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A queda das redes sociais num mundo globalizado

quinta-feira, 07 de outubro de 2021

Blackout nas comunicações

Devido a uma grande instabilidade, os sites e aplicativos do Instagram, Facebook e Whatsapp ficaram fora do ar por um período de sete horas na tarde desta segunda-feira. Usuários começaram a reclamar de falta de acesso, falha na atualização do feed e do carregamento de mensagens por volta das 12h30 (horário de Brasília), que somente retomou seu pleno funcionamento pelas 19h00.

Blackout nas comunicações

Devido a uma grande instabilidade, os sites e aplicativos do Instagram, Facebook e Whatsapp ficaram fora do ar por um período de sete horas na tarde desta segunda-feira. Usuários começaram a reclamar de falta de acesso, falha na atualização do feed e do carregamento de mensagens por volta das 12h30 (horário de Brasília), que somente retomou seu pleno funcionamento pelas 19h00.

A empresa Facebook por sua vez alega que não foi detectada nenhuma falha de segurança ou ataque hacker, mas que tudo foi proveniente de um erro interno de sistema que ocorreu durante uma configuração e atingiu os roteadores do backbone, pilar basilar que coordena o tráfego de informações na empresa.

De acordo com a Bolsa de Valores americana com negócios do ramo de tecnologia, a Nasdaq, a empresa de Mark Zuckerberg perdeu 5% de valor de mercado em apenas um dia, algo próximo aos 50 bilhões de reais.

Impactos externos

Hoje as empresas de tecnologia estão todas interligadas e de certa forma, coordenam o nosso modo de viver. O dia de segunda-feira pode nos mostrar com clareza o quão dependente somos dos serviços de comunicação, não somente para lazer, mas especialmente para trabalho, comunicação e organização pessoal.

Muitas empresas usam suas redes sociais como vitrine e como principal meio de contato como o cliente num mundo tão globalizado, sem necessariamente, possuir uma sede física em algum lugar. Contudo, com a instabilidade do grupo Facebook dessa semana, muitos empreendedores tiveram impacto direto em suas vendas e relataram prejuízos.

Por sua vez, aplicativos de comunicação como Whatsapp, têm um papel imprescindível na comunicação nos dias atuais, reduzindo as distâncias, aproximando pessoas e trazendo agilidade e fluidez em nossa rotina, conforme apontado por Patrícia Fiasca, jornalista e pós-graduada em Comunicação Integrada pela ESPM:

“Não existem fronteiras e isso ficou ainda mais evidente nos tempos de pandemia, em que tivemos que nos adaptar rapidamente a novos processos e rotinas. Nunca foi tão clara a percepção de que podemos nos comunicar com pessoas em qualquer lugar do mundo e resolver boa parte da nossa vida pelo computador ou celular, já que fazer as coisas presencialmente muitas vezes não é a opção mais viável.”

Por fim, o blackout de segunda-feira serviu para alertar o quão “viciadas” as pessoas estão em acessar as redes sociais a todo tempo. Quem não ficou abrindo os aplicativos de mensagens e de fotos, de minuto em minuto, aguardando ansiosamente o retorno à normalidade, que atire a primeira pedra. Algumas pesquisas apontam que o uso das redes sociais é a primeira coisa feita pela maior parte das pessoas logo ao acordar e a última antes de dormir.

A web-interação é uma realidade na vida das pessoas e que veio para ficar, com seus benefícios e malefícios. Contudo, torna-se necessário entendermos qual o limite entre a dependência do uso e as necessidades habituais ao dia a dia.

Quem nunca lidou com a chata situação de estar junto a um grupo e se deparar com todos, a todo tempo, usando seus smartphones? A habitualidade de postar fotos, vídeos e checar a vida alheia se tornou mais do que um hobbie, mas uma necessidade, conforme indicado pelos pesquisadores do King's College de Londres, que um quarto dos jovens ficam em “pânico” ou “chateados” se o acesso ao aparelho celular lhes for negado.

A queda dos aplicativos do grupo Facebook, nesta semana, trouxe um leve desconforto às pessoas, contudo, segunda-feira foi um dia importante para ressignificarmos algumas coisas. A primeira é que não devemos depender unicamente de uma empresa para comunicação, especialmente se tivermos um negócio. A segunda é que estamos cada vez mais dependentes (e viciados) nas redes sociais. A terceira é que o aplicativo de SMS e de discagem, em nosso celular, ainda tem utilidade e não somente servem para ocupar a memória do aparelho.

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Uma dor de difícil cura

quinta-feira, 07 de outubro de 2021

Podemos sofrer diferentes tipos de dores. Dor física, dor mental, dor social, dor espiritual. Tem alguma que é pior? O que você acha?

Podemos sofrer diferentes tipos de dores. Dor física, dor mental, dor social, dor espiritual. Tem alguma que é pior? O que você acha?

Quem está no momento com dor física, por exemplo, de um câncer, ou de ciática, dor de dente forte, poderá dizer que esta é a pior dor. Quem está vivendo uma situação econômica complicada por ter sido demitido da empresa, talvez diga que esta dor social e financeira é a pior. Se uma outra pessoa está sofrendo abusos no seu lar, seja uma criança abusada pelo pai ou mãe, seja um marido convivendo com uma mulher autoritária e agressiva, ou uma esposa vivendo com um homem violento, certamente isto será visto como a pior dor.

Além disso, alguém pode estar decepcionado com Deus e sofrendo alguma perda que atinge a dimensão espiritual de sua vida, e neste caso poderá avaliar esta dor de origem espiritual como a pior.

Talvez a pior dor seja aquela que a pessoa está vivendo no momento. Porém, uma das dores mais difíceis de se enfrentar é a dor da infidelidade conjugal, a dor que um cônjuge que era fiel, que amava seu companheiro ou sua companheira, passa a experimentar. Nestes casos geralmente há um misto de angústia, tristeza, raiva, decepção, surpresa e espanto.

