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A ciência do autoconhecimento

terça-feira, 29 de setembro de 2020

Luz, caminho e cura!

Luz, caminho e cura!

Escritas assim, palavras soltas em uma exclamação fora de contexto, resumindo um parágrafo inteiro, parecem pertencer a mais um texto amador com intuitos de autoajuda. Mas para um bom leitor, indispensável é a paciência atenta diante de textos que só revelam sua perspicácia no conjunto, no seu todo. Daí meu pedido clemente: leia até o fim sem pré-juízos, se lhe for possível. Caso não seja, não há problema, pois geralmente nossos pré-juízos são destruídos ao fim de cada processo de conhecimento. Proponho-lhe, então, abertura resoluta de mente e coração.

Sócrates, na antiga Grécia, lançou as bases para todo processo de autoconhecimento e qualquer espécie de ciência voltada para o ser humano quando repetia para os seus concidadãos o adágio “conhece-te a ti mesmo”. Ele mesmo definiu seu pensamento e estilo de vida nessa dinâmica a tal ponto que julgava nada saber para poder se debruçar diante do conhecimento de algo. Assim, com essa humildade e honestidade intelectual, ele conseguia colocar os seus interlocutores em dificuldade diante do que pensavam conhecer.

Quando julgamos saber algo devemos questionar nosso saber para que ele cresça sempre mais. Pois o conhecimento que adquirimos será sempre limitado e, por isso mesmo, deve ser questionado a fim de poder crescer. O saber, sendo ilimitado, possui a capacidade de reciclar nossa disposição e abertura para novas aprendizagens. O conhecimento é infinito e infinita também deve ser nossa capacidade de rever o que pensamos saber. Ainda mais quando se trata de nós mesmos, daquilo que se passa dentro do coração: o saber sobre nosso temperamento, nossos gostos, nossos defeitos predominantes e nossas qualidades. Tal saber ganhou grande ajuda através das ciências psicológicas e psiquiátricas.

Falo do autoconhecimento. Por isso, o que vou dizer desejo que seja edificante no seu processo de autoconhecimento e descoberta da experiência maravilhosa de uma vida que, quando consegue mergulhar em sua interioridade, sempre vem à tona com novidades e não se fecha ao conhecimento e a novas formas de ver o mundo e a si mesmo.

Não é critério único, mas também é importante o que os outros pensam sobre você. Sim! Há luz, caminho e cura nessa descoberta. Todavia, o que sempre ouço é diferente e soa um tanto quanto altivo: “não importa o que pensam sobre você, seja autêntico e livre de opiniões alheias”. Até parece que somos uma ilha solitária num imenso oceano. Nós somos feitos de “nós mesmos e nossos compostos e estruturas”. Ou seja, esse é o modo de funcionarmos no mundo complexo de tudo o que nos compõe. E, portanto, não podemos negar: precisamos de um mundo onde pessoas importantes para nós pensem algo a nosso respeito.  

A humanidade parece concordar em uma opinião comum a respeito da tristeza: ela surge de um coração solitário, onde ninguém e nada habitam. “Falem mal, mas falem de mim” parece ser não só um ditado corrente, porém uma necessidade estrutural que faz a pessoa sentir que não está na solidão de suas atitudes, que alguém pensou nela e até se equivocou na interpretação de uma boa ação sua. Conhecendo-nos um pouco mais, descobriremos que em certa medida devemos ser livres de opiniões alheias, concordando com o ditado acima criticado, mas que, geralmente, a maioria das opiniões alheias são verdades criadas em nossos pensamentos e em nenhum outro lugar. Daí concluir que devemos nos libertar mais de nossos pensamentos viciados do que do pensamento dos outros.

Peço-lhe, mais uma vez, caro leitor, a pachorra de procurar entender. Em nossa criação, o que os pais e outras pessoas relevantes pensavam sobre nós sempre foi determinante para uma elevada autoestima. Tal estrutura se fixa tanto na interioridade do viver como na exterioridade do agir. Por um lado, o que as pessoas pensam sobre você ajuda você a ser quem você é. Contudo, é o que você formula no seu pensamento sobre a opinião dos outros a seu respeito que geralmente se transforma em um monstro, alimentado rapidamente por terríveis hipóteses que crescem na medida em que você dá a elas alimentos, os quais existem somente em seus pensamentos e não nos fatos.

Concluindo, se o que os outros pensam a nosso respeito nos faz bem por um lado (e a quem não faz bem ser reconhecido?), por outro, não devem e não podem determinar totalmente quem somos e o que pensamos sobre nós.

Padre Celso Henrique Macedo Diniz é vigário paroquial da Catedral Diocesana São João Batista. Esta coluna é publicada às terças-feiras.

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Caderno de anotações

segunda-feira, 28 de setembro de 2020

 

Acabando de ler a biografia da Hebe Camargo, logo mergulhei na de
Leonardo da Vinci, escrita por Walter Isaacson, o mesmo biógrafo de Steve
Jobs. É enriquecedor conhecer a vidas das pessoas, saber quem foram, o que
fizeram e como mudaram a história. Leonardo deixou contribuições
significativas para diversas áreas do conhecimento, como a medicina, a
aviação, a engenharia. Foi um grande amigo da humanidade ao criar bases
científicas para o futuro e obras de arte com perfeição.

 

Acabando de ler a biografia da Hebe Camargo, logo mergulhei na de
Leonardo da Vinci, escrita por Walter Isaacson, o mesmo biógrafo de Steve
Jobs. É enriquecedor conhecer a vidas das pessoas, saber quem foram, o que
fizeram e como mudaram a história. Leonardo deixou contribuições
significativas para diversas áreas do conhecimento, como a medicina, a
aviação, a engenharia. Foi um grande amigo da humanidade ao criar bases
científicas para o futuro e obras de arte com perfeição.


Não poderia deixar de falar da sua beleza e porte físico, generosidade e
capacidade de se relacionar com pessoas, desde as autoridades de Milão aos
atores de teatro, desde arquitetos renomados de Florença aos militares. Era
um homem encantador e encantado com as formas, movimentos e fenômenos
da natureza, como o voo dos pássaros. A pesquisa para a descoberta do
conhecimento lhe era maravilhosa e tomou conta da sua vida.


Ao longo da leitura pude saber que ele registrou seus estudos em mais de
7.000 páginas. Como nos séculos XV e XVI o papel era raro e custoso, ele
aproveitava ao máximo os espaços das folhas e, em muitas, misturava poesia
com astronomia, pintura com engenharia e tantos mais registros, que se
tornaram verdadeiras enciclopédias. Bill Gates adquiriu por US$ 30,8 milhões
de dólares um manuscrito de Leonardo, uma vez que se sente por ele
inspirado, dado a tenacidade de Da Vinci para investigar, mesmo sem ter sido
reconhecido em vida como artista e cientista. Tanto é que consta em sua última
página o registro da frase “A sopa está esfriando.”


