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Nossas canções

segunda-feira, 25 de outubro de 2021

Não me importa se é funk, sertanejo, bossa nova, nova MPB ou axé. Se é brasileira, já me ganha por si só. A vaidade acadêmica não pode desmerecer o que seu povo e o que o popular produz. 

Não há cultura melhor ou pior.  Classificar cultura é preconceito. Cultura é cultura e ponto. É identidade e a identidade brasileira é multicor, multifacetada, múltipla. Tem muitos rostos, sotaques, ritmos.

Não me importa se é funk, sertanejo, bossa nova, nova MPB ou axé. Se é brasileira, já me ganha por si só. A vaidade acadêmica não pode desmerecer o que seu povo e o que o popular produz. 

Não há cultura melhor ou pior.  Classificar cultura é preconceito. Cultura é cultura e ponto. É identidade e a identidade brasileira é multicor, multifacetada, múltipla. Tem muitos rostos, sotaques, ritmos.

De algum tempo, tenho observado festas pequenas e grandes. A pista fria como gelo nas músicas internacionais. A pista em fervo com músicas nacionais. Isso seria impensável há 30 anos. A música brasileira tem tomado conta das boates, das rádios, dos streamings, ocupando espaço quase que total das setlists. 

Nada contra a música internacional e nada de impor o que o outro tem que ouvir. Diriam que o dialeto da música é angelical. Que cada um ouça o que bem entende e ninguém tem nada a ver com isso. Mania de querer orientar o rabo do outro. 

O que celebro é a música brasileira em suas mais variadas vertentes de um país continental diverso. Apesar de você — como diz Chico Buarque no seu emblemático hino contra a ditadura militar — o verde e amarelo segue sendo dos brasileiros e não apenas de alguns brasileiros que se julgam melhores ou proprietários da pátria. A pátria e a música nacional não têm dono. A nossa história, ainda que às avessas, faz de todos nós responsáveis pela nação, ao mesmo passo que compositores de nossas canções.    

Na minha playlist - antigamente seria coleção de LP’s e CD’s - tem de Belchior a Luan Santana, de Jão a Roberto Carlos, de Maria Bethânia a Anitta, de Buchecha a Silva, de Beth Carvalho a Ronalt Condack, de Vitor Ferraz a Capital Inicial, de Tim Maia a Benito di Paula, de O Teatro Mágico a Emicida… 

Dizem que é uma confusão só, ainda mais quando no meio surge um samba-enredo da Portela ou do Alunão. Eu chamaria de grande festa, tipo Grande Encontro com Elba, Geraldo Azevedo e Zé Ramalho. Tipo Tropicália, com Caetano, Gil e Adriana Calcanhoto e/ou Clarice Falcão de intrusas convidadas. 

A música encanta a alma e nos dá trilha para percorrer pelo nosso cotidiano de cada dia. Por vezes mais batidão, por outras mais calmaria, quase melancolia. Por vezes nostalgia, n’outras futurista passeando pelo campo dos anseios ou meros desejos. Sensual ou vigarista, nada de nada ou fatalista. Música é momento, mas também tatuagem que nos marca ou esconde cicatrizes. É memória ou simplesmente viagem só de ida. Seja na trajetória das letras, no caminho das melodias ou no imaginativo separar de cada órgão que toca. 

Músicos são poetas com instrumentos divinais que traduzem mais do que se pode dizer e se sujeitam a interpretações cujos resultados podem variar de acordo com a individual audiência e o tempo de cada um. E as canções se tornam assim íntimas de nossas piores e melhores horas. Moldando nosso jeito ou apenas a nossa diversão de ser e estar onde tem que se estar — estado de espírito.    

 

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A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.

O soneto da Academia Friburguense de Letras

segunda-feira, 25 de outubro de 2021

Hoje, vou fazer uma homenagem ao patrono da Academia Friburguense de
Letras, Julio Salusse, autor de um dos sonetos mais lindos de todos os tempos,
publicado em vários países, um dos poemas mais declamados no final do século XIX e
início do século XX. “Cisnes...”.

A vida, manso lago azul algumas
Vezes, algumas vezes mar fremente,
Tem sido para nós constantemente
Um lago azul sem ondas, sem espumas,

Hoje, vou fazer uma homenagem ao patrono da Academia Friburguense de
Letras, Julio Salusse, autor de um dos sonetos mais lindos de todos os tempos,
publicado em vários países, um dos poemas mais declamados no final do século XIX e
início do século XX. “Cisnes...”.

A vida, manso lago azul algumas
Vezes, algumas vezes mar fremente,
Tem sido para nós constantemente
Um lago azul sem ondas, sem espumas,

Sobre ele, quando desfazendo as brumas
Matinais, rompe um sol vermelho e quente,
Nós dois vagamos indolentemente,
Como dois cisnes de alvacentas plumas.

Um dia um cisne morrerá, por certo:
Quando chegar esse momento incerto,
No lago, onde talvez a água se tisne,

Que o cisne vivo, cheio de saudade,
Nunca mais cante, nem sozinho nade,
Nem nade nunca ao lado de outro cisne...

Julio Salusse nasceu na Fazenda do Gonguy, no atual município de Bom jardim,
em 1872, e faleceu no Rio de Janeiro, em 1948. Cursou Direito, tornou-se promotor
público e exerceu atividades políticas em Nova Friburgo. Como escritor, publicou três
livros de poesias, “Nevrose Azul” (1894), em que “Cisnes” foi publicado, “Sombras”
(1901) e “Fitas Coloridas”. E uma novela, “A Negra e o Rei” (1927).

