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“Estai sempre alegres!” (1Ts 5,16)

terça-feira, 15 de dezembro de 2020

Esta semana a liturgia da Igreja Católica celebrou o ‘Domingo Gaudete’, conhecido como o Domingo da Alegria. Isto inspirado pelas palavras do apóstolo Paulo na segunda leitura: “Estai sempre alegres!” (1Ts 5,16). É verdade que, à primeira vista, estas palavras nos incomodam profundamente. Questionamentos como: não posso me entristecer? Como ser alegre o tempo todo com tudo isto que está acontecendo ao nosso redor? São apenas alguns dos que vêm em nossa mente.

Esta semana a liturgia da Igreja Católica celebrou o ‘Domingo Gaudete’, conhecido como o Domingo da Alegria. Isto inspirado pelas palavras do apóstolo Paulo na segunda leitura: “Estai sempre alegres!” (1Ts 5,16). É verdade que, à primeira vista, estas palavras nos incomodam profundamente. Questionamentos como: não posso me entristecer? Como ser alegre o tempo todo com tudo isto que está acontecendo ao nosso redor? São apenas alguns dos que vêm em nossa mente.

Quando nos deparamos com a limitação da nossa condição humana e/ou com as dores e sofrimentos é comum, e até normal, nos entristecermos e nos abatermos. Estes sentimentos não são contrários à alegria de que fala São Paulo. Ela é capaz de sobreviver, inclusive, em meio às dificuldades. Ela subsiste sempre! É compatível com a dor, com a doença, com o fracasso e as contradições. Não é uma alegria qualquer!

O Papa Francisco advertiu, em uma de suas homilias, que a alegria deve ser a respiração do cristão. Mas, esclareceu: “A alegria não é viver de risada em risada. Não, não é isso. A alegria não é ser engraçado. Não, não é isso. É outra coisa. A alegria cristã é a paz. A paz que está nas raízes, a paz do coração, a paz que somente Deus pode nos dar. Esta é a alegria cristã. Não é fácil preservar esta alegria” (28 de mai. 2018).

As dificuldades sempre estarão presentes em nossas vidas. Contudo, estas contrariedades não podem nos roubar a alegria. Elas são uma realidade com a qual temos que conviver. E nossa alegria não pode ficar à espera de dias sem contratempos, sem tentações e dores.

O santo padre ao falar sobre a santidade no mundo atual, lembrou que “existem momentos difíceis, tempos de cruz, mas nada pode destruir a alegria sobrenatural, que ‘se adapta e transforma, mas sempre permanece pelo menos como um feixe de luz que nasce da certeza pessoal de, não obstante o contrário, sermos infinitamente amados’. É uma segurança interior, uma serenidade cheia de esperança que proporciona uma satisfação espiritual incompreensível à luz dos critérios mundanos” (Gaudete et exultate, 125).

A alegria verdadeira tem um fundamento sólido, não se apoia em coisas passageiras: notícias agradáveis, saúde, tranquilidade, situação econômica desafogada e tantas outras. Estas, sem dúvida, são coisas boas, mas não podem garantir a alegria eterna do coração. É preciso descobrirmos todos os dias que a base sólida da alegria de que nos fala o apóstolo é a certeza de que o Senhor está sempre perto de nós.

Assim, só “poderemos estar alegres se o Senhor estiver verdadeiramente presente na nossa vida, se não o tivermos perdido, se não tivermos os olhos turvados pela tibieza ou pela falta de generosidade” (Falar com Deus I, p.78). Em muitas ocasiões, principalmente em tempos difíceis como este que vivemos, é necessário nos dirigir a Deus num diálogo íntimo e sincero, abrindo nossa alma com toda confiança no Deus que se fez próximo de nós, que tocou a nossa dor. Nesta relação de amor e confiança encontraremos a fonte da verdadeira e eterna alegria. “Ainda um pouco de tempo – sem dúvida, bem pouco –, e o que há de vir virá e não tardará” (Hb 10,37) e com ele chegarão a paz e a alegria!

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Padre Aurecir Martins de Melo Junior é coordenador da Pastoral da Comunicação da Diocese de Nova Friburgo. Esta coluna é publicada às terças-feiras.

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O cotidiano sob os olhos do cronista

segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

Ao pegar o livro de crônicas do nosso professor de português Robério José Canto, O Dia em que o Trem não Chegou, sua última publicação, em que ele reúne crônicas publicadas, tive o prazer de me deliciar com seus textos, tão bem escritos. Ah, como ele sabe usar o humor e a ironia com maestria! Para compô-lo, além do mais, é preciso ter o domínio da nossa língua, tão complexa e delicada, mesmo que romântica. 

Ao pegar o livro de crônicas do nosso professor de português Robério José Canto, O Dia em que o Trem não Chegou, sua última publicação, em que ele reúne crônicas publicadas, tive o prazer de me deliciar com seus textos, tão bem escritos. Ah, como ele sabe usar o humor e a ironia com maestria! Para compô-lo, além do mais, é preciso ter o domínio da nossa língua, tão complexa e delicada, mesmo que romântica. 

Eu diria que a crônica é como um estalo, tal qual o estouro de uma bola de inflar, que expõe um momento do cotidiano de um lugar. Que mostra de maneira inteligente o que está acontecendo sob o ponto de vista de um observador atento e minucioso. Talvez o cronista seja o escritor que mais precise de feeling para captar como as pessoas estão vivendo e reagindo, experimentando esperanças e fazendo o acontecer. Entre o abrir e o fechar de olhos, o cronista nota algo para refletir e comentar. É um ser em busca de motivos para sentir-se inserido e justificar suas inquietações. Fazer-se escritor. Pode ser um fato corriqueiro, porém revelado com criatividade e arte. Seu trunfo é a capacidade que possui de transformar o que já é sabido em algo interessante, de revelar um ponto de vista com sabedoria, como um gato debaixo de uma janela pode ser uma situação divina ao cronista, tal qual considerou nosso professor Robério em sua publicação anterior. 