Ele tinha o hábito de portar um pequeno caderno pendurado na cintura
em que fazia as anotações. Leonardo era um exímio observador, chegando ao
ponto de perceber o movimento das quatro asas da libélula; quando duas se
abaixavam, as outras se elevavam. Walter Isacsoon considerou que a
genialidade de Leonardo era consequência da curiosidade incessante, da
persistente capacidade de observar os detalhes, do seu árduo trabalho de
pesquisar e registrar os fenômenos e fatos da natureza, como da anatomia
humana e animal, da mecânica e do universo. Da vontade obsessiva para

propor soluções aos problemas com os quais se deparava. Nada ficava
despercebido ao seu olhar, como o cenário de uma apresentação teatral em
que criou mecanismo para os atores voarem durante a apresentação.
Eis que a biografia de Leonardo nos oferece grandes aprendizados.

Um
deles é observar, o outro é anotar. Quantas fatos, palavras e frases nos tocam
e, rapidamente, caminham para o esquecimento? O que podemos falar
daquele momento em que acordamos e uma ideia nos transborda, mas a
perdemos imediatamente? Ah!, nunca mais a resgatamos.


A inteligência é feita de ideias. As melhores surgem de repente e
desaparecem no ar. Eu, particularmente, sou mestre em perdê-las. Acredito
que se as registrasse, minha memória seria mais colorida e rica em detalhes.
Quem sabe, cuidando de um bloco de anotações, poderei ser uma escritora
melhor.

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MDB define candidaturas a prefeito: Álvaro de Almeida, Joel Jonas e Laura Milheiros de Freitas

sábado, 26 de setembro de 2020

Edição de 26 e 27 de setembro de 1970

Pesquisado por Fernando Moreira

Manchetes:

Edição de 26 e 27 de setembro de 1970

Pesquisado por Fernando Moreira

Manchetes:

  • Definidas as candidaturas do MDB friburguense à sucessão municipal - Em poder da Justiça Eleitoral, toda a documentação exigida pela legislação eleitoral. Três sub-legendas integram a chapa do MDB do nosso município: 1º Álvaro de Almeida – 2º Joel Batista Jonas – 3º Dona Laura Milheiros de Freitas.
  • Dr. Dermeval Barbosa Moreira - O ilustre e querido médico reitera estar integrado no esquema do MDB à sucessão de Amâncio Azevedo e decidido a participar da campanha que levará Álvaro de Almeida à vitória nas urnas em 15 de novembro e, consequentemente, ao bastão do Executivo Municipal da terra friburguense. As gravações feitas por dr. Dermeval Barbosa Moreira e seus filhos, Vanor e Maurício, nas quais os prestigiados líderes políticos declaram apoiar a candidatura de Álvaro de Almeida à prefeito de Friburgo, ecoaram de modo positivo em todas as camadas sociais do nosso município.
  • Padilha não quer improvisações - Uma selecionada equipe de técnicos está estudando os problemas administrativos do Estado, colhendo elementos para uma perfeita implantação de novos e modernos sistemas, notadamente no que se refere ao processamento dos pagamentos.
  • Infraestrutura: energia e comunicações - Estado dispenderá um bilhão e meio de cruzeiros - Para suportar o desenvolvimento industrial que o Estado do Rio pretende alcançar, o tesouro está carreando recursos para uma infraestrutura de energia e comunicações, tendo a Celf divulgado que algumas das principais obras estão praticarnente concluídas. Toda a região norte do Estado do Rio será beneficiada com os investimentos estaduais no campo da eletrificação
  • Próximas etapas - Com a complementação do sistema que eletrificará o norte do Estado do Rio, ficará também completa a infraestrutura necessária ao desenvolvimento do parque industrial daquela área, que já conta com um sistema de comunicações rodoviárias, interligando a região aos principais mercados do país. 
  • Debutantes 1970 - A diretoria do aristocrático Nova Friburgo Country Clube já está preparando a tradicional festa anual das debutantes. Como invariavelmente acontece, a festa polariza a atenção geral, sendo considerada a maior promoção social da famosa agremiação do Parque São Clemente.

Pílulas

  • As "plataformas" dos candidatos locais, expostas no programa gratuito de rádio garantido pela Justiça Eleitoral, está alcançando índices dos mais gozativos. Parece mentira, mas acontece realmente, que haja candidatos que não desconfiam e não possuem a mínima condição para “falas”. Imagine que, até ‘coisitas comesinhas’ de simplória administração estão recebendo o pomposo título de plano piloto. E viva os corajosos.
  • O Galeria Bar é de fato e realmente o centro das conversações e das grandes decisões de nossa política. Em todos os  lugares existem os "Galerias '. Foi assim no Santa Cruz e nas Barcas, em Niterói, no Hig Life, em Campos, no Belas Artes e na Colombo, no Rio de Janeiro, para não citar outros. Aqui mesmo em Friburgo, qual o antigo politico que não se lembra dos "colóquios" das farmácias Braunes e Central? Desde o Império, mesmo nas pequenas povoações, havia sempre uma farmácia, um bar, uma estação ou mesmo uma vendinha, onde se discutiam os maiores assuntos comunitários. Aqueles que, não frequentam ou abandonaram os citados "centros das conversações politicas", garantimos, estão na direção da aspiral ao fracasso de carreira. É só esperar.
  • O senhor Emílio Kramer, com 55 anos de serviços prestados à Fábrica de Rendas Arp foi escolhido Operário Padrão de 1970. Com boa atuação como empregado do eleito para receber o honroso laurel, ele trabalha desde garoto fazendo jus às constantes promoções. Chegou a Mestre Geral da mais importante seção da indústria criada pelo inesquecível Julius Arp, a mesma indústria que teve como sua grande razão em prosperidade técnica-administrativa o diretor-gerente, Richard Hugo Otto Inhs.

Sociais

  • A VOZ DA SERRA registra os aniversários de: Eliza Maria Miranda e Eduardo Moreira (27); Emília Castro Costa e Richard Inhs (28); Renato Arnaldo da Silveira Lopes, Ronaldo Kato e Odílio Quintaes (29); Anísia Barcellos Lopes, Leonor Spinelli Marques, Luiz Humberto Hottz e Tasso Rocha Freire (30); Lucy Ann Martinez (1º de outubro); Admário Braune (2 de outubro); Helen de Almeida e Marise Coutinho (3 de outubro).

 

Foto da galeria
Edição de 26 e 27 de setembro de 1970
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Justiça

sexta-feira, 25 de setembro de 2020

Para pensar:
"A base da sociedade é a justiça; o julgamento constitui a ordem da sociedade: ora o julgamento é a aplicação da justiça.”
Aristóteles

Para refletir:
“O juiz não é nomeado para fazer favores com a justiça, mas para julgar segundo as leis.”
Platão

Justiça

Tornou-se um aforismo, em alguns casos um hábito preguiçoso, dizer que o Brasil é o país da impunidade.

