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terça-feira, 24 de novembro de 2020

O Caderno Z do último fim de semana festejou a data de 20 de novembro, Dia da Consciência Negra e nos brindou com a presença de Maiara Felício, eleita vereadora, a candidata mais votada no recente pleito municipal. Em seus depoimentos na entrevista com Thiago Lima, Maiara relata que não se vê como “protagonista”, mas, sim, como “um canal para que a voz de todo mundo ecoe pela cidade”.

O Caderno Z do último fim de semana festejou a data de 20 de novembro, Dia da Consciência Negra e nos brindou com a presença de Maiara Felício, eleita vereadora, a candidata mais votada no recente pleito municipal. Em seus depoimentos na entrevista com Thiago Lima, Maiara relata que não se vê como “protagonista”, mas, sim, como “um canal para que a voz de todo mundo ecoe pela cidade”. Com experiência inegável em lutas sociais, Maiara é a idealizadora do “Império das Negas”, projeto criado em 2015, voltado para atividades e serviços sociais, como um “representativo da pessoa preta” na “Suíça Brasileira”.    

Depois de enfatizar várias questões sociais, a vereadora eleita ressaltou que tem consciência de que muito trabalho a espera, mas prefere que suas atitudes respondam sobre quem é Maiara Felício. O Caderno Z também trouxe temas relacionados ao Dia da Consciência Negra e vale destacar que a riqueza da cultura afro-brasileira edificou o Brasil em todos os sentidos como, por exemplo, na dança, na música, na capoeira, na culinária, nas religiões de origem africana e muito mais. O vocabulário brasileiro se enriqueceu de palavras vindas do “quimbundo”, entre elas, bagunça, cafuné, batucar, fungar, fuzuê, moleque, moqueca, gangorra e outras mais. Que fuzuê bacana, pessoal!

Ao contrário dessas palavras simpáticas, ocorre, numa atitude impensada, que outras expressões hoje são avaliadas na contramão da nossa consciência negra, como o uso do termo “denegrir”, utilizado para se referir a uma ofensa ou humilhação. Traduzindo no verdadeiro sentido, equivale a “tornar negro”. Alguém já pensou nisso? O “criado-mudo” é aquele móvel de cabeceira, inspirado nos escravos que ficavam ao lado da cama segurando objetos para os seus senhores. Outra expressão inconsequente – “Não sou tua nega” - muito comum em brigas de casais. Essas e outras informações estão na reportagem publicada no primeiro caderno com a autoria de Guilherme Alt, a quem felicito pelo alerta. O jornal também trouxe as queridas Eliane e Ilma Santos, dedicadas e conhecedoras das lutas dos negros no Brasil.

A pandemia continua em evidência, com os casos de contaminados e o número de mortos aumentando. As recomendações são as mesmas e parece não haver ação mais eficaz, além de usar máscara, álcool em gel e evitar aglomerações. Quando vejo alguém sem máscara, minha vontade é perguntar a razão de a pessoa não seguir a orientação.

O Rotary Clube Nova Friburgo festejou seus 70 anos de fundação com a presença de apenas 20 convidados em sua sede e os demais por meio de plataformas virtuais. A colunista aqui participou virtualmente e presenciou momentos de enlevo. Saudosas lembranças se juntaram ao sentimento presente de cada vez mais cumprir a missão humanitária da instituição. Parceiro da União Brasileira de Trovadores, as trovas se destacaram com trabalho desenvolvido pela Secretaria de Educação. Sucesso total!

Na coluna “Massimo” esteve presente o Marquês de Maricá, que viveu até 1848,  e a frase do ilustre filósofo, escritor, professor e político, é uma reflexão para o momento: “Em política, remédios brandos frequentemente agravam os males e os tornam incuráveis”. A coluna também traz as expectativas sobre a escolha do próximo presidente da Câmara Municipal. A interrogação paira no ar, mas há indícios de que deverá ser um vereador “experiente e ético” e com outras qualidades, evidentemente. Aguardemos!

Concluídas as eleições, agora é hora de colocar a mão na massa do bolo governamental para a nova gestão. A receita já está em preparo e o prefeito eleito, Johnny Maycon, não brinca em serviço. Contudo, nada de antecipar nomes. Mas, como para quem sabe ler um pingo é letra, já se sabe que na Secretaria de Educação será indicada uma mulher e olhem as pistas: “É uma pessoa inteligente, super competente, experiente que conhece pessoalmente as 121 unidades educacionais friburguenses”. Quem será? Fica difícil dar um palpite, pois há muitas mulheres altamente capacitadas para tal missão. Minha mãe dizia: o futuro guarda uma esperança. Vamos esperar e torcer para o sucesso de todas as indicações, pois, consequentemente, será o sucesso de Nova Friburgo.  

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Parabéns virtual

terça-feira, 24 de novembro de 2020

Parabéns virtual

No próximo sábado, 28, o queridíssimo homem das montanhas, friburguense coroado e de admirado talento musical, o cantor, compositor e pianista Benito di Paula vai completar 79 anos.

Como nestes últimos tempos, ele juntamente com seu filho Rodrigo Velloso tem realizado concorridas lives pelo Instagram, uma edição especial está prevista para o sábado pelo YouTube. E neste caso, o Benito, ao invés de receber presentes estará ofertando essa apresentação em clima de parabéns aos seus fãs e amigos. Imperdível!

Parabéns virtual

No próximo sábado, 28, o queridíssimo homem das montanhas, friburguense coroado e de admirado talento musical, o cantor, compositor e pianista Benito di Paula vai completar 79 anos.

Como nestes últimos tempos, ele juntamente com seu filho Rodrigo Velloso tem realizado concorridas lives pelo Instagram, uma edição especial está prevista para o sábado pelo YouTube. E neste caso, o Benito, ao invés de receber presentes estará ofertando essa apresentação em clima de parabéns aos seus fãs e amigos. Imperdível!

