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Liberdade de expressão x moralidade pública

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025

O limite da arte e da censura estatal

O debate sobre o projeto de lei apresentado pelo deputado federal Kim Kataguiri (União-SP), que visa proibir artistas de promoverem apologia ao crime organizado e ao uso de drogas em eventos financiados com dinheiro público, levanta questões importantes sobre liberdade de expressão, moralidade administrativa e o papel do Estado na cultura.

O limite da arte e da censura estatal

O debate sobre o projeto de lei apresentado pelo deputado federal Kim Kataguiri (União-SP), que visa proibir artistas de promoverem apologia ao crime organizado e ao uso de drogas em eventos financiados com dinheiro público, levanta questões importantes sobre liberdade de expressão, moralidade administrativa e o papel do Estado na cultura.

A proposta do deputado busca alterar a lei para estabelecer restrições claras nas contratações de shows, exigindo que contratos e editais incluam cláusulas que impeçam manifestações artísticas que incentivem ao crime ou ao consumo de drogas em suas composições.

Aplicação de penalidade para descumprimento por parte do artista ou da sua equipe inclui uma multa de 100% do valor do contrato e a declaração de inidoneidade do artista ou produtor para futuras contratações com o poder público, o que pode trazer dificuldades na carreira do músico.

Embora a intenção seja evitar que recursos públicos financiem mensagens que contradigam as políticas de segurança do país, a medida também gera preocupações sobre possíveis riscos à liberdade de expressão. Até que ponto o Estado pode definir o que é ou não uma apologia ao crime?

Quem determinará os limites da arte e da música dentro desse contexto? Existe um consenso claro sobre o que constitui "apologia ao crime" ou essa definição pode ser utilizada de forma arbitrária para censurar artistas incômodos? O projeto é polêmico e demanda discussões.

Caso Oruam

A discussão se intensifica quando analisamos o caso do rapper Oruam, cuja polêmica no festival Lollapalooza 2024 impulsionou um projeto semelhante na Câmara Municipal de São Paulo. Oruam, filho do traficante Marcinho VP, usou uma camisa com o rosto do seu pai e a inscrição “Liberdade”.

Nesse sentido, na Câmara de São Paulo, houve proposição de lei pela proibição de shows e eventos abertos ao público infantojuvenil que contenham expressões de apologia ao crime organizado ou ao uso de drogas. A conexão entre a vida pessoal do artista e seu trabalho musical tem sido explorada para justificar essas iniciativas legislativas.

No entanto, a polêmica também expõe um dilema recorrente: a criminalização do discurso na música. Gêneros como rap e funk, assim como nos EUA e no Brasil, historicamente expressam a realidade das periferias e das comunidades marginalizadas, e muitas vezes retratam a violência e o crime não como incentivo, mas como uma denúncia social.

Outros gêneros musicais já estiveram na mira

Não seria a primeira vez que uma música entraria na mira da censura. Canções históricas como "Lança Perfume", de Rita Lee, trazem referências ao uso de substâncias, mas fazem parte da identidade cultural brasileira sem que isso tenha sido interpretado como uma real apologia ao consumo de drogas.

Em 1980, a canção foi classificada como "imprópria" por Laura Bastos, técnica da Divisão de Censura em Diversões Públicas, que enxergou nas frases de conotação sexual e de incentivo às drogas, que, conforme a técnica, feria os bons costumes. Logo, assinalou Bastos: "Opino pela não liberação da mesma."

Da mesma forma, clássicos como "Malandragem", de Cazuza e Frejat, e "Eu quero é botar meu bloco na rua", de Sérgio Sampaio, retratam figuras marginais e seus contextos sem incentivar o crime. A canção “Ela quer morar comigo na Lua”, de 1982, da banda Blitz, foi censurada pelo uso da palavra “bundão”, que foi considerada inadequada numa época em que se preservava os “bons costumes”.

Artistas que já se apresentaram em Nova Friburgo, como o grupo Capital Inicial, com a música “Quatro vezes você”, ou Gabriel o Pensador, em canções como “Cachimbo da Paz” e “Retrato de um playboy”, utilizam suas letras para fazer críticas sociais urbanas. No entanto, por mencionarem drogas, essas músicas poderiam enfrentar restrições sob a nova legislação. Diante disso, onde exatamente está o limite entre a denúncia social e a apologia?

O embate entre regulação estatal e liberdade artística não é novo. Casos semelhantes já ocorreram em outros países, como nos Estados Unidos, onde rappers foram perseguidos por letras que falavam sobre a brutalidade policial e a desigualdade social. No Brasil, medidas restritivas como essa podem abrir precedentes perigosos para a censura, ainda que sob a justificativa de proteger valores morais e legais.

Uso do dinheiro público e dos shows

É sempre válido discutir a responsabilidade dos artistas ao abordar temas sensíveis, especialmente quando financiados com recursos públicos especialmente diante de crianças, adolescentes. A cultura tem um papel essencial na sociedade, tanto como forma de expressão quanto como espaço de questionamento e reflexão.

Contudo, a tentativa generalizada de barrar determinados conteúdos com base em interpretações subjetivas pode comprometer a riqueza do debate público e da produção artística no país. Mas a solução não parece estar num projeto de lei que dá margem para múltiplas intepretações e um seletivismo artístico e político.

No fim das contas, o verdadeiro desafio está em encontrar um equilíbrio entre preservar a liberdade de expressão e garantir que o dinheiro público seja usado com responsabilidade. A arte, em toda a sua diversidade, tem sido um espelho da sociedade — por mais desconfortável que isso possa ser em alguns momentos.

Precisamos, portanto, de uma conversa mais ampla, onde o respeito pelas diversas formas de expressão se una ao compromisso com o bem-estar social, sem abrir mão do direito de todos a manifestar suas ideias. Somente assim, poderemos fortalecer uma cultura que seja verdadeiramente plural e enriquecedora para as futuras gerações.

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Os contemplados

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025

Programa Bolsa Atleta Municipal beneficia 50 atletas e paratletas de Nova Friburgo

Conforme noticiou A VOZ DA SERRA na edição desta quarta-feira, 12, cinquenta atletas e paratletas de Nova Friburgo serão contemplados com o apoio financeiro do programa Bolsa Atleta 2024/2025. A lista com os nomes foi publicada pela Prefeitura de Nova Friburgo, por meio da Secretaria de Esportes e Lazer, no Diário Oficial Eletrônico do Município de segunda-feira, dia 10.

