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Coisa de energia

sexta-feira, 05 de fevereiro de 2021

Tudo estava empoeirado. Parecia não existir ninguém ali, aliás, parecia que ninguém trabalhava, conversava, tomava uma xícara de café ou lia um livro naquele ambiente. Era até difícil imaginar o tanto de decisões que poderiam ter sido tomadas naquela sala de reuniões ou a troca de olhares entre os anfitriões. Nas caixas havia sinais de que alguém passara por ali; havia folhas brancas, novas, entre as amareladas e gastas pelo tempo. Nas prateleiras, tesouros em forma de livros novos dividiam espaço com as “relíquias” do século passado.

Tudo estava empoeirado. Parecia não existir ninguém ali, aliás, parecia que ninguém trabalhava, conversava, tomava uma xícara de café ou lia um livro naquele ambiente. Era até difícil imaginar o tanto de decisões que poderiam ter sido tomadas naquela sala de reuniões ou a troca de olhares entre os anfitriões. Nas caixas havia sinais de que alguém passara por ali; havia folhas brancas, novas, entre as amareladas e gastas pelo tempo. Nas prateleiras, tesouros em forma de livros novos dividiam espaço com as “relíquias” do século passado. Sim, o século passado estava logo ali – deu-se conta de que ele próprio já era uma antiguidade de outra época.

Tomado por uma curiosidade de entender aquele local, prosseguiu, afinal de contas, passaria lá todos os seus dias, quando não algumas noites. Avistou um computador que chamaria de seu muito em breve. Imaginou se teria internet, acesso aos programas dos quais precisava para trabalhar e lembrou-se da necessidade de abrir sua caixa de e-mail. Aproximou-se, viu uma luz acesa no equipamento abaixo e respirou aliviado por não ser o único por ali.

 Percebeu, então, a escuridão a que estava submerso. Sentiu a energia presa, uma angústia no peito, a sensação de que aquilo era estranho, feio, sem vida. Pôs-se a refletir em como mudar, recomeçar, dar novo sentido e reescrever aquela história. Sabia que o trabalho seria grandioso, mas não havia como fugir, vez que aceitara a missão e era homem de palavra. E mais, queria realmente fazer da lagarta a borboleta e ser o promotor daquela metamorfose antinatural.

 Luz! Era isso. Queria que a luz entrasse e fizesse morada por entre aquelas prateleiras, passando pelas janelas que percebeu serem bem grandes e se instalando por ali como o dono de tudo. Que simples. Correu para o interruptor e acendeu as luzes, algo que tragado pela energia sombria do local esquecera-se completamente de fazer. Ufa, melhorou. Abriu as janelas, deixou o vento circular e recebeu da natureza uma brisa especial. Providenciou uma limpeza de tudo. Contou com ajuda, mas arregaçou as mangas e propôs-se a promovê-la. Foi um processo lindo.

Enquanto limpava tudo aquilo, percebeu que purificava ao mesmo tempo a sua própria alma. Colocou flores por todos os cantos, fez um café tão caprichado que seu cheiro espalhou-se por tudo. Os livros em ordem. Poltronas prontas a convidar o próximo leitor. O chão com o brilho que merecia. Viu beleza naquele lugar. Sentiu desejo de ali ficar, motivou-se a trabalhar, quis receber pessoas, recomeçar. Sentiu que a transformação se deu também em seu interior. Recomeçaria em outro nível, com outra energia e daria seu melhor com menos esforço e mais alegria. Pronto. A luz entrou.

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A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.

O que te faz acionista?

sexta-feira, 05 de fevereiro de 2021

Já parou para pensar o que acontece quando você compra ações através da Bolsa de Valores? Entender o conceito por trás do homebroker (plataforma de negociação das corretoras de valores) é fundamental para fazer parte da filosofia das companhias e viver a tese dos seus investimentos. Entender os objetivos e modelos de negócio das empresas é tão fundamental quanto refletir os seus valores – ambientais, sociais, trabalhistas e muitos outros – ao seu portfólio de ações.