A palavra crônica vem do latim chronica, que significa a narração a respeito de um acontecimento, respeitando a ordem dos fatos. A crônica nasceu na antiguidade, surgiu quando os reis precisavam de ter ciência dos fatos, das transações e dos conflitos; era um relato minucioso dos acontecimentos feito por um enviado. É um estilo literário que se caracteriza por uma narrativa curta, que não se detém com profundidade em um tema. Hoje, é um texto publicado em revistas e jornais.

Há leitores que apontam a crônica como sua leitura preferida, talvez por ser o cronista um filósofo, um pensador do seu tempo, que conversa de modo informal com pessoas da sua geração. Robério proseia sobre as verdades do Brasil com sutileza, sobre a vida, trazendo à tona fatos inusitados de tempos e lugares diferentes, bem como capta os mínimos detalhes da vida, enriquecendo-os com ditos populares. 

É um livro que pode ser lido com a tranquilidade dos pombos, uma vez que o leitor tem a prerrogativa de escolher os textos sem se preocupar com a sequência para, depois, deitar-se sob as nuvens da tarde e pensar, dormitar, ler...        

 

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A VOZ DA SERRA faz história na história de Nova Friburgo!

sábado, 12 de dezembro de 2020

Como teria sido viver na Chácara do Chalet e ter pertencido a uma aristocracia que frequentava as festas, bailes, concertos e exposições de arte no casarão, o chalet do Barão de Nova Friburgo? Eu imagino o encantamento de se ter, entre os convidados, o imperador D. Pedro II e a imperatriz Thereza Christina. No passar do tempo, o glamour não se perdeu e o Caderno Z traz um tanto de conhecimentos do muito que se tem para saber. Como bem disse o ex presidente do Nova Friburgo Country Clube, Roosevelt Concy, “respire fundo, a história está no ar”.

Como teria sido viver na Chácara do Chalet e ter pertencido a uma aristocracia que frequentava as festas, bailes, concertos e exposições de arte no casarão, o chalet do Barão de Nova Friburgo? Eu imagino o encantamento de se ter, entre os convidados, o imperador D. Pedro II e a imperatriz Thereza Christina. No passar do tempo, o glamour não se perdeu e o Caderno Z traz um tanto de conhecimentos do muito que se tem para saber. Como bem disse o ex presidente do Nova Friburgo Country Clube, Roosevelt Concy, “respire fundo, a história está no ar”. Apesar de todas as dificuldades vividas em 2020, para o atual presidente do clube, Celso de Oliveira Santos, a gestão conseguiu “avançar com o restauro do Chalet” graças ao empenho dos sócios e dos abnegados amigos colaboradores.

“A redescoberta de um bem precioso” traz o relato da historiadora Vanessa Melnixenco e do curador do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural, Luís Fernando Folly. Desde as paredes de taipa aos trabalhos de decoração, o casarão retrata o bom gosto do Barão Antônio Clemente Pinto. Nas obras de restauração, o cuidado minucioso de manter a criação primeira foi fundamental para o primor do restauro. “Os retoques foram feitos pontualmente de forma a interferir o menos possível no desenho original”.

A pesquisadora, Camila Dias Amaduro, graduada em História, conta-nos que a fortuna do Barão chegou a ser mais volumosa do que a do próprio imperador. Porém, ele era um empreendedor bem sucedido que deu início “a um processo de desenvolvimento e urbanização” não somente em Nova Friburgo, mas em regiões vizinhas. Fascinante também é a histórica colher de pedreiro, a trolha do Chalet, símbolo maçônico do início das obras e que foi oferecida ao imperador D. Pedro II.

Um povo que preserva a sua história tem muitas chances de lançar uma visão mais aguçada para o futuro. Isso porque o passado é um grande livro de experiências, sejam elas positivas ou não, todas nos deixam ensinamentos. Por essa razão, um brinde ao lançamento do livro “Memórias do Legislativo Friburguense, 200 anos de História da Câmara Municipal de Nova Friburgo”. A obra conta com a participação de renomados historiadores, contando ainda com pesquisas em livros de atas e documentos disponíveis na Fundação Dom João VI. Nossa cidade agradece e parabéns a todos os envolvidos.

Em “Esportes”, Vinicius Gastin nos contempla com mais história e as  expectativas do Nova Friburgo Futebol Clube. Luiz Fernando Bachini e Juca Bravo Berbert (meu primo) esbanjam otimismo para 2021, na estimativa de vencerem as dificuldades impostas neste ano, por conta da pandemia. Sucesso!

O paratleta friburguense, Rodrigo Garcia, está com um sorriso ainda mais intenso, pois, entre os projetos da categoria A da Lei Aldir Blanc, está o documentário “No mar”, que narra a sua relação com a natação. Sua trajetória é mesmo digna de louvor.

A pandemia está aí com bandeira vermelha. O comércio tem autorização para funcionar com horário estendido, como de costume, na época natalina. Espera-se que o povo não forme aglomerações nas lojas e que os lojistas saibam controlar a invasão dos consumidores. O Natal é todo dia e ninguém se afobe, extrapolando as medidas de restrições, porque o melhor presente é ainda a preservação da vida. Falando nisso, mil vivas para o querido Pedro Osmar que se recupera da Covid-19 e já teve alta do Hospital Raul Sertã.