Programa Bolsa Atleta Municipal beneficia 50 atletas e paratletas de Nova Friburgo

Conforme noticiou A VOZ DA SERRA na edição desta quarta-feira, 12, cinquenta atletas e paratletas de Nova Friburgo serão contemplados com o apoio financeiro do programa Bolsa Atleta 2024/2025. A lista com os nomes foi publicada pela Prefeitura de Nova Friburgo, por meio da Secretaria de Esportes e Lazer, no Diário Oficial Eletrônico do Município de segunda-feira, dia 10.

Os classificados para as concessões nos níveis internacional, nacional e estadual estão aptos a receber o benefício destinado ao fomento do esporte. Os classificados no programa estão distribuídos em três categorias, dependendo do nível competitivo, com valores anuais diferenciados.

O principal desses níveis, o Internacional, reserva bolsas no valor de R$ 6.000,00 a Larissa Helena da Conceição dos Santos, Helena Barroso Schueler dos Santos, Arthur Martins de Oliveira Naranjo e Rodrigo Rodrigues da Silva. Outros 16 são contemplados com bolsas de nível nacional, no valor de R$ 4.800,00, enquanto 30 irão embolsar a quantia de R$ 3.600,00.

Nesta lista de beneficiados há desportistas das mais variadas modalidades, predominando as artes marciais — Helena Barroso é um exemplo, bem como Denver Amaral e Kayque Estevam Xavier, ambos do jiu-jitsu, e Gilberto Frossard, multicampeão no kickboxing. Mas há também espaço para o kettlebell, modalidade onde os contemplados Marcelo Spinelli e Suellen Nunes brilham, não só em competições, como também na promoção da saúde e do bem estar de seus alunos.

Outro esporte com atletas beneficiados é o crossfit, no qual Luciana Canella e Bernardo Torquato, por exemplo, levam o nome de Nova Friburgo para algumas das principais competições do país. Também há espaço para o Futebol de Mesa, com o talentoso Vinicius Esteves, e para aqueles que se destacam com a bike nas pistas, a exemplo de Izaias Teixeira e Bruno Baeta. Todos esses contemplados participarão de uma cerimônia de entrega de certificados no dia 19 de março, no Teatro Municipal Laercio Rangel Ventura.

O programa Bolsa Atleta foi instituído em julho de 2023. Os atletas e paratletas foram selecionados a partir de uma avaliação sobre alguns critérios específicos, feita por uma Comissão Julgadora, formada por membros do Conselho Municipal de Esportes.

 

Relação dos contemplados

 

Bolsas de Nível Internacional:

  • Larissa Helena da Conceição dos Santos
  • Helena Barroso Schueler dos Santos
  • Arthur Martins de Oliveira Naranjo
  • Rodrigo Rodrigues da Silva


Bolsas de Nível Nacional:

  • Jessica dos Santos Reis
  • Marnie da Rocha Fortes
  • Luciana Ieker Canella
  • Suellen Nunes Carreiro
  • Pedro Henrique Dugin Monnerat de Azevedo
  • Bernardo Torquato Costa
  • Bruno Mertz Baeta Neves
  • Denver Santos Amaral
  • Marcelo Spinelli Soares Carvalho
  • Matheus Campos Faustino
  • Lucas Gripp Silveira
  • Joao Lucas Araujo de Souza
  • Tiago da Silva
  • Felipe de Moura Tavares Jaccoud
  • Hiury Alves Rocha
  • Luiz Antonio Nepomuceno Silva Junior

 

Bolsas de Nível Regional:

  • Jasminy Junger Leandro
  • Maria Eduarda Bellinger
  • Laiza Larentes Silva
  • Livia Comini Neves
  • Kethllen Rodrigues de Souza
  • Nicole Rodrigues Chelis
  • Victória da Silva Affonso
  • Anna Luiza Fernandes Leal
  • Izaias de Oliveira Teixeira
  • Italo de Lima Fernandes
  • Gilberto Frossard Chermaut
  • Lucas da Silva Ramos
  • Kayque Estevam Xavier
  • Lucas Moraes da Rosa
  • Brayan Martins Resende
  • Ryan Viana Schuindt da Silva Costa
  • Bruno Ismerio Borher
  • João Felipe Queiroz Guedes da Rocha
  • Bernardo Cypriano Rodrigues
  • Igor Carneiro Bittencourt Viana
  • Matheus Jardim Ramos
  • Davi Perrone Muniz Braga
  • Thomas de Souza Schumacker
  • Vinicius Abreu Esteves
  • Matheus Silva de Paiva
  • Kauay Texeira Cardoso
  • Gabriel Debossan de Oliveira
  • Wanderson Breder
  • Rafael Otavio Teixeira
  • Francisco Gabriel Melo Barbosa
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    Menina prodígio, Helena Barroso é uma das contempladas com o Nível Internacional (Foto: Divulgação Vinicius Gastin)

  • Foto da galeria

    O Bolsa Atleta deste ano irá beneficiar um total de 50 atletas e paratletas de Nova Friburgo (Foto: Divulgação Vinicius Gastin)

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Histórias alheias

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025

Tudo depende de como se conta

Com todo respeito aos autores (que já não podem me contestar), contarei hoje três histórias que não são de minha autoria, como fica declarado desde o título. Eu as conheci lendo algum livro ou revista, ouvindo alguém contar ou juntando pedaços de filmes a que assisti. Talvez esquecendo um pouco, ou inventando outro tanto. Mas, na essência, são assim mesmo.

Tudo depende de como se conta

Com todo respeito aos autores (que já não podem me contestar), contarei hoje três histórias que não são de minha autoria, como fica declarado desde o título. Eu as conheci lendo algum livro ou revista, ouvindo alguém contar ou juntando pedaços de filmes a que assisti. Talvez esquecendo um pouco, ou inventando outro tanto. Mas, na essência, são assim mesmo.

A primeira é do escritor W. Somerset Maughan e serve de epígrafe ao livro “Encontro em Samarra”, de John O´Hara. Vamos a ela. Um rico mercador manda seu empregado à feira. Chegando lá, o homem esbarra em uma mulher. Quando ela se vira, ele reconhece que tem diante de si a Morte em pessoa. Apavorado, volta correndo e pede ao seu patrão que lhe dê um cavalo para que ele possa fugir para Samarra, onde a Morte não o encontrará. E parte em disparada.