Por que um esposo trai sua companheira ou uma esposa trai seu companheiro? Se considerarmos os aspectos psicológicos da relação conjugal podemos encontrar algumas explicações. Um marido pode sentir falta de uma mulher, quando tem em casa uma esposa tipo mãe. Uma esposa pode sentir falta de um homem, quando tem em casa um marido tipo pai. Em ambos os casos o que predomina no cônjuge traído é talvez um excesso de papel de mãe e de pai que ela e ele praticam.

Outra explicação pode ser um homem fissurado em sexo, que sofre compulsão sexual e não se sacia com sua esposa. Outro argumento é o de que uma esposa pode ser fissurada em romance, e não se sacia com o que o marido oferece.

Seja qual for o motivo ou os motivos que empurraram a pessoa para uma infidelidade conjugal, nada a justifica. Explica, mas não justifica. Uma pessoa madura que está sofrendo no casamento não vai trair. Ela vai tentar resolver o problema do relacionamento atual que produz infelicidade e frustração.

A dor da infidelidade é de difícil cura. E pode causar muita devastação na família e mesmo entre amigos do casal. Evite isso. Seja sincero, seja sincera com seu cônjuge, abra o jogo e explique que está sentindo falta de algo no casamento ou noivado e mesmo no namoro, e diga o que é. O sofrimento poderá ser muito menos destruidor e devastador se você que está sendo tentado ou tentada a trair seu cônjuge, sentar e conversar com ele e explicar o que está ruim no relacionamento. Não siga modelos mesquinhos e doentios de novelas de televisão.

A dor da infidelidade conjugal tem um processo de cura bem doloroso. Pode levar anos. A ferida pode ir se fechando e reabrir mais adiante e depois começar a cicatrizar de novo. É bem difícil recuperar a confiança. É complicado voltar a ter o sentimento agradável pelo cônjuge que traiu e pelo cônjuge traído. Menos pior talvez seja ser honesto, honesta e romper o relacionamento, do que trair e abrir uma ferida de difícil cura que pode deixar cicatrizes para o resto da vida, em todos da família.

Uma maioria dos casos de infidelidade conjugal tem cura. Neste caso também é melhor prevenir do que tratar. Porque é uma dor de difícil cura. Seja honesto, seja honesta com seu cônjuge. Se tem a sensação de que não ama mais, fale disso, chegue a um acordo, mas evite a infidelidade. Ela também é uma maldade e uma prisão, embora com gosto de liberdade. Uma pessoa interessante lá fora que lhe atrai, também tem problemas. Cuidado, não se iluda.

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De volta aos palcos

quarta-feira, 06 de outubro de 2021

De volta aos palcos
Depois de quase dois anos sem se apresentar com plateia, por conta da pandemia, Benito di Paula vai celebrar seus 80 anos de idade no lugar que o consagrou: o palco e com público. O friburguense mais ilustre se apresentará no Rio de Janeiro exatamente no dia em que nasceu: 28 de novembro. O show será no Viva Rio, às 20h.

De volta aos palcos
Depois de quase dois anos sem se apresentar com plateia, por conta da pandemia, Benito di Paula vai celebrar seus 80 anos de idade no lugar que o consagrou: o palco e com público. O friburguense mais ilustre se apresentará no Rio de Janeiro exatamente no dia em que nasceu: 28 de novembro. O show será no Viva Rio, às 20h.

Benito + Rodrigo
Benito usou esse tempo de isolamento social para estar ao lado do filho, Rodrigo Vellozo, no projeto Benito + Rodrigo em casa, com lives semanais no Instagram e pequenas entrevistas com músicas que relembram a carreira do cantor. Agora, com vacina e consequente relaxamento das medidas sanitárias, pai e filho vão para o palco. Rodrigo é uma das atrações do aguardado show que deve contar com o melhor do repertório do Homem da Montanha.

Obrigatório comprovante de vacinação
Importante lembrar que há um vasto protocolo para estar no show. Como só ocorre daqui a quase dois meses, por enquanto as normas são: público reduzido (um terço da capacidade do espaço), apenas venda por mesas ou camarote com duas ou quatro pessoas que sejam da mesma família ou grupo de convivência comum, obrigatório o uso de máscara e a apresentação de documento com foto e comprovante de vacinação contra a Covid-19 pela plataforma online do SUS (ConectaSUS) para todos que tenham acima de 18 anos. 

Ingressos limitados
Os ingressos só estão sendo vendidos por meio online e custam a partir de R$ 120,00 (R$ 60, a meia para quem tem direito). Com o distanciamento entre as mesas e sem a pista de dança, o espaço onde caberiam até quatro mil pessoas, deve se limitar a aproximadamente mil pessoas, mantida as regras atuais até lá. Ou seja, a quantidade de ingressos é bastante limitada.      

Salve Benito!
Celebrando seus 80 anos, apesar da pandemia e da inércia da cidade, espera-se que Nova Friburgo possa fazer as devidas reverências a esse artista que jamais escondeu suas origens serranas. Show por aqui, homenagens variadas seriam, certamente, muito bem-vindas. Basta olhar para a vizinha Duas Barras com seu conterrâneo Martinho da Vila e quem sabe aprender algo com a experiência de lá.   

Talento friburguense
Tem friburguense campeão de disputa de samba no grupo especial do Rio de Janeiro. O compositor Devid Gonçalves faz parte da parceria vencedora na Viradouro encabeçada por Felipe Filósofo. Considerada pelos críticos como uma obra-prima, o samba apresenta uma inovação para os desfiles. Foi todo feito em forma de carta.