O centenário de Clarice Lispector neste mês de dezembro é uma comemoração importante, pois somos apaixonados pela sua pessoa singular e sua grandiosa obra literária. Há registros na Fundação Dom João VI de que Clarice visitou nossa cidade durante um fim de semana e escreveu, em sua coluna no Jornal do Brasil, alguns elogios: “Friburgo me fascina. Tem casas cor-de-rosa e azul. A natureza fica tranquila quando chove”. Sem tirar o brilho dos elogios de Clarice, se tem uma coisa que tira o sossego dos friburguenses, ultimamente, é quando chove. Ainda mais se for um temporal de verão!

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Amaral Peixoto é o senador mais votado do Estado do Rio

sábado, 12 de dezembro de 2020

Edição de 12 e 13 de dezembro de 1970
Pesquisado por Fernando Moreira

Manchetes

Edição de 12 e 13 de dezembro de 1970
Pesquisado por Fernando Moreira

Manchetes

  • O senador mais votado no Estado do Rio - O almirante Ernani do Amaral Peixoto, ex-governador do nosso Estado e que com brilho e alto sentido de patriotismo e dignidade presidiu o PSD fluminense e nacional, recebeu a maior consagração que um homem público pode aspirar. Embora de política antagônica à Revolução e ao atual governo, foi o mais votado Senador da terra de Nilo Peçanha, tendo ultrapassado de quase dez mil votos o seu grande antagonista, Vasconcellos Torres que elegeu-se também, já que eram duas ofertadas vagas. A vitória do almirante Amaral Peixoto vem repercutindo de modo especial, já que no Estado do Rio é ele, incontestavelmente o maior líder partidário.
  • A Santa Casa e a imprensa - O provedor da benemérita irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Nova Friburgo, dr. Augusto Cláudio Ferreira, recebeu os jornalistas para um oportuno "bate-papo" seguido de um especial almoço. Foi-nos mostrando o enormíssimo "trem" de obras em execução — uma estrutura pronta com mais de mil metros quadrados — assim como também, o movimento de doentes internados no nosocômio que é hoje um modelo. Grandes equipes de enfermeiros, zeladores, auxiliares, técnicos médicos de várias especializações integram os quadros do hospital de referência, sob o comando de diretores abnegados. Custa-se a acreditar na transformação quase total operada nos métodos e no geral do funcionamento da benemérita casa de caridade, a qual Acácio Borges tanto deu do seu idealismo capacidade de trabalho. O dr. Augusto Cláudio Ferreira e a sua equipe merecem parabéns.
  • O Sanatório naval e a cidade de Nova Friburgo - Mais de 60 anos são decorridos que o capitão de fragata médico dr. Joaquim Ignácio de Siqueira Bulcão instalara o Sanatório Naval de Nova Friburgo e presidira a sua primeira diretoria. A época deve ser rememorada com um hino de louvor ao distinto e impávido oficial, que não se intimidou com as dificuldades, que jamais teve um gesto de desânimo face aos naturais embaraços relativamente ao funcionamento e perfeição dos serviços do nosocômio da nossa Armada. 
  • Esta edição registrou também com destaque na capa a revolta da opinião pública brasileira com o sequestro do embaixador suíço. 

Pílulas

  • Um grupo de assessores do candidato eleito ao cargo de prefeito friburguense, dr. Feliciano Benedicto da Costa, está estudando, in loco, toda a organização e funcionamento da máquina administrativa da prefeitura, não só para um total conhecimento dos mínimos detalhes como ainda para, principalmente, sugerir fórmulas, métodos ou meios de desburocratizar os serviços, acelerando o processamento de papéis e, enfim, facilitando ao máximo as relações do contribuinte para com a repartição. O grupo de referência tem tido boa impressão do modo geral de como funciona a prefeitura.
  • Temos tido o maior cuidado na divulgação de nomes do provável staff do futuro prefeito. O nosso único interesse é ir ao encontro da curiosidade de nossos leitores. Claro que não poderemos garantir a veracidade das notícias. A verdade é que quando apontamos nomes o fazemos com o fogo produzido por excelente pólvora. Assim é que temos: para o serviço de imprensa e divulgação, Paulo Santos; procurador municipal, dr. Alberto Madeira; secretário da Fazenda, Réne Muniz e assessor de gabinete, dr. Franco Lobianco. Uma coisa deve ser ressaltada. Todos os citados têm substância e gabarito, proibindo o desejo de eliminação das incapacidades dos apadrinhados políticos.
  • Amaral Peixoto, a exponencial figura política fluminense, foi o mais votado para a senatoria da terra de Nilo Peçanha. Contra tudo, sem nada, a não ser a auréola da respeitabilidade granjeada nos cargos e respeito aos dinheiros públicos, o grande brasileiro chegou ao final da apuração com quase 10 mil votos acima do seu oponente.

Sociais

  • A VOZ DA SERRA registra os aniversário de: Jacintha Crescência Sertã e Afonso Cordoeira Rotay (12); Jayro Winter, Thereza Gasparelli Banjar e Luiz Moreira da Costa (13); Angeolina de Lourdes Fascetta e Amado Corrêa (15); Albertino Freitas Vasconcelos e Jacéa Mayer (17); Maria Sonia Rotay da Costa (19); Marcelo Ventura (22); Rivaldo Santos e Hélio Guimarães de Souza (23).

 

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Dias melhores virão

sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

Em dias ruins, costuma vir o alento de que as coisas vão melhorar. Sim. Também penso assim. Contudo, é necessário viver os dias ruins também, as fases difíceis, os momentos tristes, os desafios e tudo mais que compuser este pacote das dificuldades. Não podemos, ainda que queiramos, num passe de mágica, rebobinar a fita nem pular para a próxima etapa. Porque a vida da gente é segundo após segundo. Sem escapatória. Precisamos viver todas as dores assim como degustamos da alegria de viver.