Já parou para pensar o que acontece quando você compra ações através da Bolsa de Valores? Entender o conceito por trás do homebroker (plataforma de negociação das corretoras de valores) é fundamental para fazer parte da filosofia das companhias e viver a tese dos seus investimentos. Entender os objetivos e modelos de negócio das empresas é tão fundamental quanto refletir os seus valores – ambientais, sociais, trabalhistas e muitos outros – ao seu portfólio de ações. Contudo, antes de partirmos direto para esses propósitos, vamos rever alguns conceitos a fim de democratizar o conhecimento presente neste texto. Comecemos, então, definindo a Bolsa de Valores. Para tornar possível os negócios em setor de bolsas, é necessário que empresas de infraestrutura de mercado financeiro exerçam atividades primordiais, como – de acordo com a própria bolsa de valores brasileira – a “criação e administração de sistemas de negociação, compensação, liquidação, depósito e registro para todas as principais classes de ativos, desde ações e títulos de renda fixa corporativa até derivativos de moedas, operações estruturadas e taxas de juros e de commodities”. No Brasil, existe apenas uma empresa responsável por exercer tais atividades, a B3 – Brasil, Bolsa, Balcão. Ao redor do mundo, existem diversas outras; como as Nasdaq e a Bolsa de Nova York, nos Estados Unidos; a Bolsa de Valores de Londres, na Inglaterra; a Bolsa de Valores de Frankfurt, na Alemanha e por aí vai. Contudo, isso pode ficar ainda mais simples quando tomamos consciência de as bolsas globais serem como uma feira (essas de frutas, legumes e carnes) onde encontram-se vendedores e compradores dispostas a negociar determinado produto. Todavia, nessa grande e tecnológica feira da bolsa de valores, negociam-se as empresas. Mas, então, como chegar nessa “feira da bolsa de valores”? Antes de mais nada, é necessário tornar-se cliente de alguma corretora ou banco de investimentos, pois as instituições financeiras são as responsáveis por realizar a comunicação entre você e a bolsa de valores. Feito, é através do homebroker, plataforma de negociação disponibilizada na sua conta da corretora de valores, que você poderá comprar suas ações; e a partir daí começa a sua jornada por boas escolhas. Falemos delas! Compor um portfólio de ações não é fácil; mas o conceito é simples! Comprar ações te faz acionista: um pequeno sócio de determinada companhia/empresa. Portanto, é importante compor o seu portfólio com ações de empresas que julga ser coerente tornar-se sócio. Não faz sentido algum comprar determinado papel (nomenclatura técnica sinônima a “ação”) de uma empresa sem saber, nem mesmo, quais os produtos e/ou serviços tal empresa oferece para a sociedade. É a partir daqui que você começa a pôr seus valores em questão: procure entender o propósito da companhia; sua relação e responsabilidade com a sociedade; entenda se os produtos e/ou serviços são realmente relevantes e rentáveis. Além de toda essa filosofia de investimentos, entra também a visão fundamentalista; é somente aqui que você analisa os resultados das empresas e, caso bons ou minimamente promissores, adiciona-as ao seu portfólio. Mas lembre-se, ponto fundamental é diversificação. Uma carteira bem distribuída, com algumas boas empresas e de diferentes setores são fundamentais para diminuir os riscos de mercado (os riscos que toda empresa está sujeita). Mais importante que começar a investir, é entender a filosofia por trás do investimento. E isso é bastante simples!

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De Beuclair: os médicos dos escravos

quinta-feira, 04 de fevereiro de 2021

Antes de iniciar a narrativa sobre a família De Beauclair, cabe uma indagação. Por que os fazendeiros produtores de café passaram a contratar médicos para cuidar especificamente de seus escravos? A lei Eusébio de Queiroz de 1850, que proibiu o tráfico negreiro no Atlântico Sul com o continente africano fez aumentar extraordinariamente o preço dos escravos. Os fazendeiros abastados e com significativo plantel de escravos passaram a recorrer aos serviços de médicos europeus que vinham para o Brasil na segunda metade do século 19.

Antes de iniciar a narrativa sobre a família De Beauclair, cabe uma indagação. Por que os fazendeiros produtores de café passaram a contratar médicos para cuidar especificamente de seus escravos? A lei Eusébio de Queiroz de 1850, que proibiu o tráfico negreiro no Atlântico Sul com o continente africano fez aumentar extraordinariamente o preço dos escravos. Os fazendeiros abastados e com significativo plantel de escravos passaram a recorrer aos serviços de médicos europeus que vinham para o Brasil na segunda metade do século 19. Antes da mencionada lei, os escravos enfermos eram tratados pelos próprios senhores que faziam uso de remédios à base de ervas, as mezinhas caseiras, ou mesmo delegando o tratamento aos escravos curandeiros, figura tradicional da cultura africana. Ser escravo no Brasil, como nos ensina Kátia Mattoso era trabalhar entre 15 a 17 horas ao dia. O tempo de vida do escravo no eito não passava de sete anos e as enfermidades advinham tanto da excessiva jornada como das condições insalubres de trabalho. Stanley Stein em “Grandeza e decadência do café no Vale do Paraíba” nos informa que os médicos se estabeleciam em fazendas, em pontos centrais nas áreas agrícolas de determinado município, e atendiam a chamados das fazendas vizinhas. O mais comum dos males nas fazendas de café era o bicho-de-pé. Uma vez introduzido na parte carnuda e calejada do pé carcomia os dedos e a sola produzindo úlceras e incapacitando o escravo para o trabalho. Eram também doenças comuns entre os escravizados a tuberculose, cólicas, prisão de ventre, convulsões, tosse comprida e a erisipela, resultando esta última em elefantíase ou lepra. Os escravos padeciam de infecções respiratórias em razão de atividades como descascar e peneirar os grãos de café que produziam um pó fino prejudicial à saúde, afetando-lhes os pulmões, a pele e os olhos. Entrevistei Mary Beauclair que me trouxe informações sobre os seus ancestrais, os alemães De Beauclair que vieram para Cantagalo trabalhar nas fazendas de café como médicos. O seu bisavô Johann Adolpho Rouville de Beauclair era médico e nasceu em Hessen, na Alemanha. Veio para o Brasil acompanhado de seu irmão igualmente médico Victor Leopold de Beauclair. Johann Adolpho casou-se em Cantagalo em 8 de junho de 1858 com Ângela Elvira de Roure. Já Victor Leopold se casou com Emma Dietrich, filha do vice-cônsul suíço em Cantagalo Heinrich Dietrich. Cabe aqui uma explicação sobre os Beauclair. Não obstante serem alemães herdaram do tataravô Jean Pierre Rouville de T. de Beauclair, nascido em Paris, o nome de família francês. O trisavô era Louis Nicolas Rouville Dicté de Beauclair. Beauclair é uma comuna francesa no departamento de Meuse que em 2010 tinha 83 habitantes. De acordo com a historiadora Anne Proença em sua tese de mestrado “Vida de médico no interior fluminense, a trajetória de Carlos Éboli em Cantagalo e Nova Friburgo”, no ano de 1855 Johann Adolpho constava no Almanak Laemmert como médico em Cantagalo. Possivelmente foi neste ano que os irmãos Beauclair chegaram ao Brasil para trabalhar em Cantagalo, atendendo a uma demanda por médicos nas unidades de produção de café pelo motivo já apontado. Segundo Proença, Johann Adolpho atendia na Fazenda Tanques e em outras propriedades rurais, sendo que todos os médicos que atuavam nas fazendas também realizavam atendimentos na localidade. Já Victor Leopold atendia na Fazenda Macapá, em São Fidélis, de propriedade do Barão de Nova Friburgo, mas fazia também atendimento na corte. Logo, as grandes fazendas de café tinham o seu próprio médico e uma construção isolada servia de hospital. Os médicos Johann Adolpho e Victor Leopold retornaram para a Europa, mas tudo indica que não foi essa a intenção do primeiro deles. Adolpho além de médico da Fazenda Tanques era sócio efetivo da Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional. Portanto, parecia ter deitado raízes no Brasil. A Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional posicionou-se pela abolição gradual da escravidão, apoiou a política de colonização com a distribuição de pequenos lotes para estrangeiros e brasileiros e o sistema de parceria na lavoura cafeeira. Incentivou também a expansão da pequena propriedade rural e criticava o latifúndio improdutivo. De acordo com o historiador Henrique Bon, o filho de Victor Leopold, cujo nome é homônimo ao do pai, nascido em 1874, em Cantagalo, cursou medicina em Zurich. Aventureiro, praticava o balonismo, tendo no ano de 1907 sido o primeiro a transpor os Alpes entre a Suíça e a Itália no balão Le Cognac. Filiado ao aeroclube da França recebeu de Santos Dumont um prêmio por ter permanecido em voo ininterrupto durante 56 horas, batendo um recorde. Seus feitos foram registrados nos anais do balonismo mundial. Mesmo sendo um alpinista experiente, Victor de Beauclair morreu com a esposa em 15 de agosto de 1929, ao escalar o Matterhorn na fronteira entre a Suíça e a Itália. Por outro lado, dois filhos de Johann Adolpho, Frederico e Jacob Adolf retornaram ao Brasil e Mary descendeu do tronco familiar do segundo. Seu pai Álvaro Beauclair, filho de Jacob Adolf nasceu em Cantagalo e tinha 82 anos quando a concebeu. Já o filho de Frederico, o mestre cervejeiro Albano Beauclair, estabeleceu em Nova Friburgo, em 1893, a fábrica de cerveja Beauclair produzindo a cerveja Friburgo Brau, com maquinário importado da Alemanha. Mary Beauclair escreveu um livro sobre a sua família nos presenteando com mais detalhes sobre a interessante história de seus ancestrais.