O mercador vai então à feira e, encontrando a Indesejada das Gentes, lhe pergunta por que ela havia assustado o pobre criado. Resposta da Morte: “Eu não quis assustá-lo, apenas fiquei surpresa de encontrá-lo aqui, pois tenho um encontro com ele hoje à noite em Samarra”.

Moral da história: dela ninguém escapa.

Segunda história. Uma pesquisadora americana estava investigando sua árvore genealógica quando se deparou com um criminoso entre seus antepassados. No velho oeste, o homem tinha sido ladrão de gado e assaltante de trem. Preso, passou alguns anos na cadeia, mas, quando libertado, voltou ao mundo do crime. Novamente capturado, balançou na forca em praça pública, sob gritos e aplausos da população aliviada.

A pesquisadora, sabendo que um senador era do mesmo ramo da família, mandou perguntar se ele tinha alguma informação sobre aquele parente. Ela teve a prudência de não informá-lo sobre o que já tinha descoberto. O ilustre homem público respondeu que se tratava de alguém que havia se dedicado aos negócios ferroviários e de criação de gado. Mudando de atividade, durante algum tempo estivera trabalhando num órgão do governo. Encerrado aquele período, voltou às atividades anteriores, só as deixando por ocasião de sua morte, aliás assistida por grande número de pessoas, que lotaram o centro da cidade para dele se despedir.

Moral da história: tudo depende de como se conta.

Para terminar. Durante a Guerra Civil americana, foi inaugurado em Getttysburg um cemitério em memória dos mortos na batalha sangrenta e decisiva ali travada contra os Confederados. Encarregado das providências, o governador da Pensilvânia pediu a um advogado famoso que fizesse o discurso. Depois de muita demora, o discurso ficou pronto, e só então, duas semanas antes da data marcada, se lembraram de convidar o Presidente Lincoln.

O discurso do advogado durou duas horas e caiu no merecido esquecimento. Lincoln falou por dois minutos, e suas palavras ficaram para a História. O discurso terminou com a frase célebre e nunca suficientemente repetida: “Que o governo do povo, pelo povo e para o povo jamais desapareça da face da terra”.

Moral da história: não importa o quanto se fala, e sim o quê e como se fala.

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Cambucazeiro, esse ilustre desconhecido

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025

Apesar de ser árvore símbolo de um município do norte fluminense, fazer parte de uma cantiga popular e produzir um fruto muito apreciado, o cambucá é desconhecido da maioria dos brasileiros. Na lista das espécies em extinção, esta árvore nativa da Mata atlântica tem propriedades alimentícias, poderes medicinais, pode ser industrializada e servir de reflorestamento para recuperação ambiental. Aliás, foi em função disso que resolvi reproduzir um artigo que escrevi aqui em A VOZ DA SERRA, ainda nos tempos da faculdade de Comunicação Social.

Apesar de ser árvore símbolo de um município do norte fluminense, fazer parte de uma cantiga popular e produzir um fruto muito apreciado, o cambucá é desconhecido da maioria dos brasileiros. Na lista das espécies em extinção, esta árvore nativa da Mata atlântica tem propriedades alimentícias, poderes medicinais, pode ser industrializada e servir de reflorestamento para recuperação ambiental. Aliás, foi em função disso que resolvi reproduzir um artigo que escrevi aqui em A VOZ DA SERRA, ainda nos tempos da faculdade de Comunicação Social. Me veio à memória, ao ver aquele local onde se vendem arvores da Mata Atlântica, sempre que passamos pela estrada de acesso a Lumiar. Será que eles têm ou podem obter mudas do Cambucazeiro?

O Plinia edulis (antiga Marlieira edulis), da família da Myrtaceae, é uma árvore frondosa de rara beleza e floração branca, tem frutos amarelados e pode ser encontrada desde Santa Catarina até o Rio de Janeiro. Da mesma espécie da jabuticabeira - tanto flor como fruto nascem colados ao tronco ou nos galhos, o contraste das suas cores lhe garante valor ornamental, diferente da parenta mais conhecida.

Seu fruto, medindo entre dois e meio e quatro centímetros de diâmetro, muito saboroso quando maduro é, porém, desconhecido da maioria da população. No entanto, eles são apreciados por muitos pássaros, o que aumenta seu valor, em função da contribuição à alimentação da fauna local.

Considerada uma raridade da Mata Atlântica, sua presença, hoje, está restrita a poucos quintais domésticos. Aqueles que o conhecem e apreciam seus frutos, como Eduardo Souza, colunista de “O Guarujá”, de Ubatuba-SP, dizem “ainda sentir a boca se encher de água”, quando menciona o cambucá. Para Eduardo, isso o remete aos tempos de infância, quando com estilingue nas mãos, se embrenhava nas matas para arrancar a estilingadas os frutos da árvore. Regina Thurler, ex-funcionária do INSS de Nova Friburgo, lembra-se de uma cantiga dos tempos de infância que dizia mais ou menos assim: “Laranja madura; melão; cambucá; pimenta de cheiro; mingau de cará.”

Ela é uma arvore com muitas utilidades, cem gramas do fruto do cambucá contêm 66 calorias distribuídas em 15g de carboidratos; 1,7g de proteínas; e 0,8g de lipídeos. Na sua composição ainda encontramos 21g de cálcio; 22g de fósforo; e 0.3g de ferro. A fruta pode ser consumida nos regimes alimentares por quem tem colesterol elevado e pela população diabética, dentro da dieta habitual.

 Além de suas propriedades alimentícias, o cambucazeiro também faz parte da flora medicinal brasileira. Segundo o dr. J. Monteiro da Silva, suas folhas, sob a forma de infusão, são muito úteis no tratamento das bronquites, no combate à tosse e, sobretudo, na coqueluche, uma doença que tanto atormenta nossas crianças. Elas servem também para aqueles que necessitam melhorar as defesas orgânicas. 

Com uma altura que varia de cinco a dez metros, a madeira do cambucá tem valor comercial, sendo utilizada na fabricação de cabos de ferramentas e de alguns instrumentos de uso na agricultura. Pode ser aproveitada também na construção civil e mesmo na fabricação de móveis.

