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Será que a literatura pode fazer mal ao leitor?

segunda-feira, 07 de junho de 2021

Esta semana participei de uma discussão inédita no Clube Clássicos da Literatura, idealizado e coordenado por Márcia Lobosco, quando avaliávamos as repercussões que a leitura fez na vida da personagem Emma, da obra Madame Bovary, de Gustave Flaubert(*): será que a literatura pode prejudicar o leitor? 

Confesso que fiquei tomada pela pergunta ao longo da noite. Até agora, dois dias depois, para dizer a verdade. Sempre me detive nos aspectos positivos da literatura. Mas será que, por alguma razão, ela pode não fazer bem?

Esta semana participei de uma discussão inédita no Clube Clássicos da Literatura, idealizado e coordenado por Márcia Lobosco, quando avaliávamos as repercussões que a leitura fez na vida da personagem Emma, da obra Madame Bovary, de Gustave Flaubert(*): será que a literatura pode prejudicar o leitor? 

Confesso que fiquei tomada pela pergunta ao longo da noite. Até agora, dois dias depois, para dizer a verdade. Sempre me detive nos aspectos positivos da literatura. Mas será que, por alguma razão, ela pode não fazer bem?

Apesar de todas as circunstâncias poderem ser analisadas sob os pontos de vista do bem e do mal, tenho preocupações em não ficar na dualidade simplista do pensamento maniqueísta, haja vista que a literatura tem amplitude e toma os fatos da vida humana e natural com generosidade, tal qual um abraço carregado de afetos.

Talvez dois pontos de vista possam me alicerçar o pensamento neste momento, a do escritor e a do leitor. O que pode existir nessa relação? Há longos caminhos entre o inusitado e o incrível, entre o previsível e o imponderável. Entre o pensamento de um e de outro, tudo pode influenciar. Além do que entre o escritor e cada um dos seus leitores existem interações únicas. Ah, está aí a magia da literatura! Enquanto o texto é escrito, o autor é seu dono. Mas quando está pronto e disposto ao mundo, o leitor se torna proprietário soberano da obra.  

Ao escrever, o escritor faz do texto o que tiver vontade; pode construí-lo, ou modificá-lo quantas vezes que quiser. Até guardá-lo na gaveta. Ao ler, o leitor o utiliza do modo que decidir; pode escolher as raízes de uma árvore para se acomodar ou uma poltrona da varanda para ler o texto, se em forma de livro, jornal, revista ou manual. Pode repousá-lo na mesinha de cabeceira para lê-lo antes de dormir ou acordar. Pode passar o texto adiante ou esquecê-lo no banco da praça. 

O escritor e o leitor possuem uma gama de opções. Têm livre arbítrio. 

Porém, os modos pelos quais uma ideia nasce e se converte em obra literária são únicos e emergem de características especiais na história de vida de um vivente, que, por acaso ou não, decide escrever um texto. Da mesma forma, um leitor possui genuínos e diversos motivos para escolher e deter-se em uma leitura, retirando ideias de suas linhas que toquem em seus interesses, medos e formas de viver. 

    Se um texto possa vir a ser fortuito ou não na vida de um escritor ou de um leitor depende de questões pessoais. Como escritora, não gostaria de escrever histórias de terror. Como leitora, vou ter medo de ver os fantasmas que um escritor criou. 

Não é que agora senti vontade de escrever uma história? Vou começar a dançar sobre o tapete da minha sala, quem sabe ele não saia pela janela e sobrevoe as praias do Mediterrâneo? 

 

(*) Emma vivia numa pacata cidade no interior da França e, desde jovem, lia revistas e livros que abordavam a glamurosa vida de Paris. A leitura, o casamento e outras razões pessoais criaram insatisfações na personagem a ponto de torná-la inadaptada às circunstâncias nas quais estava inserida.