A beleza do soneto está na fidelidade, atitude valorosa daquele que tem
compromisso com quem ama, que expressa verdade em suas intenções, palavras e
ações, que jamais abandona a pessoa querida. Ah, como Saint-Exupéry tinha razão
quando falou da responsabilidade do gostar. O amor não pode ser banalizado, precisa
ser honrado em cada momento da relação.
Certa vez, na Fazenda Marambaia, Corrêas, região serrana do Rio de Janeiro, vi
um casal de cisnes negros nadando num lago. Os dois vagavam sobre as águas em
calmaria, sempre um ao lado do outro. Caso um se adiantasse, logo parava, olhava
para trás e aguardava o companheiro. Eles deslizavam silenciosamente, numa paz
encantada. Parceira. Eu recitava, em pensamento, o soneto de Salusse, não só para
tornar pleno aquele instante, mas para compreender o significado do
companheirismo. A poesia de Julio me mostrava, em cada verso, o espetáculo que eu
via naquele lago, uma paisagem serena, iluminada pelo sentimento daquelas aves
aquáticas, que tinham tanto a me ensinar.
“Cisnes” é mais do que uma poesia. É uma proposta de vida, um modo de
mostrar o acontecer da vida. Naquela manhã, em Corrêas, observei a simplicidade,
carregada de amor e consideração.
“Cisnes” precisa ser mais lido e declamado para adentrar os afetos, acalentar
desejos e reforçar valores. Não foi à toa que a Academia Friburguense de Letras elegeu
Salusse como patrono.

Aqui cabe uma observação: o cisne possui características especiais. Além de ser
uma ave belíssima, aquática e inteligente, representa o amor eterno, uma vez que
possui apenas um parceiro durante a vida, sendo-lhe fiel até a morte. É um animal
elegante e demonstra harmonia nos movimentos, inclusive quando voa. O
acasalamento começa com movimentos sensuais, principalmente no pescoço, quando
o macho e a fêmea unem suas cabeças, formando um coração.

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Friburgo pode se transformar em cidade universitária

sábado, 23 de outubro de 2021

 

Edição de 23 e 24 de outubro de 1971

Pesquisado por Thiago Lima

 

Manchetes

 

Movimentam-se autênticas representações de classes no sentido de aplausos e apoio à iniciativa do Governo Municipal relativamente a transformar Nova Friburgo em uma cidade universitária.

 

 

Edição de 23 e 24 de outubro de 1971

Pesquisado por Thiago Lima

 

Manchetes

 

Movimentam-se autênticas representações de classes no sentido de aplausos e apoio à iniciativa do Governo Municipal relativamente a transformar Nova Friburgo em uma cidade universitária.

 

Aniversaria o Doutor Feliciano - O dia 28 de outubro assinala o aniversário natalício do dr. Feliciano Costa, atual prefeito do nosso município. Médico de  grande nomeada, político prestigiado, figura humana de alta sensibilidade, cidadão merecedor do máximo respeito e acatamento e homem público que há esculpido na história friburguense uma página memorável capaz de servir do máximo orgulho à mais exigente comunidade. Eleito pela segunda vez para chefiar o Executivo de nossa terra, o dr. Feliciano, tanto da primeira como desta, recebeu consagradora votação. A VOZ DA SERRA que mesmo nas ocasiões em que se colocou em trincheiras políticas diferentes do querido mestre em medicina, sempre distinguiu como ele merecia e apresenta agora os cumprimentos pelo aniversário. 

 

Semana da Asa - Encerrando tal comemoração, exaltamos o Pai da Aviação, nosso glorioso patrício, Alberto Santos Dumont, mineiro de Palmira, que durante muitos anos viveu em Paris, onde adquiriu extraordinária popularidade com suas reiteradas tentativas aeronáuticas, que ao final alcançaram brilhante êxito, sagrando-o vencedor na solução do importante problema da navegação aérea. Em 1901 concorreu ao prêmio “Deutsc” e, dirigível e em 1906, abandonando as experiências com aparelhos mais leves que o ar, conseguiu, finalmente, levantar voo no seu avião “Demoiselle” que lhe facultou a recepção da taça “Archeacon”, tornando-se  detentor do título de “Pai da Aviação”. 

 

#Pílulas

 

Uma notícia da mais importância para os emedebistas: o dr. Waldir Costa já admite  concorrer por uma das três legendas partidárias à sucessão do atual Executivo friburguense. Álvaro de Almeida concorrerá numa das outras duas. Tudo indica que os dois nomes focalizados, com um terceiro que ainda não está definido, formem o Trio de Ouro da vindoura campanha em direção à Prefeitura de Friburgo.

 

A decisão do Dr. Waldir Costa em disputar o Executivo da nossa comuna, ocorreu numa hora psicologicamente transcendental. O “Bisturi de Ouro” que já por duas legislaturas integra a Assembléia Legislativa, vai assim, testar a sua popularidade e prestígio para um cargo executivo. 

 

É cada vez mais forte o lado dos que querem ver Friburgo, uma verdadeira cidade universitária. Estão sendo destruídos pela base, alguns argumentos, notadamente os de que as ações da Petrobras irão em crescendo em valorização e que o patrimônio em papéis que as ditas representam devem ficar resguardadinho em gavetas para as novas produções de filhotes… A ideia genialissima do Poder Público amealhar dinheiro, somente pode pegar em terreno dos que não compreendem a verdadeira finalidade das administrações públicas, dos que estão perdidos no cipoal dos princípios do comércio de dinheiro ou aqui, dos insensíveis ao drama dos que querem estudar e não conseguem por falta de recursos. 

 

Felizmente, temos fundadas razões para esperar que o bom senso vai imperar  quanto à alienação de ações da Petrobras. Hora a hora, o “furor” de um reduzido grupo interessado em que o prefeito atual não obtenha êxito em sua iniciativa corporificada na mensagem que enviou ao Legislativo, esse “furor” vai amainando, já que o bom senso deverá prevalecer, e, mesmo que isso não aconteça, a insegurança de liderança, assim como as responsabilidades perante à comunidade de Friburgo, irão somar-se ainda os interesses eleitorais de alguns… Vamos aguardar. 