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A importância do contato mãe-bebê para o futuro da criança

quinta-feira, 04 de fevereiro de 2021

A infância é um tempo crucial para o desenvolvimento do cérebro. É vital que os bebês e seus pais sejam apoiados durante este tempo para promover o vínculo. Sem haver uma ligação inicial boa, as crianças são menos prováveis de crescerem para serem adultos felizes, independentes e resilientes. A etapa mais importante para o desenvolvimento do cérebro é o começo da vida, iniciando no ventre e então no primeiro ano de vida. Na idade de três anos, o cérebro de uma criança tem atingido quase 90% do tamanho adulto.

A infância é um tempo crucial para o desenvolvimento do cérebro. É vital que os bebês e seus pais sejam apoiados durante este tempo para promover o vínculo. Sem haver uma ligação inicial boa, as crianças são menos prováveis de crescerem para serem adultos felizes, independentes e resilientes. A etapa mais importante para o desenvolvimento do cérebro é o começo da vida, iniciando no ventre e então no primeiro ano de vida. Na idade de três anos, o cérebro de uma criança tem atingido quase 90% do tamanho adulto. Este rápido crescimento cerebral e de circuitos tem sido estimado numa espantosa taxa de 700 a 1.000 conexões de sinapses por segundo neste período da vida. Impressionante, não é? As experiências que o bebê tem com seus cuidadores são cruciais para a rede de neurônios e habilita milhões e milhões de novas conexões no cérebro para serem feitas. Interações e comunicações repetidas com as pessoas próximas ao bebê ajudam memórias e relacionamentos a se formarem. Se experiências positivas não ocorrem entre o bebê e seus pais, os circuitos cerebrais necessários para a vivência de experiências humanas normais podem ser perdidos. Isto é frequentemente referido como um princípio que diz “use-o ou perca-o”, no contexto do que estamos falando, significa: use o cérebro ou perca-o. Estudos de casos trágicos de crianças “selvagens” que sobreviveram com um mínimo de contato humano, ilustra a severa perda da linguagem e do desenvolvimento emocional na ausência de amor, linguagem e atenção. Do mesmo modo, ainda que bebês tenham uma profunda predisposição genética para unirem-se a um pai amoroso ou mãe amorosa, isto pode ser quebrado ou prejudicado se um pai, mãe ou outro cuidador do bebê for negligente, descuidado e inconsistente ou incoerente no lidar com a criança. Por exemplo, um dia a mãe abraça o bebê e o beija com carinho, e horas depois se irrita pelo cansaço e age com frieza com ele. Você faz isso com sua criança? Você descarrega suas frustrações com seu marido sobre seus filhos? Você grita ou bate nos seus filhos mais por causa da desavença com sua esposa do que por erros cometidos por eles? Se você faz isso mamãe, papai, é hora de parar com este abuso para não prejudicar o cérebro destas crianças e para não criar uma base psicológica ou emocional para doenças mentais no futuro. No artigo “Feridas que o tempo não cura. A neurobiologia do abuso na criança”, publicado na revista científica chamada “Cerebrum” no ano 2000, o cientista Teicher relatou as seguintes patologias ou doenças em crianças que sofreram negligência nos primeiros anos de vida: (1) Reduzido crescimento no hemisfério cerebral esquerdo o qual pode levar à aumento associado do risco de depressão. (2) Aumento da sensibilidade no sistema límbico o qual pode favorecer o surgimento de desordens de ansiedade. (3) Redução no crescimento do hipocampo que poderia contribuir para deficiências no aprendizado e na memória. Estes resultados foram confirmados por casos de extrema negligência e resultados de crianças vivendo em orfanatos na Romênia. O médico psiquiatra do Departamento de Psiquiatria da Criança e Adolescência da Universidade de Birmingham, de Londres, Inglaterra, Dr. Rutter e colaboradores, tiveram um artigo publicado em 1985 na revista inglesa de psiquiatria, The British Journal of Psychiatry, que é o resultado de estudos sobre o desenvolvimento de crianças de um orfanato na Romênia adotadas em idades diferentes por famílias amáveis. Quando cada criança tinha 6 anos de idade, os pesquisadores avaliaram que proporção das adotadas funcionavam normalmente. Eles encontraram que 69% das crianças adotadas antes dos seis meses de idade; 43% das adotadas entre sete meses e 2 anos de idade e somente 22% das adotadas entre 2 anos e 3 anos e meio de idade funcionavam normalmente. Este estudo destaca a importância do apoio dos pais para com os bebês nos cruciais primeiros anos de vida. Entretanto, os pais podem se preocupar com coisas que não são tão importantes para o desenvolvimento do cérebro de seus filhos, tais como dar a eles um quarto próprio, comprar muitos brinquedos e levá-los a passeios caros nos feriados. No lugar disto, o presente mais valioso para uma criança é grátis: é o amor, o tempo e o apoio dos pais. Isto não é um sentimento vazio, superficial, sem sentido. A ciência está agora mostrando o por que o cérebro do bebê precisa de amor mais do que qualquer outra coisa.