Numa tentativa de preservação da espécie, a partir da lei municipal 605/2003, o cambucazeiro foi transformado em árvore símbolo do município vizinho de Cantagalo. Os ecologistas locais estão investindo na sua cultura, através de uma parceria entre a Sociedade Ecológica Cantagalense (Secan) e o Instituto Estadual de Florestas (IEF) para a produção de mudas, no horto florestal da cidade. Desse modo, esperam reviver o Parque Municipal de Cambucás que infelizmente conta hoje com apenas uma única representante.

Essa ilustre desconhecida tem apenas um senão: leva muito tempo para se tornar adulta e dar frutos. Com dois anos de idade, atinge um metro e meio, menos da metade da sua altura quando adulta.

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Na briga

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025

Rio e Niterói representam o Brasil na candidatura para sediar Pan de 2031

       A Assembleia Geral do Comitê Olímpico do Brasil (COB) aprovou a candidatura conjunta das cidades do Rio de Janeiro e de Niterói para sediar os Jogos Pan-Americanos e Parapan-Americanos de 2031.

Rio e Niterói representam o Brasil na candidatura para sediar Pan de 2031

       A Assembleia Geral do Comitê Olímpico do Brasil (COB) aprovou a candidatura conjunta das cidades do Rio de Janeiro e de Niterói para sediar os Jogos Pan-Americanos e Parapan-Americanos de 2031.

        O ministro do Esporte, André Fufuca, participou da reunião ao lado dos prefeitos Eduardo Paes e Rodrigo Neves. A possível escolha dos dois municípios também pode trazer consequências positivas para Nova Friburgo e todo o interior do Estado, uma vez que os olhos de todo o mundo, poderão, mais uma vez, se voltarem para o Brasil.

Após a aprovação pelo COB, Fufuca destacou o impacto positivo que uma competição desse porte pode trazer para o país. “Agora iremos trabalhar para garantir um legado. Acredito que os benefícios dos Jogos não ficarão restritos ao alto rendimento, mas também ao esporte de base, alcançando comunidades, periferias, distritos e povoados. O esporte, aliado à educação, é fundamental para o desenvolvimento de qualquer sociedade”, afirmou o ministro.

        A região já recebeu grandes eventos esportivos, como os Jogos Pan-Americanos e Parapan-Americanos de 2007, as Olimpíadas e Paralimpíadas de 2016 e a Copa do Mundo de 2014. “Temos um Pan-Americano pronto, assim como temos uma Copa do Mundo Feminina pronta. As estruturas e a logística estão 90% executadas. O governo federal estará ao lado para realizarmos os melhores Jogos da história”, acrescentou Fufuca.

        A cidade do Rio de Janeiro ainda sediará em 2025, o Campeonato Mundial de Ginástica Rítmica, com o apoio do Ministério do Esporte (MEsp).

        Os prefeitos Rodrigo Neves e Eduardo Paes também enfatizaram a importância do legado esportivo e os trabalhos que serão realizados caso as cidades sejam escolhidas. “O legado esportivo será extraordinário. Temos condições de, nos próximos seis anos, trabalhar para construí-lo”, disse Neves.

        “Reiteramos o compromisso de, caso sejamos bem-sucedidos e conquistemos a oportunidade de sediar os Jogos, priorizar os atletas, o esporte e a evolução do esporte brasileiro. Além disso, deixaremos um legado duradouro para as cidades e estaremos ao lado do comitê organizador”, completou Paes.

        Nos próximos passos, Rio e Niterói enviarão um relatório detalhado à Panam Sports, explicando como as modalidades serão divididas entre as cidades. Até abril, a entidade analisará a proposta e poderá aprová-la ou solicitar ajustes. A escolha da cidade-sede está prevista para agosto.

“O COB mostrou a maturidade do movimento olímpico brasileiro nesta quarta-feira. Ficamos muito felizes em ter uma candidatura brasileira pleiteando a realização dos Jogos Pan-Americanos, com duas cidades irmãs, Rio de Janeiro e Niterói. Desejo muita sorte e trabalho duro às equipes das cidades candidatas e tenho certeza de que, por aqui, no movimento olímpico, nos manteremos cada vez mais atentos para contribuir permanentemente com a evolução do esporte no Brasil”, pontuou o presidente do COB, Marco La Porta.

Para o MEsp, a realização dos Jogos Pan-Americanos e Parapanamericanos em solo brasileiro será uma oportunidade a mais para a nossa torcida ver de perto a qualidade do desempenho alcançado pelos nossos atletas, que certamente conquistarão vitórias e quebrarão recordes, reafirmando a condição brasileira de potência esportiva mundial.

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O ministro do Esporte, André Fufuca, participou de evento com as demais autoridades (Foto: Mariana Raphael/MEsp)
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A VOZ DA SERRA é o dia a dia da nossa gente

terça-feira, 11 de fevereiro de 2025

        “A importância da união para apoiar cada paciente como ser único”.  A frase estampada no Caderno Z abre os debates sobre a tomada de ação nos tratamentos de pacientes diagnosticados com Câncer. Entre as celebrações do Dia Mundial do Câncer, 04 de fevereiro, o mais importante é “quebrar preconceitos” e o fatalismo  de que “tudo é negativo”, de que o Câncer  “é o fim, que não existe vida após o diagnóstico”. Contudo, a própria capa do “Z” é um elixir inspirador, quando, ao imprimir rostos felizes, acrescenta um mantra empolgante: “Vencendo o Câncer com Fé e Otimismo”.

        “A importância da união para apoiar cada paciente como ser único”.  A frase estampada no Caderno Z abre os debates sobre a tomada de ação nos tratamentos de pacientes diagnosticados com Câncer. Entre as celebrações do Dia Mundial do Câncer, 04 de fevereiro, o mais importante é “quebrar preconceitos” e o fatalismo  de que “tudo é negativo”, de que o Câncer  “é o fim, que não existe vida após o diagnóstico”. Contudo, a própria capa do “Z” é um elixir inspirador, quando, ao imprimir rostos felizes, acrescenta um mantra empolgante: “Vencendo o Câncer com Fé e Otimismo”.

