são na superfície, no esconderijo de suas existências ou mesmo sobre o que invento sobre elas na minha mais fértil imaginação. 

Já reparou como os pombos das cidades grandes são feios? Sujos, bem sujos pela poluição, que fazem serem mais cinzas do que o cinza dos prédios que perfilam suas avenidas. O verde das árvores, todas as árvores que formam as Matas Atlântica e Amazônica, não são tão monocromáticos como o cinza do cimento e da poluição que impregna os pombos. A multiplicidade de verde tornam os tantos verdes em outras cores. Verdes talvez, mas que tipo de verde? 

Bom é ser de todas as cores, carregar tantas quantas forem as cores, dos arco-íris, da natureza silvestre, dos antigos baobás nas savanas, dos olhos de todas as mulheres. Elas enxergam melhor, não pela nitidez das visões de seus olhares, mas pela sensibilidade que, talentosa e instintivamente, filtra raios solares noturnos e diurnos também. 

Se eu soubesse tocar violão, dos meus dedos saltariam cores entre as notas musicais. Mas eu não sei sequer dedilhar um violão, quiçá um de sete cordas, como aquela moça. Parecida com a personagem Dona Anja de Josué Fernandes. Semelhante, muito semelhante, à Luiza do Antonio Carlos Jobim. Pode ser que ela seja a Beatriz do Edu Lobo com o Chico Buarque. (Beatriz que, na verdade, deveria ser Agnes). 

- Agnes? 

- Maria Alice!

Maria Alice e todas as demais mulheres do mundo do homônimo “Todas As Mulheres do Mundo” do Domingos Oliveira. A insuspeição: ela é ela. E elas não são de ninguém. Nem mesmo de seus autores, progenitores, amantes, admiradores. 

Não precisa ser homem ou hétero para admirar a beleza, a desenvoltura, a individualidade de uma mulher. 

Admirar é o que faz a vida ser frenesi. Se admirar é frenesi completo, desenfreado, desembestado, desimpedido. Somos. Será? Quem haverá de nos impedir? Desimpedidos de se gostar e saber que amor e perfeição não casam. Mesmo que aparentem andar juntos por aí até a marcha nupcial, amor sobrevive na imperfeição ao ponto que perfeição não lhe encaixa. 

Eu sou todas as cores. Se coloridos, colorimos os caminhos por onde passamos, inclusive os dias. Os dias distribuídos nessa linha reta meio que dividida também em horas, mas mais clara quando traçada ano a ano… Porém,  mesmo que traçada em semanas ou meses, inevitavelmente, nos leva a linhas de chegada. 

Queria que aquele dia não acabasse. Romper o ventre não bastaria. Nascer é pouco. Viver é do que podemos querer mais! 

Talvez seja verdade, possivelmente seja incerto se não for nada disso. O que sei, nem eu mesmo sei se é verdade. A verdade é tão fora de si. Não é sobre mim ou sobre os outros ao fim. É o tempo. É a vida. 

Pode ser que o mundo não cante ou toque violão. Pode ser que o tempo nem saiba observar pessoas, falar sobre elas. O tempo tem ego tão grande que engole a si mesmo. O tempo podia mesmo é se foder em plenitude e pleno se foder.

Porra, as mães são sagradas! Minha mãe, nossas mães. Mamãe. Por que as mães morrem? 

Escapulir é melhor que viver renascendo? Porque se achar é melhor que fingir fugir se achando. Vai saber… Se soubesse — esqueceria. O tempo tem Alzheimer? Não. O tempo tem maldade de nós envelhecermos sem nos ensinar a ser jovens enquanto juventude.  

Eu só queria ser o tempo sem ter a sua malícia. Sem ter a sua maldade. Sem ter a sua finitude que escapa ao seu (meu) próprio fim. Mas se é assim… Melhor que a vida seja mesmo frenesi.  

Mais importante que saber tocar violão é perceber a canção. Perceber, para além de toda a música e sons. E, ao perceber, também se perguntar: por que querer a eternidade se na finitude que temos perdemos tempo com bobagens?

Publicidade
TAGS:

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.