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Um americano maluco

quarta-feira, 03 de fevereiro de 2021

Mas depois que a boa velhinha voou para o céu, o melhor é deixá-la descansar em paz

Mas depois que a boa velhinha voou para o céu, o melhor é deixá-la descansar em paz

Embora nunca se tenha feito um levantamento científico sério, não tenho dúvida de que nos Estados Unidos está a maior concentração mundial de malucos. Afinal, os americanos são os maiorais em quase tudo, basta ver que nas calçadas de lá as pessoas têm que andar com cuidado para não esbarrar em algum ganhador do Nobel: cientistas, escritores, humanistas e mais uma fila interminável. Na última vez que vi a relação de vencedores, eles já tinham faturado o prêmio 352 vezes. O que nos consola é que até lugares que a gente nem sabia que existiam e muito menos que fossem países já alcançaram essa glória. É o caso de Santa Lúcia, que para mim não passava de uma clínica psiquiátrica, mas já faturou duas vezes (Literatura e Ciências Econômicas). Ainda há esperanças para o Brasil!

Apesar de ser tão importante e entregar aos contemplados uma grana preta (na verdade, nas cores do Euro), o prêmio não deixou de ser esnobado. Foi o que fez Lê Dúc Thou, do Vietname, que, tendo sido o Nobel da Paz em 1973, pediu que o deixassem em paz e não estendeu a casaca para receber a medalha nem a mão para pegar o dinheiro.

Os dados sobre os americanos, porém, são sempre superlativos. Certa vez li que se o resto do mundo comesse a mesma quantidade dos ianques a fome se alastraria (ainda mais!) pelo mundo. Se comparado, por exemplo, com um indiano, cada sobrinho do Tio Sam consome vinte vezes mais de tudo: água, eletricidade, papel higiênico e remédio, sem falar no uísque e provavelmente na cocaína. Portanto, não é de se estranhar e que, ao contrário, seja muito lógico que entre eles esteja a maior população de malucos do planeta. Para comprovar a tese, lembro o caso do sujeito que recentemente foi preso no Tenesse por estar arrobando túmulos num cemitério.

A coisa em si já é bastante doida, e ainda mais se agrava pelo motivo apresentado pelo arrombador. No fundo, um motivo muito nobre. Ele não estava arrancando dentes de ouro, nem profanando cadáveres, nem procurando algum Rolex que tivessem deixado cair no caixão na hora do sepultamento. Visto por um vigia noturno, o sujeito foi preso. Na delegacia, alegou que pretendia — simplesmente pretendia — ressuscitar a avó. Vejam vocês! Eu sempre soube que as avós fazem parte dos melhores momentos de nossa vida e, quando elas se vão, ficam para sempre entre as nossas mais doces lembranças. É só a gente pegar o álbum de fotografias ou, se você é mais jovem, o arquivo de fotos do celular para ver que não há momento algum de sua felicidade em que elas não estejam presentes, sorrindo na fotografia. Sim, amar a avó é compreensível e elogiável.  Elas merecem.  Mas depois que a boa velhinha voou para o céu, o melhor é deixá-la descansar em paz.

Ainda não está bem claro para que esse madman pretendia tirar a vovozinha do sono eterno. Talvez para pedir melhora na mesada, talvez para reclamar da pequena parte que lhe coube na herança, talvez para implorar perdão por alguma falta cometida. Fosse qual fosse o motivo, não creio que ela pudesse atendê-lo. Até porque, se lhe perguntassem se queria voltar ao mundo dos vivos, provavelmente ela, com a sabedoria que só os mortos podem ter, responderia citando o poeta baiano Leminski:

Vida e morte / amor e dúvida / dor e sorte / quem for louco / que volte.