        Bem no finalzinho de 2024, conheci o “Dr. Toc”, apelido carinhoso do doutor Alfredo Henrique, médico-cirurgião e dentista, aposentado das duas profissões. Carioca da gema, ele veio morar em São Pedro da Serra, onde vive feliz, desde os primórdios de 2017. Essa joia de pessoa, além dos dons profissionais, é desenhista, maratonista, caricaturista, joga xadrez, escreve livros e poesias. Em suas andanças pela medicina por mais de 32 anos, ele tem feito estudos de que o coração “parece ser”  o único órgão que não está sujeito ao Câncer. Eu, “garota rebelde”, contesto a sua provável tese e o afronto: “Coração tem Câncer, sim, se tiver ódio em seu interior!”. E acrescento: O coração, leve, é livre de sentimentos negativos e flutua no mar revolto da vida. Assim, a “importância da união” é meio caminho andado para quem tem o afeto e apoio, não só na Via Crúcis de um câncer, mas em todos os momentos turbulentos da vida.

        “O Estatuto da Pessoa com Câncer estabelece acesso integral e equânime a serviços de saúde, atendimento prioritário e humanizado e isenção de alguns impostos e taxas”. Como explica a advogada e professora, Dayana Boareto, além dos direitos contemplados pelo Estatuto, há dentro da legislação brasileira, outros tantos direitos, conforme a evolução legislativa. Cuidar da saúde é a garantia de uma existência promissora. Nesse mister, entra em ação a bagagem de alimentos que consumimos. Será que pensamos, ante um prato de salada todo decorado e colorido, “onde é que vem tamanho prato de saúde?” – Será saúde mesmo ou estamos ingerindo uma bomba de pesticidas?  O “Z” nos trouxe um encarte de reflexões para alimentar a nossa desconfiança sobre tais produtos. Vale a pena ler, reler e manter a reportagem por perto.

        A saúde está no topo das prioridades humanas e a charge de Silvério é uma convocação para o batalhão de choque dos doadores de sangue. O Hemocentro, anexo ao Hospital Raul Sertã, está renovando seus estoques de sangue com vistas para o carnaval, pois, mesmo sendo a festa das brincadeiras, com o carnaval não se brinca. Outra prioridade no topo das urgências humanas é o sono. Ana Borges nos deu um banho de conforto para um sono reparador. Interessante é saber que o cérebro não descansa durante o sono.  É ler com atenção, aprender a dormir, relaxar e... sonhar!

        Em “Sociais”, nossa diretora do jornal está entre as presenças que marcaram a abertura da Exposição itinerante “O legado Suíço-brasileiro na Amazônia: Arte, ciência e sustentabilidade”, no último dia 6, no Espaço Arp. A exposição ficará em cartaz até 06 de março.  Parabéns para Margarida Chaves, aniversariante do dia 9. Pessoa querida, de parentescos incríveis em Nova Friburgo. Outra personalidade marcante aniversariando é a querida Marilda Berbert, minha prima por conta de meu primo Juca. Foi ela quem fez a grinalda e o buquê do meu casamento. É muito amor envolvido entre nós. Felicidades!

        Enfim, a esperada “volta às aulas”. Se por um lado, pode ser a causa de ansiedade para uns, outros já lidam bem com esse retorno. A partir da compra do material escolar, geralmente a criança desperta o desejo de voltar. Minha neta Júlia uma semana antes já estava com a mochila arrumada. É a novidade de rever os amiguinhos e conhecer a professora. É mágico sair das telas e viver as emoções do dia a dia escolar.

        A contagem regressiva para 07 de abril cada vez encurta mais o tempo. Agora faltam 56 dias para a grande data. Salve A VOZ DA SERRA, o jovem adolescente na terceira idade!

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A qualidade literária

terça-feira, 11 de fevereiro de 2025

Estava revendo textos que venho arquivando ao longo dos anos, uma coletânea elaborada por estudiosos em várias áreas das Ciências Humanas, resumos de palestras a que assisti e anotações decorrentes de reflexões pessoais. Folheando uma pasta e outra, me deparei com um tema que atrai minha atenção: a qualidade literária.

Estava revendo textos que venho arquivando ao longo dos anos, uma coletânea elaborada por estudiosos em várias áreas das Ciências Humanas, resumos de palestras a que assisti e anotações decorrentes de reflexões pessoais. Folheando uma pasta e outra, me deparei com um tema que atrai minha atenção: a qualidade literária.

Já participei de seminários que apresentavam o tema sobre diversos pontos de vista. Possivelmente essa questão tem recebido atenção de escritores, educadores, psicoterapeutas e outros profissionais porque, hoje, textos mal elaborados são veiculados e lidos por crianças e jovens. O que me preocupa posto que a literatura tem força para influenciar o leitor.

Faço questão de ressaltar que o livro é um produto de consumo que pode ser adquirido como qualquer outro, como um perfume ou um sapato. Pode ser comprado em sites, livrarias, nas estantes dos supermercados, bancas de jornais e em feiras literárias. Está submetido às leis da oferta e da procura do mercado consumidor e sujeito às competições sedutoras do marketing, que nunca perde!

A qualidade literária é um conceito subjetivo, individual e coletivo, uma vez que sua avaliação precisa considerar a dinâmica cultural que se estabelece em cada tempo e lugar. Seu julgamento não pode desconsiderar o respeito aos fatos da língua, em nosso caso, à Língua Portuguesa, a beleza e criatividade no emprego das palavras, bem como à originalidade do tema.

A obra literária de qualidade tem potencial para aprimorar a existência humana na medida em que o texto trata de questões relevantes à vida com sensibilidade, o que a torna relevante à formação do cidadão crítico, à compreensão do outro, ao entendimento dos povos e à apreensão dos valores culturais.

A obra literária de qualidade resulta de uma produção textual pensada, isto é, que considera a hierarquia temática, sintática e gramatical a quem se destina. Um texto para ser absorvido por crianças de oito anos emprega uma linguagem compatível com a faixa etária do leitor. Entretanto, um livro infantojuvenil de qualidade, como o “O Pequeno Príncipe”, pode ser lido por pessoas de qualquer idade.

O livro com qualidade literária além de ser uma proposta de leitura interessante, permanece vivo no tempo, como “Crime e castigo”, de Fiódor Dostoiévski, “A volta ao mundo em 80 dias”, de Júlio Verne, ou “Dom Casmurro”, de Machado de Assis.

Bons livros fazem sonhar, descortinam horizontes ao apresentar novas possibilidades ao leitor. Além do mais são fontes de prazer e boas companhias para os momentos de descanso e quando pouco ou nada se tem a fazer.

