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Menina de rua (mas não tanto)

quarta-feira, 17 de março de 2021

 Não, não quero adotá-la. Se bem que, pensando bem...

 Não, não quero adotá-la. Se bem que, pensando bem...

Pede para falar comigo, vou pessoalmente ver quem é a tal Edilberta. Até que é bonitinha. Não é que eu, vinicianamente, ache que beleza é fundamental. Mas isso é a primeira coisa que a gente repara numa mulher, não me venha agora você sustentar o contrário, só porque sua patroa está presente. Convido a visitante a sentar-se e, a bem da verdade, essa é uma boa ação que pratico também com as mais feias e mesmo com os marmanjos. Não é sem motivo que certa senhora me considera “um cavalheiro de antigamente”. Pois bem, disponho-me a ouvir Edilberta, que deseja me entrevistar, visto que ela, chegada ontem de Fortaleza, já foi informada de que sou "uma pessoa muito considerada na cidade", vejam vocês, eu mesmo desconhecia esse fato glorioso a meu respeito.

 As perguntas são sobre as miudezas habituais: nome, idade, profissão. Ao item “sexo” quase me furtei a responder, porque até então eu achava que, só de olhar para mim, a pessoa já podia concluir, sem precisar de confirmação de minha parte. Enfim, “cavalheiro de antigamente”, vou respondendo na melhor forma da lei, como lá dizem nossos doutos advogados. Mas a entrevista vai ficando embaraçosa, à medida que Edilberta quer saber que nota eu daria à saúde no município, à educação no estado, à honestidade no país.

Minha avó me ensinou que peixe morre pela boca. Meu avô, talvez achando que provérbio demais também mata, ficava calado. Não chego a ser tão prudente quanto meu avô, mas também não saio por aí mordendo qualquer isca, só porque a pescadora é bonitinha. Levado por tão alta sapiência, eu é que começo a questionar a entrevistadora. E ela me conta uma história de cortar o coração das estátuas se é que estátuas têm coração. De família paupérrima em Fortaleza, escapou das drogas e da prostituição infantil (essa notável atração turística nacional) graças às senhoras caridosas que, naquela cidade, recolhem e acolhem meninas de rua. Durante alguns anos morou com as ditas senhoras, mas que, aos dezoito, precisou abrir vaga para outra deserdada que chegava.

Voltando ao interrogatório, Edilberta quer saber quem eu acho que é culpado por haver crianças de rua: a família, a sociedade ou o governo. A questão me parece muito complexa para ser reduzida a um x entre três parênteses possíveis. A caneta espera ansiosa e, já que demoro tanto, a própria entrevistadora me socorre, isentando a família.  Ainda assim, preciso decidir entre o governo e a sociedade (Edilberta e a caneta me olhando, concentradas). Mas, tão logo eu me decido por "ambos", a moça quer saber se eu adotaria uma menina de rua. Depois de rápidas reflexões religiosas, morais e filosóficas, respondo que sim. Pra quê !!!

 — O senhor me adotaria?

Edilberta me pergunta, me olhando nos olhos. Pois ora, ora! Aqui está essa moça, até bonitinha, a me propor essa questão assaz embaraçosa. Não fosse eu o já duas vezes citado “cavalheiro de antigamente”, teria dito alguma gracinha de duplo sentido. No entanto, limitei-me a perguntar (e um São Francisco que estava na moldura atrás de mim é testemunha) o que significava aquele “o senhor me adotaria?”

Pois bem, se vocês pensaram mal de Edilberta, estão enganados e terão que um dia responder, diante do próprio São Francisco, por esse mal pensamento. Porque, o que a moça tem a oferecer é, nada mais, nada menos do que “uma importantíssima obra cultural”, que vem a ser uma penca de dicionários ilustrados, receitas culinárias e as obras completas de José de Alencar. Adotar Edilberta significa comprar algumas dessas preciosidades, que “uma pessoa conceituada como o senhor não pode deixar de ter em sua casa”.

Pobre Edilberta! Lá se foi o pouco encanto que nossa conversa estava me proporcionando. Então, era apenas para me vender livros! Francamente, tem coisas que chateiam até um cavalheiro, mesmo dos de antigamente. Uma delas é vir com essa conversa de menina de rua, e depois querer nos empurrar José de Alencar e livros de culinária.

Delicadamente, aconselho Edilberta a ir bater em outra porta. Não, não quero adotá-la.
Se bem que, pensando bem...

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O que acontece na Europa não é muito diferente daqui

quarta-feira, 17 de março de 2021

No último domingo, 14, o Brasil superou 9,6 milhões de vacinados contra a Covid-19, o que representa 4,5% da população. Me chamou a atenção, ver no portal de notícias Uol, uma matéria cujo título era “Países da Europa aumentam restrições com terceira onda e atrasos na vacinação”.

No último domingo, 14, o Brasil superou 9,6 milhões de vacinados contra a Covid-19, o que representa 4,5% da população. Me chamou a atenção, ver no portal de notícias Uol, uma matéria cujo título era “Países da Europa aumentam restrições com terceira onda e atrasos na vacinação”. O engraçado é que a OMS, a ONU e mesmo a imprensa tupiniquim vivem a criticar o governo brasileiro pela sua conduta no enfrentamento da pandemia e, no entanto, no velho mundo já estão, ao que parece na terceira onda, com aumento de novos casos na Itália, Alemanha e França e um número de imunizados pequeno para países com um PIB tão alto.