Na foto, Rodrigo com o pai Benito di Paula, que apesar de sua costumeira touca que usa em casa, deixa à mostra os cabelos brancos. Benito, inclusive, agora adotou novo visual: cortou aos longos cabelos e retirou o cavanhaque, características que por muitos anos marcaram sua imagem artística.

Vivas em dose dupla

No último domingo, 22, dois queridos amigos desta coluna e empresários conceituados trocaram de idade com celebração restrita aos familiares. Somaram mais um ano de vida, Gesseir Soeiro Daflon, que sedestaca no ramo de parafusos e ferragens, e Waldemir Veloso, o conhecido homem das batatinhas.

À querida dupla, parabéns com votos de muitas felicidades, mais sucessos e tudo de bom como bem merecem.

Gritos das urnas

Aqueles que tinham dúvidas, quando por inúmeras cidades afora se propalavam se esse ou aquele, como aqui, seria o pior prefeito da história, a urnas responderam em alto e bom som.

Raríssimos foram os executivos que conseguiram seguir em seus cargos a partir de 2021. A maioria acabou ficando em humilhantes colocações, tendo direito ainda como rebarba, aquele velho e implacável dissabor: pior do que não se eleger é não se reeleger.

Aniversário do Pingo

Nesta quarta-feira, 25, o dia será do admirado Cézar Romero Spinelli Ribeiro de Miranda (foto), o sempre querido Pingo, completar mais um ano de vida, para satisfação especial da esposa Kátia, da filha Isabela, demais familiares e uma legião de amigos, entre os quais com muita honra nos incluímos.

Parabéns e felicidades ao grande Pingo!

Disputas rasteiras

A competição pela preferência do eleitorado na campanha deste segundo turno no Rio de Janeiro – que acontecerá no próximo domingo, 29, está terrível de assistir.

Impressiona o baixo nível das inserções de Eduardo Paes e Marcelo Crivella no horário de propaganda eleitoral gratuita veiculado nas emissoras de rádio e TV da  capital fluminense.

Ambos adotaram o ataque com um rosário de críticas ao adversário, sem contar o festival de acusações mútuas. Sobram críticas e faltam propostas. Infelizmente.

Por mais visão!

A conhecida e sempre reluzente Marly Pinel, a partir desta semana deixará as badalações um pouco de lado, mas por um motivo justo. Hoje, 24, ela será submetida a uma cirurgia oftalmológica. A sempre brilhante Marly, os votos de total êxito no procedimento médico e já já ela estará de volta.

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A carne mais barata do mercado

terça-feira, 24 de novembro de 2020

A carne mais barata do mercado é a carne negra”. Esta música composta por Seu Jorge, Marcelo Yuca e Wilson Capellette, que ganhou espaço na Música Popular Brasileira na voz de Elza Soares, enaltece as qualidades, por muitos ignorada, da população negra na construção deste país. Mas, ao mesmo tempo, denuncia feridas abertas da sociedade brasileira: a desvalorização, o descaso, a falta de respeito, a segregação, o preconceito...

A carne mais barata do mercado é a carne negra”. Esta música composta por Seu Jorge, Marcelo Yuca e Wilson Capellette, que ganhou espaço na Música Popular Brasileira na voz de Elza Soares, enaltece as qualidades, por muitos ignorada, da população negra na construção deste país. Mas, ao mesmo tempo, denuncia feridas abertas da sociedade brasileira: a desvalorização, o descaso, a falta de respeito, a segregação, o preconceito...

Em uma entrevista, Dom José Valdeci Santos Mendes, bispo da Diocese de Brejo, referencial das pastorais sociais do Maranhão e presidente da Comissão Sociotransformadora da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), ao falar da luta pela dignidade e a resistência do povo negro, destacou a importância de, como irmãos, ouvir a voz de Deus, juntar nossas forças e assumir sua causa junto ao seu povo. 

Precisamos unir as nossas forças e dizer não a todo tipo de opressão e de negação da vida. Celebrar o dia da consciência negra (último 20 de novembro) é renovar o compromisso na luta em defesa da vida tendo como base a abertura para o diálogo, compreensão do diferente, compromisso com a justiça e empenho em defesa da vida” (Dom José Valdeci Santos Mendes, 20 nov. 2020).

Infelizmente o racismo está tão entranhado em nossa história, que se tornou estrutural. Por este motivo, muitos defendem que ele não existe mais em nosso meio. Contudo, muitas vezes somos bombardeados por relatos de pessoas que sentem na carne a dor do preconceito por terem sua pele preta.

O recente relato da morte por espancamento de um homem negro de 40 anos em uma famosa rede de supermercados no Rio Grande do Sul chocou a todos. Mas este foi somente mais um caso dentre tantos outros que sofreram e sofrem a prática de violência e abusividade programada contra pessoas negras.

Está em nossas mãos o poder de mudar esta triste realidade e execrar todo e qualquer ato discriminatório. No Concílio Vaticano II, o Magistério ressaltou o valor da fraternidade universal e a reprovação de toda a discriminação racial ou religiosa, e afirmou categoricamente que “A Igreja reprova, por isso, como contrária ao espírito de Cristo, toda e qualquer discriminação ou violência praticada por motivos de raça ou cor, condição ou religião” (Nostra aetate, 5).

Todo cristão deve se empenhar no âmbito social-político-cultural afim de garantir o direito de todos a uma cultura humana e civil, adequada à pessoa humana (cf. Compêndio da Doutrina Social da Igreja, 557; Gaudium et Spes, 60).

A doutrina da Igreja ainda nos ensina que no sacrifício de Cristo na cruz, manifestação máxima de seu amor, todas as barreiras de divisão e discórdia foram derrubadas (cf. Ef 1,8-10). Isto implica a todos que carregam a égide de cristão e que queiram viver esta nova vida em Cristo devem abraçar como meta de toda a sua existência instrumentos de paz e fraternidade, evitando que as diferenças raciais e culturais sejam motivo de divisão entre os homens (cf. Compêndio da Doutrina Social da Igreja. 431).