Devid Gonçalves
Os autores revelam que ao lerem a sinopse da atual campeã do carnaval carioca não tiveram dúvidas: buscaram no samba de Noel Rosa, da década de 30, a inspiração para fazer um samba-enredo em forma de carta. O risco da inovação deu certo. O samba conquistou o público, críticos e os jurados da agremiação de Niterói, que escolheram o samba que tem o friburguense no time, como hino de 2022.

Carnaval pós-pandemia
O enredo da Viradouro é: “Não há tristeza que possa suportar tanta alegria”. O desfile vai destacar o sentimento dos cariocas na folia de 1919, que marcou o fim da pandemia da gripe espanhola. Parecido com o que vivemos agora. Assinado pelo cantagalense Tarcísio Zanom. Quer mais filhos da região como protagonistas do maior carnaval do mundo? No carro de som da Viradouro tem o friburguense, Guto. Já na Grande Rio, Evandro Malandro e Kaísso.

Poesia pura
O samba-carta tem tudo para ser um dos melhores entre os 12 que desfilam no carnaval do ano que vem na Marquês de Sapucaí. Começa exatamente como se fosse uma carta do Pierrot apaixonado (o povo) para a Columbina (o carnaval): "Amor, escrevi esta carta sincera. Virei noites à sua espera. Por te querer quase enlouqueci. Pintei o rosto de saudade e andei por aí. Segui seu olhar numa luz tão linda, conduziu meu corpo, ainda, o coração é passageiro do talvez, alegoria ironizando a lucidez. Senti lirismo, estado de graça. Eu fico assim quando você passa”. E segue até ser assinada com data e tudo: “Rio de Janeiro, 05 de março de 1919”.

Rio confirma carnaval
Ressalte-se que o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, confirmou o carnaval do ano que vem, sem distanciamento e sem limitação de público. As 12 escolas do grupo especial já anunciaram seus sambas, cujas finais estão sendo exibidas na TV Globo, aos sábados. Destaque para os sambas da Mangueira, Grande Rio e Mocidade, apontados ao lado da Viradouro como os melhores da safra.

Outros destaques friburguenses
Pelos enredos, também devem conquistar o público os sambas da Vila Isabel e da São Clemente. A primeira homenageia Martinho da Vila, enquanto a segunda homenageia o comediante Paulo Gustavo que faleceu neste ano. Outros compositores friburguenses também participaram das disputas de samba do carnaval carioca. Destaques para Jefinho que ficou nas semifinais da Imperatriz Leopoldinense e Guto Guimarães, semifinalista na Mangueira. Sempre bom lembrar que o atual Estandarte de Ouro é friburguense: Evandro Malandro, intérprete oficial da Grande Rio.

Tocando em frente
Se o Rio confirma o carnaval, assim como já fez também a cidade de São Paulo, por aqui sem indicativos por parte da Prefeitura. Preocupados, mas alheios às reais intenções dos mandatários locais, as escolas de samba de Nova Friburgo estão tocando a vida e preparando os desfiles. A Imperatriz de Olaria, inclusive, recebe até 29 desse mês, os sambas que pretendem concorrer na disputa da Vermelho e Branco.        

Palavreando
“Quando se é jovem, a gente acredita que o tempo é tão criança quanto nós, mas, na verdade, o tempo nos faz desistir de algumas crenças, como a de que não se pode voar como o Super-Homem”.

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A casa de meus avós

quarta-feira, 06 de outubro de 2021

Ao vê-la chorando, o pássaro faz uma curva no ar e volta para dentro da gaiola

Ao vê-la chorando, o pássaro faz uma curva no ar e volta para dentro da gaiola

Meus avós maternos moravam na Vila Nova, nos fundos de um estreito corredor que ia dar no morro do Colégio da Fundação Getúlio Vargas. Eu nasci ali pertinho, em frente ao que era então a estação de cargas da Leopoldina Railway e hoje é o batalhão da PM. Nem o trem me levou, nem a polícia me prendeu. Simplesmente fui ficando, mudei de bairro duas ou três vezes e agora só mudo de onde estou para dar cumprimento ao que escrevi num modesto poeminha que começava assim: Quando eu morrer/ quero ficar/ se a morte tem algum nexo, / ali atrás da prefeitura, / na altura.

Pois foi no pequeno espaço do quintal da casa de vovô e vovó (na verdade, “casa da vovó”, que desde cedo a gente aprende quem é que de fato manda no pedaço) que eu vivi aqueles anos que Casimiro de Abreu chamou da “aurora da minha vida”. Se ali não havia as bananeiras e os laranjais de que fala o poeta, havia para compensar uma horta e alguns pés de café. Na época própria, os grãos eram esparramados no chão de terra batida e ficavam à disposição do sol, para que este, quando fosse servido, os secasse. E, claro, havia um pilão e o cheiro de café que subia pelo ar e continua subindo pelas paredes da memória, como diria Belchior.

Mas o principal era o barranco. Sim, havia um barranco, um altíssimo barranco, pelo qual se subia através de meia dúzia de degraus cavados na terra. Grande era a emoção de percorrer aquela densa Amazônia de esquálidos arbustos, um pé de goiaba e outro de pitanga. Santas e boas horas passamos ali, eu e meu irmão, tentando pegar passarinhos que nunca nos deram confiança, tentando entender o milagre da física que permitia às formigas carregarem uma folha com o dobro do tamanho e do peso delas. E pensando muito seriamente no futuro: quando o bolo de fubá ficaria pronto, quando vovô nos daria a bala que havia prometido, quando... quando... quando...