 

E mais: Vem aí a Jornada Médica do Sanatório Naval e o Festival Cachoeirense da Canção Popular.

 

#Sociais

 

A VOZ DA SERRA registra os aniversários de: Eurídice Jabôr e Maria Coeli (20); Isabel Cristina Ennes (21); Paulo Roberto de Baère (22); João Agrello e Solange Maria da Cunha (23); Mariléa Erthal Costa, Diva Thurler Mezzavilla e Henrique Milward (24); Trajano de Almeida Filho (25); Abílio Souza Gomes (26); Leôncio Amado Machado, Maria de Lourdes Coelho, Florita Fernandes Cima e Agenor Jardim Fernandes (27); Maria Corrêa de Souza, Feliciano Benedicto, José Simeão e Sávio Júnior Verbicário (28); Márcia Haiut, Cláudio Veiga do Valle, Acyrema Vassallo e Maria de Lourdes Valle (29); Juliette Pólo e Moacyr Erthal (30); e Aurora Serpa Duarte (31). 

Registramos ainda o nascimento de: Alício Cardinali e o casamento de Alfredo Aquino e Erciléa Bom (em 6 de novembro). 

 

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R$ 33 mil para reconstrução

sexta-feira, 22 de outubro de 2021

O conserto do telhado e da parte elétrica do barracão da escola Alunos do Samba, atingido por um incêndio nesta semana, foi orçado em R$ 33 mil entre materiais e mão de obra. Sem condições de arcar com esse custo, a escola apela para a sua comunidade e lançou uma vaquinha online para angariar o recurso. A vaquinha é exclusivamente para o reparo estrutural e não contempla os prejuízos com alegorias e fantasias.

 

90% do carnaval perdido

O conserto do telhado e da parte elétrica do barracão da escola Alunos do Samba, atingido por um incêndio nesta semana, foi orçado em R$ 33 mil entre materiais e mão de obra. Sem condições de arcar com esse custo, a escola apela para a sua comunidade e lançou uma vaquinha online para angariar o recurso. A vaquinha é exclusivamente para o reparo estrutural e não contempla os prejuízos com alegorias e fantasias.

 

90% do carnaval perdido

A azul e branco de Conselheiro Paulino teve prejuízos ainda em três alegorias e perdeu 15 alas. Dessas, metade era para o próximo desfile. A outra metade já estava vendida para uma agremiação, o que obviamente não será mais concretizado. O carro abre-alas que já estava pronto terá que ser completamente refeito ou a escola terá que mudar de ideia, caso não consiga levantar recursos.

 

Solidariedade

A agremiação que é a mais antiga da cidade e uma das mais longínquas em atividade no Brasil vem contando com a solidariedade, inclusive, de agremiações do carnaval carioca que tem se comprometido em ajudar na recomposição dessas perdas entre fantasias e esculturas dos carros alegóricos.

 

Meta: desinterdição

O maior temor agora é a o tempo. O barracão está interditado pelo Corpo de Bombeiros e pela Defesa Civil, por medidas de segurança. Sua interdição impede que os funcionários e voluntários possam confeccionar as fantasias. A liberação só ocorrerá após os devidos reparos. Mas para fazer a reforma, a escola precisa de verba que não dispõe. Por isso, a urgência em angariar o recurso para de fato recomeçar.   

 

Enredo com crítica social

O Alunão definiu como enredo para o próximo desfile, aparentemente confirmado para 2022, “Hakuna Matata”, expressão africana que significa “Não tem problemas”. Relembrando seu histórico desfile com o enredo “Alô, Brasil”, a escola planejava uma pegada com crítica social com irreverência, característica que sempre rendeu bons desfiles ao Alunão. Inclusive, nesta semana, liberou a sinopse e o prazo para os compositores entregarem suas obras.

 

Planejamento afetado

A previsão era de que a semifinal do samba-enredo ocorresse no dia 21 de novembro e a grande final no dia 28 do mesmo mês. Os planos, até segunda ordem, estão mantidos. Mas pode haver pequenos ajustes na sinopse do enredo para abraçar a fatalidade ocorrida nesta semana. Neste domingo, 24, está mantida a churrascada na quadra que não foi atingida pelo incêndio. Os eventos são agora fundamentais para arrecadar recursos. A interdição é apenas do barracão. A quadra, atualmente está separada desse espaço, onde se guardam as alegorias e fantasias.

 

Eventos nas agremiações

Por falar em eventos pré-carnaval, a Vilage, realiza nesse domingo, 24, às 14h, uma live pelo YouTube, com seu intérprete, Monstrinho. No sábado passado, 16, a Unidos da Saudade realizou em sua quadra, um ensaio geral. Todos de máscara e protocolos sanitários respeitados. Já em termos de escolha do samba, a Imperatriz de Olaria encerra no próximo dia 29, o prazo para a entrega da letra e do samba por parte dos compositores que concorrerão na disputa para ser o hino da agremiação no próximo carnaval.

 

Multa para fura-fila

Já são mais de 750 denúncias em todo o Estado do Rio de Janeiro de pessoas que furaram a fila da vacinação contra a Covid-19. A informação é do Ministério Público que agora recebe o reforço da lei. A partir de agora, quem furar a fila pode ser multado de R$ 3,7 mil a R$ 37 mil. De acordo com a norma, os punidos não serão apenas os fura-filas. O agente público que colaborar com a irregularidade também pode estará sujeito aos valores e poderá ser afastado do cargo.

 

Nova informação na conta

Quem recebeu a conta de energia elétrica desse mês passou a ter uma nova informação na conta: a meta de redução do consumo. Trata-se do programa de redução voluntária do Governo Federal. Serão dados descontos para quem conseguir reduzir os gastos de energia entre setembro e dezembro. Essas informações também estão disponíveis de forma online no site da concessionária local.