Somos chamados, como família humana, a recuperar a nossa própria unidade e a reconhecer a riqueza presente em nossas diferenças tendo como meta a “unidade total em Cristo” (cf. Pio XII, Discurso aos Juristas Católicos, 6 dez. 1953).

Termino esta reflexão com duas afirmações: no Brasil existe racismo e todas as carnes têm o mesmo valor, pois custaram um alto preço: a morte de Cristo na cruz.

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Padre Aurecir Martins de Melo Junior é coordenador da Pastoral da Comunicação da Diocese de Nova Friburgo. Esta coluna é publicada às terças-feiras.

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Os clássicos da literatura sintetizam o passado

segunda-feira, 23 de novembro de 2020

Faço parte de um grupo de leitura, Clássicos da Literatura, coordenado
por Márcia Lobosco. Estamos lendo Razão e Sensibilidade, a primeira obra
escrita pela escritora inglesa Jane Austen (1775-1817), publicada em 1811. O
romance nos traz questões existenciais, que nos desafiam com frequência, a
começar pelo título, que nos remete à dinâmica sentimento-pensamento-ação,
motivando-nos a olhar para esta dialética, que rege nossos movimentos, desde
o momento em que o temos nas mãos. Inegavelmente, é uma reflexão

Faço parte de um grupo de leitura, Clássicos da Literatura, coordenado
por Márcia Lobosco. Estamos lendo Razão e Sensibilidade, a primeira obra
escrita pela escritora inglesa Jane Austen (1775-1817), publicada em 1811. O
romance nos traz questões existenciais, que nos desafiam com frequência, a
começar pelo título, que nos remete à dinâmica sentimento-pensamento-ação,
motivando-nos a olhar para esta dialética, que rege nossos movimentos, desde
o momento em que o temos nas mãos. Inegavelmente, é uma reflexão
relevante à conquista da qualidade de vida, uma vez que abrange o modo
como tomamos nossas decisões e como as concretizamos.
É uma obra que aborda a história de uma família composta por quatro
mulheres e, especialmente, evidencia a relação entre duas irmãs. Mesmo com
um pouco mais de duzentos anos de vida, é uma leitura atualmente buscada,
tendo, inclusive, sido adaptada para o cinema, tal qual outras de sua autoria.
Ainda estou nas primeiras cem páginas e percebo que a natureza
humana atual não ganhou novos vieses. É a mesma! Certamente, a vida no
século XVIII foi pintada com as cores do passado; o enredo construído pela
autora mostra uma realidade muito diferente da que vivemos. Hoje, o feminino
foi atualizado pelas conquistas da mulher, pelas relações econômicas e de
produção, que provocaram mudanças significativas no âmbito cultural ao longo
do tempo. No tempo de Jane Austen, as mulheres usavam saias armadas e
montavam em cavalos; hoje, usam calças jeans e têm motos. Entretanto, a
resiliência, a sensibilidade e a capacidade de superação são características
que desde sempre permearam sua sobrevivência.
A literatura, por sobrevoar a existência do homem no Planeta Terra, por
mergulhar nos meandros da alma humana e do acontecer, tem o poder de
revelar o ser e o fazer, o desejar e o realizar, o nascer e o morrer. A literatura
faz, pois, a síntese dos modos de viver que sobrevive, ou seja, as obras
clássicas não perecem ao toque de recolher. São incisivas e têm a sublime
capacidade de mostrar com objetividade e arte as mazelas e as nobrezas
presentes em todos nós.

A qualquer momento, o texto literário pode ser interpretado em sentidos
diversos. Porém, em qualquer um deles, é possível compreender como as
civilizações construíram este mundo. Eu, particularmente, gosto de entender
em que terrenos minha geração fincou suas raízes, até porque, hoje, nós,
mulheres, trazemos resquícios do tempo em que Razão e Sensibilidade foi
escrito.
Jane Austen foi uma escritora romântica, que morreu jovem, aos 42 anos.
Dedicou sua vida à literatura e produziu obras relevantes em que realçou
sentimento feminino e a sociedade da época. Através de uma narrativa leve,
crítica e sutil, deixou uma obra que enriquece a literatura inglesa, como
Orgulho e Preconceito, Palácio das Ilusões, Amor e Amizade. A escritora fez
uma obra prazerosa de se ler em livro e de se assistir em filmes.

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Câmara Municipal

sexta-feira, 20 de novembro de 2020

Para pensar:
"O moedor de vozes é a chantagem, mãe da vileza contra todo o bem.”
Anderson Carmona

Para refletir:
“Em política, remédios brandos frequentemente agravam os males e os tornam incuráveis.”
Marquês de Maricá

Câmara Municipal

Para pensar:
"O moedor de vozes é a chantagem, mãe da vileza contra todo o bem.”
Anderson Carmona

Para refletir:
“Em política, remédios brandos frequentemente agravam os males e os tornam incuráveis.”
Marquês de Maricá

Câmara Municipal

Dando continuidade à nossa semana de análises do contexto político friburguense para os próximos quatro anos é chegado o momento de falar sobre as informações que envolvem o Legislativo Municipal e a composição do plenário que a população escolheu para a próxima legislatura.

Cabo de guerra

De imediato, existe a questão da eleição do presidente da Casa, e as articulações nesse sentido estão super aquecidas, como não poderia deixar de ser.

A rigor, esta deve ser a matéria política mais importante das próximas semanas, pois envolve repercussões de alcance imprevisível sobre o que serão os próximos anos de nossa história.

Tentemos, portanto, ser o mais claro a respeito do que efetivamente está em jogo.