Para pensar:
"A base da sociedade é a justiça; o julgamento constitui a ordem da sociedade: ora o julgamento é a aplicação da justiça.”
Aristóteles

Para refletir:
“O juiz não é nomeado para fazer favores com a justiça, mas para julgar segundo as leis.”
Platão

Justiça

Tornou-se um aforismo, em alguns casos um hábito preguiçoso, dizer que o Brasil é o país da impunidade.

Mas, como acontece tantas vezes, a generalização termina por ir além da conta e perder a razão que, numa abordagem mais moderada, continuaria lá.

Ora, existe impunidade no Brasil? Claro que sim, e muita. E, quando se trata da gestão pública, esta impunidade é certamente mais acentuada na esfera municipal.

Mas definitivamente não se pode generalizar, sob pena de sermos nós mesmos os injustos.

Sem alarde

Porque muitas vezes a Justiça age de maneira silenciosa e longe dos holofotes.

Por vezes lenta, como o ponteiro da hora, que ao observador parece estar parado, mas em seu ritmo discreto gira 1º a cada dois minutos.

Pois bem, dia desses uma fonte deste espaço saiu em busca de determinadas informações e acabou encontrando algumas pepitas pelo caminho, que francamente não esperava encontrar.

Mirou no que viu, e acertou no que não viu.

Desde então a coluna tem processado um volume grande de informações, que começa divulgar na edição de hoje.

Relembrando

Os leitores habituais devem se lembrar que no dia 24 de outubro de 2017 foi protocolada pelos vereadores Professor Pierre, Zezinho do Caminhão, Johnny Maycon, Wellington Moreira e Marcinho Alves a Operação Legislativa “Mãos de Sangue”, e também aberto inquérito no MPF.

Em dezembro daquele  ano, ocorreu a primeira operação da PF, intitulada "Esterilização".

As investigações pelo MPF, todavia, seguiram seu curso.

Aprofundamento

Em setembro de 2019, o vereador Professor Pierre apresentou isoladamente uma segunda representação, denominada suboperação legislativa "Juízo Final", na qual apontou superfaturamento da Ata de Preços de Duque de Caxias, aferida pelo município em 2017, em projeções diversas que indicaram patamares entre 50% e 60%.

Tais projeções foram obtidas a partir de detalhada quantificação de valores reunidos em meio a extensiva análise do banco de dados do Ministério da Saúde (BPS - Banco de Preços em Saúde) e as licitações do Município.

Efeitos

Como dito, a representação do vereador foi encaminhada à PF e ao MPF em setembro.

Pouco depois, no dia 27 de novembro de 2019, o Ministério Público Federal impetrou ação na Justiça Federal, solicitando deferimento do juízo competente para operações.

Em processo já conclusivo, o MPF reproduziu em sua petição exemplos de tabelas constantes da suboperação Juízo Final.

E fez comprovar em suas apurações as ligações telefônicas estabelecidas entre o ex-secretário de Governo e empresários.

Abaixo, alguns trechos da manifestação do MPF, assinada pelos procuradores da República João Felipe Villa do Miu e Felipe Almeida Bogado Leite.

Aspas (1)

“Em novembro de 2017, o Ministério Público Federal recebeu substanciosa representação formulada por vereadores de Nova Friburgo dando conta de graves crimes praticados em contratações feitas pela Secretaria Municipal de Saúde ao longo de 2017. Os desvios de conduta reportados são graves e têm relação direta com a deterioração dos serviços de saúde pública no município, no ano de 2017 em diante, que vem afetando milhares de pessoas usuárias do SUS em Nova Friburgo e região circunvizinha.”

Aspas (2)

“O aprofundamento da investigação do evento ‘Carona Caxias’ e o afastamento dos sigilos forneceram quadro probatório consistente da existência de esquema criminoso articulado para a prática de delitos de associação criminosa, fraude ao caráter competitivo de licitação e peculato, além de indícios de corrupção ativa e passiva.

Em síntese, a investigação do MPF reuniu provas de atuação criminosa de agentes públicos e empresários de distribuidoras de medicamentos para desvio de verbas da saúde municipal.”

Sem sutilezas

Na peça, Bruno Villas Bôas, que foi coordenador de campanha de Renato Bravo à prefeitura em 2016, coordenador da transição de governo e ex-secretário municipal de Governo e da Casa Civil durante a primeira metade da atual gestão municipal, é descrito sem meias palavras como “chefe do esquema”.

Outros quatro ex-servidores também tiveram suas atuações identificadas na ação.

Entre eles estão as ex-secretárias municipais de Saúde Suzane Oliveira de Menezes e Michelle Silvares Duarte de Oliveira.

Aspas (3)

“Na mesma linha da constatação feita pela CGU, a representação [Juízo Final] apresentou dados de que o valor total das notas fiscais emitidas pelas empresas investigadas (...) superava o valor total liquidado e pago às empresas pela Prefeitura de Nova Friburgo, indicando que, mesmo após dois anos da entrega dos medicamentos, a referidas empresas não foram pagas — nem reclamaram — o crédito perante o município. O MPF submeteu as tabelas comparativas objeto da representação a escrutínio da perícia técnica do parquet. No parecer (...) a expert do MPF ratificou os números apresentados no método de comparação BPS, ressalvando pequenas inconsistências.”

Aspas (4)

“Dados do Sittel colhidos a partir da quebra de sigilo telefônico dão conta que Bruno Villas Bôas travou contatos diretos e frequentes com os sócios da empresa Telemedic Ltda (...) ao longo de 2017, antes e durante o processo ARP Caxias, sem que semelhante padrão de comunicação tenha se repetido em relação a outros fornecedores de medicamentos da prefeitura. A frequência e intensidade das comunicações demonstram o vínculo formado pelos principais agentes do esquema criminoso.”

Medidas cautelares

A coluna poderia continuar reproduzindo trechos indefinidamente, mas o leitor certamente já percebeu que o Ministério Público Federal utilizou termos muito mais incisivos do que esta coluna, ainda que tivéssemos, há muito tempo, conhecimento acerca da maioria das informações ali reunidas, e que terminaram por redundar no pedido feito ao Juízo Federal sobre a necessidade de medidas cautelares, que a seguir foram deferidas pelo juiz federal da 1ª Vara Federal de Nova Friburgo, Artur Emílio de Carvalho Pinto - substituto, o qual determinou as ações constantes de sua decisão em 5 de dezembro de 2019.

Carona de Duque

A seguir, no dia 22 de janeiro de 2020, como desdobramento de tudo que foi descrito aqui, foi deflagrada a Operação "Carona de Duque", amplamente noticiada no Brasil inteiro.

Fruto de atuação conjunta por parte do Ministério Público Federal (por ação dos procuradores da República João Felipe Villa do Miu e Felipe Almeida Bogado Leite); da 

Polícia Federal (sob o comando do chefe do departamento em Macaé, delegado Alexandre do Nascimento), e da Controladoria Geral da União.