Mais engraçado ainda é que a comunidade europeia optou pela vacina da AstraZeneca, por ser mais barata e não precisar do armazenamento em baixas temperaturas, como a da Pfizer e a da Moderna. O que aconteceu lá é que a AstraZeneca prometeu entregar um número maior de vacinas e teve de diminuí-lo, em função da queda na produção do diluente do produto. Entre o primeiro e segundo semestres desse ano, essa queda estará na casa de 80 milhões de doses.

Além disso, vários países do bloco estão reclamando da divisão dos lotes a serem entregues aos diversos componentes da comunidade europeia alegando que há que se levar em conta, na hora da distribuição, o número de habitantes de cada nação, para que o processo seja mais justo. Aliás, aqui no Brasil, a divisão das doses entre os estados tem seguido essa diretiva, número de habitantes em condições de serem vacinados e, até agora, não se viu nenhum governador reclamar da quantidade de lotes recebidos.

O mesmo ponto de vista foi defendido pelo governo, ao dar preferência aos produtos CoronaVac e Oxford, em função do preço e da maior facilidade de armazenamento. Mesmo assim, para agilizar o processo de imunização da população, única maneira efetiva de diminuir os casos de internação, seja em UTIs ou enfermarias, o Ministério da Saúde fechou com a Pfizer, Jahnsen e Jahnsen e a russa Sputinik. O Brasil não está medindo esforços para acelerar o processo de vacinação em massa.

Claro está que num país com dimensões continentais e com um orçamento anual muito abaixo do daqueles do chamado primeiro mundo, não temos condições de chegar aos 100 milhões de pessoas imunizadas, como ocorre agora nos Estados Unidos, em tempo tão curto. Israel, com pouco mais de 9.220 milhões de habitantes praticamente já concluiu seu processo e pouco a pouco vai voltando à sua normalidade.

Com relação às medidas preventivas como uso de máscara, lockdowns e a abertura apenas dos serviços essenciais, certo ou errado seguimos o que está sendo feito no resto do mundo. As transgressões que ocorrem aqui se repetem lá também. Uma das explicações para isso é que na realidade, passados mais de um ano, a população não aguenta mais. Há de se notar, no entanto, que o europeu é mais disciplinado do que nós e acatam mais as ordens das autoridades. Mas, jovem é rebelde seja aonde for. É inerente à idade e, dificilmente, vamos encontrar um adulto que não teve seus momentos de rebeldia, quando na flor da idade.

A cardiologista Ludhmila Abrahão Hajjar é a favor do isolamento social, contra o lockdown, contra os medicamentos preventivos citados como a Cloroquina, Azitromicina e Ivermectina e prega, sobretudo, a união nacional, além de clamar em prol da ciência como uma maneira de aprimorar o combate à pandemia. Por razões políticas e de posicionamento deve ser carta fora do baralho.

Aliás, lockdown como o decretado aqui é inconstitucional. Só o presidente da República pode solicitá-lo e, mesmo assim, tem de ser chancelado pelo Congresso Nacional. Gostaria de ouvir a opinião dos 11 membros do STF.

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A VOZ DA SERRA é a voz das nossas expectativas!

terça-feira, 16 de março de 2021

O tema do Caderno Z me fez lembrar minha sobrinha, empresária e professora de Educação Física, nascida e criada em São Paulo. No início da quarentena, ela me passou uma mensagem perguntando se teria acontecido alguma mudança nos astros, pois, do seu apartamento, ela estava conseguindo ver a lua durante o dia. Ao que expliquei: não foi a lua que se modificou, mas, sim o seu comportamento por estar em quarentena, com a oportunidade de olhar para o céu.

O tema do Caderno Z me fez lembrar minha sobrinha, empresária e professora de Educação Física, nascida e criada em São Paulo. No início da quarentena, ela me passou uma mensagem perguntando se teria acontecido alguma mudança nos astros, pois, do seu apartamento, ela estava conseguindo ver a lua durante o dia. Ao que expliquei: não foi a lua que se modificou, mas, sim o seu comportamento por estar em quarentena, com a oportunidade de olhar para o céu. Da mesma forma, o “Z” constata que a “pandemia tornou os ambientes mais verdes”, porque as pessoas estão mais dispostas a cuidar da casa, tornando seus espaços mais aconchegantes.

Os animais também modificaram seus hábitos com o nosso isolamento social. Carlos Machado, responsável pelo Parque Municipal Juarez Frotté, no bairro Cascatinha, comenta: “É cada vez mais frequente a presença de animais de várias espécies caminhando pelo parque”. A natureza sente a mesma sensação de paz com o distanciamento humano e Carlos comenta: “Outra coisa que venho notando é o repovoamento do rio com pequenos peixes e girinos”. No Jardim Botânico, os profissionais notam a mudança no trânsito dos animais como num “verdadeiro paraíso”. Sem ameaças ao meio ambiente, no caso de adoção de bichinhos exóticos, é bom saber que muitas espécies requerem cuidados especiais, como alimentação e saúde. Falando em saúde, a Subsecretaria do Bem Estar Animal aguarda a regulamentação do castramóvel para dar início ao programa de castração de cães e gatos no município.

Saímos do “Z” com Wanderson Nogueira que tem “saudades da cidade lá fora”. O filósofo de alma se admira com a agulha fina deslizando sobre o LP de faixas límpidas... E divaga: “Como se produziu maravilhas artísticas nos anos de chumbo. O que se produzirá de artes nesses tempos inglórios e tão cruéis?”... É uma pergunta que eu me faço e penso: estará de bom tamanho se forem produzidos humanos melhores!