Em dívida

O maior chantagista de nossa política opera na Câmara Municipal, e não é preciso dar qualquer dica para que o leitor que acompanha as sessões com o mínimo de interesse saiba exatamente sobre quem estamos falando.

Além dele, há um bom punhado de parlamentares cuja base eleitoral se sustenta sobre a obtenção de empregos e favores, e essa turma assume o novo mandato em dívida com tais apoiadores.

Em áudio direcionado a pessoas “que se beneficiaram de seu mandato”, por exemplo, um desses parlamentares fala sobre consolidar os votos de 50 famílias, e que “quem está com ele vai continuar com ele.”

E agora?

Já entenderam, não é?

Para que possa sobreviver na política, essa bancada depende do toma lá dá cá.

Obviamente estamos falando de vereadores de perfil governista, que estão acostumados a trocar apoio em plenário por zonas de influência na administração.

Outros, como o chantagista citado acima, fazem uso de informações comprometedoras para controlar postos de saúde, secretarias, e por aí vai.

Mas, e quando o prefeito eleito não tem nada que possa suscitar esse tipo de ameaça?

E quando ele diz que não vai negociar cargos?

Rir ou chorar?

Uma cena ocorrida nesta semana chegou a ser engraçada.

Quando um vereador falava justamente sobre o iminente fim do toma lá dá cá, diversos parlamentares começaram a articular, ali mesmo, uma aliança que fosse capaz de alçar, à presidência do Legislativo alguém imbuído de defender os interesses desta bancada assistencialista/chantagista ora ameaçada.

A ideia

A ideia é simples: com um negociador à frente do Legislativo, a governabilidade corre o risco de ficar seriamente comprometida, e a bancada do pedágio passa a ter algo em mãos para que possa “trabalhar”.

O plano desse grupo trabalha com duas possibilidades, caso venha ter sucesso: ou o futuro prefeito dobra os joelhos e deixa entrar a “boiada”, ou a Câmara asfixia seu governo e prepara armadilhas para a cassação de sua chapa, alçando justamente um chantagista ao Palácio Barão de Nova Friburgo, uma vez que o presidente do Legislativo é, também, o 2º nome na linha de sucessão.

Renovação

De modo previsível estão se desenhando uma chapa governista e outra pedagista mas, em meio a tudo isso, há que se considerar que o próximo plenário terá nada menos que 11 rostos novos, o que significa dizer que os novatos serão maioria e já chegam à casa com um poder coletivo muito grande, ainda que não formem exatamente um grupo coeso e monolítico, posto que representam partidos e pensamentos próprios.

O fato é que nem todos parecem muito satisfeitos com as opções que se apresentam, e parece existir a predisposição à formação de uma terceira chapa, que não se identifica com o perfil pedagista, mas também não parece muito confortável com um governismo que neste primeiro momento lhes parece um tanto áspero ou radical.

Será?

O colunista também entende que muitos vereadores estão buscando maneiras de aumentar o número de assessores a que têm direito, na contramão do que determina o TAC assinado com o Ministério Público.

Ainda é cedo para esse tipo de análise, mas este colunista não ficará surpreso, a partir do que andou farejando, se a via encontrada passar, por exemplo, pela nomeação de um assessor para cada comissão, o que em tese é permitido apenas sob circunstâncias especiais, exceções feitas à CCJ e à Comissão de Finanças e Orçamento.

É esperar para ver.

E aí?

E o que tiramos a partir de todo esse tabuleiro?

A interpretação deste colunista - e é bom frisar que estamos falando de uma leitura subjetiva - é a de que o futuro governo não deve confundir a firmeza de suas posições e seus propósitos com aspereza ou distanciamento.

O diálogo precisa ser preservado no fazer político, sem que isso signifique comprometer as regras que se encontram no cerne da campanha que se sagrou vencedora.

Por vezes, um tratamento cordial basta para abrir portas, sem envolver nada ilícito.

E, se em alguma dessas conversas alguém tentar dar o bote, é só gravar e expor.


 

 

Perfil desejado

A leitura do momento e do que promete vir pela frente sugere que o melhor para o município seria se a Câmara fosse liderada por um vereador experiente e ético, com força e conhecimento suficientes para assegurar a governabilidade e praticar a isenção, sem comprometer a independência dos poderes nem tampouco se curvar às necessidades chantagistas dos vereadores que, se não conseguirem dobrar o governo, sabem que não têm muitas chances de reeleição daqui a quatro anos.

Quantos parlamentares se enquadram nesse perfil?

Não muitos, com certeza.


 

Engajamento

À população, fica o alerta para que acompanhem esta corrida de perto e atentamente, e se manifestem se sentirem ser necessário.

O eleitor maduro, que anseia por mudanças mas preza pela independência dos poderes, deve agora se posicionar no sentido de assegurar que tenhamos um verdadeiro governo pela frente, capaz de levar adiante suas propostas e ideias, e não uma guerra de interesses paralisando a administração.


 

O que se espera

Fiscalizadores honrados e comprometidos com o interesse coletivo.

É disso que precisamos no plenário, e é isso que a sociedade espera.

Tanto de quem ficou, quanto de quem está chegando.

Seguiremos de olho.

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Desapego

sexta-feira, 20 de novembro de 2020

Desapegar-se. Verbo simples. Prática difícil. Nada simples, porém muitas vezes, necessária. É preciso ter o pulso firme e coração leve para não nos prendermos demasiadamente a tudo e todos que têm valor para nós.

Ouvi dizer que o apego ofusca a luz, como se embaçasse a clareza que pudesse existir. Senti também. É verdade, o apego atrapalha, amarra, atravanca, pesa. Sentimento estranho e mal aplicado, por assim dizer.

Desapegar-se. Verbo simples. Prática difícil. Nada simples, porém muitas vezes, necessária. É preciso ter o pulso firme e coração leve para não nos prendermos demasiadamente a tudo e todos que têm valor para nós.