 

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Não importa a condução, nós vamos de AVS!

segunda-feira, 07 de junho de 2021

Dizem que um dos maiores prazeres da vida é comer e até há o ditado – “Comer e coçar é só começar”. Talvez, quando pensaram essas coisas, não imaginaram que o feitiço viraria contra o feiticeiro, pois, abusar desse prazer é engordar a lista de problemas. O Caderno Z do último fim de semana nos trouxe o tema para elucidar muitas de nossas dúvidas. Entretanto, se comer demais não é bom, não comer também é grave. A nutricionista, doutora Joana Badini, em entrevista ao jornal, explicou tanto o excesso quanto a falta de alimentação, ressaltando as diferenças entre anorexia e bulimia.

Dizem que um dos maiores prazeres da vida é comer e até há o ditado – “Comer e coçar é só começar”. Talvez, quando pensaram essas coisas, não imaginaram que o feitiço viraria contra o feiticeiro, pois, abusar desse prazer é engordar a lista de problemas. O Caderno Z do último fim de semana nos trouxe o tema para elucidar muitas de nossas dúvidas. Entretanto, se comer demais não é bom, não comer também é grave. A nutricionista, doutora Joana Badini, em entrevista ao jornal, explicou tanto o excesso quanto a falta de alimentação, ressaltando as diferenças entre anorexia e bulimia. Tanto uma como a outra são casos para o acompanhamento nutricional de um especialista.

A pandemia também tem sido a causa do aumento de transtornos na alimentação, em decorrência do isolamento social e da ansiedade provocada pelas incertezas do momento. A falta de convívio social afeta ainda a saúde mental e o psiquiatra Vicente Ramatis, da Unimed Vitória, alertou sobre a automedicação e orientou para que ninguém fique “padecendo sozinho”. E destacou: “O tratamento facilita a vida do paciente por seus benefícios rápidos. A gente vive em coletividade, ninguém vive sem depender do outro, e isso se aplica à saúde mental...”.

Saímos do Z com Wanderson Nogueira que nos perguntou: “Você é de aventuras?” Bem, de minha parte, se for para me equilibrar no slackline, estou fora, pois mal me equilibro nas linhas divisórias da ciclovia na Galdino do Vale. Mas, nosso jovem filósofo aconselha: “Para não cair, a leveza é mais importante que a força e é da soma de ambas que o equilíbrio se faz vigente”. Que bonito, que sábio, parabéns!

De certa forma, já estamos na corda bamba e manter o equilíbrio é a tônica do momento. Neste mês de junho que se apresenta, mais uma vez, sem os festejos juninos, abrimos espaço para celebrar o meio ambiente e a Usina Cultural Energisa inaugurou em maio, em homenagem ao mês de Nova Friburgo, a exposição virtual de fotos “Recantos e Encantos de Salinas”, com fotografias de Regina Lo Bianco. É lindo, gente!

O Posto de Perícia Médico-Legal de Nova Friburgo realizará entre os próximos dias 14 a 18, uma campanha de coleta de DNA de familiares de desaparecidos. O exame de DNA é mais conhecido para identificar paternidade ou na solução de crimes, mas o recurso apresenta êxito na localização de desaparecidos até no exterior. A busca se faz, com sucesso, por meio de objetos de uso pessoal do desaparecido, como escovas de dentes, aparelhos ortodônticos ou amostras como dente de leite e cordão umbilical.

A Associação Comercial (Acianf) vai promover entre os dias 14 e 17, a Semana do Turismo 2021, evento online, gratuito, no tema central, o turismo pós-pandemia. A programação se destina aos segmentos turísticos e aos profissionais do setor, mas, com abertura para a comunidade. Há de ser uma oportunidade e tanto para se inteirar do assunto, pois cada pessoa tem um potencial turístico nas veias, até quando recebe visitas em sua casa.