 Aliás, a produção de arte está em pleno vapor, como noticia o jornal: “Cinquentânias – Sobre Tempo e Vida” – que é uma produção friburguense, em cartaz na internet até o próximo dia 30. Na trama, três irmãs, na meia-idade, enfrentam, com humor e muita reflexão, os desafios sobre envelhecimento, saúde e solidão. Confiram detalhes no site www.cinquentanias.com e garantam ingressos gratuitamente. O movimento #VoltaCentrodeArte continua em ação, lutando pela recuperação do Centro de Arte. O grupo formou uma comitiva sob a coordenação do secretário municipal de Cultura, Joffre Evandro, para uma visita ao local, onde estiveram presentes o arquiteto Luiz Fernando Folly, presidente da Fundação D. João VI e demais envolvidos. Após o encontro, observou-se a necessidade de um novo projeto para as demandas do local.

Com idade nova, Silvério é aquele que diz tudo em suas charges. Basta um “abacaxi” sobre um ônibus que entendemos tudo, ou seja, “um imbróglio” nas transações entre a prefeitura e a Faol no que se refere ao Termo de Ajuste de Conduta”. Pior ainda se o abacaxi pesar demais e a empresa não aguentar com o peso da frota. De abacaxi, passamos para o “pepino” da bandeira vermelha, que desceu do mastro na semana passada, deu vez para a laranja, e voltou para avermelhar o risco de contágio. E o dilema continua: o povo precisa da economia que, por sua vez, precisa do povo com saúde para se alavancar. A maior bandeira que podemos hastear é a conscientização “coletiva” da gravidade da pandemia. A vacina, sozinha, não fará milagre!

Maravilhosa reportagem sobre a aprovação da lei estadual que declarou os Jogos Florais de Nova Friburgo como Patrimônio Cultural e Imaterial do Estado do Rio de Janeiro. Na matéria com Guilherme Alt, onde, honrosamente, sou a entrevistada, o destaque não poderia ser outro:  “Nosso trabalho tem valor e mais valor alcança ainda, quando pessoas de valor somam seus valores aos nossos”. E A VOZ DA SERRA é esse valor também que, desde 1959,  tem sido a Voz dos Trovadores!

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Vivas ao Álvaro

terça-feira, 16 de março de 2021

No último sábado, 13, quem passou o dia e o fim de semana recebendo cumprimentos por mais um aniversário, foi o conhecido Álvaro Moreira Bispo, na foto junto da querida esposa Marilza.
Nossas congratulações ao Álvaro, que já foi governador do Lions Clube.

Feijoada beneficente

No último sábado, 13, quem passou o dia e o fim de semana recebendo cumprimentos por mais um aniversário, foi o conhecido Álvaro Moreira Bispo, na foto junto da querida esposa Marilza.
Nossas congratulações ao Álvaro, que já foi governador do Lions Clube.

Feijoada beneficente

No próximo domingo, 21, será realizada através de drive-thru, a 2ª Feijoada Beneficente em prol da Escola Municipal Cecília Meirelles, numa parceria do Rotary Clube Olaria com a associação de pais daquele educandário.
Os convites custam R$ 20 por quentinha e podem sem adquiridos presencialmente nas lojas Mania de Boleiro (Cadima e Olaria), padaria Encanto da Montanha (Cascatinha) e Nélson Flores (Centro).

Além do marketing

Esta é o título e tema da palestra online e gratuita que acontecerá amanhã, 17, às 18h, com a profissional de comunicação e marketing Carolina Batista.
As vagas são limitadas e os interessados em participar devem se inscrever acessando: https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSdyr1aEsMP7tVChGoBsD3H

Agora, versão 7.0

Ontem, 15, o admirado gente boa Solimar dos Santos (foto) completou seus 70 anos de idade e no domingo, no bar que dirige junto a sede da Associação de Moradores do Parque Residencial Maria Teresa, recebeu - com todos cuidados e protocolos - abraços de poucos amigos devido a impossibilidade de poder festejar como gostaria. Ao grande Solimar, que inclusive marcou época como um dos grandes zagueiros do futebol friburguense do passado, atuando pelo E.C. Filó e outros times, nosso grande abraço de congratulações pela nova idade.

Humanitária: 127° aniversário

Em tempo de restrições e sem poder comemorar, a Sociedade União Beneficente Humanitária dos Operários de Nova Friburgo chegou a uma bonita e significativa marca no último dia 9.
É que na oportunidade, aquela instituição que possui bons serviços prestados à população friburguense, completou 127 anos de fundação, atualmente sob mais uma gestão administrativa do presidente Sebastião Corrêa de Mendonça, que conta com a assessoria do advogado,  Robson Gomes Barcelos, e outros dedicados colaboradores, para empreenderem boas ações e novidades para breve quando novos tempos surgirem depois da pandemia.

Aniversário no sábado

No último sábado, 13, quem passou o dia recebendo votos de felicitações de familiares e amigos foi o vereador friburguense José Sebastião Rabelo (foto), o Zezinho do Caminhão.
Isso por que na oportunidade, o querido parlamentar completou 58 anos de idade. Parabéns, tudo de bom e contínuas felicidades ao aniversariante.