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Cada edição de AVS é uma saudade a mais em nossa história!

terça-feira, 02 de fevereiro de 2021

Quando se fala em saudade, eu sinto que ela tem cheiro de alumínio lavado. Estranho? Nada de espanto, pois, na minha casa de infância, bebíamos água nas canequinhas de alumínio, que vovó, tão bem, mantinha ariadas. Saudade pode ser muita coisa e como disse Ana Borges, é pessoal e intransferível nas suas várias formas de manifestação. Em todos os idiomas é sentida, a começar pelo banzo, que os negros trouxeram, quando “removidos” de suas terras africanas. Na visão de Priscila Pasko, a saudade se traduz na arte, em canções, na literatura, coreografia, pinturas ou poemas.

Quando se fala em saudade, eu sinto que ela tem cheiro de alumínio lavado. Estranho? Nada de espanto, pois, na minha casa de infância, bebíamos água nas canequinhas de alumínio, que vovó, tão bem, mantinha ariadas. Saudade pode ser muita coisa e como disse Ana Borges, é pessoal e intransferível nas suas várias formas de manifestação. Em todos os idiomas é sentida, a começar pelo banzo, que os negros trouxeram, quando “removidos” de suas terras africanas. Na visão de Priscila Pasko, a saudade se traduz na arte, em canções, na literatura, coreografia, pinturas ou poemas.

Alan Andrade foi certeiro em sua explanação: “uma palavra difícil de traduzir” e ressalta que a “saudade pode deixar de ser algo benéfico e trazer consequências negativas, conforme nos apeguemos excessivamente ao passado”. Alan também conversou com o psiquiatra Danilo Cassane, e a entrevista rendeu boas considerações sobre a saudade: “Muitas pessoas acabam perdendo o gosto e o prazer de viver por ficarem presas às experiências vividas, que não poderão se repetir com a mesma intensidade”, alerta dr. Danilo. A saudade é um tema inesgotável e na página 8 do “Z”, estou eu, entre tantos bambas da literatura. Não sei quem vou destacar e, na dúvida,  vamos de Clarice Lispector: “Saudade é um pouco de fome... é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida.”. Pablo Neruda: “Saudade é solidão acompanhada...”. Quanto a mim, a saudade fala tanto que eu nem preciso falar! E o Caderno Z, com seus temas maravilhosos, é um provocador de saudades, pois sempre nos deixa rastros de boas lembranças.

Deixando o Z, vamos ao passeio pelas notícias. A pandemia está em alta, mas a bandeira passou para a cor laranja. O prefeito comemora, em “risco moderado”, uma vitória questionável, e diz: “Vencemos o momento mais crítico da pandemia até aqui”. Eu sou apenas uma observadora das inseguranças e sempre ouvi dizer que “time que está ganhando não se mexe”. Então, se estava dando certo, por que a pressa de trocar de bandeira? O boletim da prefeitura divulga: “mais uma morte e 84 novos casos”.

Os restaurantes voltam a receber clientes com redução de 40% de sua capacidade. Os bares, com 30%, das 7h às 19h e o comércio voltando de segunda a sábado, das 10h às 19h.  A gravidade da pandemia é um fato inegável e dá até uma sensação de inveja do “olariense” Bernardo Nunes, que mora na Austrália desde 2016. Em entrevista para Fernando Moreira, Bernardo destacou: “É até bonito ver como a população australiana se uniu no enfretamento à Covid-19”. No Brasil, ao contrário, o povo se dividiu entre os que levam a sério e os que ignoram a pandemia. Lamentável essa divisão!

Enquanto isso, nossa nadadora Jhennifer Alves, que “mira a Seletiva Olímpica”, cobrou maior apoio da cidade em um desabafo: “Nova Friburgo possui grandes empresas, mas elas estão deixando a desejar um pouco com os grandes atletas”. Muitas coisas ficam assim mesmo, a desejar, esperando dias melhores, como a Praça Getúlio Vargas, à mercê de uma “sensação de insegurança”. A charge de Silvério diz tudo! Porém, ninguém se deixe vencer, pois, toda esperança tem vida própria e se sustenta até das incertezas.

Não é sem razão que a coluna “Há 50 anos” tenha tantos fãs. É saudade, minha gente! Lembrar fatos de um passado, nem tão distante, é um deleite. Algumas coisas eram melhores, mas, melhoramos muito. No Carnaval de 1971, por exemplo, o Country Clube, o Xadrez e a Sociedade Esportiva Friburguense programavam inúmeras atrações e seria o evento “mais animado de todos os tempos, em termos de ornamentação, iluminação e orquestras para os bailes”. Que saudade! Era um tempo feliz e a gente nem sabia. Ou sabia?

Entretanto, feliz estou eu, agora, completando sete anos da coluna Surpresas de Viagem. Com muita honra festejo a ocasião, por estar nas páginas de A VOZ DA SERRA, com meu passaporte de viagens pelo mundo inteiro. Quando me debruço sobre as páginas do jornal, eu viajo, em primeira classe, pelas estradas dos conhecimentos. Adriana Ventura e equipe, minha gratidão! Aos nossos leitores, muito grata pela companhia...

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Amanhã, o dia é da Ilana

terça-feira, 02 de fevereiro de 2021

Amanhã, o dia é da Ilana

Amanhã, 3, a quarta-feira será de satisfações de familiares e dos muitos amigos para a querida jovem da foto, Ilana Santos Guilland pela passagem do seu aniversário. No mês que vem, mais precisamente no dia 8, teremos mais parabéns para a Ilama, pois neste dia ocorrerá sua formatura no curso de graduação em Design, pela PUC.