 

Descontos para economia

Na fatura de energia, o friburguense encontra a informação de meta e acúmulo no campo “Atenção”. Lá, o consumo acumulado estimado para atingir a meta do programa do Governo, o quanto foi alcançado no mês anterior e o que é preciso para ter direito ao bônus em janeiro de 2022. No fim dos quatro meses é feita uma análise de quanta energia elétrica o cliente conseguiu economizar comparando o consumo de 2021 com o mesmo período em 2020.

 

Metas

Se for verificada a redução entre 10% e 20% em relação à meta informada, o desconto é concedido na conta de janeiro de 2022. Caso seja alcançada redução superior a 20% da meta, o bônus é calculado em relação à redução de 20%. Quem economizar menos que 10% não terá direito ao desconto e quem economizar mais de 20% não receberá bônus a mais. O valor a ser recebido é de R$ 0,50 a menos em cada quilowatt-hora consumido, ou seja, se tiver uma economia de 100 kWh, o bônus vai ser de R$ 50 na conta de luz de janeiro.

 

Palavreando

“Músicos são poetas com instrumentos divinais que traduzem mais do que se pode dizer e se sujeitam a interpretações cujos resultados podem variar de acordo com a individual audiência e o tempo de cada um. E as canções se tornam assim íntimas de nossas piores e melhores horas”. Trecho da crônica que será publicada na íntegra na edição deste fim de semana do Caderno Z, o suplemento semanal de A VOZ DA SERRA.

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Ser cortês

sexta-feira, 22 de outubro de 2021

Há quem tenha uma espécie de intolerância ao uso excessivo de verbos no modo imperativo. Eu sou uma dessas pessoas. “Faça. Pegue. Diga. Vá. Venha.” Dependendo do contexto em que essas palavras são ditas, não soam bem aos ouvidos.

O imperativo quando utilizado por aquele que fala ou escreve, comumente expressa a intenção de que seu interlocutor realize uma ação, em tom de ordem. O incômodo acontece quando o modo verbal é empregado em uma frase desacompanhado das palavras básicas da gentileza.

Há quem tenha uma espécie de intolerância ao uso excessivo de verbos no modo imperativo. Eu sou uma dessas pessoas. “Faça. Pegue. Diga. Vá. Venha.” Dependendo do contexto em que essas palavras são ditas, não soam bem aos ouvidos.

O imperativo quando utilizado por aquele que fala ou escreve, comumente expressa a intenção de que seu interlocutor realize uma ação, em tom de ordem. O incômodo acontece quando o modo verbal é empregado em uma frase desacompanhado das palavras básicas da gentileza.

Certamente, qualquer mandamento acompanhado por expressões cordiais surtirá efeito positivo se comparado a uma ordem seca. Uma ordem pode até (e provavelmente irá) resultar na execução da ação, mas certamente não provocará o melhor sentimento da pessoa. Tudo o que é dito e solicitado com simpatia tende a importar um resultado melhor, pois a ação pretendida possivelmente será desempenhada com mais boa vontade e alegria.

Basta comparar: “Fulano, faça isso!” e “Fulano, gostaria de que você fizesse isso, por favor.” Creio que a maioria das pessoas se sentiriam muito mais motivadas a fazer se lhes fosse solicitado com gentileza, como na segunda frase.

Desconfio que o tom excessivamente imperativo causa desconforto em todo e qualquer ouvinte ou leitor. Ao contrário, comunicação baseada na simpatia estimula um convívio mais cordial entre as pessoas. O quesito bem-estar deve estar agregado aos diálogos e às relações, sejam elas quais forem.

Não estou a questionar o uso da norma culta da língua, nem tampouco o emprego dos vocábulos e o uso escorreito da gramática. Acredito apenas que o sentido, o sentimento, a entoação e a intenção do comunicador impregnam as palavras, de modo que expressões grosseiras maculam as relações, gerando muitas vezes um mal-estar desnecessário.

Aposto no efeito da cortesia no trato com as pessoas, seja em qual ambiente for, no ambiente corporativo, nas relações de trabalho, no núcleo familiar, na comunicação entre amigos ou entre estranhos.

Por gentileza... Sejamos mais cordiais e sensíveis com o uso das palavras. Treinemos a prática de utilizar expressões de cordialidade, de educação. Apoiemos uma forma de falar sem constranger, sem impor indelicadamente, sem estressar a outra pessoa. Não se trata de certo e errado. É questão de seletividade e coerência. Dizer da forma como gostaria de ouvir, escrever da forma como gostaria de ler. Mais sutil. Mais respeitosa. Mais empática.

Concordo com Shakespeare quando disse: “Seja como for o que penses, creio que é melhor dizê-lo com boas palavras”.

 

Paula Farsoun é advogada e professora de Direito do Trabalho. Escreve às sextas-feiras.

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Já investiu em títulos de crédito privado?

sexta-feira, 22 de outubro de 2021

            Foram inúmeras as possibilidades de investimentos abordadas neste espaço, mas acredita que nunca conversamos sobre títulos de crédito privado? É claro, já citamos a classe (ou, minimamente, o nome dos títulos referentes a ela), mas ainda não dediquei uma coluna inteira ao tema. Chegou o momento!

            Foram inúmeras as possibilidades de investimentos abordadas neste espaço, mas acredita que nunca conversamos sobre títulos de crédito privado? É claro, já citamos a classe (ou, minimamente, o nome dos títulos referentes a ela), mas ainda não dediquei uma coluna inteira ao tema. Chegou o momento!

            Crédito privado é a alternativa de investimento em renda fixa que mantém todas as características de remuneração e liquidez definidas no momento da contratação. Mas a grande diferença para outros ativos da renda fixa – como os CDBs, por exemplo – é a ausência das garantias do Fundo Garantidor de Crédito (FGC); o que pode promover maior potencial de rentabilidade devido ao maior risco. Contudo, é importante entender os outros mecanismos de segurança que protegem o investidor que esteja interessado em diversificar suas alocações.