Em dias ruins, costuma vir o alento de que as coisas vão melhorar. Sim. Também penso assim. Contudo, é necessário viver os dias ruins também, as fases difíceis, os momentos tristes, os desafios e tudo mais que compuser este pacote das dificuldades. Não podemos, ainda que queiramos, num passe de mágica, rebobinar a fita nem pular para a próxima etapa. Porque a vida da gente é segundo após segundo. Sem escapatória. Precisamos viver todas as dores assim como degustamos da alegria de viver.

Este ano tem sido assim. É claro que todos os outros também foram. Enquanto muitos riem da barriga doer, outros choram seus lutos. Faz parte da dinâmica da vida. Mas 2020 tem sido especialmente desafiador justamente porque talvez pela primeira vez tenhamos nos deparado com todas as pessoas ao mesmo tempo enfrentando a angústia da possibilidade de enfrentar uma doença ainda sem cura, que vem pelo ar, é invisível e imprevisível.

Não está fácil enfrentar. Mas vejam, já é dezembro. E ... Que cenário esquisito. Inédito. Surpreendente. Doído até. Tem sido difícil por tudo. Dezembro é aquele mês que passa num piscar de olhos, mas que costuma trazer com ele a alegria por finais de ciclos, a esperança latente pelo ano novo, os corações mais nostálgicos e saudosos por pessoas que queríamos que estivessem aqui mas não estão, tempo em que muita gente se conectam com a vibração da oração, da comunhão, em que os anseios pelo consumo aumentam também, é verdade.

Se eu pudesse definir dezembro em uma palavra seria “abraços”. Abraços nas confraternizações, nos colegas de trabalho, nos reencontros com amigos e, principalmente nos familiares. Conexão. Reconexão. Coração com coração. Afeto. Troca. Fraternidade. Para mim, esta época sempre foi um combustível para restabelecer energias do ano intenso e celebrar a vida e a família ao lado de quem amamos. Nos abraçamos ainda mais em dezembro, percebem isso? 

E este ano? Queremos, mas não podemos. Não devemos. Se o fizermos, nos arriscamos. Arriscamos os que amamos e todos os outros. Não podemos. Este ano está duro. Mais introspectivo. Mais arriscado. Mais desafiador. Mais sofrido. Mais humano. Mais solitário. E quem está totalmente preparado para encontrar-se consigo mesmo? Para abraçar a si mesmo? Ouço e sinto no ar que os dias estão ruins. E não resistirei a afirmar que as coisas vão melhorar. Vão sim.

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Você conhece o seu perfil de investidor?

sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

Ações, CDBs, LCIs e LCAs, derivativos, debêntures, ETFs, BDRs, câmbio... A diversidade de produtos disponíveis para compor uma boa estratégia de investimentos é tão abrangente que o investidor pode acabar se perdendo na hora de montar o planejamento de sua carteira. Mas calma, é fundamental saber quais desses investimentos podem receber alocações do seu dinheiro; nem todas as possibilidades serão exploradas e o primeiro passo para selecionar seus ativos – e excluir a possibilidade de outros – é definir o seu perfil de investidor.

Ações, CDBs, LCIs e LCAs, derivativos, debêntures, ETFs, BDRs, câmbio... A diversidade de produtos disponíveis para compor uma boa estratégia de investimentos é tão abrangente que o investidor pode acabar se perdendo na hora de montar o planejamento de sua carteira. Mas calma, é fundamental saber quais desses investimentos podem receber alocações do seu dinheiro; nem todas as possibilidades serão exploradas e o primeiro passo para selecionar seus ativos – e excluir a possibilidade de outros – é definir o seu perfil de investidor.

Ao abrir sua conta em algum banco ou corretora de investimentos, seus primeiros passos contam com a pesquisa de Suitability: questionário obrigatório e disponibilizado pela instituição para que o alinhamento do atendimento ao cliente seja alcançado para promover a melhor relação de risco/retorno dentro dos limites estipulados pelo investidor. Basicamente, é a partir da definição do seu perfil de investidor que as instituições financeiras e seus assessores podem entender quais os produtos mais se adequam aos seus objetivos.

Antes de classificarmos alguns investimentos disponíveis dentro de cada perfil definido pelo Suitability, vou pontuar quais são os pontos considerados nesta pesquisa: conhecimento e experiência com investimentos; prazo estipulado de tempo para manter os investimentos; objetivos ao investir; tolerância aos riscos; realidade financeira e necessidades futuras dos recursos; patrimônio e disponibilidade de capital.

Como são informações voláteis e podem variar ao longo do tempo, vale ressaltar que o seu perfil de investidor pode variar ao longo do tempo; e, por este motivo, a pesquisa é feita de forma periódica pelas instituições.

Quer conhecer seu perfil de investidor? Basta abrir uma conta no banco ou corretora de investimentos de sua preferência. Costumam ser cadastros gratuitos e não é nenhum bicho de sete cabeças. Criada a conta, basta preencher o formulário de pesquisa do Suitability e logo terá definido o seu perfil; é a partir daí que você (e seu assessor) começa a pensar nas possíveis estratégias de investimentos. Quer pensar nisso? O seu perfil vai ser classificado em três possibilidades:

Conservador - investidor averso ao risco e/ou pouco experiente com relação aos seus investimentos. Vale destacar que risco, no mercado financeiro, é a possibilidade de um resultado diferente do esperado no ato do investimento. Por isso as maiores alocações – para este perfil – tendem a ser em produtos de renda fixa e uma pequena parte em fundos de investimentos multimercados e ou ações.

Moderado - aqui, há um equilíbrio interessante entre produtos de renda fixa e fundos de investimentos multimercados e ações.

Arrojado - para este investidor, a estratégia torna-se mais ativa e, além de pesar as alocações para a renda variável, o investidor pode adquirir produtos diretamente e sem o intermédio de fundos de investimentos; o que diminui custos e potencializa rentabilidade.