E foi na casa dos meus avós que pela primeira vez percebi o quanto pode a beleza feminina, o poder da beleza feminina. Antes de contar esse caso, conto outro, que me ocorreu agora. Eu estudei um ano de espanhol. Claramente havia um buraco no horário e para fechá-lo o colégio lançou mão do primeiro professor que achou disponível, que era de espanhol, como podia ser de mandarim ou de física quântica. Nada e menos ainda foi o que me ficou dessas aulas, mas sei que certa vez lemos um soneto, do qual ainda me lembro o assunto e o verso final. No poema, um pássaro está preso e sua dona, que o adora, fica com pena dele e abre a porta da gaiola. Mas, ao sentir que perdia o bichinho amado, põe-se a chorar. Ao vê-la chorando, o pássaro faz uma curva no ar e volta para dentro da gaiola. E o poeta exclama no último verso: “O quanto pode uma mulher que chora!”

Mas deixemos o Colégio Cêfel e voltemos à casa dos meus avós. Meu irmão sofreu um acidente e precisava de atendimento médico domiciliar, o qual nunca lhe faltou, porque ele contava com a sorte de ter uma tia bonita. Por causa dela, diariamente o médico ia visitar seu paciente predileto e aproveitava para uma demorada conversa com a tia do doentinho. Não quero cometer o pecado de achar que ele alimentava segundas ou terceiras intenções. Mas, se alguma coisa valem as impressões de uma criança, é certo que ele vivia encantado com aquela moça bonita, que tão cordialmente o recebia e que transformava um quarto de sofrimentos num jardim florido e perfumado.

... Quando o futuro chegou, obrigou-nos a sair da casa de meus avós e, primeiro ele, depois ela, também os dois saíram daquela casa e foram morar com os anjos, prêmio que eles tinham conquistado por antecedência, ainda aqui na Terra, aturando os netos com santa paciência. Também meu irmão já se libertou das grades deste mundo e voou para o céu, onde com certeza a toda hora agradece a Deus por ter lhe dado uma tia bonita e um médico que sabia apreciar a beleza feminina.

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A CPI da Covid está chegando ao fim

quarta-feira, 06 de outubro de 2021

O Grande Circo Brasileiro (CPI da Covid) está chegando ao fim e suas estrelas maiores, os humoristas Renan Calheiros (relator), Omar Aziz (presidente) e Randolfe Rodrigues (curinga ou vice) se preparam para o espetáculo final. Mas quem são esses senadores escolhidos para tão alto posto, primeira fila da ribalta mais divertida de 2021? Aliás, antes de continuar, um lembrete para Luciano Hang, não confundir com Luciano Hulk.

O Grande Circo Brasileiro (CPI da Covid) está chegando ao fim e suas estrelas maiores, os humoristas Renan Calheiros (relator), Omar Aziz (presidente) e Randolfe Rodrigues (curinga ou vice) se preparam para o espetáculo final. Mas quem são esses senadores escolhidos para tão alto posto, primeira fila da ribalta mais divertida de 2021? Aliás, antes de continuar, um lembrete para Luciano Hang, não confundir com Luciano Hulk. Em sua ótima entrevista a Lacombe, na Rede TV, sobre seu depoimento na tal de CPI, Hang disse que senadores eram servidores públicos... Na realidade eles não são servidores, pois estes necessitam de concurso para adentrar no serviço público, seja municipal, estadual ou federal. Na realidade são cidadãos eleitos (muitas vezes com uma velada ou descarada compra de votos) com a missão de representar o povo, o que cai no esquecimento assim que tomam posse.

Mas quem são esses três senadores, em evidência desde abril de 2021? Renan Calheiros tem seu curral eleitoral no estado de Alagoas, onde entrou para a vida pública em 1979 como deputado estadual. Atualmente, exerce seu quarto mandato como senador e já foi presidente do senado; é um político profissional e expert em ganhar eleições. Aliás, antes de entrar na política, Renan chegou a morar de favor na casa de um amigo e possuía apenas um Fusca de patrimônio. Hoje, Renan é dono de fazendas, imóveis e diversas empresas que movimentam milhões. Mas, em contrapartida tem vários processos na justiça, sendo um de 2016, ´por peculato que lhe valeu a perda da presidência do senado. Posteriormente, o STF, sabe-se lá porque, devolveu-lhe a presidência, mas sem o direito de exercer a presidência da república em caso de ausência do titular. Muito boa gente. Em sua trajetória de 26 anos no Senado Federal, Calheiros acumulou desde inquéritos por crimes contra a honra até os conhecidos inquéritos por corrupção nas operações Lava Jato, Zelotes e no âmbito da Postalis, o instituto de previdência dos Correios. No momento, existem 10 processos em tramitação, pois os outros, ou foram arquivados ou caíram no decurso de prazo.

Osmar Aziz está na política desde 1996, quando foi vice-prefeito de Manaus. Já foi vice-governador do Amazonas, Governador desse mesmo estado e, atualmente, é senador. Foi um dos indicados para integrar a CPI que vai investigar as responsabilidades de autoridades e mal uso de recursos públicos na pandemia. No entanto, é investigado por desvios de recursos para a área da saúde quando ele foi governador do Amazonas (CNN Brasil).

Aziz foi alvo de uma operação do Ministério Público Federal chamada “Maus Caminhos”. Ela foi deflagrada em 2016 e houve uma série de desdobramentos. O objeto principal da investigação é o sumiço de cerca de R$ 260 milhões de verbas públicas da saúde por meio de contratos milionários firmado com o governo do estado do Amazonas (CNN Brasil). Ele é investigado porque, quando estava no cargo, parte desses contratos foi firmado e um relatório parcial da Polícia Federal, o da Operação Vertex, um desdobramento da Maus Caminhos, cita seu nome 256 vezes em 257 páginas.  Mais parece a raposa tomando conta do galinheiro. Um dos trechos diz que “os indícios da atuação de OMAR AZIZ para a criação e manutenção da organização criminosa formada em torno do Instituto Novos Caminhos são robustos e permeiam toda a investigação”.