Na edição de 25 de abril de 2020, A VOZ DA SERRA publicou uma entrevista em que, de acordo com previsão em âmbito estadual, havia uma estimativa de 400 mortes por Covid-19 em Nova Friburgo. Ficamos impactados por ser a previsão até “otimista”, como citado na matéria. Agora são 620 mortes registradas no último boletim.

O conceituado médicor Renato Abi-Ramia chama atenção sobre o fato de nossa cidade “ter mais mortes em relação ao Brasil, proporcionalmente à população”. O doutor, que vem desde o ano passado, alertando sobre a pandemia, pede um posicionamento concreto das autoridades e ressalta o fato como “muito triste e inaceitável, que precisa ser divulgado, investigado e rapidamente corrigido”. A voz de sua experiencia precisa ser ouvida. Frear a taxa de mortalidade é questão de amor ao nosso povo. Enquanto isso, mais flexibilizações, mais escolas retornando, professores sem vacinação, bandeira laranja no Estado do Rio, como se a vida estivesse voltando à sua “normalidade”. Aliás, já tem gente até dizendo que a pandemia está acabando. Por mais otimista que se queira ser, o coronavírus está aí, infelizmente!

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Vivas para dra. Louise

segunda-feira, 07 de junho de 2021

Vivas para dra. Louise

No último sábado, 5, o dia foi da querida e admirada médica cardiologista dra. Louise Antunes (foto) receber cumprimentos e manifestações de carinho pela passagem de seu aniversário de nascimento.

Por esta alegre razão, a coluna, se associa aos seus familiares, muitos amigos, pacientes e admiradores, felicitando mesmo com atraso, a dra. Louise Antunes com votos de felicidades, sucessos e tudo de bom como ela bem merece.

Fomes e excessos

Vivas para dra. Louise

No último sábado, 5, o dia foi da querida e admirada médica cardiologista dra. Louise Antunes (foto) receber cumprimentos e manifestações de carinho pela passagem de seu aniversário de nascimento.

Por esta alegre razão, a coluna, se associa aos seus familiares, muitos amigos, pacientes e admiradores, felicitando mesmo com atraso, a dra. Louise Antunes com votos de felicidades, sucessos e tudo de bom como ela bem merece.

Fomes e excessos

Enquanto a fome cresce em expressiva parcela da população carente, como inclusive mostra um preocupante anúncio da Firjan, a Federação das Indústrias do Estado do Rio, nos canais de TV, estas mesmas emissoras mostram em seus intervalos comerciais a guerra publicitária dos supermercados para vender alimentos.

Em cada break, três a quatro supermercados digladiam em verdadeiras batalhas promoções mostrando seus produtos em ofertas.

Jonas, boa ideia!

No último domingo, 6, quem celebrou mais um ano de vida ao lado da querida esposa, Elizabeth, como mostra a foto, foi o gentleman Jonas Bié Fernandes, figura que de alguns anos para cá está residindo em Nova Friburgo, vindo São Gonçalo.

Ao querido Jonas, agora com 51 bem vividos, enviamos renovados votos de felicidades e parabéns.

Aniversário na quinta

Nesta quinta-feira, 10, o engenheiro que já marcou belas passagens pelo DER - Departamento de Estradas e Rodagem do Estado do Rio em nossa região e é uma figura querida e bastante admirada, dr. Marcelo Goes Telles de Brito festeja mais um aniversário.

Desde já, nossas congratulações ao grande Marcelo pela sua mudança de idade.

Com mais um niver!

No último domingo, 6, quem comemorou mais um aniversário em família, junto a filha Driely, irmã Ângela, sobrinho André Luiz e amigos mais próximos, foi a bela e simpática Janeth Lessa (foto).

À querida aniversariante, nossos melhores votos de felicidades, sucessos e tudo de bom.

O dia do Castelano

Antecipados cumprimentos desta coluna ao admirado policial militar, coronel Eduardo Vaz Castelano, que marcou época também a frente do comando do 11° BPM em Nova Friburgo.

Isso, por que ele completa mais um aniversário amanhã, 9. Parabéns e felicidades!