E você, já tem ideia de qual é o seu perfil? Espero ter trazido uma luz para que comece a tomar boas decisões para o seu dinheiro!

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Câmara Municipal lança livro em seu bicentenário

quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

Na próxima segunda-feira, 14, a Câmara de Vereadores de Nova Friburgo, vai lançar  em sessão solene o livro “Memórias do Legislativo Friburguense, 200 anos de história da Câmara Municipal de Nova Friburgo”. De acordo com o historiador e coordenador Ricardo da Gama Rosa Costa, o livro inicia com o artigo de minha autoria, “As posturas policiais em Nova Friburgo no século XIX (1820-1888)”, que trata da legislação construída pelos vereadores friburguenses na época do Império, quando Nova Friburgo era uma vila estabelecida em meio à sociedade oligárquica e escravista brasileira.

Na próxima segunda-feira, 14, a Câmara de Vereadores de Nova Friburgo, vai lançar  em sessão solene o livro “Memórias do Legislativo Friburguense, 200 anos de história da Câmara Municipal de Nova Friburgo”. De acordo com o historiador e coordenador Ricardo da Gama Rosa Costa, o livro inicia com o artigo de minha autoria, “As posturas policiais em Nova Friburgo no século XIX (1820-1888)”, que trata da legislação construída pelos vereadores friburguenses na época do Império, quando Nova Friburgo era uma vila estabelecida em meio à sociedade oligárquica e escravista brasileira.

Na sequência Rodrigo Marins Marretto descreve “Nas rotas do café e da escravidão: um estudo das dinâmicas socioeconômicas da vila de Nova Friburgo (1822-1888)” o processo de desenvolvimento da vila no período em que a principal preocupação das autoridades e dos proprietários locais era com a escravidão e o uso do trabalho escravo voltado para manter os caminhos e as estradas que transportavam o café produzido em Cantagalo e nas freguesias de Nova Friburgo, em direção ao porto do Rio de Janeiro.

Tanto o meu artigo quanto o de Rodrigo apresentam uma realidade histórica que não pode ser esquecida, a existência da escravidão e a presença da população negra em Nova Friburgo, responsáveis pela produção da riqueza e por grande parte da formação cultural do nosso povo. O terceiro artigo de autoria de Rodrigo Marretto e Gabriel Almeida Frazão “Em benefício da elegância e a salubridade pública: Jean Bazet e a boa sociedade imperial na vila de Nova Friburgo (1828-1852)”, nos apresenta a trajetória política do primeiro presidente da Câmara Municipal eleito, um dos membros da migração suíça para a vila de Nova Friburgo, que atuou como médico dos colonos suíços, o que lhe conferiu prestígio suficiente para que vencesse as eleições para vereador em cinco ocasiões e assumisse a condução da administração da vila nos seus primeiros anos.

Gabriel Frazão é também autor de “Caminhos e descaminhos de um político local: considerações sobre as estratégias e a trajetória de Dimas Ferreira Pedrosa (Nova Friburgo – 1844-1882)”, texto que aborda a ação política controversa de um vereador friburguense que se destacou ao representar os interesses dos proprietários e suas necessidades econômicas, com destaque para a questão relativa à manutenção das estradas, procedimento indispensável ao sucesso dos negócios da classe dominante da vila e da região. Em seguida Anne Thereza de Almeida Proença no artigo “Senhor Vereador Doutor: as frentes de atuação de Carlos Éboli na Câmara Municipal da Vila de Nova Friburgo (1870- 1880)” aborda a atuação do médico italiano Carlos Éboli durante seus dois mandatos como vereador, acima de tudo preocupado com a manutenção da salubridade pública da vila, o que também atraía visitantes de diversos pontos da província e do país em busca da cura para suas enfermidades ou para veraneio.

O artigo de Maria Ana Quaglino “A Câmara Municipal e a iluminação pública no século XIX” analisa parte do processo de modernização urbana da vila de Nova Friburgo, mais especificamente sobre a instalação e substituição de sistemas de iluminação pública na cidade buscando entender os motivos que levaram a municipalidade a adotar lampiões à base de derivados de petróleo, num momento em que a energia elétrica já começava a ser implantada em outros municípios.

O sétimo artigo de autoria de João Raimundo de Araújo e Sonia Rebel de Araújo “A Nova Friburgo na Velha República: aspectos políticos (1890-1930)” trata do processo de transição da vila a município após a proclamação da República, analisando os conflitos entre os grupos políticos que representavam, de um lado, a tradicional sociedade construída sobre as bases da economia agrária escravista e, de outro, aqueles que se apresentavam como modernizadores ao defenderem a instalação das indústrias têxteis em Nova Friburgo.

A industrialização da cidade, por sinal, dependeu da substituição da iluminação a gás pela energia elétrica, tema este de Almir Pita Freitas Filho, “A Câmara Municipal e a iluminação elétrica em Nova Friburgo (1902-1911)”, que aborda a atuação do poder público local, através do Legislativo, na adoção de medidas com vistas à implantação de serviços de utilidade pública, mais precisamente a iluminação elétrica, no instante em que Nova Friburgo vinha se tornando um atraente polo de interesses ligados ao comércio e serviços diversos, em especial médicos, turísticos e educativos, para o que era premente a modernização via energia elétrica.

Ricardo da Gama Rosa Costa com o texto “Galdino do Valle Filho e a construção da hegemonia burguesa em Nova Friburgo (1911-1961)” destaca a trajetória da principal figura pública representativa dos ideais liberais burgueses na primeira metade do século XX, responsável pela construção do projeto hegemônico em defesa dos interesses do empresariado ligado à nascente indústria têxtil, instalada em consequência da estratégia política vitoriosa de Galdino, da qual fez parte também a ideologia da Suíça Brasileira.