A alma do livro está enraizada na significação que oferece ao leitor. Ao ler, ele se vê na narrativa, sente a emoção dos personagens, enriquece seu modo de perceber a vida.

Acima de tudo, o livro de qualidade literária permite a comunicação entre os povos em tempos e lugares distintos.

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Papa: 2025 – Ano Jubilar da Esperança

terça-feira, 11 de fevereiro de 2025

Sinais de esperança

Parte 5

Sinais de esperança

Parte 5

Capítulo 13 – Não poderão faltar sinais de esperança em relação aos migrantes, que deixam a sua terra à procura de uma vida melhor para si próprios e suas famílias. Que as suas expetativas não sejam frustradas por preconceitos e isolamentos! Ao acolhimento, que no respeito pela sua dignidade abre os braços a cada um deles, junte-se a responsabilidade, de modo que a ninguém seja negado o direito de construir um futuro melhor. A tantos exilados, deslocados e refugiados que, por acontecimentos internacionais controversos, são forçados a fugir para evitar guerras, violência e discriminação, sejam garantidos a segurança e o acesso ao trabalho e à instrução, instrumentos necessários para a sua inserção no novo contexto social.

Possa a comunidade cristã estar sempre pronta a defender os direitos dos mais débeis. Generosamente abra de par em par as portas do acolhimento, para que nunca falte a ninguém a esperança duma vida melhor. Ressoe nos corações a Palavra do Senhor que, na grande parábola do juízo final, disse: «Era estrangeiro e acolhestes-me», porque «sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim mesmo o fizestes» (Mt 25, 35.40).

14. Sinais de esperança merecem-nos os idosos, que muitas vezes experimentam a solidão e o sentimento de abandono. Valorizar o tesouro que eles são, a sua experiência de vida, a sabedoria que trazem consigo e o contributo que podem dar, é um empenho da comunidade cristã e da sociedade civil, chamadas a trabalhar em conjunto em prol da aliança entre as gerações.

Dirijo um pensamento particular aos avôs e às avós, que representam a transmissão da fé e da sabedoria de vida às gerações mais jovens. Sejam amparados pela gratidão dos filhos e pelo amor dos netos, que neles encontram as suas raízes, compreensão e estímulo.

15. E sentidamente, invoco a esperança para os milhares de milhões de pobres, a quem muitas vezes falta o necessário para viver. Face à sucessão de renovadas vagas de empobrecimento, corre-se o risco de nos habituarmos e resignarmos. Mas não podemos desviar o olhar de situações tão dramáticas, que se veem já por todo o lado, e não apenas em certas zonas do mundo. Todos os dias encontramos pessoas pobres ou empobrecidas e, por vezes, podem ser nossas vizinhas de casa. Frequentemente, não têm uma habitação nem alimentação suficiente para o dia. Sofrem a exclusão e a indiferença de muitos.

É escandaloso que, num mundo dotado de enormes recursos destinados em grande parte para armas, os pobres sejam «a maioria (…), milhares de milhões de pessoas. Hoje são mencionados nos debates políticos e econômicos internacionais, mas com frequência parece que os seus problemas se coloquem como um apêndice, como uma questão que se acrescenta quase por obrigação ou perifericamente, quando não são considerados meros danos colaterais. Com efeito, na hora da implementação concreta, permanecem frequentemente no último lugar».  Não esqueçamos: os pobres são quase sempre vítimas, não os culpados.

16. Fazendo ecoar a palavra antiga dos profetas, o Jubileu lembra que os bens da terra se destinam a todos, e não a poucos privilegiados. É preciso que seja generoso quem possui riquezas, reconhecendo o rosto dos irmãos em necessidade. Penso de modo particular naqueles que carecem de água e alimentação: a fome é uma chaga escandalosa no corpo da nossa humanidade, e convida todos a um rebate de consciência. Renovo o apelo para que, «com o dinheiro usado em armas e noutras despesas militares, constituamos um Fundo global para acabar de vez com a fome e para o desenvolvimento dos países mais pobres, a fim de que os seus habitantes não recorram a soluções violentas ou enganadoras, nem precisem de abandonar os seus países à procura duma vida mais digna».

Outro convite premente, tendo em vista o Ano Jubilar, destina-se às nações mais ricas, para que reconheçam a gravidade de muitas decisões tomadas e estabeleçam o perdão das dívidas dos países que nunca poderão pagá-las. Mais do que magnanimidade, é uma questão de justiça, agravada hoje por uma nova forma de desigualdade de que se vai tomando consciência: «Com efeito, há uma verdadeira “dívida ecológica”, particularmente entre o Norte e o Sul, ligada a desequilíbrios comerciais com consequências no âmbito ecológico e com o uso desproporcionado dos recursos naturais efetuado historicamente por alguns países». 

Como ensina a Sagrada Escritura, a terra pertence a Deus e todos nós vivemos nela como «estrangeiros e hóspedes» ( Lv 25, 23). Se queremos verdadeiramente preparar no mundo a senda da paz, empenhemo-nos em remediar as causas remotas das injustiças, reformulemos as dívidas injustas e insolventes, saciemos os famintos.

17. Durante o próximo Jubileu, ocorrerá um aniversário muito significativo para todos os cristãos: completar-se-ão 1700 anos da celebração do primeiro grande Concílio ecumênico, o de Niceia. É bom lembrar que já em diversas ocasiões, desde os tempos apostólicos, os Pastores se reuniram em assembleia com a finalidade de tratar temáticas doutrinais e questões disciplinares. Nos primeiros séculos da fé, multiplicaram-se os Sínodos tanto no Oriente como no Ocidente cristão, mostrando como era importante guardar a unidade do Povo de Deus e o anúncio fiel do Evangelho. O Ano Jubilar poderá ser uma importante oportunidade para tornar concreto este modo sinodal, que hoje a comunidade cristã sente como expressão cada vez mais necessária para melhor corresponder à urgência da evangelização: todos os batizados, cada qual com o próprio carisma e ministério, se sintam corresponsáveis pela mesma a fim de que muitos sinais de esperança deem testemunho da presença de Deus no mundo.