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Comunicar os valores, a missão e a dignidade da família

segunda-feira, 07 de junho de 2021

Inúmeros são os documentos e textos do Magistério Eclesiástico sobre a família, sua dignidade e missão, desde a pena dos papas e conclusões de concílios. É o Concílio Vaticano II, na Constituição Pastoral Gaudium et Spes, aquele que vai alertar para a tríplice idolatria do mundo hodierno: a do poder, do prazer e do dinheiro.

Inúmeros são os documentos e textos do Magistério Eclesiástico sobre a família, sua dignidade e missão, desde a pena dos papas e conclusões de concílios. É o Concílio Vaticano II, na Constituição Pastoral Gaudium et Spes, aquele que vai alertar para a tríplice idolatria do mundo hodierno: a do poder, do prazer e do dinheiro. Neste contexto, apresenta os riscos e os desafios colocados à família cristã, propondo como fundamental a educação dos valores humanos e cristãos, o sentido sagrado e sacramental do matrimônio, na sua unidade-fidelidade e indissolubilidade, nas finalidades do bem dos cônjuges e geração e educação dos filhos.

São Paulo VI segue este roteiro de forma brilhante e corajosa, defendendo a família e a comunhão conjugal autêntica, de verdadeiro amor humano, aberto à prole, dentro de um planejamento familiar, opondo-se aos métodos artificiais contraceptivos, fechados ao sentido integral da sexualidade e da vida humana, conforme o Plano da Criação Divina. Escreveu a profética encíclica Humanae Vitae. E para a evangelização nos valores do reino, diante das mudanças e desafiadoras realidades sociais, nos brindou com a inspiradora Evangelii Nuntiandi, dentre outros grandes escritos.

Porém, quem vai reunir todo este rico conteúdo sobre a dignidade e missão da família no mundo contemporâneo é São João Paulo II na luminosa Familiaris Consortio, abordando todos os temas fundamentais e sua relação com o presente e o futuro da humanidade. São João Paulo II apresenta a família como projeto de Deus, célula mater da sociedade, a sua formação, a preparação remota, próxima e iminente do matrimônio, os valores éticos e cristãos, o combate às ideologias de destruição da pessoa humana e base familiar, já acusadas na Gaudium et Spes, e outras já sinalizadas pelos avanços tecnológicos e no campo da ciência genética, a importância e a essencialidade da pastoral familiar para a ação missionária da Igreja, sua organização e tarefas. Todos deveriam ler e aplicar esta Carta Magna da Família do Santo Papa.

Neste âmbito teológico moral, deixou-nos também os lúcidos escritos: Veritatis Splendor, sobre a verdade ética e os valores morais frente às correntes errôneas de pensamento - relativistas, hedonistas, utilitaristas, e a Evangelium Vitae, atualizando o ensinamento de Paulo VI na Humanae Vitae, na defesa da vida perante os novos procedimentos e artifícios da Biotecnologia e a manipulação antiética da vida humana.

Na mesma esteira, posicionaram-se os papas Bento XVI e Francisco sobre a nocividade dos relativismos teóricos e éticos que vão desfigurando a sociedade e a família humana e a importância do testemunho do amor cristão, renovando as estruturas sociais. Com este foco, o papa emérito nos enriquece com Deus caritas est, Spe salvi e sua encíclica social, unindo amor e verdade - Caritas in Veritate, dentre tantos outros profundos textos.

O Papa Francisco, acentuando uma Igreja em estado de saída, de permanente missão, apresenta o seu primeiro escrito integral, após complementar e publicar a Lumen Fidei, a Evangelii Gaudium, ressaltando a tarefa essencial da evangelização, como fez São Paulo VI, com a educação dos valores humano-cristãos, na cultura do encontro, na assunção das realidades mais duras e difíceis e no testemunho profético da verdade, no pastoreio zeloso, comunicando a fé e defendendo sempre a vida e a família.