Ouvi dizer que o apego ofusca a luz, como se embaçasse a clareza que pudesse existir. Senti também. É verdade, o apego atrapalha, amarra, atravanca, pesa. Sentimento estranho e mal aplicado, por assim dizer.

Apego é diferente de amor. Diferente de querer. Diferente de zelo. Apego é apego e ponto. Nós sabemos do que se trata e convivemos bastante com esse sentimento.

Há quem lute por uma vida mais livre de apegos, seja aos sentimentos, às pessoas, às coisas, à posição social, ao emprego, à matéria. Levante a mão quem se identifica com esse ato de verdadeira coragem que é buscar um caminho com mais desapego e leveza.

Sei o quão dolorida e difícil é uma existência pautada no apego arraigado à alma. Dóem os ombros só de pensar. Dói a nuca também. E a têmpora direita. Sei o quanto a leveza de desapegar-se aos poucos dos excessos que encobrem o dia a dia é libertadora. E faz bem à saúde, diga-se de passagem.

Atualmente muito tem se falado nas práticas minimalistas, em valorizar um estilo de vida com menos acúmulo, menos barulho, menos objetos e mais espaço para o ar circular. Menos coisas e mais verde, mais contato com a natureza. Tenho percebido como essa tribo está ganhando integrantes. A galera que está valorizando mais o ser do que o ter, mais o tempo do que uma conta bancária recheada às custas de dias e noites de incessante trabalho, andando em corda bamba contra o fluxo do materialismo. Dá gosto de ver. E me parece um processo de desapego também. Desapegar-se do velho mundo e buscar um novo, o seu próprio mundo, mais próximo da verdadeira essência.

Essa reviravolta no meio da vida, esse desapego de tantas coisas e muitas vezes do próprio ego é um processo dos mais bonitos que tenho presenciado. Mas ainda assim, talvez não dê tão certo se não for bem delineado, se não contar com pitadas de sabedoria e um tanto de planejamento. O desapego é bom, traz leveza, mas para muitos, é um treinamento novo, sem precedentes e difícil de lidar. Ainda assim, vale a pena sentir e conhecer melhor o verdadeiro significado do desapego.

Como bem disse a escritora Martha Medeiros: “longa vida aos que conseguem se desapegar do ego e ver a graça da coisa.”

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Renda fixa, a classe mais popular de investimentos

sexta-feira, 20 de novembro de 2020

Provavelmente você tem – ou já teve – algum dinheiro aplicado na caderneta de poupança; por sua vez, um investimento em renda fixa. Ou, caso tenha um volume mais expressivo, muito provavelmente o gerente da sua agência lhe ofereceu algum CDB (também investimento de renda fixa) para “melhorar a sua relação com o banco”; cá entre nós, essa estratégia não passa de conversa de vendedor precisando bater meta.

Provavelmente você tem – ou já teve – algum dinheiro aplicado na caderneta de poupança; por sua vez, um investimento em renda fixa. Ou, caso tenha um volume mais expressivo, muito provavelmente o gerente da sua agência lhe ofereceu algum CDB (também investimento de renda fixa) para “melhorar a sua relação com o banco”; cá entre nós, essa estratégia não passa de conversa de vendedor precisando bater meta.

A propósito, vale a observação: nunca (nunca!) aceite um produto de renda fixa com rentabilidade pós fixada abaixo de 100% do CDI. Acredite em mim, você merece investimentos muito melhores e com toda a segurança da garantia pelo FGC (Fundo Garantidor de Crédito).

Antes de entrarmos especificamente nos produtos disponíveis para esta classe de investimentos, é muito importante considerarmos seus riscos. Ao adquirir qualquer produto de renda fixa, você está atuando como credor da companhia emissora do título; literalmente, você empresta dinheiro para uma grande empresa e ela te paga os juros por esta operação. Portanto, o maior risco deste investimento é emprestar dinheiro para uma empresa que venha à falência e não pague as dívidas assumidas com seus credores.

Contudo, para assegurar os investidores da categoria, existe o FGC: associação responsável por assegurar, para cada CPF, até R$1 milhão (até R$ 250mil por instituição, limitando o recurso a quatro instituições diferentes) caso os emissores dos títulos de renda fixa não estejam em condições de assumir seu compromisso. É o FGC que garante seus investimentos e isso faz com que esta classe de investimentos seja tão popular e segura.

Entretanto, tanta segurança traz suas desvantagens.

Há uma taxa bastante conhecida – e muito comentada por mim, aqui – para representar os parâmetros de juros de acordo com a realidade econômica do momento e definir as rentabilidades sobre os produtos de investimentos em renda fixa. Estou me referindo à taxa Selic que, por sua vez, encontra-se no menor patamar histórico – aos 2% ao ano – e influencia diretamente na remuneração do investidor; tornado a renda fixa algo pouco rentável nos últimos anos, ainda que de alta segurança.

Portanto, ao escolher seus investimentos considere sempre o equilíbrio mais saudável entre segurança e rentabilidade e lembre-se: a cada escolha, uma renúncia. Procure viver bem com seu planejamento de investimentos e faça, desta, uma experiência positiva.

Tem gostado da relação entre risco e retorno desta classe de investimentos? Vamos entender o processo necessário para a aquisição dos seus ativos.

Considerando que já tenha sua conta em algum banco ou corretora de investimentos, o processo é simples:

- Analisar os produtos garantidos pelo FGC: poupança, CDB (Certificado de Depósito Bancário); LCI (Letras de Crédito Imobiliário); LCA (Letras de Crédito do Agronegócio); LC (Letras de Câmbio); LH (Letras Hipotecárias).

- Entender os riscos de produtos não garantidos pelo FGC: Tesouro Direto (títulos públicos); CRI (Certificados de Recebíveis Imobiliários); CRA (Certificados de Recebíveis do Agronegócio); Debêntures (títulos de dívidas de empresas).