Títulos bancários

quinta-feira, 02 de março de 2023

Investir é obter retorno proveniente de alguma atividade. No mundo das finanças, investir é multiplicar seu patrimônio. Para isso, é claro, existem diversas possibilidades de alocação no mercado financeiro: ações, fundos imobiliários, títulos corporativos e, o mais comum, títulos bancários. Estes, por sua vez, fazem parte do cotidiano da população brasileira e o produto mais popular é a caderneta de poupança. Mas hoje a caderneta não será pauta. A propósito, você já a conhece como um produto ruim, certo?

Investir é obter retorno proveniente de alguma atividade. No mundo das finanças, investir é multiplicar seu patrimônio. Para isso, é claro, existem diversas possibilidades de alocação no mercado financeiro: ações, fundos imobiliários, títulos corporativos e, o mais comum, títulos bancários. Estes, por sua vez, fazem parte do cotidiano da população brasileira e o produto mais popular é a caderneta de poupança. Mas hoje a caderneta não será pauta. A propósito, você já a conhece como um produto ruim, certo?

Para darmos continuidade ao assunto, portanto, será necessário – antes de definirmos alguns parâmetros para alcançarmos bons investimentos – compreender o porquê de você ser remunerado pelo seu dinheiro ao investir em títulos bancários. Ao comprar estes papéis, você formaliza um depósito em instituição financeira e se torna financiador das atividades bancárias desta instituição, possibilitando recursos para viabilizar o desenvolvimento de produtos de crédito que, posteriormente, geram receita ao banco e este vai remunerar seus investidores pelo valor alocado em seus títulos. Este processo acontece na caderneta de poupança e também nos CDB, LCI, LCA, LF etc.

Com a dinâmica da jornada de capital esclarecida, é hora de definirmos o que pode ser uma boa aplicação para os seus objetivos: entender taxas de retorno, parâmetros de resgate do dinheiro e as seguranças e garantias envolvidas.

Rentabilidade - É a partir da taxa Selic que são estabelecidos os parâmetros de taxas de emissão neste mercado. A remuneração do investidor, por sua vez, já é definida previamente no ato da contratação: você sabe exatamente quanto vai receber no final do período.

Existem, entretanto, diferentes possibilidades de taxas; podendo ser atreladas a inflação (IPCA), juros (CDI) ou, simplesmente, prefixadas (taxas nominais). Saiba como escolher o que se encaixa melhor em diferentes cenários.

Liquidez - Assim é denominado o tempo necessário para transformar um ativo em dinheiro. Nos títulos bancários, liquidez é o prazo de vencimento de um produto. Lembre-se, um produto com liquidez de dois anos – por exemplo – só terá sua rentabilidade contratada garantida na data de vencimento. O resgate antecipado pode resultar em perdas.

Segurança - Ao escolher o produto mais adequado às suas necessidades, lembre-se que alguns títulos específicos – como caderneta de poupança, CDB, LCI e LCA – contam com a garantia do FGC (Fundo Garantidor de Crédito) protegendo até R$ 250mil por CPF em cada instituição financeira emissora, limitando a R$ 1milhão a cada quatro anos.

Investir para colher frutos no futuro é importante e você sabe disso, mas executar esta atividade com consciência é fundamental para garantir sua boa experiência no mercado financeiro.

Publicidade
TAGS:

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.

Desapego

quinta-feira, 02 de março de 2023

Desapegar-se. Verbo simples. Prática difícil. Nada simples, porém muitas vezes, necessária. É preciso ter o pulso firme e coração leve para não nos prendermos demasiadamente a tudo e todos que têm valor para nós.

Ouvi dizer que o apego ofusca a luz, como se embaçasse a clareza que pudesse existir. Senti também. É verdade, o apego atrapalha, amarra, atravanca, pesa. Sentimento estranho e mal aplicado, por assim dizer.

Desapegar-se. Verbo simples. Prática difícil. Nada simples, porém muitas vezes, necessária. É preciso ter o pulso firme e coração leve para não nos prendermos demasiadamente a tudo e todos que têm valor para nós.

Ouvi dizer que o apego ofusca a luz, como se embaçasse a clareza que pudesse existir. Senti também. É verdade, o apego atrapalha, amarra, atravanca, pesa. Sentimento estranho e mal aplicado, por assim dizer.

Apego é diferente de amor. Diferente de querer. Diferente de zelo. Apego é apego e ponto. Nós sabemos do que se trata e convivemos bastante com esse sentimento.