Ainda os dois sínodos dos bispos sobre a família ofereceram uma forte e balizadora orientação para a edificação e o atendimento sempre mais pastoral das pessoas nas diversas periferias geográficas e existenciais, numa acolhida ao mesmo tempo fiel à instituição sagrada familiar e do matrimônio, conforme a vontade divina e humildemente misericordiosa no abraço a todos os irmãos, especialmente as ovelhas mais feridas, abandonadas ou marginalizadas nos caminhos da vida. Toda esta riqueza de contribuição foi reunida e completada com a inspiração condutora do sucessor de Pedro, nos presenteando com a exortação apostólica Amoris laetitia - A alegria do Amor.

Que o Espírito Santo, assistente permanente do magistério da Igreja, comunicador místico no interior de todo cristão, fale mais uma vez pela comunhão episcopal com Pedro, seu escolhido chefe dos apóstolos e de todo o rebanho, hoje Francisco, e faça ecoar por todo o recanto sua voz sábia e iluminadora, fortalecedora, confirmando todos os irmãos na fé.

Juntos, continuemos a comunicar a grandeza e a beleza da família!

Padre Luiz Cláudio Azevedo de Mendonça é chanceler da Diocese de Nova Friburgo e assessor diocesano da Pastoral Familiar. Esta coluna é publicada às terças-feiras.

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Álvaro de Almeida quer mais universidades em Nova Friburgo

sábado, 05 de junho de 2021

Edição de 05 e 06 de junho de 1971
Pesquisa da estagiária Paola Oliveira com supervisão de Henrique Amorim.

Manchetes:

Edição de 05 e 06 de junho de 1971
Pesquisa da estagiária Paola Oliveira com supervisão de Henrique Amorim.

Manchetes:

  • A criação de cinco faculdades para fixar a população é a meta principal: O ex-deputado Álvaro de Almeida declarou que vai lutar com todas as forças pela criação da Universidade de Nova Friburgo que deverá englobar cinco faculdades: Engenharia, Odontologia (já construída), Medicina, Ciências Sociais e Direito. Será essa a meta principal de sua campanha à sucessão do prefeito Feliciano Costa, da Arena. Para o ex-deputado Álvaro de Almeida é muito importante dar sequência aos ciclos educacionais para evitar a evasão humana. Disse que uma universidade em Nova Friburgo repercutiria em todo o Centro-Norte do Estado do Rio de Janeiro e serveria à causa do desenvolvimento.
  • O quê que há: A Comissão de Justiça da Câmara Municipal de Friburgo que é composta na sua totalidade por vereadores arenistas, acaba de ''fulminar'' projeto oriundo do Executivo, que autorizava a complementação até 15 salários mínimos mensais, de vencimento de um funcionário requisitado de outros poderes ou autarquias.
  • Substituído o líder: Por motivos que não transpiraram até o momento, o líder da Arena e do prefeito, no Legislativo friburguense, vereador Sebastião Pacheco foi substituído por José Luiz da Silva, que exerce real liderança católica e é pessoa da maior confiança do dr. Feliciano Costa.
  • Country Clube em marcha: O fidalgo clube do Parque São Clemente está com sua diretoria enriquecida com dois nomes do mais alto gabarito social e administrativo; Jofre Chaloub, vice-presidente administrativo, e  Luiz Mastrângelo Neto, diretor artístico e cultural, ambos, figuras proeminentes na comunidade friburguense, que vão assim formar ao lado do presidente Walter Soares da Cunha e dos seus dirigentes assessores na caminhada de uma nova gestão que se antecipa plenamente vitoriosa.
  • Novidades no Legislativo: A bancada arenista no nosso Legislativo acha-se dividida, uns apoiando francamente o prefeito, outros o hostilizando, embora por tabela, já que escolheu como bode espiatório o secretário, que é seu filho e pessoa de sua total confiança o que é mais natural e lógico, já se verdade é que o dr. Feliciano Costa ainda não deu importância ao ''affaire'' da oposição descoberta ao seu homem forte.
  • Festividades cívico-militares: No dia 11 de junho, o Sanatório Naval de Nova Friburgo fará realizar importantes solenidades cívico-militares, na Praça Marcílio Dias, no  Paisandu, nas imediações do local em que está localizado o busto do imperial marinheiro. Ainda no mesmo dia, o diretor e a oficialidade do mesmo sanatório oferecerão coquetel e convidados especiais, em continuação aos festejos programados.