 A coluna celebra a idade nova da Ilana se unindo no coro de parabéns com os pais da aniversariante, o jornalista Girlan Guilland e Rose e o irmão Ilan.

Jubileu de Diamante

Amanhã, o dia é da Ilana

Amanhã, 3, a quarta-feira será de satisfações de familiares e dos muitos amigos para a querida jovem da foto, Ilana Santos Guilland pela passagem do seu aniversário. No mês que vem, mais precisamente no dia 8, teremos mais parabéns para a Ilama, pois neste dia ocorrerá sua formatura no curso de graduação em Design, pela PUC.

 A coluna celebra a idade nova da Ilana se unindo no coro de parabéns com os pais da aniversariante, o jornalista Girlan Guilland e Rose e o irmão Ilan.

Jubileu de Diamante

Hoje, 2, é um dia importantíssimo para uma admirada agremiação carnavalesca de Nova Friburgo: o Grêmio Recreativo Alunos do Samba, de Conselheiro Paulino, completa 75 anos de esplêndida existência. Parabéns aos dirigentes, componentes, simpatizantes e torcedores da Alunão, a azul e branco da folia friburguense.

Parabéns, Luiz Carlos!

 Ainda em tempo de satisfação, apesar do pequeno atraso, nossas congratulações ao querido jovem e prezado leitor assíduo desta nossa coluna, Luiz Carlos Costa Júnior (foto).

Para satisfação e carinho todo especial de seus pais Linete e Luiz Carlos, irmãs Viviane e Cristiane, assim como sobrinha Sara, demais familiares e muitos amigos, o simpático Luiz Carlos aniversariou no último dia 29 de janeiro.

James aniversariou

Outro aniversariante que passou o último dia 29 recebendo cumprimentos por sua mudança de idade, foi o simpático coronel PM reformado, James de Barros, marido da delegada Danielle Bessa.

 A ele, que vem atuando em destacada função junto ao novo presidente da Câmara de Nova Friburgo vereador Wellington Moreira, nossos parabéns com votos de mais e mais felicidades.

Vivas para a Luana

Na próxima quinta-feira, 4, a Luana Gonçalves do Nascimento (foto) vai trocar de idade. Ela é técnica em enfermagem, cursa psicologia e adora tamborim, participando assim e sempre que possível, dos desfiles das escolas de samba de Nova Friburgo e também do Rio de Janeiro.

 À querida Luana nossas congratulações, com cumprimentos também extensivos a mãe Maristela e avó Neuza,

Mês de quatro

Embora fevereiro seja o menor mês de todos, este no entanto estará completo com relação a quantidade de quatro dias da semana.

Teremos este mês quatro segundas, quatro terças, quarto quartas, quatro quintas, quatro sextas-feiras, quatro sábados e quatro domingos.

Perdão pela troca!

Nossas desculpas aos amigos e leitores Marcelo de Souza Cintra, empresário e Jazão de Oliveira Ribeiro, cirurgião dentista.
Isso, por que em razão de um involuntário equivoco na montagem gráfica desta coluna na edição passada, a foto do primeiro saiu junto a nota de aniversário do segundo.

  • Foto da galeria

    Amanhã, o dia da Ilana = JOVEM ILANA S. GUILLAND

  • Foto da galeria

    Parabéns, Luiz Carlos! = RAPAZ LUIZ CARLOS COSTA JUNIOR

  • Foto da galeria

    Vivas para Luana = MOÇA LUANA GONÇALVES NASCIMENTO

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A perfeição cristã existe

terça-feira, 02 de fevereiro de 2021

Uma das mentiras contadas atualmente para nos fazer esquecer que a santidade é possível em seu estado perfeito na vida dos cristãos é essa: "esse é meu jeito, você precisa aceitar". Já refletiu sobre essa fala? Na boca de quem diz, demonstra soberba, desinteresse pela mudança, desprezo do amor e certeza de que não há o que melhorar. Aos ouvidos, soa como se fôssemos obrigados a aceitar qualquer tipo de mudanças para o melhor de nós mesmos.

Uma das mentiras contadas atualmente para nos fazer esquecer que a santidade é possível em seu estado perfeito na vida dos cristãos é essa: "esse é meu jeito, você precisa aceitar". Já refletiu sobre essa fala? Na boca de quem diz, demonstra soberba, desinteresse pela mudança, desprezo do amor e certeza de que não há o que melhorar. Aos ouvidos, soa como se fôssemos obrigados a aceitar qualquer tipo de mudanças para o melhor de nós mesmos.

Ao contrário, a vida dos santos sempre demonstrou que no início da conversão deve haver um desejo irrefreável de transformação de si mesmo, o qual é o despertar de uma nova forma de ver a meta da vida: ela foi feita para a união íntima com aquele que nos amou primeiro. E essa união é capaz de mudar tudo, pois é amor, entrega e reciprocidade. Aquele que limita sua vida ao seu “jeito de ser” não permite que o outro se introduza em sua história. É o fechamento para tudo que humaniza, pois um coração humano não foi criado para estar sozinho, ele precisa da presença do outro.

Mais uma mentira que impede de vermos a vida como um crescimento no amor e, por isso, uma mudança constante do jeito de ser, é permitir que os erros passados e a dificuldade de desapego dos mesmos se tornem um peso de culpa tão grande que impeça o olhar para a misericórdia divina, a qual é a verdade sobre nós mesmos mais que nossos tropeços.