Quanto a Randolfe Rodrigues nasceu na cidade pernambucana de Garanhuns, em 1972, mas mudou-se para o Amapá com oito anos de idade. Professor de História, formado pela Universidade Federal do Amapá, entrou para a política em 1998, quando elegeu-se deputado estadual do estado. É senador desde 2010. Foi acusado de participar do “mensalinho” da Assembleia Legislativa do Amapá, entre 2009 e 2012, que pagava 20 mil reais a determinados deputados, no segundo mandato do ex-governador João Capiberibe, para votarem projetos de relevância do executivo. Seu processo foi arquivado pela PGR, pelo MPF e pelo STF, por falta de provas.

Diga-se de passagem, a CPI da Covid é um grande palanque eleitoral cujo fim principal é o de desgastar o atual governo, na tentativa de retorno da esquerda ao poder. Como pode ser séria uma ação que tem pelo menos dois representantes exercendo os mais altos cargos, com supostas contas a ajustar com a justiça? Essa CPI vai investigar as responsabilidades de autoridades e mal uso de recursos públicos na pandemia, acusações que também pesam sobre Renan e Aziz.

Aguardemos o relatório final que está para ser lido e aprovado em 20 de outubro.

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AVS: um coração que se renova no exercício da informação!

terça-feira, 05 de outubro de 2021

Muitas vezes, quando vejo o tema do Caderno Z, logo me vem à lembrança uma canção para me acompanhar durante a viagem. Como a primeira impressão é sempre a que fica, eu fico com Pixinguinha... “Meu coração, não sei por que/ bate feliz quando te vê /e os meus olhos ficam sorrindo...”. E eu já vou desvendando “os segredos que o coração merece”. O tema de abertura “o peso das emoções sobre o coração” ressalta que a depressão e a ansiedade estão no topo das veias de acesso aos problemas cardíacos. Entre as informações da CNN Brasil, reconheço que é difícil sintetizar o mais importante.

Muitas vezes, quando vejo o tema do Caderno Z, logo me vem à lembrança uma canção para me acompanhar durante a viagem. Como a primeira impressão é sempre a que fica, eu fico com Pixinguinha... “Meu coração, não sei por que/ bate feliz quando te vê /e os meus olhos ficam sorrindo...”. E eu já vou desvendando “os segredos que o coração merece”. O tema de abertura “o peso das emoções sobre o coração” ressalta que a depressão e a ansiedade estão no topo das veias de acesso aos problemas cardíacos. Entre as informações da CNN Brasil, reconheço que é difícil sintetizar o mais importante. Contudo, basta uma leitura sobre “os impactos ocultos da Covid-19 em órgãos como o coração” para revermos os critérios de flexibilização. Pior ainda, que já se vê muita gente sem máscara. “A principal porta de entrada do coronavírus no organismo são as vias aéreas”, por intermédio da “tosse ou espirro de alguém contaminado’ que, muitas vezes, na fase de incubação, nem sabe que já contraiu a doença”. Haja Coração, pessoal!

O doutor Alexandre Ferro, cardiologista, destaca que está na hora de as pessoas que deixaram de fazer seus exames, com “medo de pegar Covid-19”, voltarem aos consultórios e clínicas para retomar sua rotina de consultas. “Alimentação saudável, prática de exercícios, não fumar, moderação no uso de bebidas alcoólicas, diminuir o sal e controlar o peso são medidas para manter o coração saudável...”, lembra o doutor Alexandre.  

Wanderson Nogueira andou entre os meandros da afetividade em lembranças, nas dores e saudades de sua mãe, para lançar suas boas palavras em prol dos incentivos para a doações de órgãos no Brasil: “Assim como eu, muitos filhos pedem por um novo coração para seus pais. Muitos pais pedem novo coração para seus filhos. Milhares de brasileiros pedem um novo coração na imensa fila da doação de órgãos”. Que forte!

Deixando o “Z”, coisa bonita de se apreciar é uma tabela de campeonato, pois tudo é encadeado de forma a ter começo meio e fim. Vinícius Gastin nos coloca sempre por dentro dos esportes e os nossos times locais, com suas simpáticas denominações, fazem a bola rolar, redondinha, pelos campos da cidade. Mas, não só de bola em campo se destaca o nosso esporte, pois o botonista Marcus Vinícius, do Friburguense, é figura notável na Taça Brasil 2021 de Futmesa, em São Paulo.

Falando em esportes, quem gosta de caminhar na antiga linha do trem, entre o Bairro Ypu e Mury, está sofrendo com os buracos e a falta de cuidados no trajeto. Percurso lindo, porém, bastante abandonado.

A Prefeitura de Nova Friburgo e a Nova Faol firmaram contrato de um ano, garantido assim uma estabilidade no serviço de transporte coletivo urbano. Entre muitos entendimentos, o preço da passagem permanece no valor de R$ 4,20. Beleza! Outra boa notícia: “Com o avanço da vacinação, cai número de infectados e de mortes por Covid-19”. Entretanto, o uso de máscara, distanciamento e a higiene das mãos continuam.

A Unimed Nova Friburgo mudou de nome, passando a se chamar Unimed Serrana RJ. “Presente em 16 municípios, com mais de 300 médicos cooperados, mais de 160 prestadores, entre clínicas, laboratórios e hospitais, atendendo mais de 60 mil vidas”, é mesmo digna de louvores e de muito orgulho para a Região Serrana!

Tivemos neste sábado, 2, a primeira edição do projeto “Arp de Portas Abertas” para “um dia de muitas descobertas”. O evento será sempre realizado no primeiro sábado do mês com um dia de arte, moda, gastronomia, danças, apresentações musicais, oficinas, palestras e muito mais. O local, por si só, é um cartão postal de Nova Friburgo e nos remete ao passado histórico do desenvolvimento industrial e a organização do trabalho na vida operária. Quantos e quantos trabalhadores edificaram suas vidas também na Fábrica de Rendas! Andar pelas ruas do Espaço Arp é um exercício de reverência, em especial, aos imigrantes alemães que acreditaram em sonhos. Como eu digo numa trova: “Vieram pais, filhos e mães, / plantando a prosperidade.../ E a força dos alemães, / ergueu a nossa cidade!”. Parabéns aos organizadores do evento! O sucesso é garantido!