Pílulas:

  • Confirmada a aula inaugural da Faculdade de Odontologia de Friburgo no primeiro dia útil deste julho de 1971. O prefeito Feliciano Costa pessoalmente reiterou a notícia. Disse ainda o chefe do Executivo friburguense que ainda em seu governo serão instaladas mais duas faculdades - Engenharia e Medicina.
  • É conhecido o ponto de vista do Executivo municipal contrário ao ''Panamá da Câmara Municipal, que votou uma verba de Cr$ 1.100,00 para representação do seu presidente. Sabe-se que o prefeito Feliciano Costa não possibilitará os recursos necessários à despesa, recusando-se ao envio da verba. Além da providência, foram consultados os altos escalões da administração federal sobre a legalidade da resolução. O vereador Newton D'angelo, aguarda as respostas ao prefeito para então dar entrada em Juízo de Ação Popular, na qual é o primeiro subscritor.
  • O líder da Arena na Câmara Municipal votou contra o ''Panamá do milhão e cem, mas a sua atitude posterior nos dá impressão de que não quer qualquer confusão, já que, nem se quer comenta no assunto. Até o momento em que encerrávamos os trabalhos da presente edição, o caso da verba ilegalmente votada mais se parece com bolo quente ou seja, jogado de mão em mão, todos com muito receio de queimaduras. Neste ''vai da valsa'' estamos informados de que o presidente já recebeu o mês de abril, direitinho, integralmente, sem abertura de crédito e sem as demais formalidades inerentes ao problema.

Sociais

  • A VOZ DA SERRA registra os aniversários de: jornalista João Saldanha e dr. Hugo Spinelli (6) ; Norberto Rocha (7); Luiz Vitório Ennes Cariello (8); Eduardo Antônio (9); Frederico Sichel (11); Geraldo Rangel Ventura, Antônio Roberto e Sérgio (12); Mary Silva, Guy Dutra da Costa, sua filha Simone e professora Maria June (14).

 

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Sem dedos em riste

sábado, 05 de junho de 2021

Abaixemos o dedo e não a cabeça. Guardemos em bom lugar nossos dedos apontados para os outros. Mania essa nossa de julgarmos a tudo e a todos o tempo todo. Não nos ensinaram que não devemos julgar, levantar falsos testemunhos? Não aprendemos a lição? Diz a lenda que se apontarmos os dedos para as estrelas, nascerá verruga em suas pontas. Já ouviram antes? Vai ver essa era uma daquelas estórias dos antigos para ensinar de alguma maneira que devemos tratar os outros com humildade e principalmente respeito. Repito, lição de todo sai: tratar a todos com respeito e humildade.

Abaixemos o dedo e não a cabeça. Guardemos em bom lugar nossos dedos apontados para os outros. Mania essa nossa de julgarmos a tudo e a todos o tempo todo. Não nos ensinaram que não devemos julgar, levantar falsos testemunhos? Não aprendemos a lição? Diz a lenda que se apontarmos os dedos para as estrelas, nascerá verruga em suas pontas. Já ouviram antes? Vai ver essa era uma daquelas estórias dos antigos para ensinar de alguma maneira que devemos tratar os outros com humildade e principalmente respeito. Repito, lição de todo sai: tratar a todos com respeito e humildade. Preceito básico civilizatório e da boa convivência. Os dedos apontados abrem alas para o tom imponente, para o ar inquisidor, para o olhar repressivo e a mente julgadora. São essas as nossas “verrugas” de comportamento que deveriam ser repensadas.