Desfeitas as mentiras, é preciso ter uma boa disposição para a mudança. O primeiríssimo passo é a confissão dos pecados, meio ordinário para o estado de graça, de amizade com o Senhor, que garante valor para os esforços não serem em vão. O início da vida espiritual é a humilde confissão de nossas faltas graves, a luta para não voltarmos a elas e à firme resolução de desapego das coisas mundanas.

Já fez isso? Se não fez, lembre-se da brevidade da vida, da morte eterna no inferno, que são, pelo menos, meios imperfeitos para entrar no caminho da perfeição. Caso haja muito amor a Deus em você, esses passos podem ser adiantados. Geralmente, não havendo tal amor, alimente o desejo de agradar a Deus o quanto puder, que isso ajudará no desapego de tudo que possa atrapalhar.

No mais, é preciso muita força de vontade e lembrar que, hoje em dia, nem mesmo a ideia de um sofrimento eterno no inferno está causando medo nas pessoas. Quando sentem a necessidade de mudança, é porque tudo está dando errado na vida ou porque descobriram seus pecados mais escondidos, o que sugere falta de fé em Deus, que tudo vê. E já sabemos que sem fé é impossível agradar a Deus. A pessoa de fé, diante de uma decisão, se coloca, antes de tudo, perante a onisciência de Deus, pois teme o Senhor e deseja agrada-lo antes que aos homens.

Aliás, a virtude da fé não pode faltar no início da busca de perfeição, pois justamente ela nos faz enxergar a união com Deus como a verdadeira e única meta da vida. E quem começa uma jornada precisa saber para onde está indo. A fé não é escuridão, mas visão, ainda que imperfeita, do sentido da existência. Para saber se você a tem, pergunte-se: minhas mudanças têm origem em que experiência na vida? Se tudo o que te faz crer em Deus parte de situações mais ou menos desastrosas, é preciso amadurecer a fé por uma experiência íntima com o amor de Deus em Jesus Cristo.

Antes de terminar a reflexão, é preciso esclarecer que perfeição aqui não se trata de impecabilidade, ser politicamente correto, nunca se exaltar (isso é apatia) ou entrar numa forma que despreza a personalidade. Não! Ser perfeito cristão é buscar amar a Deus de todo o coração e não calcular a entrega da vida aos apelos do amor. Claro que é preciso romper com o pecado, todos sabemos (ou deveríamos saber). Mas, diante das diversas misérias humanas, o que prevalece é o amor que vai transformando.

Enfim, na oração, que nunca pode faltar na forma discursiva e apelante na vida dos iniciantes (via de regra, a maioria de nós está no início), peça a Jesus com insistência e esperança, o dom da verdadeira fé através de uma experiência de profundo perdão e amor. Quando tal experiência acontecer, o céu se abrirá, a graça chegará e os passos certos serão dados, pois a meta não será mais obscura. Coragem!

Padre Celso Henrique Diniz é vigário paroquial da Catedral São João Batista. Esta coluna é publicada às terças-feiras.

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O voo do livro infantil

segunda-feira, 01 de fevereiro de 2021

Faz tempo que não escrevo sobre a literatura infantil. Lendo alguns textos
e entrevistas de Ricardo Azevedo, mestre em Letras e doutor em Teoria
Literária, escritor e ilustrador, autor de aproximadamente cem livros de
literatura infantil, como Nossa rua tem um problema (1993), Dezenove poemas
desengonçados (1998) e Se eu fosse aquilo (2014), editados pela Ática, fui
carregada por ideias iluminadas sobre o escrever para crianças.
Tenho a impressão de quem escreve para crianças tem vontade de

Faz tempo que não escrevo sobre a literatura infantil. Lendo alguns textos
e entrevistas de Ricardo Azevedo, mestre em Letras e doutor em Teoria
Literária, escritor e ilustrador, autor de aproximadamente cem livros de
literatura infantil, como Nossa rua tem um problema (1993), Dezenove poemas
desengonçados (1998) e Se eu fosse aquilo (2014), editados pela Ática, fui
carregada por ideias iluminadas sobre o escrever para crianças.
Tenho a impressão de quem escreve para crianças tem vontade de
despertar a própria capacidade de imaginar. Também de dar as mãos ao
pequeno leitor e convidá-lo a passear pelo imaginário através de enredos
criativos, sensíveis e divertidos. É uma viagem em que o escritor e o leitor
interpretam os sentidos da vida, cada um ao seu modo e ao seu ponto de vista,
a partir de esforços para compreender as coisas deste mundo permeado por
diferenças, por situações, muitas vezes, ambíguas e incompatíveis com o ser
criança. Inclusive destrutivas. Os passos nos caminhos em que a fantasia
colore a realidade devem ser livres. Leves e desprendidos de preconceitos.
Porém respeitosos, responsáveis e equilibrados pelos valores humanos. Que
belo passeio pode-se dar no mundo maravilhoso de Alice no País das
Maravilhas, tão bem imaginado por Lewis Carol. O que se pode encontrar nas
As Aventuras de Pinóquio, guiada pelas ideias de Carlo Collodi? O que será
possível descobrir no O Sítio do Pica-Pau Amarelo, de Monteiro Lobato? Ah,
são tantas deliciosas viagens ao universo da imaginação!
O sentido da vida, as circunstâncias e as coisas deste mundo são
reveladas através dos livros, de modo que a realidade em que o leitor está
imerso é mostrada de modo lúdico. A literatura não é conclusiva, nem fonte de
lições. É vida e mais vida, a maior mestre de todos os tempos.
A individualidade da criança é preponderante aos olhos do escritor, que
jamais escreve para si. Um grande sedutor? Talvez tenha de sê-lo, bem como
hábil para transformar sua história num portal à reflexão de questões
relevantes, para inserir a criança no universo inquietante do pensamento

construtivo e fazê-la viajar pelos meandros do imaginário infantil. A literatura
infantil não pode ser depreciada ao âmbito das historinhas e dos livrinhos.
O livro infantil tem de voar mundo afora, carregando em suas páginas
ideias uivantes e coloridas. Fazedoras de homens valorosos.