Aspas (5)

Em consequência dessa operação, até mesmo veículos de Bruno Villas Bôas foram apreendidos e colocados à disposição da Polícia Federal “eis que inexiste qualquer elemento nos autos que indicasse, ainda que minimamente, a origem lícita dos veículos apreendidos. Note-se que o ônus de comprovar a licitude da origem do bem apreendido é do suposto proprietário, o que não ocorreu no caso em comento”.

“Conquanto a defesa alegue que os dois veículos possuiriam origem lícita, o MPF logrou êxito em detalhar dúvidas razoáveis sobre a origem supostamente lícita daqueles bens.” 

Resumo

A história é longa, e nosso espaço é curto.

Em resumo, o ex-secretário tentou recorrer em 2ª instância, mas não logrou êxito no Tribunal.

A rigor, a Procuradora Regional da República, em uma das manifestações ao Tribunal, foi tão enfática quanto o foram as declarações que reproduzimos acima.

O processo judicial está parcialmente disponibilizado ao acesso, ainda contando com partes sob sigilo.

Naturalmente isso significa que as investigações não cessaram.

Exemplo e vergonha

A respeito de todo este episódio, a coluna não pode deixar de enfatizar a efetividade alcançada quando órgãos como o Poder Legislativo, a Polícia Federal, o Ministério Público Federal e a CGU operam de maneira coordenada e em harmonia.

Nem tampouco pode deixar de se dirigir a todos aqueles que, ao longo dos últimos anos, por razões de conveniência medíocre, ironizaram todas as denúncias apresentadas no plenário da Câmara e neste espaço, reduzindo tudo a “politicagem” enquanto demonstravam confiar em “blindagens” por influência de padrinhos cujas identidades, em meio a ironias, nem ao menos faziam questão de disfarçar.

Desabafo

Ainda existe sim gente séria na Justiça, na imprensa, na política, nos quadros de servidores municipais, e em todas as instituições.

Gente que não se vende e não se cala.

Aos leitores, a coluna pede perdão pelo desabafo.

Foto da galeria
Aspas (4) : Bruno Villas Boas (Foto: Henrique Pinheiro)
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Do pó à luz

sexta-feira, 25 de setembro de 2020

Tudo estava empoeirado. Parecia não existir ninguém ali, aliás, parecia que ninguém trabalhava, conversava, tomava uma xícara de café ou lia um livro naquele ambiente. Era até difícil imaginar o tanto de decisões que poderiam ter sido tomadas naquela sala de reuniões ou a troca de olhares entre os anfitriões. Nas caixas havia sinais de que alguém passara por ali; havia folhas brancas, novas, entre as amareladas e gastas pelo tempo. Nas prateleiras, tesouros em forma de livros novos dividiam espaço com as “relíquias” do século passado.

Tudo estava empoeirado. Parecia não existir ninguém ali, aliás, parecia que ninguém trabalhava, conversava, tomava uma xícara de café ou lia um livro naquele ambiente. Era até difícil imaginar o tanto de decisões que poderiam ter sido tomadas naquela sala de reuniões ou a troca de olhares entre os anfitriões. Nas caixas havia sinais de que alguém passara por ali; havia folhas brancas, novas, entre as amareladas e gastas pelo tempo. Nas prateleiras, tesouros em forma de livros novos dividiam espaço com as “relíquias” do século passado. Sim, o século passado estava logo ali – deu-se conta de que ele próprio já era uma antiguidade de outra época.

Tomado por uma curiosidade de entender aquele local, prosseguiu, afinal de contas, passaria lá todos os seus dias, quando não algumas noites. Avistou um computador que chamaria de seu muito em breve. Imaginou se teria internet, acesso aos programas dos quais precisava para trabalhar e lembrou-se da necessidade de abrir sua caixa de e-mail. Aproximou-se, viu uma luz acesa no equipamento abaixo e respirou aliviado por não ser o único por ali.

Percebeu, então, a escuridão a que estava submerso. Sentiu a energia presa, uma angústia no peito, a sensação de que aquilo era estranho, feio, sem vida. Pôs-se a refletir em como mudar, recomeçar, dar novo sentido e reescrever aquela história. Sabia que o trabalho seria grandioso, mas não havia como fugir, vez que aceitara a missão e era homem de palavra. E mais, queria realmente fazer da lagarta a borboleta e ser o promotor daquela metamorfose antinatural.

Luz! Era isso. Queria que a luz entrasse e fizesse morada por entre aquelas prateleiras, passando pelas janelas que percebeu serem bem grandes e se instalando por ali como o dono de tudo. Que simples. Correu para o interruptor e acendeu as luzes, algo que tragado pela energia sombria do local esquecera-se completamente de fazer. Ufa, melhorou. Abriu as janelas, deixou o vento circular e recebeu da natureza uma brisa especial. Providenciou uma limpeza de tudo. Contou com ajuda, mas arregaçou as mangas e propôs-se a promovê-la. Foi um processo lindo.

Enquanto limpava tudo aquilo, percebeu que purificava ao mesmo tempo a sua própria alma. Colocou flores por todos os cantos, fez um café tão caprichado que seu cheiro espalhou-se por tudo. Os livros em ordem. Poltronas prontas a convidar o próximo leitor. O chão com o brilho que merecia. Viu beleza naquele lugar. Sentiu desejo de ali ficar, motivou-se a trabalhar, quis receber pessoas, recomeçar. Sentiu que a transformação se deu também em seu interior. Recomeçaria em outro nível, com outra energia e daria seu melhor com menos esforço e mais alegria. Pronto. A luz entrou.

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Saiba como recorrer ao crédito

sexta-feira, 25 de setembro de 2020

Todo excesso pode ser prejudicial; nas finanças a regra segue valendo. Saber recorrer ao crédito de forma saudável é fundamental para manter sua qualidade de vida e conquistar seus objetivos. Um bom planejamento é capaz de proporcionar isso, mas existem alguns pontos a serem analisados antes de assumir uma dívida (evite o plural).

Todo excesso pode ser prejudicial; nas finanças a regra segue valendo. Saber recorrer ao crédito de forma saudável é fundamental para manter sua qualidade de vida e conquistar seus objetivos. Um bom planejamento é capaz de proporcionar isso, mas existem alguns pontos a serem analisados antes de assumir uma dívida (evite o plural).

Entretanto, há uma considerável diferença entre dívidas programadas e emergenciais. Contudo, ambas precisam ser planejadas para manter – ou tentar restaurar – a saúde das finanças. Contudo, toda urgência encarece a solução. Dívidas emergenciais não dão abertura para um planejamento completo e costumam ser uma alternativa imediata; por isso, pesquise o mercado de crédito e assuma a responsabilidade da dívida mais barata para seu bolso. Procure identificar dois itens importantes nesta pesquisa: a simulação de parcelas e o CET (Custo Efetivo Total – valor percentual, de fato, arcado pelo cliente sobre o capital recorrido). Lembre-se também: é para evitar essas urgências que existe a reserva de emergência e você precisa começar a construir a sua o quanto antes.