Desconheço qualquer pessoa que sinta contentamento e prazer de conviver com quem tem essa sombra do tal “dedo estendido” em suas ações. Eu, pelo menos, acho um tanto desagradável o convívio com os julgadores de plantão, com os cobradores de comportamento. Gostaria inclusive de processar uma resposta padrão que saísse automaticamente e corajosamente de cunho informativo para dizer que “não estão na minha pele”. É tão mais fácil julgar o outro e cobrar dele um comportamento compatível com os pensamentos e convicções que não lhe pertencem a imaginar-se no lugar dele ou simplesmente o deixá-lo em paz, respeitando-o. Tão mais cômodo enrijecer o tom, reclamar, falar mal, levantar a voz, fazer chantagens de cunho emocional, medir a postura alheia com a sua régua. Mas isso não é legal, devo dizer.

Esses dedos levantados pela sociedade constantemente e incessantemente podem fazer mal. Principalmente a quem os levanta. Sinto vontade de dizer: descansem as mãos, relaxem as mentes, cuidem de fazer a sua parte e respeitem as escolhas alheias que não fazem mal a ninguém. E mais, cabeças erguidas. Essas sim levantadas. Os olhos precisam mirar adiante, vislumbrar o horizonte. Cabeças ao alto. Não por soberba nem tampouco por superioridade. Mas por autoestima, por respeito às individualidades, por honra. E se tiverem que se abaixar, que seja pela nobreza da humildade e não por medo das cobranças externas e do julgamento alheio.

O contexto social, político, econômico e de todas as ordens já se apresenta desafiador por demais. Difícil demais. Sobreviver dignamente tem sido um empenho e tanto e até mesmo um privilégio. Por que não facilitarmos as coisas com uma convivência gentil e não hostil?  Respeitosa e não arrogante. Que acolhe e não repele. Em que os dedos em riste cedem espaço para abraços. Um mundo ideal, é verdade. Talvez utópico, sim. Mas acredito, possível. De menos umbigo e mais coração.

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Glossário de investimentos - ETFs (Parte 1)

sábado, 05 de junho de 2021

No mercado financeiro, as opções de investimentos parecem ser infinitas e a falta de conhecimento pode afastar muita gente com vontade de tomar boas escolhas para o seu dinheiro. Por essas e outras, hoje iniciamos a nossa série de colunas educativas acerca das siglas (e oportunidades) de investimentos presentes no mercado financeiro com objetivo de democratizar ainda mais este conhecimento tão específico. Esta série se estenderá ao longo de todo o mês de junho, portanto, fique agora com o conteúdo desta primeira semana.

No mercado financeiro, as opções de investimentos parecem ser infinitas e a falta de conhecimento pode afastar muita gente com vontade de tomar boas escolhas para o seu dinheiro. Por essas e outras, hoje iniciamos a nossa série de colunas educativas acerca das siglas (e oportunidades) de investimentos presentes no mercado financeiro com objetivo de democratizar ainda mais este conhecimento tão específico. Esta série se estenderá ao longo de todo o mês de junho, portanto, fique agora com o conteúdo desta primeira semana.

De fato, o mercado concentra muitas opções de investimentos e a falta de planejamento pode lhe proporcionar uma experiência negativa. Contudo, para facilitar o planejamento do investidor individual existem os produtos de gestão passiva: você investe recursos financeiros e uma equipe de profissionais qualificados se responsabiliza pela gestão dos ativos presentes na composição da carteira. É o que acontece nos fundos de investimentos, mas você pode encontrar estes produtos diretamente na bolsa de valores e usá-los como porta de entrada para a renda variável. Estou falando, especificamente dos Exchange Traded Fund (ETF) e vou especificar os detalhes deste ativo.