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Adiado o primeiro vestibular da Faculdade de Odontologia, a Fonf

sábado, 30 de janeiro de 2021

Edição de 30 e 31 de janeiro de 1971
Pesquisado por Fernando Moreira

Manchetes:

Edição de 30 e 31 de janeiro de 1971
Pesquisado por Fernando Moreira

Manchetes:

  • Faculdade de Odontologia - Em nota oficial, a Fundação Educacional e Cultural de Nova Friburgo comunica o adiamento do exame vestibular de ingresso ao primeiro ano do curso de odontologia. O motivo é que devido a aprovação de funcionamento pelo Conselho Estadual de Educação do Estado do Rio de Janeiro e o consequente envio do processo às autoridades superiores para a competente homologação, o corpo docente da faculdde passou a trabalhar na organização do vestibular, com a abertura de inscrições que ultrapassou a casa dos 70 candidatos. Sabendo-se, de início, que pequenas formalidades junto às autoridades superiores seriam, prontamente, atendidas, foi autorizada a publicação do edital de convocação. Verificou-se que o documento autorizativo do Governo Federal não chegou em tempo hábil, por isso, através do prefeito Amâncio Mário de Azevedo, junto ao dr. Paulo Dutra de Castro, diretor do Ensino Médio e assessor do ministro da Educação, solicitou-se a edição de um decreto presidencial, o que está em vias de concretização. Portanto, o diretor da Faculdade de Odontologia, Miguel Bittencourt, afirmou não haver motivos para desconfiança, já que a faculdade é uma realidade em Nova Friburgo, 
  • Friburgo ganha novo sistema de abastecimento de água - A prefeitura confirmou a inauguração do novo sistema, classificado como a “obra do século” pela sua grandiosidade e utilidade. A inauguração deu-se na Estação Rodoviária, à Rua Alberto Braune, ao lado da prefeitura.
  • Atenção aos telefones e ônibus - É necessário que os responsáveis pelos serviços públicos - água, luz, transportes coletivos etc, mantenham vigília para que os veranistas e turistas que procuram Friburgo, daqui regressem candidatos a voltar todos os anos. Basta o sofrimento pelos enervantes problemas dos telefones e ônibus intermunicipais.
  • Governo estadual de Geremias Fontes inaugura novas obras - Solenidades especiais assinalarão, neste 1° de fevereiro, mais um aniversário do Governo estadual de Geremias de Mattos Fontes. Várias obras públicas serão inauguradas. 
  • Preparando o Carnaval 71 - Os três maiores clubes recreativos na nossa cidade – Country, Xadrez e Sociedade Friburguense – estão programando um sem número de atrações para o carnaval, que será o mais animado de todos os tempos, em termos de ornamentação, iluminação e orquestras para os bailes.

Pílulas:

Neste 31 de janeiro de 1971 com programação festiva deveria tomar posse o prefeito eleito, Feliciano Costa, o que não aconteceu por motivo de doença. A partir de então, grandes novidades estarão acontecendo nas searas da administração e da política de Friburgo. O novo titular da prefeitura é um timoneiro experimentado das causas públicas, homem politicamente independente de temperamento vibrante, ações decididas e que detesta que alguém queira teleguiá-lo. Sabemos que ficará por mais uns 15 dias fora do governo.

A extinção do plano de saúde representa algo de impressionante em matéria de decidir errado, de se vilipendiar sobre uma classe — a dos lavradores. A paralisação da assistência médico-hospitalar-odontológica aos indefesos homens que cuidam do amanho da terra, que totalmente desprotegidos estão clamando por providências de quem de direito acauteladoras de um mínimo de garantias para a saúde dos seus familiares, não parece coisa da época que atravessamos.

As obras que o delegado Amil Rechaid vem realizando na delegacia policial, na Vila Amélia, ultrapassam a tudo quanto de mais otimista possa ser pensado. Estão sendo erguidos alojamento para 60 presos, salas para refeições, recreio, gabinetes, secretaria, muros, enfim, uma soma de realizações. Tudo, exclusivamente à custa do próprio delegado, sem que qualquer verba de poderes públicos tenha sido recebida. O que lá está sendo feito é a humanização de uma prisão, até agora, imprópria, infecta, de envergonhar a todos, inclusive aos magistrados que tenham de mandar presos para aquilo que vem sendo apelidado de cadeia. Bravíssimo, Dr. Amil Rechaid!

Sociais:

  • A VOZ DA SERRA registra os aniversários de: Maria de Lourdes Cordeiro (30); Chamberlain Noé, Luiz Pinel Neto e Jair Folly (31); Roberto Rangel Ventura, Almir Ventura, Leonor Laginestra Quintaes, Hélio Freitas Madureira e Celina Spinelli Carvalho (1º de fevereiro); Celcyo Folly (2); Rosaly Azevedo (3); Jader Lugon, José Ventura, Cesar de Souza e Nair Figueiredo Bizzotto (4); Vitória Spinelli e Adriana Ferreira (5); Helio Tavares e Bernardo Nunes Pinto (6); Ivone Braune Yaggi (7). 

 

Foto da galeria
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