Por outro lado, dívidas programadas podem – e precisam – ter um planejamento completo para evitar futuros problemas. Para facilitar a compreensão, vou separar a explicação em tópicos e definir todos os pontos a serem analisados antes de assinar seu contrato com a instituição financeira.

  • Contexto profissional: analise a segurança da sua fonte de renda e defina uma estratégia – caso julgue necessário – caso a renda sofra alterações.
  • Contexto financeiro: aqui, deixo um questionamento simples: agora é o melhor momento para se comprometer com uma dívida?
  • Estudar o produto de crédito: este ponto é fundamental para a decisão correta. Defina qual produto recorrer e estude o contrato de diferentes instituições financeiras para identificar a melhor opção para o seu bolso. Taxa de juros, Custo Efetivo Total, possibilidades de quitação, amortização e as circunstâncias em caso de inadimplência são pontos essenciais a serem analisados.

É grande a responsabilidade de assumir dívidas e o planejamento ainda não acabou: chegou a hora de escolher qual o produto de crédito mais condizente com as suas necessidades.

  • Financiamento: o modelo de crédito direcionado a alguma atividade específica (automóveis, imóveis, maquinário de empresas) torna o crédito mais barato devido a segurança da instituição financeira em receber a garantia em caso de inadimplência. 
  • Empréstimo pessoal: o crédito para uso livre tem seu preço e costumam encarecer o produto. Portanto, fique atento, pois o crédito pessoal também apresenta diferentes possibilidades e há alternativas de encontrar produtos com taxas de juros menores.
  • Cartão de crédito: o crédito para uso imediato precisa estar em constante comunhão com o seu orçamento. Este pode ser um ótimo produto caso seja usado com consciência; portanto, evite parcelar tudo o que aparecer pela frente.
  • Cheque especial: este é o produto de crédito mais utilizado pela população brasileira e, por coincidência ou não, também é o mais caro. A recomendação aqui, é utilizá-lo apenas com a certeza de quitação em poucos dias.

Viver em equilíbrio financeiro não é tarefa fácil, mas a educação financeira está aí para te auxiliar a tomar boas decisões. Portanto, use-as a seu favor.

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Soberba

quinta-feira, 24 de setembro de 2020

Para pensar:
"Paciência, gentileza e compaixão te levarão mais longe do que ódio, criticismo e o desejo de condenar.”
Autor desconhecido

Para refletir:
“Não podemos mudar nada até que aceitemos o que se passa. A condenação não liberta, ela oprime.”
Carl Jung

Soberba

Para pensar:
"Paciência, gentileza e compaixão te levarão mais longe do que ódio, criticismo e o desejo de condenar.”
Autor desconhecido

Para refletir:
“Não podemos mudar nada até que aceitemos o que se passa. A condenação não liberta, ela oprime.”
Carl Jung

Soberba

Há três dias o colunista teve a oportunidade de conversar longamente com um personagem que há algumas décadas circula livremente pelas salas mais restritas da política estadual, e ouviu uma leitura bastante interessante a respeito do destino do governador do Rio, Wilson Witzel.

Em essência, predomina o entendimento de que sua eleição se deu com prestígio que tomou emprestado do presidente da República, Jair Bolsonaro,e aparentemente apenas ele não se deu conta disso.

Nas nuvens

Deslumbrou, superestimou o brilho próprio, acreditou que não precisava dialogar com a Alerj e costurar uma base de apoio.

Antes mesmo de assumir o governo estadual já sonhava com a presidência da República, e nem mesmo conseguia disfarçar isso.

Numa entrevista que se tornaria famosa, assumiu esta ambição com um sorriso revelador, dizendo ter a certeza de que contaria com o apoio de Bolsonaro para tanto.

Desconexão maior com a realidade, impossível.

Pediu para sair

E, claro, paralelamente a tudo isso, houve também todas as situações inaceitáveis que os jornais têm publicado há tantos meses.

A rigor, há quem acredite que teria sido possível abrir processo de impeachment sob diversas justificativas.

O que se passou aqui (e em outras cidades) com os hospitais de campanha foi sórdido demais, mesmo para os padrões do Palácio Guanabara.

Com o que foi “jogado fora” (entre aspas, porque alguém sempre recebe esse dinheiro) daria para ter construído o hospital de oncologia!

Insustentável

Em resumo, o que derrubou o governador foi a insustentável combinação entre os erros que grande parte dos políticos cometem, com outros que apenas ele cometeu.

Sua situação se tornou tão crítica que conseguiu unir todo o parlamento (contra ele).

Não restam dúvidas, por exemplo, de que se Marcelo Crivella tivesse ignorado o parlamento municipal como Witzel fez em relação ao estadual, também já teria sofrido o afastamento há muito tempo.

Serve de lição

Ao fim de mais este triste capítulo da política fluminense resta esperar que o caso Witzel torne o eleitorado um pouco mais crítico quanto às estratégias caronistas e apelativas habitualmente empregadas para estimular a transferência de votos.

É preciso conservar o olhar crítico, analisar propostas e a composição de cada grupo antes de escolher em quem votar, sob pena de ser passado para trás por quem aposta que a maneira mais fácil de se eleger é se apoiando no prestígio de terceiros.

Porque, se o leitor prestar atenção, vai ver que este tipo de comportamento não é exclusivo da esfera estadual não.

Prestação de contas

Na próxima terça-feira, 29, às 15h, o plenário da Câmara Municipal vai abrigar uma audiência pública solicitada pela Secretaria Municipal de Finanças, com o objetivo de realizar a prestação de contas relativas ao 2º quadrimestre de 2020.

Indicação

Entre as matérias no expediente da sessão ordinária de hoje, 24, na Câmara Municipal, a coluna gostaria de destacar a indicação legislativa protocolada pelo vereador Cascão, que solicita a elaboração de projeto de lei, por parte do Executivo, que disponha sobre a inclusão de fisioterapeutas na Equipe Multidisciplinar de Atenção à Gestante no âmbito ambulatorial e hospitalar do município de Nova Friburgo.

Regulamentação

Também está prevista para hoje a segunda e última discussão em torno do projeto de lei ordinária de autoria do Executivo Municipal que “Regulamenta o Serviço de Transporte Remunerado Privado Individual de Passageiros por meio de aplicativo ou outras plataformas de comunicação em rede”.

A coluna entende que a matéria já foi amplamente revisada e debatida junto às partes, e a tendência é pela aprovação.

Hoje, ou em oportunidade futura caso venha a ser retirada de pauta.