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Aniversariante homenageado

terça-feira, 05 de outubro de 2021

Aniversariante homenageado

Carlos Alexandre Fajardo Viana (foto), grande craque de futebol que até alguns anos atrás brilhou vestindo a camisa do nosso Friburguense AC, assim como do Bangu, Portuguesa de Desportos, São Paulo e All Rayan do Catar, está aniversariando hoje, 5 de outubro.

Por conta disso e homenageado à altura do seu merecimento, o Dept° de Futebol de Mesa do Nova Friburgo FC, realizou a animada Taça Fajardo de Futmesa neste sábado, inclusive com participações de botonistas de Piratininga, Niterói.

Aniversariante homenageado

Carlos Alexandre Fajardo Viana (foto), grande craque de futebol que até alguns anos atrás brilhou vestindo a camisa do nosso Friburguense AC, assim como do Bangu, Portuguesa de Desportos, São Paulo e All Rayan do Catar, está aniversariando hoje, 5 de outubro.

Por conta disso e homenageado à altura do seu merecimento, o Dept° de Futebol de Mesa do Nova Friburgo FC, realizou a animada Taça Fajardo de Futmesa neste sábado, inclusive com participações de botonistas de Piratininga, Niterói.

Na oportunidade, Fajardo, além de homenageado com seu nome ao torneio de futmesa, recebeu uma camisa retrô do Bangu Atlético Clube.

Casório e níver

O querido Braulinho Rezende Neto que se casou com a bela Luiza no sábado retrasado, neste sábado agora completou mais um aniversário natalício, curtindo sua  lua de mel e nova idade em grande estilo, nas Ilhas Maldivas.

Ao admirado Braulinho, parabéns e congratulações em dose dupla.

Gravação com homenagem

Na noite de sábado, 2, em suas redes sociais, especialmente pelo Youtube, Facebook e Instagram, a Banda Sinfônica Campesina Friburguense realizou maravilhosa live que serviu para gravação do Projeto Banda na Praça em parceria com a Secretaria de Cultura de Nova Friburgo, prestando inclusive justa homenagem ao presidente de honra daquela agremiação musical, Célio Medeiros Lopes, nome eternizado na história e memória  campesinista.

Hino para CCM

O nosso admirado cantor e compositor friburguense Valcir Ferreira (foto), que além de muitas e maravilhosas músicas já compôs também hinos para vários clubes e inúmeras instituições, tem mais uma bela obra em seu currículo e repertório.

É que em homenagem à CCM - Casa do Compositor Musical -, sociedade civil, sem fins lucrativos, com sede na Rua Álvaro Alvim, 37, sala 703, no centro do Rio de Janeiro, o nosso super Valcir fez um belíssimo hino, como um presente especial para aquela instituição que nesta quinta-feira, dia 7, festejará seu 20° aniversário.

Vivas ao Evandro

Na próxima sexta-feira, 8, o dia será do querido e admirado Evandro Luiz da Costa Pinto - que sabe tudo de truta e muito mais -, completar nova idade.

Por isso, desde já ao grande Evandro Pinto os parabéns desta coluna e de muitos amigos.

Eleição à vista

O Nova Friburgo Country Clube vai eleger neste mês, um novo presidente para o biênio 2022/2023, assim como seus 30 novos membros do Conselho Deliberativo, sendo dentre estes, 20 titulares e 10 suplentes.

Será no próximo dia 24 no Espaço Gourmet Chico Faria, das 9 às 17h.

Novo visual externo

A Loja Maçônica Indústria e Caridade de Nova Friburgo, que daqui a menos de três meses estará completando 183 anos de fundação, está mudando de visual.

É que seu imponente palácio maçônico, situado na Rua Sete de Setembro, centro de nossa cidade, está ganhando nova pintura, cor palha com colunas marrons em lugar do seu antigo azul claro, isso depois de ter passado meses atrás por uma repaginação interna, especialmente o templo de suas sessões ritualísticas.

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A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.

Comunicar uma Igreja em permanente saída

terça-feira, 05 de outubro de 2021

Uma palavra constante do nosso querido Papa Francisco é esta: devemos ser uma Igreja viva, missionária, solidária, com a alegria do Evangelho a buscar as ovelhas, as pessoas mais afastadas e perdidas nas periferias do mundo e da existência. Uma Igreja em estado permanente de saída. Ele mesmo expressou estas ideias, ainda como Cardeal, na redação do Documento de Aparecida na Conferência Episcopal Latino Americana e do Caribe.

Uma palavra constante do nosso querido Papa Francisco é esta: devemos ser uma Igreja viva, missionária, solidária, com a alegria do Evangelho a buscar as ovelhas, as pessoas mais afastadas e perdidas nas periferias do mundo e da existência. Uma Igreja em estado permanente de saída. Ele mesmo expressou estas ideias, ainda como Cardeal, na redação do Documento de Aparecida na Conferência Episcopal Latino Americana e do Caribe.

Lá é aprofundada a natureza do cristão como discípulo missionário frente aos inúmeros desafios e contradições da sociedade hodierna. Na exortação apostólica Evangelii Gaudium (A Alegria do Evangelho), ele pauta as linhas fundamentais para este anúncio da Boa Nova, do próprio Cristo, continuando a ênfase na dimensão missionária de todos os batizados. Os Bispos do Brasil (CNBB) captam e sintetizam estes elementos num renovador texto pastoral, o documento 100: "Comunidade de comunidades - uma nova paróquia", para vivência e trabalho missionário nas células comunitárias, dentro da realidade brasileira.