Enfrentamento ao leão

Quem recebeu indevidamente o auxilio emergencial do Governo Federal e, claro, sabe bem dessa irregularidade, já está com as barbas de molho e deve estar preparando o bolsinho para devolver ou enfrentar a malha fina.
Afinal, com o Imposto de Renda deste ano, se ficar sem devolver o leão pega e se correr sem querer fazer a devolução, o leão come.

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    Vivas ao Álvaro

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    Agora, versão 7.0

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    Aniversariou no sábado

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Fraternidade e diálogo

terça-feira, 16 de março de 2021

O período quaresmal é um momento de preparação para a grande festa da Páscoa. Durante este tempo a Igreja nos propõe os exercícios espirituais do jejum, esmola e oração. O jejum nos faz experimentar o esvaziamento, a expropriação, a libertação dos bens materiais abrindo nosso coração à fome de Deus e à disponibilidade de saciar a fome dos irmãos. Já a esmola é partilha, misericórdia, cuidado, entrega. O seu exercício é a verdadeira dinâmica do amor divino e nasce do encontro do tesouro escondido (cf. Mt 13, 44-46).

O período quaresmal é um momento de preparação para a grande festa da Páscoa. Durante este tempo a Igreja nos propõe os exercícios espirituais do jejum, esmola e oração. O jejum nos faz experimentar o esvaziamento, a expropriação, a libertação dos bens materiais abrindo nosso coração à fome de Deus e à disponibilidade de saciar a fome dos irmãos. Já a esmola é partilha, misericórdia, cuidado, entrega. O seu exercício é a verdadeira dinâmica do amor divino e nasce do encontro do tesouro escondido (cf. Mt 13, 44-46). A oração é fonte de intimidade entre um coração desapegado do homem e o coração misericordioso de Deus.

A prática destes exercícios nos auxilia no caminho de conversão e mudança de vida, desperta em nós a necessidade de partilha e nos aproxima em fraternidade. Todos os anos, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) nos apresenta a Campanha da Fraternidade como um caminho pessoal, comunitário e social de conversão e culminância das práticas quaresmais.

Num tempo de radicalizações e de polarizações no qual pululam conflitos, violência, racismos, xenofobias e outras práticas de ódio, se faz urgente a reflexão sobre a necessidade de superarmos a diferença e, em diálogo, nos unir na construção e propagação de um mundo mais justo e fraterno.

O tema “Fraternidade e diálogo”, em certa medida, parece ser redundante. Pois é certo que a prática religiosa conduz necessariamente ao diálogo e ao respeito aos irmãos. Infelizmente, para alguns esta certeza ainda não foi alcançada. Podemos, evocando o testemunho da história, enumerar várias situações em que o nome de Deus foi usado em discursos políticos carregados de ódio ou para justificar diversos genocídios. Ou ainda, ao abrir as redes sociais nos deparamos com inúmeros discursos cheios de ódio numa tentativa estéril de defender a fé.

As palavras do Papa Francisco na visita à cidade de Ur, no Iraque, enriquecem nossa reflexão: “os bens do mundo, que fazem muitos esquecer-se de Deus e dos outros, não são o motivo da nossa viagem sobre a terra. Erguemos os olhos ao céu para nos elevarmos das torpezas da vaidade; servimos a Deus, para sair da escravidão do próprio eu, porque Deus nos impele a amar. Esta é a verdadeira religiosidade: adorar a Deus e amar o próximo. No mundo atual, que muitas vezes se esquece do Altíssimo ou oferece uma imagem distorcida d’Ele, os crentes são chamados a testemunhar a sua bondade, mostrar a sua paternidade através da nossa fraternidade.” (6 de março de 2021).

Ao nos entregarmos à prática dos exercícios quaresmais, nos libertamos das paixões terrenas e do nosso próprio egoísmo. Nos tornamos capazes de ouvir o outro e respeitá-lo como um irmão, um igual, que caminha conosco ao encontro do amoroso coração de Deus. Somos chamados a “abrir o coração ao companheiro de estrada sem medos nem desconfianças, e olhar primariamente para o que procuramos: a paz no rosto do único Deus” (Exort. Apost. Evangelii gaudium, n. 244). 

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Padre Aurecir Martins de Melo Junior é coordenador diocesano da Pastoral da Comunicação. Esta coluna é publicada às terças-feiras.

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A lei do retorno

segunda-feira, 15 de março de 2021

O Dia Internacional da Mulher me fez pensar nas personagens femininas, figuras significativas, que foram capazes de sair das páginas dos livros e adentrar na vida quotidiana. Às vezes, eu me pergunto, por que um sujeito fictício, que nasceu no imaginário de um autor, é capaz de exercer influência marcante nas pessoas? Sem carne e osso, uma figura humana que possui apenas uma função delineada em uma determinada história, pode ser percebida como uma pessoa e convier abstratamente na vida social e cultural. Tornar-se, inclusive, modelo; um referencial.

O Dia Internacional da Mulher me fez pensar nas personagens femininas, figuras significativas, que foram capazes de sair das páginas dos livros e adentrar na vida quotidiana. Às vezes, eu me pergunto, por que um sujeito fictício, que nasceu no imaginário de um autor, é capaz de exercer influência marcante nas pessoas? Sem carne e osso, uma figura humana que possui apenas uma função delineada em uma determinada história, pode ser percebida como uma pessoa e convier abstratamente na vida social e cultural. Tornar-se, inclusive, modelo; um referencial. Qual mulher que não tem um pouco de Penélope e Sherazade? Mesmo com as transformações que vêm ocorrendo na vida sexual, estas personagens guardam a essência feminina. Qual mulher que não sabe utilizar seus poderes com agudeza e inteligência para atingir seus objetivos? E o que se pode dizer da lealdade, da paciência e da capacidade de esperar de uma mulher com relação à pessoa amada? Quem não tem uma Julieta dentro de si, capaz de lutar por um amor impossível?