Previdência

Apesar de ainda aguardar pareceres, também deve ser apreciado hoje o projeto de lei ordinária 720/2020, que “altera os dispositivos da lei municipal 3.400/2004, que dispõe sobre o Regime Próprio de Previdência Social dos Servidores Públicos do Município de Nova Friburgo e sobre a organização de sua entidade gestora”.

Matéria importante, que merece aprofundamento nos próximos dias.

Inclusive, se o governo entender que um detalhamento neste espaço seria pertinente, o convite está feito.

Títulos

Também devem ser concedidos hoje os títulos de cidadania e de comendador que, não fosse pela Covid-19, teriam sido confirmados quatro meses antes.

Parabéns a todos os agraciados.

Desprotegidos

Esta quarta-feira, 23, começou com a triste imagem de mais um cãozinho atropelado na Via Expressa. Mais uma vidinha interrompida de maneira evitável, precoce e certamente muito dolorosa.

Diante de mais essa tristeza, sobre a qual já não podemos fazer nada, a coluna se sente na obrigação de lembrar que é um absurdo não haver pontos de travessia segura para animais na Via Expressa.

Ao menos dois.

Vamos?

Em meio a tanto dinheiro desperdiçado, investir nesse tipo de frente, tornar nossa cidade referência de respeito à fauna que imerecidamente abriga, seria o tipo de predicado que todo friburguense teria orgulho de agregar.

A coluna fica à disposição da sociedade para ajudar no que lhe for possível, fazendo a ponte entre partes que eventualmente se mostrem interessadas em ajudar.

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O café: subidor de montanhas e destruidor de montanhas (Última parte)

quinta-feira, 24 de setembro de 2020

De floresta tropical a savana

Uma das muitas funções da cobertura florestal é a de amortecimento e distribuição das águas das chuvas. Quando a floresta é retirada, o fluxo de escoamento da água é aumentado, favorecendo o processo de erosão. A camada superficial dos solos das encostas, onde se localiza o humos florestal, quando expostos diretamente à ação de chuvas mais intensas são arrancados e carregados morro abaixo. A erosão provocada por este processo acabava expondo as raízes dos cafezais e matando os arbustos.

De floresta tropical a savana

Uma das muitas funções da cobertura florestal é a de amortecimento e distribuição das águas das chuvas. Quando a floresta é retirada, o fluxo de escoamento da água é aumentado, favorecendo o processo de erosão. A camada superficial dos solos das encostas, onde se localiza o humos florestal, quando expostos diretamente à ação de chuvas mais intensas são arrancados e carregados morro abaixo. A erosão provocada por este processo acabava expondo as raízes dos cafezais e matando os arbustos.

Outra consequência deste fenômeno era o acúmulo de sedimentos nas várzeas, que ocasionava o assoreamento dos rios e córregos que estivessem próximos às plantações. Ainda que o plantio em curvas de nível já fosse conhecido, os fazendeiros optaram pelo cultivo predatório. A exaustão e a erosão dos solos fazia com que os produtores de café se vissem obrigados a abandonar suas plantações depois de, aproximadamente 20 a 25 anos já que os solos tornavam-se pobres em nutrientes e os cafezais sem vitalidade.

A ideia de abundância de terras nos latifúndios fazia com que fossem considerados desnecessários quaisquer esforços no sentido de preservar os campos utilizados. Por esta lógica, era mais lucrativo derrubar novas extensões de florestas primárias do que destinar tempo de trabalho para a recuperação ou preservação da fertilidade dos solos já utilizados na lavoura. Depois de abandonados, os terrenos ocupados pelos antigos cafezais eram tomados pela erosão ficando quase toda a área coberta por uma vegetação pobre de gramas, capins e samambaias.

Os impactos ambientais causados pela lavoura cafeeira tornavam-se gradualmente nítidos, a partir da segunda metade do século 19. A questão da técnica de sombreamento dos cafezais e da adubação dos terrenos foi tratada naquela ocasião por artigos em que são ressaltadas as vantagens de se plantar as mudas de café ao abrigo de árvores maiores que lhes proporcionassem sombra. Não faltaram obras escritas criticando o comportamento da “rotina”, que consumia os recursos do meio físico de forma não sustentável. Sugestões como processos de adubação, que permitiriam um aproveitamento mais duradouro das áreas cultivadas foram igualmente apresentados. Logo, informação era o que não faltava.

As críticas à rotina do cultivo do café, com sua prática insustentável ganharam um razoável espaço na sociedade sem, contudo, serem capazes de provocar mudanças na conduta dos grandes cafeicultores. A estrutura fundiária baseada nos latifúndios impediu que se preocupassem no trato do amanho da terra. A floresta era considerada abundante e com capacidade de exploração ilimitada. No último quartel do século 19 teve início a decadência da produção de café no vale do Paraíba fluminense. O esgotamento do solo, o surgimento de pragas nas lavouras acrescido a abolição da escravidão provocou a falência de inúmeros barões do café.

Da opulência à ruína foram perdendo suas fazendas por dívida, em leilões. Em aproximadamente oito décadas os cafezais substituiriam a Mata Atlântica em grande parte da região serrana fluminense, provocando as mais profundas e extensas mudanças ambientais. A antiga diversidade natural do ecossistema foi substituída por uma única espécie de planta, o arbusto de milhares de cafeeiros, que tornou o ambiente muito mais vulnerável aos ataques de pragas e a adversidades climáticas alterando de modo intenso o ciclo hidrológico.

A degradação do meio ambiente modificou o regime de chuvas alterando a sua regularidade e gerando períodos de seca, cuja duração levava até oito meses. As gerações futuras pagam um preço caro por essas práticas agrícolas predatórias. Atualmente, o cenário ambiental da região serrana fluminense caracteriza-se por extensas áreas de pastagens com manchas isoladas de capoeiras. Após a rápida passagem do café ao longo do Vale do Paraíba, os cascos do gado entelham trilhas em forma de faixas em ziguezague.

A introdução da pecuária nas propriedades onde se plantava café aumentou a intensidade do desgaste dos solos. O resultado destas ações foi o surgimento de voçorocas e outras formas de erosão, que trouxeram à paisagem um aspecto de intensa degradação. Nenhum traço da floresta primária restou sobre os morros secos e amarelados da região serrana fluminense. Pode-se afirmar que em um período de 30 a 40 anos, o café mudou irreversivelmente um regime hidrológico típico de uma floresta tropical pluvial para o de uma savana.

O Vale do Paraíba ficou na míngua após a fuga do café. Todos os artigos foram adaptados das obras “Ouro, posseiros e fazendas de café. A ocupação e a degradação ambiental da região das Minas de Cantagallo na província do Rio de Janeiro”, de Mauro Leão Gomes e “A Ferro e Fogo” de Warren Dean. 