Resgatando para nossas paróquias o Concílio Vaticano II e toda a sua riqueza, deveríamos reler a Constituição Pastoral Gaudium et Spes sobre a Missão da Igreja no mundo e o decreto Ad Gentes, no seu conceito geral de missão, aliando ao contexto próprio do apostolado dos leigos apresentado num outro texto magisterial - Apostolicam Actuositatem. Veríamos que a Igreja deve salgar e iluminar todas as áreas e âmbitos da humanidade e do tecido social com os princípios e verdades do Amor de Cristo. Ou seja, deve ir ao encontro, se aproximar, falar a mesma linguagem dos homens, se inculturar, ser solidária, se doar para a promoção da pessoa humana, na sua libertação-salvação integral, resgatando a sua dignidade de filha de Deus, transformando a realidade em Reino do Senhor. Isto, tendo como modelo o próprio Verbo que se encarnou, tornando-se um de nós, no envio missionário da comunhão trinitária, entrando em nossa cultura e linguagem para nos revelar os caminhos da felicidade do plano divino.

Jesus Cristo saiu ao encontro dos mais necessitados, perdidos, pobres e marginalizados, a serviço de todos, para que compreendessem o sentido mais profundo de suas existências no verdadeiro Amor. Fundou a Igreja e enviou os apóstolos e discípulos com este mesmo despojamento e doação missionários, "sem alforje, nem ouro, nem prata", dando a vida pelos irmãos. A Igreja é essencialmente comunhão e missão na caridade fraterna e solidária de Cristo. A respeito deste tema há a rica e bela encíclica de São João Paulo II - Redemptoris Missio (A Missão do Redentor).

Lendo o documento de Aparecida, vemos que ninguém é verdadeiro missionário, sem antes ser verdadeiro discípulo de Cristo. Por isso, a missão parte de uma experiência decisiva pessoal com Jesus, de atração, vinculação, intimidade e seguimento. Deve haver conversão, formação e engajamento na comunidade. As estruturas da paróquia devem também ter uma conversão pastoral, deixando de lado uma pastoral da conservação, superando elementos ultrapassados e se tornando missionárias. Deve ser a Igreja uma comunhão de amor que cresce pela atração, tendo  como  fonte e  cume a Eucaristia,  sensível e aberta aos pobres, advogada da justiça, profética, a serviço do Reino da Vida, na leitura orante da Bíblia, na espiritualidade de unidade e participação, formando comunidades eclesiais missionárias, como casa da iniciação cristã, integrando os movimentos e novas expressões comunitárias, com coração aberto ao ecumenismo e diálogo inter-religioso, promovendo a globalização da solidariedade, doando-se aos "rostos sofredores que doem em nós".

O missionário deve ter ímpeto e audácia, ousadia e confiança; fervor espiritual, imaginação e criatividade. Deve ser decidido, determinado, entusiasmado, na evangelização pessoa a pessoa, casa a casa, comunidade a comunidade. Enfim, a espiritualidade missionária é doar-se aos irmãos, esvaziando-se de tudo, anunciando, com alegria, o Evangelho da Vida! O que deve permear toda a nossa ação pastoral.

Vamos ler estes documentos e, aos poucos, aprofundar a nossa reflexão e trabalho missionário!

Pe. Luiz Cláudio Azevedo de Mendonça é Chanceler e Assessor Eclesiástico Diocesano da Pastoral Familiar

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As confidências entre o espelho e nós, os refletidos

segunda-feira, 04 de outubro de 2021

Já disseram que aquilo que não está na Bíblia, está em Shakespeare. Eu
acrescentaria que também está em Guimarães Rosa. No seu conto-crônica, “O
Espelho”, contido no livro “Primeiras Estórias”, editora Nova Fronteira, Rosa revela a
maestria de escritor e filósofo através das reflexões a respeito do que o espelho pode
ou não mostrar a quem se posiciona diante dele. Sua inteligência e domínio da Língua
Portuguesa constroem um texto raro, capaz de desvendar almas. Ah, a alma do

Já disseram que aquilo que não está na Bíblia, está em Shakespeare. Eu
acrescentaria que também está em Guimarães Rosa. No seu conto-crônica, “O
Espelho”, contido no livro “Primeiras Estórias”, editora Nova Fronteira, Rosa revela a
maestria de escritor e filósofo através das reflexões a respeito do que o espelho pode
ou não mostrar a quem se posiciona diante dele. Sua inteligência e domínio da Língua
Portuguesa constroem um texto raro, capaz de desvendar almas. Ah, a alma do
espelho diante de uma pessoa!, que experiências pode proporcionar a este vivente?
Quais mistérios estão contidos numa lâmina de vidro? O espelho nada mais é do
que uma superfície que reflete o raio luminoso numa direção em vez de absorvê-lo ou
espalhá-lo em várias direções. Os raios que partem de vários pontos de um objeto e
incidem sobre seu plano refletor convergem para outros pontos com precisão. Diante
do espelho, a pessoa se vê com notável exatidão.
O espelho reflete o rosto e o corpo, as feições e os trejeitos de uma pessoa. Mas
como será que são percebidos por ela? Que fidelidade pode ter consigo diante da
própria imagem? De acordo com o olhar de quem se observa, o espelho pode mudar
de caráter, ser bom ou ruim, impróprio ou companheiro. Quantos segredos pode
guardar de um rosto? Quantas vezes foi quebrado num ato de fúria? Ou mesmo
beijado. Quem já não sorriu ou chorou ao ver-se numa figura irreal, dotada de
extraordinária verdade?
Olhar-se frente a frente pode ser um desafio, tão difícil quanto estar diante de
uma tribuna inquisidora. O espelho é imparcial e silencioso. Revelador, porém. É
tácito. Não requer interlocutores, nem professores para dizer verdades a quem está se
vendo através dele. Não é falso, sorrateiro ou enganador. Nem tão pouco juiz. Tem
lealdade com a realidade, apenas. A traição, entretanto, está no olhar. Por maior
intenção que tenha para ocultar sentenças, o espelho surpreendentemente deflagra as
resoluções inquestionáveis impostas pela vida. Ai, pode promover a reflexão de
valores e opiniões.