Talvez por sermos pessoas incompletas, carecemos, ao longo de nossos dias, de conceitos, representações e características que nos façam ter a sensação de completude, que nos tornem mais potentes perante à vida, mais felizes diante das diversidades existenciais e da fragilidade humana. Talvez por sermos efêmeras e termos a certeza de que findamos, as personagens, em suas perfeições, nos desviam desta constatação, e nos fazem sentir um tanto mais onipotentes ante aos infortúnios. Talvez por necessitarmos de referenciais para construirmos sentidos para nossa vida, que vão se transformando a cada dia.. Ah, como precisamos deles! 

Estamos inseridos em tramas, tecendo histórias diárias, tais quais as personagens, que, na verdade nos representam. Sempre. Da mesma forma que são os personagens que compõem uma história, nós somos as protagonistas da nossa. Da mesma forma que são os autores que usam do livre arbítrio para construir suas histórias, nós nos utilizamos deste mesmo direito para fazermos a nossa. Assim, o que nos une às personagens são a liberdade e a determinação de, em todo momento, ir em frente ou colocar o ponto final. 

Então, desta forma, podemos, nós, mulheres, adentrarmos nas páginas dos livros, como Edith Piaf e Frida Kahlo. Ou melhor dizer, de qualquer forma, somos nós que inspiramos os autores a construírem as personagens. Tão belas, tão intrigantes e instigantes. A vida vai para a história, que retorna tocando e transformando vidas. Temos, assim, a lei do retorno. 

 

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Fluminense A.C., uma das glórias do esporte friburguense, comemora seu cinquentenário

sábado, 13 de março de 2021

Pesquisado por Thiago Lima
Edição de 13 e 14 de março de 1971

 

Manchetes:

Pesquisado por Thiago Lima
Edição de 13 e 14 de março de 1971

 

Manchetes:

  • Fluminense Atlético Clube - Uma das maiores glórias do esporte friburguense comemora  seu cinquentenário de fundação, realizando sessão magna comemorativa e missa em ação de graças, assim como procederá o lançamento da pedra fundamental das arquibancadas do seu estádio. 
  • Feira livre, ou livre exploração? - É preciso colocar um paradeiro na exploração desenfreada na Feira do Suspiro. Cada feirante vende pelo preço que bem entende e alega que está sobrecarregado de encargos que muito encarecem as mercadorias. A verdade é que, como está não pode continuar…  
  • Faculdade de Odontologia: Presidente Médici assina o decreto autorizativo de funcionamento - Por via de telegrama, dr. Nilson Rebordão, subchefe do gabinete do ministro comunicou ao prefeito de Friburgo, Feliciano Costa, e à Fundação Educacional local, que saído do mesmo ministério com todos os pareceres favoráveis, se encontra com o presidente da República, para assinatura, o decreto que autoriza o funcionamento imediato da Faculdade de Odontologia de nosso município. Tudo indica que seja publicado o decreto e feita a chamada para o vestibular. 
  • Álvaro de Almeida na Regional do MDB - Para receber instruções sobre a conduta partidária nesta fase política fluminense, manteve contato com a alta direção do MDB, na presente semana, o presidente do diretório local, Álvaro de Almeida. 

 

Pílulas:

  • A Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, que tem sediado em Friburgo um batalhão sob o comando do nosso conterrâneo capitão Imbroinize, deu conhecimento ao Executivo municipal do seu plano de aqui instalar um serviço do Corpo de Bombeiros, com 60 soldados para o combate a incêndios e já a disposição do mesmo serviço, quatro viaturas de alto custo e de suma necessidade de uma comunidade totalmente desprovida de recursos, em caso de incêndio. A única exigência, será a construção de um prédio adequado, aos fins a que se destina, não havendo qualquer objetivo quanto à obras suntuárias. Não temos a menor dúvida de que o prefeito Feliciano Costa aceitará a proposta, pois é ele um homem de alto discernimento. 
  • Em toda a história de um governo que pode sair de cabeça erguida, o governador Geremias Fontes teve um erro imperdoável, qual seja o de manter no DER até o final de sua administração, o doutor engenheiro ex-prefeito interino de Friburgo, um cabuloso e incapaz, teimoso e sobretudo inconsequente. que afinal de contas, tomou algumas iniciativas que beneficiaram a nossa terra, o que era natural por que aqui tem enormes interesses, inclusive uma construtora, mas que sempre foi considerado o pior diretor do DER que passou pela administração do Estado do Rio. Vade retro! 
  • É preciso que alguém diga alguma coisa sobre a água, melhor dizendo sobre o novo abastecimento, inaugurado em 30 de janeiro, cujo precioso líquido até o momento em que escrevíamos esta coluna, não correu pelos canos. Ainda que para acusar é necessário que seja indicada as razões dos fatos reais que queremos trazer a público, ouvindo toda e qualquer pessoa, órgão, repartição, etc. que tenham sido atingidas e que desejem defesa. Não deve ficar pedra sobre pedra, neste complicado “affaire”, inclusive certas histórias fantásticas de centenas de canos estourados, centenas de falhas de tubos de ferro nas linhas e enfim, uma série de baboseiras que andou e ainda anda por aí…  