- Definida a preferência entre produtos de renda fixa com ou sem a garantia do FGC, o próximo passo é buscar a liquidez (tempo de resgate do dinheiro) que mais se adeque à sua realidade financeira. Este é o ponto principal, pois caso retire o dinheiro investido antes da data de vencimento você perde toda – sim, toda(!) – a rentabilidade prometida pelo investimento.

- Por fim, só aqui busque estudar e selecionar os ativos de maior rentabilidade.

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Balanço eleitoral

quinta-feira, 19 de novembro de 2020

Para pensar:
"Um estadista pensa nas próximas gerações, um populista pensa nas próximas eleições.”
James Freeman Clarke

Para refletir:
“O sucesso eventual do populismo depende de alimentar-se do fracasso e da miséria de muitos.”
Alessandro Loiola

Balanço eleitoral

Para pensar:
"Um estadista pensa nas próximas gerações, um populista pensa nas próximas eleições.”
James Freeman Clarke

Para refletir:
“O sucesso eventual do populismo depende de alimentar-se do fracasso e da miséria de muitos.”
Alessandro Loiola

Balanço eleitoral

Na reta final da campanha a coluna manifestou, por duas vezes, o entendimento de que ao menos quatro grupos representavam grandes riscos à população friburguense, a partir do histórico de alguns de seus integrantes mais destacados.

A boa notícia é que, quando a corrida afunilou, nenhum desses grupos brigou, de fato, pela vitória.

Menos mal

Ao que parece, o eleitor friburguense foi capaz de identificar as ciladas, as apelações, os comunicadores vendidos, e perceber que tinha gente disposta a tudo para comandar a prefeitura.

Ao menos no que diz respeito ao Executivo, apesar de todos os perigos de uma eleição que poderia ter sido definida com menos de 20 mil votos, os atalhos e o jogo sujo não preponderaram.

Fragilidade

Claro, muita gente talvez se sinta desconfortável com o fato de que, no patamar de votos em que os cargos se definiram, um grupo suficientemente grande e coeso, como é o caso da comunidade evangélica, teve a força necessária para determinar os rumos da campanha.

Certamente, num contexto menos fragmentado e pontuado por duas ou três fortes referências políticas, teriam sido necessários mais votos e a composição do eleitorado teria de ser um tanto mais diversificada, o que sempre é o ideal.

Memória

Basta, todavia, dar uma breve olhada nos grupos em disputa para perceber que a cidade não se livrou apenas de um governo com o qual jamais teve identificação, mas também de um bom punhado de alternativas que contavam justamente com a exasperação e o desespero do eleitor para espalhar desinformação, alimentar medos e preconceitos, interpretar estereótipos, fazer assistencialismo, confundir e tirar algum benefício do caos.

A cidade esteve perto sim de cavar mais alguns palmos no fundo do poço, e é de se esperar que Justiça faça agora a sua parte e a população não se esqueça de quem é quem.

Derrotados

De fato, não foram apenas grupos políticos que foram derrotados, mas todo um modo rasteiro de fazer política, baseado, sobretudo, em populismo barato e mentiras espalhadas por vozes de aluguel em redes sociais e grupos de WhatsApp.

De forma impiedosa as urnas mostraram que os elogios e ataques unilaterais promovidos sem cessar por essa turma - que vive tentando valorizar o próprio passe junto aos políticos que os financiam -, no fim das contas foram peso morto, fizeram muito pouca diferença.

Posicionamentos vendidos, no frigir dos ovos, possuem traços em comum.

Gratidão

Por outro lado, o jornal que tantos atacam, que “embrulha peixe”, com sua postura de não se vender e a isenção de quem dá espaço a críticas e notícias positivas conforme cada ato faça por merecer, goza da confiança de quem leva a própria opinião a sério e se torna obstáculo a quem é pago para aumentar o distanciamento entre aquilo que é feito e aquilo que é noticiado.

De fato, em meio a todos os ataques sofridos nesses últimos dias, as manifestações de apoio por parte dos leitores contam-se às centenas, bem como são numerosos e espontâneos os comentários em defesa do jornal em postagens difamatórias.

A todos os leitores que nos dão este respaldo, nosso muito obrigado.

Tônica

E é importante que todos saibam que essa deve ser a tônica dos próximos anos.

O prefeito eleito sinaliza a disposição para enfrentar esquemas longamente enraizados na administração municipal, seguindo em rota de colisão com interesses que certamente hão de revidar.

E sabemos que não faltam difamadores ansiosos por financiamento para que o ataquem, dizendo o que seus senhorios não poderiam falar publicamente.

A se confirmar tal expectativa, a difamação tende a ser intensa.

Em espera

Este colunista, por tudo o que viu nos últimos quatro anos, está dando um voto de confiança a Johnny Maycon e aguardando pelos fatos.

Se o novo prefeito mantiver a postura que adotou no Legislativo e realmente comprar essas brigas, cortar boquinhas, revisar contratos deficitários e enfrentar o toma lá dá cá, encontrará neste espaço o respaldo necessário.

Desnecessário dizer que, se tomar os rumos adotados por governos recentes, encontrará as mesmas críticas que seus antecessores encontraram.

A torcida, contudo, sempre foi e sempre será a favor.

Ler o momento

De todo modo, o importante é que o cidadão esteja atento, porque no fim das contas é o apoio popular que dará forças (ou não) a todo este enfrentamento.

A população quer realmente mudança e renovação?

Quer de verdade o fim de privilégios, de contratos suspeitos, da falta de transparência, de nomeações ou caminhos para furar filas?

Se sim, então o momento é de cobrar quem prometeu tudo isso, e também de lhe dar sugestões e o crédito necessário, prestando menos atenção a quem depende da perpetuação de políticos chantageáveis para que possa sobreviver.

Até qualquer dia

A coluna de hoje se encerra com uma nota muito triste, lamentando o falecimento do querido Padre Salomão.