As fraquezas humanas fazem o olhar ficar viciado, vendo o que é conveniente ou
não. Os olhos podem se acostumar com o inverso e com o vazio. Ah, a visão tem
precariedades, deve-se duvidar dela, portanto. Sempre e principalmente diante do
espelho. Por que os animais negam a ver-se no espelho? O espelho reflete a alma de
um ser, vestido por um corpo, e nós, os humanos, não conseguimos ou não queremos
percebê-la. Será que temos medo de notar as deformações que guardamos por trás
das aparências?
Só conseguimos nos ver quando somos visíveis, e o espelho, apenas o espelho,
nos proporciona esse encontro frente a frente. O defrontar-se. Talvez seja arrepiante
permitir o enfrentamento da alma do espelho com a nossa, quando haverá a grande e
autêntica confidência. E o olhar, enfim, poderá se tornar infinito.
“O Espelho”, de Guimarães Rosa, nos espeta com considerações irrefutáveis.
Apenas uma coluna não é suficiente para abordar o que ele nos diz nesse texto divino.
Vou dar continuidade na próxima semana. Bons ventos literários a todos!

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Dá-me um coração igual ao teu

sábado, 02 de outubro de 2021

“Dá-me um coração igual ao teu, meu mestre. Dá-me um coração igual ao teu. Coração disposto a obedecer, cumprir todo o teu querer...”. 

Enquanto ouvia essa música na missa, eu pedia, em oração, um novo coração para minha mãe. Não um novo coração de mãe, pois a minha mãe foi a melhor mãe que eu poderia ter. Mas um coração físico, no lugar do coração cujos músculos se ampliaram de tal forma que não pulsava mais direito e precisava ser trocado. 

“Dá-me um coração igual ao teu, meu mestre. Dá-me um coração igual ao teu. Coração disposto a obedecer, cumprir todo o teu querer...”. 

Enquanto ouvia essa música na missa, eu pedia, em oração, um novo coração para minha mãe. Não um novo coração de mãe, pois a minha mãe foi a melhor mãe que eu poderia ter. Mas um coração físico, no lugar do coração cujos músculos se ampliaram de tal forma que não pulsava mais direito e precisava ser trocado. 

Deus não deu a ela um novo coração. Porém, me deu um novo coração. Cheio de saudades, forjado de força e preenchido pelo tal amor que jamais passa.

O fraco coração de minha mãe paralisou no dia 21 de dezembro de 2013, após longa espera. Lembro que naquela data, uma entre tantas outras profecias, estava prevista mais um dia para ser o fim do mundo. Foi para minha mãe. Foi de certa forma também para mim e meus irmãos. 

A perda da mãe, do mundo físico para o espiritual, é certamente um dos momentos mais tristemente marcantes da trajetória de todos. Um dia que nunca se esquece, cuja dor se aquieta, mas permanece lá repleta de saudade.  

Assim como eu, muitos filhos pedem por um novo coração para seus pais. Muitos pais pedem novo coração para seus filhos. Milhares de brasileiros pedem um novo coração na imensa fila da doação de órgãos.

O Brasil avançou, ainda que tenha tido retrocessos nos últimos tempos, na doação de órgãos. Mas desperdiça muitos corações e outros órgãos aptos para a doação que prolongariam ou trariam novas perspectivas para a vida de muitos. Uma vida findada que se perpetua em outra. Nada mais cristão. 

Ainda há um abismo entre o Estado do Rio de Janeiro e o de São Paulo, por exemplo. A proporção de cirurgias desse tipo realizadas lá é imensamente maior do que daqui. Não porque lá existam mais doadores. Não se trata disso. Se trata de estrutura médico-hospitalar. Se falarmos então de interior, no RJ praticamente inexiste doação de órgãos. Lamentável.       

Enquanto a política não avança em favor da vida, sei que o drama particular de minha mãe é coletivo. É preciso mais do que retomar as campanhas de doação de órgãos, mas fazer com que funcione na prática em mais unidades hospitalares, com as devidas estruturações de mobilidade e conservação dos órgãos. É algo delicado e que exige pressa das equipes médicas e acompanhamento.

No meu coração – saudade e desejo de que outras mães e filhos tenham melhor sorte do que a da minha família. Não imaginem que tenho um coração angustiado ou aborrecido com Deus. Sou imensamente grato pelos 52 anos de vida de minha mãe e todos os anos que tive o privilégio de ter tido o colo dela. Óbvio, meu egoísmo faz com que eu quisesse muito que ela estivesse aqui, com o que seriam hoje seus 60 anos.

Agradeço por essa saudade que foi construída cujas recordações vão além das fotos que vejo. Está no cheiro do café da manhã e do cangote; no gosto único do pastel dormido de carne de porco; no aconchego do rosto de quem encontrava no colo dela proteção; nas músicas, em cada canção do rei Roberto Carlos, cujos vinis dela permanecem sob minha guarda.

Peço todos os dias um novo coração para mim e para a humanidade. Um coração mais misericordioso, mais apaixonado pela vida, respeitoso e empático. Coração que se assemelhe de fato ao coração de Cristo.

Corações que acolham e amem. Nada mais sobrenatural e cristão que o amor. Coração que ama transpõe o físico e nos entrega espiritualidade.

 

Foto da galeria
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