 

Sociais: 

  • A VOZ DA SERRA registra os aniversários de: Fernando Vassalo, Lenita Vilarinho, Paulo Cezar Turque e Maria Luiza Coelho Braune (15); Paulo Guilherme Tessarolo Santos (16); Elvira Azevedo Gandur (17); Edésio José Alves, sr.Bizzoto e Odilon Spinelli (19); Dalvacy do Rêgo Almeida e José Gonçalves Bertão “Tetê” (20); Flôra Sertã da Silveira, João Batista Bussinger, José Carlos Jardim, Maria José Jardim e Maria Ventura (21) . Registramos também as cerimônias de casamento do casal Maria José Silva e José Luiz Attayde, no dia 19, e do casal Vânia de Almeida e Rosemberg da Silva, no dia 26. 

 

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Saudades da cidade lá fora

sábado, 13 de março de 2021

Um silêncio ensurdecedor domina os cômodos da casa. Uma mensagem chega no celular quebrando a monotonia dessa música de uma nota só. Mais uma daquelas propagandas que tentam te convencer de que você foi sorteado para comprar. Vê se pode? Sorteado para gastar... 

Um silêncio ensurdecedor domina os cômodos da casa. Uma mensagem chega no celular quebrando a monotonia dessa música de uma nota só. Mais uma daquelas propagandas que tentam te convencer de que você foi sorteado para comprar. Vê se pode? Sorteado para gastar... 

Ainda que seja especial estar sobrevivendo, não há nada de incrível em estar no cadastro do invasivo telemarketing. Será que eles acreditam que esse tipo de propaganda rende negócio? Talvez, dê certo. Comigo, não. Silencio o aparelho que me conecta a tudo lá fora e apenas espio a fortaleza de escuridão embrutecida pelas cortinas blecaute. 

Durmo para ver se o sono vem. Canto para despertar. Estou com saudades da cidade lá fora. Da chapa fritando. A frigideira daqui de casa não é igual. Dizem que servir às multidões é o tempero que faz o alimento na chapa ser mais gostoso. O gosto do bacon no sanduíche que não continha bacon, a gordura do provolone na muçarela. 

Enquanto sonho, estou lá fora, brincando com as crianças no parquinho, correndo dos quero-queros no gramado. Mas logo acordo e me sinto passarinho na gaiola. Eu, passarinho. A casa, gaiola. 

Saudades da cidade lá fora... As flores dos canteiros da praça. Vislumbro. Mesmo que há tempos naquela grande praça só exista eucaliptos renascendo. As plantas daqui de dentro de casa não gostam muito de luz. Plantas que ficam na sala são assim. Pouca ou muita água, mas nada ou quase nada de luz do sol. São belas, ainda que não deem flores. Ah! As lá de fora são mais libertárias. Ainda que, quando na varanda particular, deem mais trabalho para cuidar. Ficam expostas, são sensíveis e requerem muita atenção, pois não aprenderam a se virar sozinhas como as que estão no habitat natural. Assim como as flores da cidade lá fora, são os vira-latas. 

Cachorros ou gatos. Sabem pedir, graduados em sonsice, não resistem a um carinho qualquer. Mas logo dispersam e se vão como cão sem dono mesmo. Saudades deles, especialmente do Branquinho e do Pretinho. São os nomes deles. E em outras ruas há o Amarelinho ou o Miauzinho. Nomes ou apelidos, mas que atendem prontamente ao serem chamados. Não sei se eles são os donos da cidade ou se a cidade é que é dona deles. Para que saber de algo tão resolvido por si só? 

O barulho da cidade só me achega quando a moto barulhenta atravessa a rua perto ao meu prédio. Corta o silêncio e treme a gaiola fechada em que meu canto é ruído tímido e desolador. Desesperador é sentir que isso não acaba esse ano e que talvez não acabe tão cedo. Minha saudade da cidade lá fora caminha para nostalgia. Como as que tenho dos tempos que não vivi ao colocar um vinil do Belchior na vitrola moderna. 

Toca CD, Cassete, entrada USB e tem até bluetooth. Fico com o LP. Com a agulha fina que desliza pelas faixas que se traduzem em som límpido. Como se produziu maravilhas artísticas nos anos de chumbo. O que se produzirá de arte nesses tempos inglórios e tão cruéis? O que me cabe é, por agora, imaginar Daíra cantando Paralelas no Corsário, como se o extinto Corsário fosse a minha sala e eu ainda que na gaiola pudesse viajar como se estivesse no meu carro a cem por hora. Não escapo da gaiola, mas corro por ela e por suas poucas janelas, e então, sofrido, destemido, ao mesmo tempo que esperançoso, revigoro ao sentenciar a mim mesmo que o infinito da cidade sou eu... 

Que não seja infinita essa saudade.      

 

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(Foto: Henrique Pinheiro)
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Faculdades adiam retorno presencial

sexta-feira, 12 de março de 2021

Faculdades adiam retorno presencial
A universidade Estácio de Sá voltou atrás e não retomará as aulas presenciais. A Candido Mendes também tomou a mesma decisão. Diante do cenário crescente da pandemia, em que o Brasil vive seu pior momento, as duas maiores universidades privadas do município, mesmo com autorização local para retornarem as aulas presenciais, vão adotar o ensino remoto por mais um semestre. 