Homem desprovido de qualquer interesse pessoal, qualquer vestígio de malícia ou ambição, que dedicou a vida inteiramente ao próximo, sempre feliz por servir.

Que privilégio o de quem teve oportunidade de conviver e aprender com ele, tanta sabedoria inata em sua simplicidade e seu silêncio, tanto exemplo a ser seguido.

Vá com Deus, querido amigo. E obrigado por tudo.

Já sentimos saudades.

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A memória sobre o 11º Batalhão de Polícia Militar

quinta-feira, 19 de novembro de 2020

Com a chegada da Corte portuguesa ao Brasil, um dos primeiros atos do príncipe-regente D. João VI foi organizar o serviço policial no Rio de Janeiro. Instituiu em 5 de abril de 1808 a Intendência Geral da Polícia da Corte, criando o cargo de intendente geral da Polícia. Já a Polícia Militar foi criada em 13 de maio de 1809 com a denominação de Divisão Militar da Guarda Real de Polícia. Inicialmente foi constituída de três companhias de infantaria e uma de cavalaria.

Com a chegada da Corte portuguesa ao Brasil, um dos primeiros atos do príncipe-regente D. João VI foi organizar o serviço policial no Rio de Janeiro. Instituiu em 5 de abril de 1808 a Intendência Geral da Polícia da Corte, criando o cargo de intendente geral da Polícia. Já a Polícia Militar foi criada em 13 de maio de 1809 com a denominação de Divisão Militar da Guarda Real de Polícia. Inicialmente foi constituída de três companhias de infantaria e uma de cavalaria. No ano de 1858 transformou-se no Corpo Militar da Polícia da Corte e a receita para pagar o salário dos membros da corporação provinha do aluguel do patrimônio próprio, soltura das cadeias e calabouços, aplicação de açoites em escravos a pedido dos senhores, entre outras receitas. Recomendo a leitura do livro “Polícia no Rio de Janeiro, repressão e resistência numa cidade do século XIX” de Thomas Holloway para conhecer a história desta instituição.

Entrevistei o friburguense e tenente-coronel aposentado Newton Imbroinise que foi o primeiro comandante da Polícia Militar no município, o 11° Batalhão. Formado em direito, engenharia e história, Imbroinise nos informa o motivo pelo qual, entre as três cidades serranas, o município de Nova Friburgo foi o escolhido para abrigar o quartel. Em plena ditadura militar o comando do Primeiro Exército via a necessidade de estabelecer um quartel na região serrana do estado fluminense. Municípios como Petrópolis e Teresópolis com residências de veraneio de alguns generais, como de Ernesto Geisel, eram, inicialmente, os mais indicados.

Participando da reunião Newton Imbroinise argumentou que Nova Friburgo tinha notadamente mais necessidade de um quartel pois possuía aproximadamente quatro mil operários e havia infiltração do partido comunista nas indústrias têxteis. Cumpre destacar que até então era o Sanatório Naval quem servia de força auxiliar em caso de distúrbios. O “jipe do Sanatório Naval vai descer” era um sinal de alerta para os que ameaçavam desafiar a ordem na cidade.

Diante da argumentação de Imbroinise o comando do Primeiro Exército deu prioridade a Nova Friburgo. A primeira instalação da Polícia Militar foi na avenida entre as ruas Fernando Bizzoto e Oliveira Botelho acomodada em uma residência alugada pelo estado. Para instalar o quartel definitivamente ofereceram a Imbroinise o Lazareto, hospital que funcionava para acolher pacientes em caso de epidemias com doenças infectocontagiosas, como ocorreu com a gripe espanhola no município. Imbroinise não aceitou instalar o quartel em um local insalubre e resolveu tomar posse da antiga estação de trem. Tratava-se de uma estação de carga inaugurada em 15 de junho de 1933 na Chácara do Gambá, denominada de Estação Friburgo-Cargas.

Com o fim a linha férrea em 1964 a estação foi ocupada por famílias de funcionários da extinta Estrada de Ferro Leopoldina que residiam nos seus prédios. Imbroinise promoveu a remoção das famílias do local e deu início às obras para a instalação do quartel. Para tanto contou com a ajuda da Associação Comercial, Industrial e Agrícola e empresários locais. O auxílio do médico Feliciano da Costa, ex comandante e capitão de corveta do Sanatório Naval na terraplanagem e realização das obras foi fundamental.

Finalmente o quartel foi inaugurado em 1971. Imbroinise recusou praças domiciliados fora do município pois tinha ciência que era hábito enviarem policiais com problemas de disciplina para os pequenos quartéis. Como friburguense desejava policiais naturais de Nova Friburgo. No entanto ninguém queria ser policial. Ele foi para a porta das fábricas em uma kombi com um alto-falante tentando convencer operários a se tornarem policiais. Todavia foi difícil pois o salário de um policial estava aquém do que pagavam as fábricas. Fazendo uso de outras estratégias e com muito esforço conseguiu arregimentar 15 soldados, todos friburguenses.

De acordo com o sargento Braulio Batista Gomes atualmente o 11° Batalhão cobre oito municípios. Além de Nova Friburgo, Bom Jardim, Duas Barras, Cordeiro, Cantagalo, Macuco, Trajano de Moraes e Santa Maria Madalena. Porém no passado o quartel era responsável pela segurança de 17 municípios.

Além de atuar na polícia política monitorando os comunistas o comandante tinha entre as suas atribuições os crimes que ocorriam na cidade. O mais marcante foi o caso do “criminoso das Braunes”. Tratava-se de um indivíduo que tinha o hábito de esfaquear os homens que namoravam garotas nos automóveis e atuava somente no bairro das Braunes. Foram 11 as vítimas mas nenhum caso fatal. Por meio de investigação conseguiram prender o criminoso.