Em seguida, Maurício Antunes Raposo analisa a formação do núcleo integralista no município, que reuniu adeptos e simpatizantes da versão brasileira do fascismo. Por meio do artigo “Júlio Ferreira Caboclo e a Ação Integralista Brasileira na Câmara Municipal de Nova Friburgo (1936- 1937)”, Maurício evidencia a liderança política conservadora do professor e jornalista Júlio Caboclo. Por fim, o artigo de Elizabeth Vieiralves “Medicina e Poder Político em Nova Friburgo: Amâncio Mario de Azevedo, o Médico dos Pobres” centra sua análise no estudo das relações entre a medicina e o poder político, a partir da trajetória dos médicos que dirigiram os destinos de Nova Friburgo entre os anos de 1947 e 1977, passando pela herança do “galdinismo” até a proeminência da liderança popular de Amâncio Azevedo, cuja carreira política como vereador, prefeito e deputado federal esteve associada ao atendimento a diversas demandas sociais advindas das camadas populares na cidade.

O livro é igualmente coordenado pela assessora de comunicação da Câmara Fernanda Guimarães, que nos informa que exemplares serão distribuídos gratuitamente entre as instituições e escolas, mas por ter uma tiragem limitada, a população terá acesso baixando a obra disponível no site da Câmara Municipal.

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    A Câmara Municipal é a instituição mais antiga do município

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    O prédio da Câmara foi demolido para abrir a Rua Monte Líbano

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Tudo tem seu tempo determinado

quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

Há tempo de nascer e tempo de morrer; tempo de plantar e tempo de arrancar; tempo de matar e tempo de curar; tempo de derrubar e tempo de construir. Há tempo de ficar triste e tempo de se alegrar; tempo de chorar e tempo de dançar; tempo de espalhar pedras e tempo de ajuntá-las; tempo de abraçar e tempo de afastar. Há tempo de procurar e tempo de perder; tempo de economizar e tempo de desperdiçar; tempo de rasgar e tempo de remendar; tempo de ficar calado e tempo de falar. Há tempo de amar e tempo de odiar; tempo de guerra e tempo de paz.

Há tempo de nascer e tempo de morrer; tempo de plantar e tempo de arrancar; tempo de matar e tempo de curar; tempo de derrubar e tempo de construir. Há tempo de ficar triste e tempo de se alegrar; tempo de chorar e tempo de dançar; tempo de espalhar pedras e tempo de ajuntá-las; tempo de abraçar e tempo de afastar. Há tempo de procurar e tempo de perder; tempo de economizar e tempo de desperdiçar; tempo de rasgar e tempo de remendar; tempo de ficar calado e tempo de falar. Há tempo de amar e tempo de odiar; tempo de guerra e tempo de paz.
(Eclesiastes 3:2-8)

Especialmente a juventude tem acelerado o tempo das coisas. Meninas menstruam mais cedo, jovens querem ganhar milhões de reais antes dos 30 anos de idade, querem pular etapas e se tornarem gerentes e empresários cedo. Moças e rapazes querem ter sexo genital fora da época. Tudo precoce. Mas a sabedoria diz que para tudo tem um tempo apropriado. Veja a Natureza. Na sabedoria dela existe tempo para cada estação do ano, tempo de plantar e só colher após o período designado pelo criador para aquele tipo de planta. O sol não acelera seu percurso pelo céu de cada dia. Nem a lua corre ou retarda seu ciclo noturno.

Nós, seres humanos, em função de ganância, imaturidade, obsessão pelo crescimento material, fissura por prazer, aceleramos tudo, agimos de forma precoce. Empresários produzem alimentos transgênicos, forçam animais a crescerem rápido para o abate e venda em alta produção. É impossível forçar a natureza, seja no reino animal ou vegetal, a sair do seu ritmo natural de desenvolvimento e amadurecimento sem que se produza prejuízos nela, os quais afetarão a saúde dos humanos e do planeta.

Quem escreveu o texto no primeiro parágrafo acima foi o Rei Salomão. Rei em Israel nos tempos do Antigo Testamento, um dos homens mais sábios que já existiu. Sua vida teve três períodos. Um inicial no qual ele se submeteu ao Deus criador e o obedecia, quando então era feliz. Depois se afastou do caminho do bem, se envolveu em vicissitudes. Ficou o indivíduo mais rico da terra. Mas foi vendo que todo o seu poder econômico, empresarial, político em seu reinado não lhe deram paz no coração e felicidade.

Daí retornou à Jeová, o criador do universo, e conclui que tudo é vaidade. Neste capítulo 3 de Eclesiastes ele colocou os pensamentos de sabedoria ao mostrar que tudo tem seu tempo apropriado. Mas faz tempo que estamos atropelando isto em nossa sociedade. A maravilha do avanço da tecnologia não está sendo acompanhada do avanço do amadurecimento do caráter da pessoas, especialmente dos que dirigem as nações. Todos sabemos que a corrupção impera neste planeta. E o conceito de vida que a juventude vem desenvolvendo em suas mentes é que a felicidade depende de você ter o mais rápido possível sexo, muito dinheiro, propriedades, fama, prazer, domínio.

Salomão experimentou tudo isso e concluiu que tudo é vaidade. E hoje é precocidade também. Então temos um preço alto a pagar. Síndrome do Pensamento Acelerado na qual muitas pessoas não conseguem relaxar a mente, e que tem que ver com excesso de exposição à eletrônicos, telas e excesso de atividades. Temos a depressão que tem muito que ver com pensamentos e sentimentos de perda que em alguns casos se relaciona com uma necessidade de afeto exagerada que quando não suprida, leva a pessoa a decair, entre outros transtornos mentais mais frequentes numa sociedade agitada, que anda fora do tempo correto.