Faculdades adiam retorno presencial
A universidade Estácio de Sá voltou atrás e não retomará as aulas presenciais. A Candido Mendes também tomou a mesma decisão. Diante do cenário crescente da pandemia, em que o Brasil vive seu pior momento, as duas maiores universidades privadas do município, mesmo com autorização local para retornarem as aulas presenciais, vão adotar o ensino remoto por mais um semestre. 

Avaliação local e regional
A Estácio de Nova Friburgo estava se planejando para retornar parte das aulas presenciais, mas avaliou que a atual situação não permite. Recebendo alunos de vários municípios vizinhos, avalia não só a questão municipal como a regional. São ônibus e mais ônibus de outros municípios. Apenas as atividades práticas e estágios serão presenciais com as devidas medidas sanitárias.

EAD sem tutoria presencial
A Candido Mendes também seguirá com o totalmente ensino remoto, com aulas ao vivo e a interação com os alunos por todo esse semestre. As demais faculdades que já funcionam no sistema de ensino à distância manterão suspensas as tutorias e demais atividades que antes da pandemia eram presenciais.

Novo coordenador
O curso de Direito da Estácio em Nova Friburgo, avaliado como um dos melhores do país, tem novo coordenador. Assume a coordenação do mais importante curso do campus, o professor Hugo Lontra que, inclusive, já escreveu nessa coluna. Por muitos anos, a coordenação ficou com o professor Thiago Petrucci, que deixou a função por motivos pessoais. Hugo já atua como professor da universidade, inclusive em bancas de trabalhos de conclusão de curso, sendo muito querido pelos alunos.

IPRJ - orgulho estadual
Por falar em ensino superior, professores e alunos da Uerj em Nova Friburgo criaram uma plataforma com publicações e novidades seguras relacionadas à Covid-19. Já são mais de 450 mil documentos, em três idiomas (inglês, espanhol e português) disponíveis de maneira simplificada a todos.

Plataforma Covid-19
O grupo do Instituto Politécnico (IPRJ), liderado pelo professor Anderson Namen, inclui também técnico-administrativos que trabalham na ferramenta desde abril do ano passado, ou seja, pouco depois de ter estourado a pandemia no Brasil. O reconhecimento a esse trabalho é também um reconhecimento à importância da pesquisa e da interiorização da universidade pública.

Gênios da computação
O projeto de extensão “Robô para busca e disponibilização de metadados de publicações relacionadas a Covid-19” consiste no desenvolvimento de um algoritmo usado para encontrar, ler e indexar páginas na rede mundial que busquem informações relevantes de descobertas e conhecimentos científicos referentes a artigos publicados em revistas médicas e em matérias disponibilizadas na web que abordem a Covid-19.

Facilitador de pesquisa
Foi criado um sistema para acesso aos dados coletados que disponibilizasse diferentes mecanismos de filtragem e alertas quanto a novas publicações, a partir da escolha de diferentes atributos (assunto, título, resumo, autoria, período de publicação), de acordo com a demanda do usuário.

Disponível a todos
Inicialmente divulgada apenas junto à comunidade do IPRJ, para que o uso dos recursos pudesse ser avaliado e fossem colhidos feedbacks, agora está disponível para toda a sociedade, através do endereço www.covid-19.iprj.uerj.br. Os envolvidos acreditam que este seja um diferencial importante para o desenvolvimento de ações e soluções para os problemas da Covid-19.

Menos ovos nas prateleiras
Faltando menos de um mês da Páscoa (próximo dia 4 de abril), a típica imagem de lojas e supermercados lotados de ovos de chocolate mudou drasticamente em relação a anos anteriores. A pandemia, é claro, acelerou o que as empresas do ramo consideram um efeito natural do tempo. Por isso, muitas delas estão apostando em novos produtos de chocolate e nas encomendas online.

Mudanças permanentes?
Essa mudança de comportamento do consumidor e que modifica o planejamento das empresas é destaque em algumas publicações de marketing e mercado recentes, com olhar para além da pandemia. Menos ovos de chocolate nas lojas, novos produtos e vendas de industrializados online abrem espaço para o empreendedorismo.

Precavidos
Claro que as lojas e supermercados todos enfeitados faziam brilhar os olhos do público, especialmente dos pequenos. Como as gigantes vão resolver isso? Talvez só no ano que vem, quando se espera, seja uma páscoa sem pandemia. Ano passado, todos foram pegos de surpresa. Neste ano, os prejuízos tendem a ser menores, até pela menor oferta.

Produção local
Com isso, surge mais espaço para os ovos de chocolate artesanais ou caseiros. Ovos feitos sob encomenda ou outros produtos como cestas de trufas estão em alta. O que vai ao encontro do aumento da consciência de fomentar a economia local num momento de extremas dificuldades para o vizinho.

Campeão de vendas
Ganhando cada vez mais o coração das pessoas, o sucesso de vendas das duas páscoas anteriores - os ovos de colher - devem se repetir também na deste ano. Não faltam opções em Nova Friburgo, de sabores e de empreendedores. Vale olhar as redes sociais antes de comprar os ovos tradicionais, como já dito, planejadamente cada vez menos volumosos nas prateleiras.        

Palavreando
“Discutir não é melhor do que viver. Só os tolos podem achar o contrário. Esse pecado já foi gasto pelos filósofos de mais de dois mil anos atrás. Não sobrou nada para quem veio adiante”.