O Concílio de Niceia teve a missão de preservar a unidade, então seriamente ameaçada pela negação da plena divindade de Jesus Cristo e da sua igualdade com o Pai. Estiveram presentes cerca de 300 bispos que, convocados sob impulso do imperador Constantino em 20 de maio de 325, se reuniram no palácio imperial. Depois de vários debates, todos, com a graça do Espírito, se reconheceram no Símbolo de fé que ainda hoje professamos na Celebração Eucarística dominical. Os padres conciliares quiseram iniciar aquele Símbolo empregando pela primeira vez a expressão «Nós cremos»,  testemunhando que, naquele «Nós», todas as Igrejas se encontravam em comunhão e todos os cristãos professavam a mesma fé.

O Concílio de Niceia é um marco miliário na história da Igreja. O aniversário da sua realização convida os cristãos a unirem-se no louvor e agradecimento à Santíssima Trindade e, em particular, a Jesus Cristo, o Filho de Deus, «consubstancial ao Pai», que nos revelou este mistério de amor. Mas Niceia constitui também um convite a todas as Igrejas e Comunidades eclesiais para avançarem rumo à unidade visível, não se cansando de procurar formas apropriadas para corresponder plenamente à oração de Jesus: «Que todos sejam um só, como Tu, Pai, estás em mim e Eu em ti; para que assim eles estejam em Nós e o mundo creia que Tu me enviaste» ( Jo 17, 21).

No Concílio de Niceia, tratou-se também da data da Páscoa. A este respeito, ainda hoje existem posições diferentes, que impedem de celebrar, no mesmo dia, o evento fundante da fé. Por uma circunstância providencial, isso acontecerá precisamente neste 2025. Seja isto um apelo a todos os cristãos do Oriente e do Ocidente para darem resolutamente um passo rumo à unidade em torno duma data comum para a Páscoa. Vale a pena recordar que muitos desconhecem as diatribes do passado e não entendem como possam subsistir divisões a tal propósito.”

Fonte: Bula “Spes non Confundit”

Vaticano

Papa Francisco

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Compostagem: transformando resíduos em soluções sustentáveis

terça-feira, 11 de fevereiro de 2025

Opa! Tudo verde? Bora falar deste assunto tão transformador!

Opa! Tudo verde? Bora falar deste assunto tão transformador!

O Brasil ocupa uma posição alarmante entre os dez países que mais desperdiçam alimentos no mundo. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), cerca de 27 milhões de toneladas de comida são descartadas no país anualmente. Cada brasileiro, em média, joga fora 60 quilos de alimentos ainda em condições de consumo por ano. Nos supermercados, o desperdício é igualmente significativo: somente em frutas, legumes e verduras, o prejuízo alcança R$ 1,3 bilhão anualmente, segundo a Associação Brasileira dos Supermercados (Abras). 

Diante desse cenário, a compostagem surge como uma solução prática e sustentável para mitigar o impacto do desperdício alimentar. Esse processo natural de decomposição de resíduos orgânicos, como restos de alimentos e podas de plantas, transforma o que seria descartado em um adubo rico em nutrientes. Além de reduzir significativamente a quantidade de lixo enviado a aterros sanitários, a compostagem minimiza a emissão de gases de efeito estufa e promove o reaproveitamento dos nutrientes, fechando o ciclo da matéria orgânica. 

Adotar a compostagem é um passo essencial para enfrentar o desperdício no Brasil, oferecendo benefícios ambientais e sociais enquanto reduz os prejuízos gerados pela má gestão de resíduos.

A força da compostagem

Embora a prática de reaproveitar resíduos orgânicos seja tão antiga quanto a própria agricultura, a compostagem moderna ganhou força no início do século 20, impulsionada por estudos científicos e a necessidade de uma agricultura mais sustentável. Hoje, ela é amplamente adotada em residências, empresas e até em grandes municípios ao redor do mundo.

Entre os países que mais implementam a compostagem, a Alemanha se destaca como líder mundial. O país adotou políticas públicas rigorosas e eficazes para o manejo de resíduos desde a década de 1990, impulsionando a compostagem como uma estratégia central na gestão de lixo orgânico. Em 2019, a Alemanha alcançou uma taxa de compostagem superior a 50% dos resíduos orgânicos gerados, o que representa uma das mais altas taxas de reciclagem do mundo. Esse sucesso se deve à combinação de legislação ambiental robusta, como a Lei de Reciclagem de Resíduos, com um sistema de coleta seletiva bem estruturado, que inclui a separação de resíduos em categorias distintas. A conscientização da população também desempenhou um papel essencial, com campanhas educativas regulares sobre os benefícios ambientais e econômicos da compostagem.

Além disso, a Alemanha implementou um sistema de compostagem descentralizada, incentivando a instalação de pequenas compostagens comunitárias e individuais, especialmente em áreas urbanas. A infraestrutura eficiente e o apoio financeiro para o desenvolvimento de tecnologias, como composteiras automáticas e sistemas de vermicompostagem, também contribuíram para o crescimento do setor. A colaboração entre governos, empresas e cidadãos foi fundamental para que a compostagem se tornasse uma prática generalizada no país, mostrando que políticas públicas bem formuladas e a integração de diferentes atores sociais são cruciais para o sucesso de qualquer iniciativa sustentável.

No Brasil, a compostagem ainda é uma prática em desenvolvimento, com apenas uma pequena parcela dos resíduos orgânicos sendo reciclada de forma eficaz. Estima-se que cerca de 1,4% dos resíduos sólidos urbanos sejam compostados no país, o que está muito abaixo do potencial. No entanto, algumas cidades têm se destacado nesse processo, como Curitiba-PR, que é referência em gestão de resíduos e compostagem. A capital paranaense implementou programas de coleta seletiva, educação ambiental e compostagem comunitária, conseguindo envolver seus cidadãos em iniciativas de reciclagem e reaproveitamento de resíduos orgânicos, tornando-se um exemplo positivo de como a compostagem pode ser integrada à gestão urbana sustentável.

Como começar a compostar

Iniciar a compostagem é simples e pode ser feito em espaços pequenos ou grandes. Para começar, é necessário:

  1. Um recipiente adequado, como caixas, baldes ou composteiras específicas que podem ser adquiridas de empresas especializadas.
  2. Resíduos orgânicos (restos de frutas, vegetais, cascas de ovos, borra de café).
  3. Material seco (serragem, folhas secas ou papel não plastificado) para equilibrar o teor de umidade.
  4. Revolver o composto ocasionalmente para oxigená-lo.