De outros casos pitorescos Imbroinise se recorda que havia escaramuças entre os policiais e os marinheiros das colônias de férias, o conhecido “conflito de fardas”. Se refere com orgulho que a Polícia Militar lutou na Guerra do Paraguai formando o 12º Corpo de Voluntários da Pátria, conhecidos como treme-terra. Segundo ele quem matou o comandante das Forças Armadas Solano López na Guerra do Paraguai foi o cabo Chico Diabo, mas quem prendeu o ditador foi o friburguense Sargento Pardal. Em sua homenagem a Câmara Municipal deu nome a uma rua no bairro de Olaria de Cândido Pardal.

  • Foto da galeria

    A estação de trem passa a ser a sede do 11° Batalhão

  • Foto da galeria

    Antigo uniforme com capacete norte-americano

  • Foto da galeria

    O criminoso das Braunes sorri para o fotógrafo

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Por que ser honesto?

quinta-feira, 19 de novembro de 2020

Existe um motivo para ser honesto que realmente nos impeça de mentir? O médico Alex Lickerman escreveu um interessante artigo com o título acima que foi publicado em 23 de fevereiro de 2014 no site www.psychologytoday.com. ,Vou compartilhar com você agora algumas ideias dele e minhas sobre este tópico.

Existe um motivo para ser honesto que realmente nos impeça de mentir? O médico Alex Lickerman escreveu um interessante artigo com o título acima que foi publicado em 23 de fevereiro de 2014 no site www.psychologytoday.com. ,Vou compartilhar com você agora algumas ideias dele e minhas sobre este tópico.

Podemos mentir de formas variadas e às vezes meio subconscientemente. Porém, a maioria de nós mesmo mentindo se considera honesta. Há alguns anos li um artigo excelente no Jornal do Brasil onde foi explicado sobre a razão pela qual políticos mentem de forma cínica sem aparentar nenhum remorso ou preocupação com isso. O articulista dizia que eles mentem porque acreditam na mentira como sendo verdade.

Talvez isso seja verdade para alguns. Só para alguns. Quando um político promete que vai construir hospitais, creches, estradas, parques públicos, viadutos, escolas, pode não necessariamente sofrer de megalomania, mas acreditar que será capaz de fazer tudo isso em quatro anos de mandato. É como se fosse uma ingenuidade. Mas a maioria não é ingênua quando promete isto nas campanhas para serem eleitos. Eles mentem conscientemente e querem ludibriar os indivíduos movidos pela emoção, ou por alguma doação miserável de cesta básica, tijolos e cimento para construção, ou algo correspondente.

No livro “The (Honest) Truth About Dishonesty”, “A (honesta) verdade sobre desonestidade”, Dan Ariely oferece evidências de que somos capazes de acreditar que somos honestos, embora mentimos ou trapaceamos fazendo isso às vezes apenas de pequenas maneiras. Portanto, somos capazes de dizer a nós mesmos que somos honestos e que só somos desonestos das maneiras que achamos não importar. É possível você mentir ou trapacear de pequenas maneiras que lhe dê vantagens, mas ainda assim ver a si mesmo como fundamentalmente honesto. Que maluquice, não é?

Lickerman afirma que há bons motivos para você ser honesto, mesmo quando acha que não precisa ser. Vejam três deles: Ao contar uma pequena mentira você corre o risco de ser desmascarado e ser revelado como mentiroso, o que não só prejudica sua reputação, mas também reduz a tendência dos outros confiar em você. Além disso, uma mentira frequentemente leva à necessidade de contar outra mentira talvez maior, com risco de consequências negativas mais complexas serem descobertas. Você não pode prever as consequências de contar uma pequena mentira e, se essas consequências forem mais ruins do que você esperava, seu senso de responsabilidade e, portanto, a culpa pode causar muito mais angústia do que você imagina.

Mas cabe uma pergunta: será que os corruptos sentem angústia devido aos seus atos desonestos? Será que quando deitam em sua cama de noite para dormir surge tristeza por pensar que está roubando a população? Os corruptos têm remorso? O que é, e quem é que os domina a ponto de arranjarem desculpa para suas atitudes corruptas e não terem senso de culpa, arrependimento? Será que o corrupto domina a si mesmo, ou será que é dominado, e, equivocadamente alega ser livre?

Dr. Alex levanta uma pergunta parafraseada aqui: “O que torna a mentira tão atraente que leva o corrupto a praticá-la frequentemente? Em geral é para obter a vantagem da proteção. Que proteção? De si mesmo. O corrupto mente para se proteger da maldade que pratica ou está intencionando a praticar. Mente cinicamente diante de uma CPI para evitar constrangimento, vergonha, conflito, perda da função, prisão.

Mente por causa de conflitos de interesses, para conseguir o que deseja, geralmente para obter riqueza material de modo fácil e rápido. Mente para tentar passar uma imagem boa de si para a comunidade, para tentar obter respeito das pessoas, para fingir que é virtuoso, escondendo, temporariamente, a verdade de seu caráter corrupto. O que você, que é corrupto, diz para seu filho e para sua filha, ambos adolescentes, que vê a mansão que você comprou roubando dinheiro público, e pergunta: “Papai, como você conseguiu comprar esta imensa casa neste condomínio de luxo?”

Viver na mentira perpetua o estresse. Embota o cérebro. Prejudica o sistema imunológico. Rouba a paz mental. Produz mais sofrimento na comunidade. É verdade, pode fornecer um nível econômico de vida de classe social alta. Mas há uma imensa diferença entre boa qualidade de vida (física, mental e espiritual) e alto padrão de vida. Uma coisa não está necessariamente atrelada à outra. Os corruptos não são felizes e não possuem paz.

Sendo honesto e honesta, na sua família, no trabalho, na sua comunidade religiosa, na sua função no Poder Legislativo, Executivo e Judiciário, muitas pessoas serão ajudadas, e você prestará imenso benefício para o alívio do sofrimento humano comunitário. Não é esta uma das melhores gratificações na vida?

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