Há quem lute por uma vida mais livre de apegos, seja aos sentimentos, às pessoas, às coisas, à posição social, ao emprego, à matéria. Levante a mão quem se identifica com esse ato de verdadeira coragem que é buscar um caminho com mais desapego e leveza.

Sei o quão dolorida e difícil é uma existência pautada no apego arraigado à alma. Dóem os ombros só de pensar. Dói a nuca também. E a têmpora direita. Sei o quanto a leveza de desapegar-se aos poucos dos excessos que encobrem o dia a dia é libertadora. E faz bem à saúde, diga-se de passagem.

Atualmente muito tem se falado nas práticas minimalistas, em valorizar um estilo de vida com menos acúmulo, menos barulho, menos objetos e mais espaço para o ar circular. Menos coisas e mais verde, mais contato com a natureza. Tenho percebido como essa tribo está ganhando integrantes. A galera que está valorizando mais o ser do que o ter, mais o tempo do que uma conta bancária recheada às custas de dias e noites de incessante trabalho, andando em corda bamba contra o fluxo do materialismo. Dá gosto de ver. E me parece um processo de desapego também. Desapegar-se do velho mundo e buscar um novo, o seu próprio mundo, mais próximo da verdadeira essência.

Essa reviravolta no meio da vida, esse desapego de tantas coisas e muitas vezes do próprio ego é um processo dos mais bonitos que tenho presenciado. Mas ainda assim, talvez não dê tão certo se não for bem delineado, se não contar com pitadas de sabedoria e um tanto de planejamento. O desapego é bom, traz leveza, mas para muitos, é um treinamento novo, sem precedentes e difícil de lidar. Ainda assim, vale a pena sentir e conhecer melhor o verdadeiro significado do desapego.

Como bem disse a escritora Martha Medeiros: “longa vida aos que conseguem se desapegar do ego e ver a graça da coisa.”

Publicidade
TAGS:

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.

Estacionamento de motos

quinta-feira, 02 de março de 2023

“Vejam só a situação que se encontra a Rua Eugênio Thurler, no centro da cidade: os ‘motoqueiros’ simplesmente invadiram a calçada junto ao Edifício Itália e transformaram o espaço em um estacionamento particular de motos não regulamentado. Essa rua, além de ser destinada somente aos pedestres, é também, neste trecho específico, o único acesso de entrada da garagem do prédio. Ou seja: tem que se respeitar o espaço dos veículos que entram e saem, bem como das pessoas que, por ali transitam.

“Vejam só a situação que se encontra a Rua Eugênio Thurler, no centro da cidade: os ‘motoqueiros’ simplesmente invadiram a calçada junto ao Edifício Itália e transformaram o espaço em um estacionamento particular de motos não regulamentado. Essa rua, além de ser destinada somente aos pedestres, é também, neste trecho específico, o único acesso de entrada da garagem do prédio. Ou seja: tem que se respeitar o espaço dos veículos que entram e saem, bem como das pessoas que, por ali transitam. É preciso uma ação urgente dos agentes de trânsito da Secretaria Municipal de Ordem e Mobilidade Urbana.”

Marcelo Thurler

Foto da galeria
Publicidade
TAGS:

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.

O poder que o Carnaval teve de transformar Nova Friburgo

quarta-feira, 01 de março de 2023

Quando ouvi pela primeira vez, creio que nos últimos dias do ano passado, a afirmação de que Nova Friburgo se preparava para realizar um dos melhores carnavais já vistos na cidade, e ainda, a melhor festa de todo o interior, confesso que recebi a informação com uma leve descrença.

Quando ouvi pela primeira vez, creio que nos últimos dias do ano passado, a afirmação de que Nova Friburgo se preparava para realizar um dos melhores carnavais já vistos na cidade, e ainda, a melhor festa de todo o interior, confesso que recebi a informação com uma leve descrença.

O que será que a típica folia friburguense poderia ter de diferente em nossas montanhas depois de tantos anos? Muitos não sabem, mas Nova Friburgo possui o segundo maior carnaval do Estado do Rio de Janeiro. Por motivos óbvios, perde somente para a capital – que por sinal, é o maior carnaval do mundo. Será que todo esse alarde seria para tanto?