Tudo tem seu tempo. A gravidez humana leva nove meses. Cada estação do ano tem três meses. O coração humano saudável bate em média 70 a 80 vezes por minuto. Respiramos normalmente (inspiração e expiração) 20 vezes por minuto. Um dia tem 24 horas e originalmente começa no por do sol e vai até o por do sol seguinte. Os jovens podem estar prontos para terem sexo na adolescência só sob o ponto de vista anatômico e fisiológico, mas não psicológico.

Não atropele o tempo em sua vida. Não acelere o amadurecimento de seus filhos querendo que eles precocemente comecem a estudar, a ter celular, tablets. Espere. Vá com calma. Viva cada período da vida no seu tempo e modo melhor. O ritmo correto de viver, os conceitos de existência, de sentido para a vida atuais propagados pelas mídias são, com algumas exceções, doentios. O tempo correto de fazer e ser é o natural.

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A Gaiola das Loucas 2

quarta-feira, 09 de dezembro de 2020

A Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro é, desde há muito, conhecida como Gaiola das Loucas. Diante dos sucessivos julgamentos espúrios e com segundas intenções, que o atual Supremo Tribunal Federal (STF) vem presenteando a sociedade brasileira, esse codinome também lhe cai muito bem. Os membros de sempre, Levandowscky, Toffolli, Alexandre de Moraes e agora Nunes Marques esquecem diuturnamente que o papel deles é o de salvaguardar a Constituição federal, não de interpretá-la.

A Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro é, desde há muito, conhecida como Gaiola das Loucas. Diante dos sucessivos julgamentos espúrios e com segundas intenções, que o atual Supremo Tribunal Federal (STF) vem presenteando a sociedade brasileira, esse codinome também lhe cai muito bem. Os membros de sempre, Levandowscky, Toffolli, Alexandre de Moraes e agora Nunes Marques esquecem diuturnamente que o papel deles é o de salvaguardar a Constituição federal, não de interpretá-la.

O parágrafo 4º do artigo 57 afirma que o mandado de presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado é de dois anos, e proíbe a reeleição dentro da mesma legislatura, ao afirmar que está vedada a recondução para o mesmo cargo na eleição imediatamente subsequente. Aliás, Levandowscky já se acostumou a “interpretar” a Carta Magna do país e a jamais respeitá-la. Já foi seguido pelos outros quatro e, agora, foram secundados pelo neófito Nunes, que aprendeu rápido as mazelas daquela que desde há muito deixou de ser “a mais alta corte”, para ser um baú onde não cabem egos, estrelismo e más intenções.

Nunes resolveu inovar e vetou a nova candidatura de Maia, pois esse já tinha uma reeleição (mas esta foi em legislaturas diferentes e considerou-se, que ao substituir Renan Calheiros, afastado da presidência, seu mandato era tampão) e aprovou a de Alcolumbre. Como uma verdadeira Maria vai com as outras, seguiu os quatro mosqueteiros do mal, um novato que já chega com os vícios dos mais antigos. Lamentável.

Daí que o resultado foi de 4,5 votos favoráveis e de 6,5 contrários; esdrúxulo, não, mas é o STF de hoje. Mas, em um atentado ao bom entendimento esses votos favoráveis contrariam, frontalmente a Carta Magna do país. Até posso concordar que se para presidente, governadores e prefeitos a reeleição é possível, o mesmo poderia ser aplicado aos presidentes da Câmara e do Senado. No entanto, isso seria matéria exclusiva do Legislativo, pois para isso ele existe, criar leis e decretos e, se preciso for, alterar através de uma PEC (Proposta de Emenda Constitucional) artigos da Constituição que precisem ser atualizados, para se adequarem aos novos tempos.

É preciso se dar um basta a essa judicialização da política nacional, pois tudo vai parar no STF, que passa a exercer um poder que não lhe é delegado. Aliás, esses membros que, de maneira contumaz, exaram votos estapafúrdios, deveriam se lembrar de que não foram eleitos pelo povo e sim indicados por presidentes, na contramão do processo democrático que prega o voto universal. A maioria não seria eleita, pois a sociedade abomina o fato de simples advogados usarem togas, como se magistrados o fossem. Estão usurpando o papel de juízes, que para atingirem a magistratura são submetidos a um exame rigoroso, que é um verdadeiro gargalo, pois como diz a Bíblia são “muitos os convidados, mas pouco os escolhidos”.

Precisamos de um feliz ano novo...

Essa é a minha última coluna de 2020, pois como faço todo ano, vou aproveitar para um recesso. O ano foi terrível para todos nós com essa pandemia do coronavírus, que só no Brasil, já matou quase 180 mil cidadãos. É preciso que a população se conscientize, principalmente os jovens, de que as medidas sanitárias, propostas pelas autoridades da área da saúde, são as mais eficientes para diminuir a taxa de contágio, até que a vacinação em massa seja uma realidade.

Hábitos saudáveis de higiene como lavar as mãos com água e sabão várias vezes por dia, principalmente quando se chega da rua, limpar com álcool gel, ou mesmo lavar as compras feitas em lojas, farmácias ou supermercados, evitar aglomerações em recintos fechados, mesmo que bem arejados, manter o distanciamento social apesar de nos ser penível não poder abraçar ou beijar entes queridos, sair de casa só em caso de necessidade ou para atividades físicas que sejam consentidas. O que não pode são bares, boates, espaços para festas cheios, como se nada estivesse acontecendo.

Creio que agora que os jovens também estão sendo, inexoravelmente, contaminados e seus pais, responsáveis e autoridades têm de se incumbir de uma vigilância mais firme, pois são esses mesmos jovens que podem contaminar os mais velhos, aqueles que respeitam as orientações apontadas pelo pessoal da saúde. Não podemos nos esquecer, também, que com as fortes chuvas que caem na cidade, os alagamentos estão à solta e os riscos de deslizamento e desabamento são grandes. Corremos o risco de termos mais vítimas, o que levaria o nosso sistema de saúde ao colapso total.