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    Da opulência à ruína. Fazenda Mont Vernon, em Cantagalo (Acervo pessoal)

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    Nenhum traço da floresta primária restou sobre os morros secos e amarelados da região serrana fluminense (Acervo pessoal)

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    O café mudou um regime hidrológico de floresta tropical pluvial para o de uma savana (Acervo pessoal)

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Você quer se suicidar?

quinta-feira, 24 de setembro de 2020

Se você pensa em suicídio, se quer acabar com sua vida, leia este artigo. Ou se você conhece uma pessoa que tem falado em querer morrer, em se suicidar, envie este artigo para ela. Apresentei recentemente dois programas com este tema na TV Novo Tempo (RCA- canal 23; Sky, 33 e 433; Oi, 214; Net e Claro, 184) e você pode assisti-lo nestes links no YouTube, onde há mais informação sobre o tema:

Se você pensa em suicídio, se quer acabar com sua vida, leia este artigo. Ou se você conhece uma pessoa que tem falado em querer morrer, em se suicidar, envie este artigo para ela. Apresentei recentemente dois programas com este tema na TV Novo Tempo (RCA- canal 23; Sky, 33 e 433; Oi, 214; Net e Claro, 184) e você pode assisti-lo nestes links no YouTube, onde há mais informação sobre o tema:

1)https://www.youtube.com/watch?v=PXLwV3wCEiA&list=PL_iTlHPwdipW9dq9996tmysb5cn7c9NBf&index=21

2)https://www.youtube.com/watch?v=c6RfM4tt3wE&list=PL_iTlHPwdipW9dq9996tmysb5cn7c9NBf&index=20  

Infelizmente cerca de um milhão de pessoas se suicidam cada ano no mundo. São quase 2.740 por dia, 114 por hora, ou quase duas à cada minuto. Se considerarmos as tentativas também, o índice fica entre 15 a 25 milhões por ano. Existem muitas causas para o suicídio, como fatores socioculturais, genéticos, psicodinâmicos, filosófico-existenciais e ambientais. Se a pessoa apresenta alguma enfermidade mental isto se torna um importante fator de risco para o suicídio. Mas alguém pode querer se matar por outra razão, que pode ser econômica por perda do emprego ou falência de seu negócio surgindo dívidas sem poder pagar, sem ter como bancar as despesas da família, ou sente profunda vergonha por algo que ocorreu e acha que não tem saída, não tem solução.

Mas pode ser que no fundo, você não quer morrer. E chegou à conclusão de que não sabe como continuar vivendo com aquilo que para você é um beco sem saída. Deixa-me dizer que sensação de não ter saída é uma sensação, um sentimento. Pense nisso. Sensação e sentimento mudam como o tempo atmosférico. De manhã pode ter céu azul e sol, após o almoço pode nublar, cair um temporal e depois voltar a ter céu azul de novo. Ou seja, o que sentimos de bom, de agradável, passa. Mas o que sentimos de ruim também passa.

Pode existir algo dolorido por longo tempo e assim pensar não ter jeito de parar com esta dor. Mas é importante pensar que a saída para a dor, esta dor ou problema que te empurra para a ideia de se matar, a saída pode ser algo real, mesmo que a solução do problema não ocorra de maneira ideal. A solução pode não ser a que você preferiria ou gostaria, mas pode ser razoável. Além disso é possível aprender a suportar a perda e a frustração, assim como a raiva contra a realidade.

Seus filhos ou netos, precisam de você, mesmo que pareçam e sejam independentes. Você é importante na vida deles. Existe um vínculo afetivo entre vocês. Quem se suicida deixa uma marca na vida do familiar que nunca mais se apaga. E para alguns familiares a morte por suicídio de um parente pode conduzir a um estado depressivo de difícil recuperação.  

Numa mente depressiva, ou com outro sofrimento psiquiátrico, ocorre alteração da neuroquímica cerebral que favorece uma visão distorcida da vida e da realidade e ao corrigir isto, o alívio surge de verdade. É como usar temporariamente um óculos que não é seu, com grau que faz você enxergar embaçado. A visão embaçada não é, portanto, a realidade. É a lente que não é adequada para você. A alteração cerebral que produz sensação negativa da vida, não é permanente e com tratamento ela pode ser corrigida e o cérebro volta a funcionar saudavelmente.

Sua mente pode se adaptar à perda que você pode estar vivendo, ainda que até agora esta adaptação não ocorreu. Não necessariamente você precisará ficar sofrendo na mesma intensidade o tempo todo. Todos nós seres humanos não conseguirmos sentir bem estar o tempo todo, 24 horas por dia, sete dias por semana. Pessoas saudáveis mentalmente sentem sentimentos dolorosos vez ou outra. Saúde mental não é nunca ter tristeza, ansiedade, medo. Mas é quando sentir algo assim, desagradável, não fazer besteira.

Numa hora de crise forte em que em sua mente volta o pensamento suicida, procure comentar com quem estiver perto sobre o que você sente. Se estiver sozinho, telefone para um amigo ou parente e fale do assunto, ou se for possível, saia de casa e vá se encontrar com um familiar ou amigo que te dará suporte na hora da emergência.

Se você vem se tratando com psicólogo, psiquiatra ou médico de família, entre em contato com ele. Ou telefone para o Centro de Valorização da Vida (CVV) no número 188, ligação gratuita de qualquer lugar do Brasil. O CVV é uma organização não-governamental especializada em atendimento de pessoas com ideias suicidas. 

Também numa hora de crise forte em que vem a ideia de se matar, vá a um lugar sossegado, podendo ser seu quarto. Feche a porta para ter silêncio e comece a orar a Deus, abra o coração a ele, fale de suas lutas, de seu desespero, de seu desejo de morrer, e peça para que as ideias pessimistas sejam controladas e afastadas da sua mente pelo poder de Jesus. Ele vai te ajudar independente do que está ocorrendo em sua vida.

Medite este texto: “Porque assim diz o alto e o sublime, que habita na eternidade, e cujo nome é Santo: Num alto e santo lugar habito; como também com o contrito e abatido de espírito, para vivificar o espírito dos abatidos, e para vivificar o coração dos contritos.” Isto está na Bíblia, no livro de Isaías capítulo 57 e versículo 15. Deus está aí com você que está aflito e abatido. E vai te ajudar.

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Comendas

quarta-feira, 23 de setembro de 2020

Para pensar:
"Quem não perdoa se torna um torturador de si mesmo.”
Andrei Moreira

Para refletir:
“Faça algo todo dia que você não quer fazer; esta é a regra de ouro para adquirir o hábito de fazer suas obrigações sem sofrimento.”
Mark Twain

Comendas

Para pensar:
"Quem não perdoa se torna um torturador de si mesmo.”
Andrei Moreira

Para refletir:
“Faça algo todo dia que você não quer fazer; esta é a regra de ouro para adquirir o hábito de fazer suas obrigações sem sofrimento.”
Mark Twain

Comendas

A coluna de ontem, 22, registrou a tramitação do projeto do Executivo voltado a alterar o Plano Municipal de Educação do Município de Nova Friburgo até o ano de 2025, mas é evidente que este não foi o único ponto de interesse na Ordem do Dia da sessão ordinária desta terça-feira, 22.