            Como o próprio nome sugere, os títulos de crédito privado são ativos representativos de dívidas; ou seja, o investidor torna-se credor ao comprar os títulos emitidos por uma instituição privada que torna-se a parte tomadora do crédito. Basicamente, o investidor (você) empresta dinheiro para uma empresa e os recursos podem ser utilizados de diferentes formas, como expansão de lojas ou reposição de fluxo de caixa, por exemplo. A finalidade do crédito costuma ser especificada na emissão do título e este é um mecanismo que possibilita acesso a recursos mais baratos do que através de instituições financeiras.

            “Mas, afinal, quais são as minhas garantias ao optar por estes ativos?” Títulos de crédito privado não são opções tão conservadoras como os títulos bancários e é importante entender o que está em jogo no momento da negociação. Instituições privadas responsáveis pela emissão destes títulos são classificadas de acordo com o rating de risco e podem variar das seguintes maneiras:

 

            Rating de Longo Prazo na escala nacional: AAA (mais alto); D (mais baixo)

            Rating de Curto Prazo na escala nacional: A-1 (mais alto); D (mais baixo)

 

            É claro que entre o rating mais alto e mais baixo existem diversas classificações e eu fiz questão de trazer apenas o conhecimento sobre como é classificado o risco de crédito das empresas em questão. Como você pode já ter percebido, os títulos de crédito privado são alternativas mais complexas dentro da renda fixa e isso exige mais conhecimento para o seu investimento. Portanto, não deixe de procurar informações mais específicas para cada um dos seus investimentos nesta classe de ativos.

            E por que investir em algo mais complexo? Por conta do potencial de remuneração promovido pelo ativo. Lembro-me bem de um título distribuído pelo meu escritório há cerca de seis meses, quando o Aeroporto Internacional de Guarulhos emitiu sua dívida e retribuía ao investidor uma taxa híbrida de IPCA + 10% ao ano. Altamente atrativo para um investimento em renda fixa, não acha? É por isso que você deve se manter sempre atento (e um profissional de assessoria de investimentos pode te ajudar) às diferentes oportunidades que o mercado proporciona. Então esteja sempre aberto (se fizer parte do seu perfil de investidor, é claro) às possibilidades em CRIs, CRAs e debêntures; podem ser ótimas alternativas de investimentos.

 

Gabriel Alves é consultor financeiro. Escreve às sextas-feiras.

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Saúde mental e visão altruísta

quinta-feira, 21 de outubro de 2021

Você se levanta pela manhã após uma boa noite de sono. Alguém arrumou sua cama colocando um lençol limpo, coberta, travesseiro com fronha cheirosa. Ou se foi você mesmo que a arrumou, alguém fabricou toda esta roupa de cama, a própria cama e o colchão.

Você vai ao banheiro para sua primeira higiene pessoal, antes de se envolver no trabalho do dia, e ali tem uma pia com torneira, água, vaso sanitário, chuveiro, toalha e papel higiênico. Alguém produziu todo este material.

Você se levanta pela manhã após uma boa noite de sono. Alguém arrumou sua cama colocando um lençol limpo, coberta, travesseiro com fronha cheirosa. Ou se foi você mesmo que a arrumou, alguém fabricou toda esta roupa de cama, a própria cama e o colchão.

Você vai ao banheiro para sua primeira higiene pessoal, antes de se envolver no trabalho do dia, e ali tem uma pia com torneira, água, vaso sanitário, chuveiro, toalha e papel higiênico. Alguém produziu todo este material.

Em seguida, antes ou após trocar a roupa de dormir, você vai tomar sua primeira refeição da manhã. Quem possibilitou você ter o pão, a manteiga, o cereal, a fruta, o suco ou leite que você irá ingerir, o prato e copo onde colocará os alimentos e bebida?

Estando tudo pronto para ir para o trabalho ou começar tarefas em casa, você pode parar um momento e pensar: “Pensando bem, existe tanta gente envolvida no meu dia a dia!” Mas a gente vai vivendo no automático e não percebe e nem valoriza estas coisas, até que algo, geralmente desagradável, ocorra para nos fazer parar, pensar, dar significado e valor.

Convivi com uma jovem enfermeira norte-americana quando estudei e trabalhei há alguns anos numa instituição americana de educação em saúde. Ela tirou um tempo para atuar como missionária num país africano. A comunidade onde ela serviu era muito pobre. Sua moradia temporária havia sido uma pequena choupana e não tinha chuveiro, de maneira que ela se levantava bem cedinho, logo que o sol nascia e se dirigia a um pequeno riacho bem raso, com escassez de água, onde se banhava.

Ao retornar aos Estados Unidos e vendo a abundância de água nas torneiras e chuveiro em sua casa, ela sentiu que imenso valor é ter água potável em sua residência. Já pensou nisso? Alguém prepara a água para chegar em sua casa e você poder usá-la para suas necessidades domésticas. Basta abrir a torneira!

Como seres humanos precisamos uns dos outros. Você não vive sozinho como se não dependesse de ninguém. Você não é um deus onipotente. Você e eu somos dependentes de inúmeras coisas, pessoas, instituições e do Criador da vida.

Na medida em que o fim do ano chega e a possibilidade de você estar vivo em um novo ano, novas e melhores decisões podem ser tomadas mesmo agora, ainda hoje. Usei a palavra “possibilidade” porque quem pode garantir que você estará vivo dentro de alguns minutos? Em um simples e rápido minuto tudo pode mudar em sua vida. Para o bem ou para o mal.