A festa foi se aproximando e os preparativos começaram. Depois de dois anos sem a querida festa folclórica, a programação ficou pronta e, finalmente, uma grande estrutura começou a ser montada. Os palcos surgiam em diversos pontos do centro da cidade e criavam a primeira sensação de imersão no universo da maior e melhor festa brasileira.

Como morador da Avenida Alberto Braune, me questionei um motivo plausível pelo qual a rua seria interditada em plena quinta-feira, quando antigamente era somente na sexta de folia. E no mesmo dia, já à noite, ao ouvir o rufar das primeiras baterias e o som único dos tamborins, comecei a perceber a linda festa que estaria por vir.

Os eventos foram se sucedendo e na sexta-feira, os foliões tomaram espaço nos tradicionais blocos de rua, contagiando alegria para as famílias que acompanhavam atentas aos desfiles. Em contra partida, outro folião mais desatento, proporcionou um vídeo incrível durante o Blocão do Rastafare, que viralizou muito além de nossas montanhas, e foi compartilhado até pelo famoso rapper americano, o 50 Cent.

Aos roqueiros e aos consumidores de cerveja artesanal, a festa estava plenamente organizada na batizada “Rua da Cerveja Artesanal”. O coreto, no coração da Praça Getúlio Vargas, virou palco, ganhando iluminação, infraestrutura, segurança e contou com diversos artistas, dando vida ao palco alternativo, que sempre existiu, mas que nunca teve a devida atenção do poder público.

Naquele momento, já era possível perceber que a expressão “melhor carnaval do interior”, tantas vezes repetida nos discursos da imprensa local, faziam pleno sentido e não era um mero exagero de autoestima elevada. Nova Friburgo se mostrava puro Carnaval.

Mas foi no domingo, ao andar pela cidade e observar os grupos de mulheres e homens, empurrando carros alegóricos e transportando fantasias em meio ao trânsito da cidade, que se tem a dimensão da grandeza do nosso espetáculo. Grandeza essa que deixou muita capital brasileira com desfile no chinelo e que certamente, deveriam aprender muito conosco.

E aos que estavam acostumados com uma segunda e uma terça-feira de pleno carnaval com clima de finados, fomos surpreendidos com uma lotação de 90% dos hotéis e pousadas, cujos hóspedes tiveram o privilégio de prestigiar os trios elétricos e os grandes shows no palco principal. A comunidade friburguense e os turistas se envolveram e se entregaram ao longo de todo circuito.

Pode parecer exagero a minha fascinação com os ‘delírios’ e detalhes da festa, com o envolvimento da população, a euforia dos turistas e toda estrutura do Carnaval. Mas é muito mais necessário olharmos para os bastidores que a deliciosa festa foi capaz de proporcionar para a nossa cidade.

Renan da Silva Alves, secretário de Turismo, Marketing e Eventos da cidade, explica que no período pandêmico onde o turismo, os eventos e o setor cultural foram drasticamente afetados, contribuir para a retomada das atividades que tanto geram riqueza para a nossa cidade é um dever.

“O Carnaval foi muito além dos seis dias de folia, dos palcos montados e de cultura e entretenimento gratuito para a população. A profissionalização do Carnaval foi dedicada à comunidade, aos turistas e ao desenvolvimento econômico de cada friburguense. Diversos artistas contratados, o faturamento aproximado de R$ 1,5 milhão dos barraqueiros, a alta ocupação da rede hoteleira, mais de dez mil litros de cerveja artesanal vendidos e os quase três mil empregos diretos e indiretos gerados pela folia.”

O saudoso Dorival Caymmi canta em sua música que “quem não gosta de samba, bom sujeito não é. É ruim da cabeça, ou doente do pé.” A verdade é que nem todo mundo gosta da folia, seja pelos seus motivos religiosos, pessoais e até ‘morais’ – o que deve ser plenamente respeitado.

Seja você um simpatizante ou não do Carnaval ou da atual gestão municipal, precisamos aplaudir de pé o importante passo na profissionalização do evento que encheu de alegrias à nossa cidade. O carnaval se vai, regado à purpurina e serpentina e os benefícios aos friburguenses ficam, como uma marca para uma cidade melhor.

Publicidade
TAGS:

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.