Foto da galeria
“Retrato Falado” é o mais novo livro do professor Alexandre Gazé. Trata-se de um compilado de entrevistas realizadas pela extinta Luau TV no programa homônimo. Curiosamente, o programa de TV recebeu esse nome por conta do livro de 1992, “Retrato Falado”, do mesmo autor. A obra busca através desses depoimentos - mais de 60 entre quase 200 entrevistas realizadas na TV - traçar um perfil recente da sociedade friburguense sob o ponto de vista dos entrevistados das mais diversas correntes e setores.
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Vozes políticas

sexta-feira, 12 de março de 2021

Por ora optei por me abster de discutir sobre política nesse momento. Está certo que não tenho gosto para discussões. Não quer dizer que não pense sobre. Pelo contrário, creio que tudo é político. A forma como se vive é uma escolha em essência política. Já falei sobre isso por aqui. A cabeça esquenta, os nervos saltam e é necessário fazer o exercício constante de autoconsciência para não esquecer de que o pensamento é livre, que devemos respeitar opiniões diversas (e adversas), que cada um tem sua base e vivências próprias e que muitos sequer sabem o que dizem.

Por ora optei por me abster de discutir sobre política nesse momento. Está certo que não tenho gosto para discussões. Não quer dizer que não pense sobre. Pelo contrário, creio que tudo é político. A forma como se vive é uma escolha em essência política. Já falei sobre isso por aqui. A cabeça esquenta, os nervos saltam e é necessário fazer o exercício constante de autoconsciência para não esquecer de que o pensamento é livre, que devemos respeitar opiniões diversas (e adversas), que cada um tem sua base e vivências próprias e que muitos sequer sabem o que dizem. Ao mesmo tempo, tenho a plena certeza de que falar sobre política, se interessar pelo assunto, traçar diálogos, expor fragilidades, apresentar soluções e debater formam um caminho extremamente importante tanto no processo de evolução social quanto no democrático.

Aquela expressão “dar murro em ponta de faca” tem sido vivificada a cada instante. Não se convence uma pessoa radical expondo simplesmente um discurso antagônico. Se um estranho pensa diferente de mim, por que vou achar que é minha opinião quem vai convencê-lo de que a certa sou eu? Quanta pretensão. Se a divergência está dentro de casa, adianta discutir, brigar com pessoas queridas para impor uma verdade que não é unânime?  Certo e errado. Bem e mal. Tudo é muito relativo. Depende do ângulo. Depende da formação. Depende de fatores que levam uma vida para serem construídos. Depende de valores éticos e morais, experiências pretéritas, projetos futuros, conhecimento de causa.

Por um lado os debates retratam uma esperança. O povo está atento. Os cidadãos acordaram, entenderam seu poder. A vontade de melhorar o país está tomando as ruas. A democracia está sendo defendida em amplos campos. A importância disso é inquestionável. Por outro lado, estamos vivendo tempos em que muitas pessoas estão com sangue nos olhos, semblante sombrio, sentimento de raiva, uma necessidade veemente de se impor, de expressar sua ira, de tirar o véu do respeito e invadir o livre arbítrio do outro de forma grosseira, ofensiva, impositiva. Ando vendo pessoas transfiguradas, exalando fúria e disparando uma metralhadora de informações desconexas, agressivas e muitas vezes mentirosas. Isso assusta. E eu indago se isso é saudável.

Às vezes tenho vontade de dizer para algumas pessoas que pensem em sua saúde. Que ódio faz mal de verdade. Que o processo eleitoral acirra os ânimos, é extremamente valioso mas que os embates saudáveis podem ser mais eficientes. E inteligentes. E ainda preservam as relações. Pergunto sinceramente: alguém muda de opinião quando outra pessoa impõe sua verdade de maneira radical? Creio que para muitas pessoas essa metodologia funcione. Mas para mim, essa tática é vã. Chover no molhado, sabe? Dispêndio de energia. Me convença com argumentos, com propostas claras, com um ponto de vista bem estruturado, com uma opinião sincera, com uma postura respeitosa em relação aos adversários. Me ajude a sentir esperança em um futuro melhor, a crer de verdade que esse processo pode significar alguma mudança. Me apresente programas, me conte sobre feitos, contribua de forma coerente para a formação de minha opinião. Pois do contrário, não perca seu tempo. Não me convenço por falas cheias de rancor, por discursos dicotômicos, pelo dedo enfiado na ferida aberta das pessoas. Desconfio de radicalismos. Esmoreço com inflexibilidade, com pensamentos que não mudam, com falas desacompanhadas de ouvidos.

Por fim, devo dizer que apesar do uso da primeira pessoa do singular nesse texto, não falo de mim propriamente. Não sou eu. Quero dizer pelos tantos que estão optando por essa postura quase incomum de se abster de falar (e não de pensar, obviamente) nesse momento. Desejo expressar que tal conduta também é genuína. E deve ser respeitada. Aliás, o voto é secreto.

A participação política é muito mais ampla do que o posicionamento explícito. Os eleitores não são obrigados a contar ao mundo qual a escolha feita sob pena de serem rotuladas por adjetivos esquisitos. Há diversas formas de se ter postura ativa no processo democrático. Há maneiras de gritar a insatisfação sem usar propriamente a voz. Há vozes que não falam. Vozes que são atos, práticas, manifestações outras que podem ser também muito eficientes. Vozes que são o dia a dia, o pragmatismo, a postura. Não entrar no embate pode ser uma estratégia inteligente de autopreservação que em nada desmerece aqueles que livremente fazem essa opção.

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