Mesmo antes de chegar a virada do ano, comece a cultivar em sua mente a ideia de que somos semelhantes como seres humanos, somos dependentes uns dos outros, precisamos das pessoas. Você pode ter milhões de reais, dinheiro aos montes em paraísos fiscais, adquiridos de forma correta ou corrupta, mas ainda assim precisa das pessoas. Se você, multimilionário, comprasse uma ilha com uma casa superconfortável e fosse viver lá sozinho, com ou sem arrogância, com ou sem prepotência, com muita probabilidade adoeceria e morreria antes do tempo devido à solidão, e teria que fazer tudo sem colaboradores. Você precisa de pessoas.

Saúde mental depende muito de uma visão compassiva das pessoas, de considerar que somos humanos, sejamos ricos ou pobres, mas todos mortais, frágeis, dependentes de tanta coisa e de tanta gente. Já pensou se os que comandam os povos – prefeitos, vereadores, deputados estaduais, deputados federais, senadores, grandes empresários, magistrados, presidentes, primeiros ministros, reis e rainhas, pensassem dessa forma, sendo compassivos, honestos, realmente interessados no alívio do sofrimento da comunidade? Que mundo seria!

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Cesar Vasconcellos de Souza – www.doutorcesar.com

 

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O Brasil poderá sofrer com o desabastecimento de combustíveis em novembro

quinta-feira, 21 de outubro de 2021

Nesta semana, a Petrobras confirmou que não conseguirá atender todos os pedidos para o fornecimento de combustíveis em todo país. Segundo as empresas distribuidoras, o possível desabastecimento poderá ocorrer já no mês que vem e afetar diretamente o preço do produto nos postos.

De acordo com as varejistas distribuidoras, a gigante nacional do petróleo brasileiro cortou parte da oferta de gasolina e diesel produzido no próximo mês, decisão que foi tomada de forma unilateral.  

Nesta semana, a Petrobras confirmou que não conseguirá atender todos os pedidos para o fornecimento de combustíveis em todo país. Segundo as empresas distribuidoras, o possível desabastecimento poderá ocorrer já no mês que vem e afetar diretamente o preço do produto nos postos.

De acordo com as varejistas distribuidoras, a gigante nacional do petróleo brasileiro cortou parte da oferta de gasolina e diesel produzido no próximo mês, decisão que foi tomada de forma unilateral.  

Em comunicado, a petroleira, por sua vez, alega que recebeu uma demanda atípica de pedidos em todo país, acima da sua capacidade de produção e dessa forma não terá condições de refino para abastecer todo território nacional com combustíveis.

Como já explicitado por mim, anteriormente, nesta coluna, no texto “Preço da gasolina aumenta mais uma vez” publicado em 12/08/2021, o Brasil não é autossuficiente em petróleo desde 2011. “Apesar de produzir mais quantidade de barris de petróleo do que consome, a capacidade de processamento e refino da matéria prima ainda não suporta a demanda nacional. Segundo um estudo da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e da Coope/UFRJ, a capacidade de produção das refinarias nacionais é somente de 75%, em média.”

De acordo com as associações das distribuidoras de gasolina no país, os cortes nos pedidos feitos à Petrobras chegam a mais de 50% do volume solicitado, em alguns casos. Por sua vez, afirmam ainda que com a significativa redução há o risco de desabastecimento nacional.

Uma possível crise dentro da crise

As previsões caso um cenário de desabastecimento de combustíveis venha a acontecer no Brasil não são nada otimistas. Em primeiro lugar, caso haja falta de gasolina, assim como ocorreu durante a greve dos caminhoneiros, em 2018, o preço do combustível tende a subir. Com a falta dos derivados de petróleo nas bombas de abastecimento dos postos de gasolina, haverá muita demanda e menor disponibilidade, trazendo aplicação direta da lei da oferta e da procura, elevando assim, o seu preço repassado ao consumidor final.

Por outro lado, em hipótese ainda mais grave, a falta de diesel no país colocaria em cheque o principal meio de fornecimento de produtos básicos, os caminhões. Arroz, feijão, carne, açúcar e café estariam dentro da lista dos produtos que tenderiam a ter um novo aumento devido à sua escassez nas prateleiras do mercado.

Nova ameaça de greve dos caminhoneiros

Após uma reunião realizada no último sábado, 16, entidades que representam os caminhoneiros do país prometeram fazer uma greve no início de novembro caso o Governo Federal não atenda a lista de reivindicações por eles assinada. O encontro contou com a participação da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transporte Logística (CNTTL), do Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC) e da Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava).

Dentre a lista de reivindicações estão inclusas a redução do preço do diesel, a revisão da política de fretes mínimos, a aprovação do novo marco regulatório do transporte rodoviário de cargas, regime especial de aposentadoria e melhorias nos pontos de descanso.

Caso a promessa de greve geral das entidades caminhoneiras seja concretizada, reflexos negativos poderão ser estendidos ao comércio durante a Black Friday, que ocorrerá no dia 26 de novembro. Prejuízos podem ocorrer numa data importante para lojas que vendem significativa parcela de seus estoques em um único dia. Nesse sentido, a greve de caminhoneiros pode gerar desabastecimento de eletroeletrônicos, principal mercadoria vendida.

Infelizmente, nesse cabo de guerra, nós, meros mortais, ficamos no meio da corda, sendo puxados para todo lado e sem poder fazer muita coisa. O que nos resta é somente aguardar dias melhores e soluções efetivas.

Lucas Barros é bacharel em Direito. Escreve às quintas-feiras.

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Números que deveriam ampliar a flexibilização?

quarta-feira, 20 de outubro de 2021

Pelo menos 65% da população em idade de se vacinar contra a Covid-19, em Nova Friburgo, completou o esquema vacinal com duas doses. Segundo a prefeitura, 113.014 pessoas receberam as duas doses, sendo que 4.360 destas receberam a dose única da Janssen. O Ministério da Saúde usa os cálculos da população estimada de 2020, ou seja, ligeiramente menor do que a estimativa populacional de 2021.