Na mesma sessão, por exemplo, também foram aprovadas as resoluções legislativas que concederam - conforme a coluna havia antecipado em primeira mão, o título de comendador a Marly Pinel e Carlos Alberto Pecci.

Requerimento

Da mesma forma, o plenário aprovou requerimento de informações apresentado pelo vereador Marcinho Alves direcionado à Prefeitura e à Faol, com questionamentos relacionados “aos itinerários de linhas e horários do transporte coletivo” que a coluna reproduz abaixo.

Parênteses

Antes, contudo, a coluna não pode deixar de elogiar a Câmara Municipal pela rapidez com que tem atualizado seu Sistema de Apoio do Legislativo (Sapl).

Praticamente em tempo real as deliberações do plenário têm sido lançadas ao sistema, facilitando em muito o acesso às informações, sobretudo neste período de pandemia e circulação restrita.

Parabéns, e que sirva de exemplo a outros serviços públicos.

Questionamentos (1)

1) Informar a quantidade de linhas e horários de ônibus em circulação no município de Nova Friburgo, com as respectivas localidades atendidas, antes e durante a pandemia do Covid-19.

2) Requeiro relação dos horários de funcionamento das linhas e horários de ônibus nos dias úteis, feriados, sábados e domingos. (Antes e durante a pandemia do Covid-19).

3) Qual o motivo da brusca retirada das linhas de ônibus em circulação? A retirada é provisória? Se positivo, até quando?

Questionamentos (2)

4) A prefeitura e a Faol têm ciência da superlotação dos coletivos? Se sim, porque não aumentar o número de linhas e/ou horários para melhor atender a demanda?

5) Qual a previsão para o retorno de linhas e horários que foram retiradas? Como por exemplo, a localidade de Pilões que tem sido muito afetada com a mudança.

6) Informar quais as linhas e horários foram retiradas e as respectivas localidades.

7) Informar a relação atualizada do número de funcionários e a frota de coletivos da empresa.

Por falar nisso...

Aproveitando o gancho fornecido pelo requerimento de informações a coluna faz dois registros relacionados ao transporte coletivo municipal.

O primeiro é de que a Faol divulgou nesta semana que atendeu solicitações feitas por associações de moradores e alterou alguns horários de suas linhas.

Sempre se referindo a dias úteis, na linha Centro-Rui Sanglard o horário das 22h10 foi alterado para 22h25.

E na linha de Rio Bonito, sentido Centro, o horário das 7h foi antecipado para 6h.

Troca de comando

O outro é que Paulo Valente, diretor da empresa, recebeu recentemente uma proposta especial de trabalho no Rio de Janeiro, e está voltando para o nível do mar.

Ao longo dos anos de sua atuação serrana o colunista estabeleceu com Paulo uma relação da mais absoluta franqueza, na qual houve diversas discordâncias mas sempre de maneira respeitosa, de ambas as partes.

Houve diálogo, acima de tudo, e isso tornou possível realizar apurações muito melhores e publicar demandas ou críticas de leitores sempre trazendo também o outro lado.

Espaço aberto

A coluna gostaria de que esse canal de diálogo fosse mantido junto à nova direção, e que houvesse algo semelhante também com outras concessionárias e repartições públicas.

O espaço aqui sempre esteve aberto a qualquer um que esteja disposto a falar francamente, admitindo problemas e explicando o que está sendo feito para que sejam resolvidos, ou esclarecendo detalhes importantes no contexto que os produziu.

Ninguém aqui quer ser injusto, embora nos reservemos o direito à discordância respeitosa.

Promessa é dívida

A coluna prometeu, em meados da semana passada, registrar alguns destaques positivos nacional e internacionalmente, relacionados em alguma medida a Nova Friburgo.

Por fim fatores alheios ao nosso controle nos obrigaram a adiar um pouco os registros, mas não nos esquecemos deles.

Reconhecimento

Começando pelo querido Guillaume Isnard, de tão profundos laços com Nova Friburgo, ele foi destaque na terceira edição do Caxias Music Festival, realizado remotamente, e vem chacoalhando o Facebook com a publicação de depoimentos em vídeo de medalhões de nossa MPB relembrando histórias do passado e recomendando que o público dê atenção à sua mais nova composição, apropriadamente intitulada “Quando esse mal passar”.

Entre os que gravaram depoimentos estão Roger Rocha, Lobão, Branco Mello, Dinho Ouro Preto, Léo Jaime, Kiko Zambianchi, Arnaldo Brandão, Nasi, Marcelo Bonfá e Philippe Seabra.

Falando por todos
Importante observar também o papel que vem sendo desempenhado por Isnard na defesa das condições de trabalho e sobrevivência da classe artística, sobretudo neste cenário tão agravado pela pandemia da Covid-19.

Pauta relevante, que tem neste espaço todo o apoio merecido.

Mundo pequeno

E o outro destaque vai para o canadense Rob Muggah, casado com uma friburguense e que costuma passar vários dias do ano por aqui.

Pois bem, Rob é autor do livro "Terra Incognita", ao lado de Ian Goldin, e foi inspirado nesta obra que o Fórum Econômico Mundial produziu um vídeo que, na semana passada, foi compartilhado por ninguém menos que o ator Leonardo di Caprio.

Como resultado, em apenas poucas horas o vídeo já contava com mais de três milhões de visualizações, e este número continuou a subir exponencialmente desde então.

Tema

Tanto o livro quanto o vídeo buscam demonstrar o impacto das mudanças climáticas e a importância dos mapas para que seja possível compreender melhor nossa sociedade, no presente e no futuro.

Respostas

Semana passada a coluna publicou uma imagem de detalhe da entrada da igreja de São Roque em Olaria, clicada pelo talentoso amigo Henrique Pinheiro, que não ficou por aí e recorreu ao photoshop para mostrar o quanto nosso ambiente poderia ser ainda mais bonito se estivesse livre de tanta poluição visual evitável.

Pois bem, com atraso de alguns dias a coluna registra que Lauro Éboli, Manoel Pinto de Faria, Gilberto Éboli  e Igor dos Santos reconheceram a imagem e enviaram respostas corretas.

Fala, leitor!

O fiel leitor Manoel, por sinal, aproveitou o embalo e pediu apoio para divulgar uma situação problemática.

“A Rua Carlos Baltazar da Silveira, ao lado da Casa dos Pobres São Vicente de Paula, está, no meu entendimento, meio largada com relação aos postes de luz que servem para que empresas de prestação  de serviços, ao longo do tempo, abandonem suas ligações e as fiações fiquem penduradas. É comum ver fios caídos nas calçadas e quando a gente pergunta ninguém sabe a quem pertencem. Seria bom se as autoridades competentes pudessem dar uma atenção ao local.”

Foto da galeria
Respostas (Foto: Henrique Pinheiro)
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