Quem tem espaço disponível pode optar por composteiras maiores ou até mesmo pilhas de compostagem ao ar livre. Já para apartamentos, a compostagem com minhocas, conhecida como vermicompostagem, é uma solução prática e eficiente.

Os benefícios da compostagem

Ambientais

  • Redução de resíduos orgânicos enviados para aterros sanitários, diminuindo a emissão de gases de efeito estufa como o metano.
  • Enriquecimento do solo com nutrientes naturais, diminuindo a necessidade de fertilizantes químicos.
  • Retorno de matéria orgânica à terra, melhorando a retenção de água e a estrutura do solo.

Sociais

  • Incentivo a práticas comunitárias de manejo de resíduos.
  • Criação de empregos e microempreendimentos em torno de soluções de compostagem.
  • Educação ambiental, promovendo maior conscientização sobre gestão de resíduos.

Desafios da compostagem

Apesar de seus inúmeros benefícios, a compostagem ainda enfrenta desafios significativos, como a falta de conhecimento sobre o processo, dificuldades na identificação dos materiais adequados e problemas como odores gerados por erros na manutenção. O custo inicial para a instalação de composteiras em larga escala também pode ser uma barreira. Além disso, a escassez de políticas públicas e investimentos em programas de compostagem agrava a situação.

Sem o apoio governamental, toneladas de resíduos orgânicos, como restos de alimentos e resíduos verdes, continuam sendo descartadas em aterros sanitários, onde contribuem para a emissão de gases de efeito estufa, como o metano, e desperdiçam recursos que poderiam ser transformados em adubo. A ausência de infraestrutura e incentivos dificulta a conscientização e a adesão da população a práticas sustentáveis, impedindo que a compostagem se torne uma solução acessível e eficiente para reduzir a pressão sobre os sistemas de coleta de lixo e promover um uso mais responsável dos recursos naturais.

Formas de compostagem

Existem diversas maneiras de compostar, adaptáveis a diferentes contextos:

  • Compostagem doméstica: Realizada em pequenos espaços com composteiras simples.
  • Compostagem industrial: Aplicada em larga escala, geralmente com o uso de tecnologias avançadas.
  • Vermicompostagem: Feita com o auxílio de minhocas, que aceleram a decomposição.
  • Compostagem comunitária: Uma solução colaborativa para vizinhanças e bairros.

O mercado da compostagem

O mercado de compostagem cresce de forma consistente, especialmente em países onde políticas ambientais são mais rigorosas. Dados apontam que a compostagem está se tornando um setor promissor, com startups e empresas especializadas atendendo tanto consumidores individuais quanto grandes corporações.

E o papel das minhocas?

As minhocas são protagonistas na vermicompostagem. Elas consomem resíduos orgânicos e os transformam em húmus, um composto de altíssima qualidade. Além disso, ajudam a acelerar o processo e reduzir odores, sendo ideais para quem busca soluções práticas em espaços pequenos.

A compostagem é mais que um processo biológico; é uma oportunidade para repensar nossa relação com o lixo e adotar práticas sustentáveis. Seja em casa, na escola ou em uma fazenda, cada gesto de compostagem contribui para um planeta mais saudável e consciente.

Tudo verde sempre!

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Processo iniciado

terça-feira, 11 de fevereiro de 2025

CBF escolherá centros de treinamento para Copa Feminina; Nova Friburgo tentou em 2014

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) abriu processo para identificar centros de treinamento que possam receber as seleções participantes da Copa do Mundo Feminina, que será sediada, pelo Brasil, em 2027. O objetivo é reunir, ao menos, 50 opções em um catálogo virtual. Os locais escolhidos vão ser apresentados aos times pela Federação Internacional de Futebol (FIFA).

CBF escolherá centros de treinamento para Copa Feminina; Nova Friburgo tentou em 2014

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) abriu processo para identificar centros de treinamento que possam receber as seleções participantes da Copa do Mundo Feminina, que será sediada, pelo Brasil, em 2027. O objetivo é reunir, ao menos, 50 opções em um catálogo virtual. Os locais escolhidos vão ser apresentados aos times pela Federação Internacional de Futebol (FIFA).

Todas as cidades do território nacional podem participar do processo, desde que se encaixem no perfil exigido pela FIFA. Os requisitos mínimos são estruturas adequadas para treinamentos, hotéis de 4 ou 5 estrelas localizados próximos aos campos e distância máxima de 1 hora dos aeroportos, que devem comportar aeronaves com capacidade de transportar, no mínimo, 120 passageiros. As indicações recebidas passarão por análises técnicas e visitas de inspeção.

A escolha final da hospedagem vai ser feita pelas próprias seleções. De acordo com a CBF, os espaços devem ficar disponíveis para uso exclusivo dos times por aproximadamente 45 dias.

Nova Friburgo já pleiteou receber uma Seleção na Copa do Mundo de 2014, se candidatando para ser um dos Centros de Treinamento de Seleções (CTS). A Prefeitura chegou a participar do Seminário de CTS da Federação Internacional de Futebol (Fifa), sendo representada por Renato Satyro, então secretário municipal de Esportes e Lazer.

O evento, realizado em Vitória, no Espírito Santo, visou esclarecer aos candidatos os itens que seriam avaliados na escolha de um CT, sendo eles: aspectos técnicos, de segurança, turismo, negócios e acomodações das seleções de futebol. Uma equipe do Comitê Organizador da Copa chegou a visitar Nova Friburgo para avaliar as condições do complexo do Friburguense Atlético Clube, englobando o estádio Eduardo Guinle, academia e Ginásio Helena Deccache.

Os CTS foram utilizados para os treinos antes de a Copa começar, sendo realizada a aclimatação dos jogadores, isso nos 30 dias anteriores aos jogos. O local engloba campo, estádio e hotel, representados em Nova Friburgo pelo complexo esportivo do Friburguense e o Hotel Bucsky.

Apesar da boa avaliação, alguns fatores pesaram para que a cidade não fosse escolhida. Dentre eles, o fato de não possuir, ao menos, um aeroporto de pequeno porte e de não ter, na rede hoteleira, à época, um mesmo hotel com determinada quantidade de quartos disponíveis para abrigar uma delegação.

Foto da galeria
O Eduardo Guinle chegou a receber visita de comitiva, à época, mas as tratativas não avançaram (Foto: Divulgação)
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