 

Falta de censo e senso atrapalham

Pelo menos 65% da população em idade de se vacinar contra a Covid-19, em Nova Friburgo, completou o esquema vacinal com duas doses. Segundo a prefeitura, 113.014 pessoas receberam as duas doses, sendo que 4.360 destas receberam a dose única da Janssen. O Ministério da Saúde usa os cálculos da população estimada de 2020, ou seja, ligeiramente menor do que a estimativa populacional de 2021.

 

Falta de censo e senso atrapalham

Assim, a população friburguense em idade de vacinar seria 172.600 pessoas. 18.500 seria a população aproximada, menor de 12 anos. Com a ausência do censo demográfico, o dado pode ser impreciso. A última aferição in loco se deu em 2010. Há um censo previsto para o ano que vem, mas que vem encontrando dificuldades de ser realizado por cortes do Governo Federal no orçamento específico para esse fim, mesmo com determinação judicial para que seja realizado.

 

Dados divergentes

Voltando a vacinação, a coluna já havia divulgado na semana passada que 87% da população local tomou a primeira dose. Os dados de vacinação completa diferem dos da prefeitura, que passou a divulgar, após a aferição da coluna, o vacinômetro, ou seja, o percentual de vacinados. A prefeitura diz que 58,86% da população está completamente vacinada com as duas doses. De qualquer sorte um número muito próximo do mágico 65% que a coluna defende ter sido atingido.

 

Por que mágico?

65% foi o número estabelecido pelo Comitê Científico da cidade do Rio de Janeiro para duas medidas impactantes no cotidiano: a desobrigação do uso de máscaras em locais abertos (sem grandes aglomerações) e a liberação de 100% da utilização dos espaços fechados, como restaurantes, casas de festas e boates. Essa marca está muito próxima de ser atingida na capital que está com 60% da população imunizada com as duas doses ou dose única.

 

Estado atingiu 60%

O Estado do Rio de Janeiro, no conjunto de seus 92 municípios, também atingiu a marca de 60% da população com o esquema vacinal completo contra a Covid-19. Pelas contas da Prefeitura de Nova Friburgo, portanto, o município estaria abaixo da média estadual. Pelos dados da coluna, estaria acima da média. Motivada ou não pela coluna em passar a divulgar o percentual de imunizados, seria legal a prefeitura divulgar também o percentual de vacinas aplicadas e que seguem sem estar no sistema oficial do SUS: 24% permanecem sem cadastro. 

 

Ciência x negacionismo

O Comitê Científico do Rio reúne médicos e especialistas de diferentes áreas de saúde e vem tomando as decisões acerca da pandemia desde o início da gestão que assumiu em 1º de janeiro. A meta para a flexibilização mais ampla está documentada em estudos internacionais que baseiam as decisões do grupo. Tudo leva a crer que a partir da semana que vem, a flexibilização ampliada já ocorra na capital. Essa nova fase acontece a partir dos 65% e será ampliada ainda mais quando atingir 75% da população com o esquema vacinal completo.

 

Nada de supetão

Por óbvio, há controvérsias e debate se 65% de imunizados já permite a liberação total dos espaços fechados e a desobrigação do uso de máscaras ao ar livre. Na ciência, ainda mais num cenário de pandemia e novos desafios, as decisões têm base, mas não são 100% seguras, ainda que apontem para mais seguras ou menos seguras. O fato é que números e estudos devem ser levados em conta para mais assertividade.    

 

Cidade do atraso

Em Nova Friburgo, o convívio com a falta de planejamento tem sido uma constante. A prefeitura não dá indícios de trabalhar com números e não dá qualquer sinal de que acompanhará a capital. Pelo contrário: recentemente, sancionou uma lei que multa quem não usar máscaras. Medida que cá entre nós, deveria ter sido tomada lá atrás e não agora. A discussão do momento deveria ser passaporte de vacina e liberação de máscaras em espaços abertos. Além, é claro, de ampliação de campanha para quem tomou a primeira dose volte para a segunda. Nenhuma das três frentes, no entanto, parece estar em andamento.

 

Volta de eventos

O próximo fim de semana tem programada a volta de dois eventos shows, no Espaço Ypu. No entanto, além das medidas sanitárias, a capacidade de público será reduzida. Os organizadores de eventos, setor que emprega aproximadamente dez mil pessoas, é um dos mais atingidos na pandemia e certamente o último a estar voltando. Acredita-se que os eventos com artistas locais são testes para a retomada dos grandes shows.

 

Ironia

Lembrando que as casas de festas e boates da cidade já retomaram as atividades com medidas sanitárias e restrição de público e horário. No entanto, chega a ser irônico o encerramento à 1h da madrugada, muitas das vezes com força policial. É como se antes de uma, a letra fria da lei protegesse as pessoas e depois de uma, não. 

 

Novo Ensino Médio

O novo ensino médio que entra em vigor no ano que vem, só será instituído na rede estadual do Rio de Janeiro em 2023. A partir do ano que vem, o ensino médio passará por uma mudança em sua carga horária e no conteúdo nas aulas de aula. Dentre outras mudanças, a carga horária sobe de quatro para cinco horas diárias; as disciplinas precisarão conversar entre si — interdisciplinaridade e cada aluno poderá montar sua grade, escolhendo as áreas de maior interesse.

 

RJ para trás

As mudanças são regulamentadas por uma lei aprovada em 2017 – ou seja, as redes de ensino tiveram quatro anos para se preparar até a estreia, marcada para o início do ano que vem. O início, entretanto, vai variar e muito de um estado para outro. Cada estado definirá um leque de opções dentro de cinco frentes: linguagens, matemática, ciências humanas, ciências da natureza e ensino técnico.

 

Transição

No plano do Estado do Rio de Janeiro, os alunos, com exceção das escolas integrais, vão ter apenas conteúdo da Base Nacional Comum Curricular em 2022. As escolhas de itinerários formativos só vão valer a partir de 2023. Mesmo assim, já no ano que vem, a rede estadual inicia a travessia já aplicando a interdisciplinaridade entre as matérias.