Um feliz Natal para todos, leitores, colegas do jornal, meus amigos e, principalmente, ao pessoal da linha de frente do combate à pandemia, que se expõem no seu dia a dia, muitas vezes pagando com a própria vida, o dever de minimizar o sofrimento da população.

Que 2021 seja um ano mais ameno com muita paz, muita saúde e menos infortúnios. 

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A razão da dor

quarta-feira, 09 de dezembro de 2020

Raquel, antiga servidora da residência de Cusa, ergueu a voz para indagar do mestre por que motivo a dor se convertia em aflição nos caminhos do mundo. Não era o homem criação de Deus? Não dispõe a criatura do abençoado concurso dos anjos? Não vela o céu sobre os destinos da humanidade?

Jesus fitou na interlocutora o olhar firme e considerou:

— A razão da dor humana procede da proteção divina. Os povos são famílias de Deus que, à maneira de grandes rebanhos, são chamados ao aprisco do alto. A terra é o caminho.

Raquel, antiga servidora da residência de Cusa, ergueu a voz para indagar do mestre por que motivo a dor se convertia em aflição nos caminhos do mundo. Não era o homem criação de Deus? Não dispõe a criatura do abençoado concurso dos anjos? Não vela o céu sobre os destinos da humanidade?

Jesus fitou na interlocutora o olhar firme e considerou:

— A razão da dor humana procede da proteção divina. Os povos são famílias de Deus que, à maneira de grandes rebanhos, são chamados ao aprisco do alto. A terra é o caminho.

A luta que ensina e edifica é a marcha. O sofrimento é sempre o aguilhão que desperta as ovelhas distraídas à margem da senda verdadeira.

Alguns instantes se escoaram mudos e o mestre voltou a ponderar:

— O excesso de poder favorece o abuso, a demasia de conforto, não raro, traz o relaxamento, e o pão que se amontoa, de sobra, costuma servir de pasto aos vermes que se alegram no mofo...

Reparando, porém, que a assembleia de amigos lhe reclamava explicação mais ampla, elucidou fraternalmente:

— Um anjo, por ordem do eterno pai, tomou à própria conta um homem comum, desde o nascimento. Ensinou-lhe a alimentar-se, a mover os membros e os músculos, a sorrir, a repousar e a asilar-se nos braços maternos. Sem afastar-se do protegido, dia e noite, deu-lhe as primeiras lições da palavra e, em seguida, orientou-lhe os impulsos novos, favorecendo-lhe o ensejo de aprender a raciocinar, a ler, a escrever e a contar. Afastava-o, hora a hora, de influências perniciosas ou mortíferas de espíritos infelizes que o arrebatariam, por certo para o sorvedouro da morte. Soprando-lhe ao pensamento ideias iluminadas aos clarões do infinito bem, através de mil modos de socorro imperceptível, garantiu-lhe a saúde e o equilíbrio do corpo.

Dava-lhe medicamentos invisíveis, por intermédio do ar e da água, da vestimenta e das plantas. Vezes sem conta, salvou-o do erro, do crime e dos males sem remédio que atormentam os pecadores. Ao amanhecer, o pajem celestial acorria, atento, preparando-lhe dia calmo e proveitoso, defendendo-lhe a respiração, a alimentação e o pensamento, vigiando-lhe os passos, com amor, para melhor preservar-lhe os dons; ao anoitecer, postava-se-lhe à cabeceira, amparando-lhe o corpo contra o ataque de gênios infernais, aguardando-o, com maternal cuidado, para as doces instruções espirituais nos momentos de sono.

No transcurso da vida, guiou-lhe os ideais, auxiliou-o a selecionar as emoções e a situar-se em trabalho digno e respeitável; clareou-lhe o cérebro jovem, insuflou-lhe entusiasmo santo, rumo à vida superior, e estimulou-o a formar um reino de santificação e serviço, progresso e aperfeiçoamento, num lar... O homem, todavia, que nunca se lembrara de agradecer as bênçãos que o cercavam, fez-se orgulhoso e cruel, diante dos interesses alheios. Ele, que retinha tamanhas graças do céu, jamais se animou a estendê-las na terra e passou simplesmente a humilhar os outros com a glória de que fora revestido por seu devotado e invisível benfeitor.

Quando experimentou o primeiro desgosto, que ele mesmo provocou menosprezando a lei do amor universal, que determina a fraternidade e o respeito aos semelhantes, gesticulou, revoltado, contra o céu, acusando o supremo Senhor de injusto e indiferente. Aflito, o anjo guardião procurava levantar-lhe o ideal de bondade, quando um anjo maior se aproximou dele e ordenou que o primeiro dissabor do tutelado endurecido por excesso de regalias se convertesse em aflição. Rolando, mentalmente, de aflição em aflição, o homem começou a recolher os valores da paciência, da humildade, do amor e da paz com todos, fazendo-se, então, precioso colaborador do Pai, na criação.

Finda a historieta, esperou Jesus que Raquel expusesse alguma dúvida, mas emudecendo a servidora, dominada pela meditação que os ensinamentos da noite lhe sugeriam, o culto da Boa Nova foi encerrado com ardente oração de júbilo indefinível.

Extraído do livro “Jesus no lar”; espírito Neio Lúcio; médium Francisco Cândido Xavier

 

CENTRO ESPÍRITA CAMINHEIROS DO BEM – 63 ANOS
Fundado em 13/10/1957
Iluminando mentes – Consolando corações

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E-mail: caminheirosdobem@frionline.com.br
Programa Atualidade Espírita, do 8º CEU, na TV Zoom, canal 10 – sábados, 9h.

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