 

Chamada para pós

O Instituto Politécnico da Universidade do Estado do Rio de Janeiro abre de 1º a 12 de novembro, as inscrições para a seleção de candidatos ao Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Materiais, para turma com início em 2022, no primeiro semestre. O curso de mestrado possui duas áreas de concentração e seis linhas de pesquisa. Informações pelo site do IPRJ: www.iprj.uerj.br.

 

Palavreando

“Tento inventar um mundo em que tudo é exatamente como eu gostaria que fosse. Nem tanto. Um mundo em que tudo fosse pelo menos - justo. Afinal, não se pode culpar ninguém pelas próprias tragédias, mas o que se espera é um mínimo de compreensão, de equilíbrio naquilo que se dá para se ter”.

 

Legenda foto

O Tecle Mulher está completando dez anos de estudos, campanhas e acompanhamento de dados sobre a violência contra as mulheres em Nova Friburgo, muitas das vezes confrontando os dados apresentados pelas autoridades locais, prestando serviço relevante de cobrança de transparência. Para marcar a data, faz lançamento de uma publicação. Hoje, 20, às 18h, no Espaço Babel, na Avenida Galdino do Valle Filho, 9, no Centro.

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18 de outubro, Dia do Médico

quarta-feira, 20 de outubro de 2021

O dia do médico é comemorado em 18 de outubro, dia que a Igreja Católica comemora a memória de São Lucas, o evangelista, que tornou-se o padroeiro dos médicos. Ele nasceu na Antioquia, onde atualmente está a Turquia, e estudou medicina em Alexandria, tendo exercido sua profissão em Roma, onde foi médico do imperador Tibério. Apesar disso, buscava praticar a medicina entre os mais necessitados afastando-se por isso, depois de certo tempo, das atividades no palácio.

O dia do médico é comemorado em 18 de outubro, dia que a Igreja Católica comemora a memória de São Lucas, o evangelista, que tornou-se o padroeiro dos médicos. Ele nasceu na Antioquia, onde atualmente está a Turquia, e estudou medicina em Alexandria, tendo exercido sua profissão em Roma, onde foi médico do imperador Tibério. Apesar disso, buscava praticar a medicina entre os mais necessitados afastando-se por isso, depois de certo tempo, das atividades no palácio.

Na bíblia, as primeiras citações sobre Lucas estão nas epístolas de Paulo, que fazem referência a ele como "colaborador" e "o médico amado" (CO 4:14). Apesar disso, antes mesmo de se converter ao cristianismo, ele dedicava a vida aos humildes, pregando a solidariedade e o amor. Por isso, desde o século 15, comemora-se o Dia do Médico na data de seu nascimento, 18 de outubro.

Esse introito se faz necessário não só para explicar a razão da comemoração dessa data, mas também para deixar claro que, na realidade, o dia do médico é todo dia, pois esse profissional é imprescindível no exercício diário de zelar pela saúde do ser humano. Seja nas ações preventivas, seja nas ações curativas, seja na capacidade de ouvir e consolar seu semelhante, o médico tem de estar a postos, sempre que solicitado.

Nesses últimos dois fatídicos anos, em que o planeta foi assolado pela pandemia da Covid-19, esses profissionais, juntamente com toda a equipe de saúde, exerceram papel relevante na preservação da vida humana. Foi uma luta encarniçada em que muitos tombaram pelo caminho, mas dignificaram uma categoria que muitas vezes é criticada, mas que mostra sempre o seu valor, principalmente quando posta à prova. Muitos foram aqueles, durante o pico máximo da contaminação, que foram obrigados a dormirem fora de casa, para não arriscarem contaminar os seus entes queridos. Sacrificaram a própria família em razão de sua missão de cuidar dos seus semelhantes.

Como diz Pedro Rachid, “o médico não é mais especial do que nós, não ele não é, somos todos iguais, sem nenhuma distinção diante do Criador. Mas, possuem algo que não desfrutamos, enquanto humanos”. “O médico tem nas mãos vidas, a grande criação de Deus, por isso são extraordinários, exclusivos e essenciais aos planos do Senhor”. E continua: “Em patamar elevado, cuida de nós, sara nossas feridas, cura nossas doenças e salva vidas. Guiados pelas mãos divinas, são anjos disfarçados, dependentes de carinho e do amor da gente”. E conclui: “São exclusivos, mas naturais, o que os difere vem do perfume da alma, são como nós, apenas uma aura em seu estado áureo, sempre pronto a salvar vidas, o maior e mais importante presente de Deus”.

Tudo o que sou devo à medicina e ao período de 43 anos em que atuei como médico, seja no âmbito público ou no privado, onde fiz muitos amigos, pois ao longo da profissão não são poucos os pacientes que se tornam amigos de seus médicos. Encostei o estetoscópio em 2017, pois senti que os mais jovens que chegavam para engrossar a lista de endocrinologistas da cidade, eram capazes de conduzir o bastão com dignidade e, sobretudo, com capacidade.

Mas, não me desliguei totalmente da profissão, pois ser médico é para sempre. Assim, atendi ao convite de prestar ajuda à Adinf (Associação dos Diabéticos de Nova Friburgo), me dedicando de novo aquilo que fiz durante toda a minha vida, agora num trabalho cuja remuneração maior é o reconhecimento daqueles que necessitam de cuidados e, sobretudo, de ajuda.

Um excelente Dia do Médico a todos os meus colegas de profissão, com ênfase naqueles que se desdobraram no combate ao maldito vírus chinês. Um especial agradecimento aos que perderam a vida para o coronavírus e a seus familiares, pois o sacrifício deles não foi em vão.

 

Max Wolosker é médico e jornalista. Escreve às quartas-feiras.

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