No Brasil, temos apenas uma bolsa de valores (B3), mas ao redor do mundo existem diversas outras e cada uma delas tem seus índices de referência baseados em critérios específicos. Basicamente, esses critérios englobam determinadas ações de companhias enquadradas em características predefinidas e assim está pronta uma carteira de investimentos: diversificada entre si e com empresas selecionadas de acordo com o que você (e a equipe de gestão do ETF) acredita. Para exemplificar ainda mais, essas características podem ter a ver com governança, sustentabilidade, tamanho do patrimônio das empresas, distribuição de dividendos ou, até mesmo, empresas estrangeiras.

Abaixo, vou listar alguns ETFs (com seus respectivos códigos de negociação) e caracterizá-los para você entender ainda mais sobre o assunto e ganhar autonomia para seus novos estudos a partir daqui. Lembrando, é claro, nenhum destes exemplos se enquadra como recomendação de investimento; aqui, meu único objetivo é mostrá-los para você, leitor, sem me preocupar em passá-los por um crivo de qualidade dos ativos e, muito menos, pela análise aprofundada de acordo com seu perfil de investidor.

  • Bova11 - Busca refletir a performance, do Índice Bovespa (composto por cerca de 70 das maiores empresas do Brasil);
  • Ecoo11 - Busca refletir a performance do Índice Carbono Eficiente (composto por empresas com maior responsabilidade ambiental);
  • Gove11 - Busca refletir a performance do Índice Governança Corporativa Trade (composto por empresas com padrões de governança corporativa diferenciados);
  • Smal11 - Busca refletir a performance do Índice Small Cap (composto por empresas com menor capitalização na B3);
  • IVVB11 - Busca refletir a performance do Índice S&P500 (composto pelas 500 maiores companhias de capital aberto dos Estados Unidos).

Investir nestes produtos é simples e, por isso, chega a ser considerado como a porta de entrada para novos investidores na Bolsa de Valores, mas lembre-se sempre de analisar se os investimentos são condizentes com as características buscadas por você e tem a ver com o seu perfil de investidor. Serão sempre estes pequenos detalhes o grande divisor entre boas e más experiências no mercado financeiro; portanto, atente-se a elas para fazer boas escolhas.

 

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Slackline

sábado, 05 de junho de 2021
Foto de capa

Estou tentando recuperar algumas coisas na vida. Velhos amigos e velhas histórias. Antigas paixões e antigos amores. É mais do que só lembrar ou rememorar passagens e momentos. Também não tenho a pretensão de vivenciá-los de novo, da mesma forma. Isso é impossível, mas mesmo que possível fosse, não é exatamente o que quero. O que quero é dar novas chances a episódios que pareciam esgotados. Há mais por experimentar. 

Estou tentando recuperar algumas coisas na vida. Velhos amigos e velhas histórias. Antigas paixões e antigos amores. É mais do que só lembrar ou rememorar passagens e momentos. Também não tenho a pretensão de vivenciá-los de novo, da mesma forma. Isso é impossível, mas mesmo que possível fosse, não é exatamente o que quero. O que quero é dar novas chances a episódios que pareciam esgotados. Há mais por experimentar. 

Estender um imenso varal com fotos de mesmos personagens, mas por novos ângulos. Trata-se disso: dar novas chances a mim mesmo. Não. Não estou mal. Nem sentimentalmente, nem filosoficamente. O psicológico vai bem. Maduro ainda que tal maturidade seja mais resultado da admissão de toda a minha imaturidade. Eu gosto de flertar entre esses contraditórios quase extremos para ver se fico mais equilibrado.  

Já tentei andar no slackline. Dou mais passos na vida sem me arrebentar no chão do que nas tais cordas amarradas entre uma árvore e outra. Deve ser a prática. Pode ser o medo. Mas se do chão não passa.... Penso. Ajo. Fujo. Do slackline. Da vida? Estou calejado ainda que cada vez mais fascinado. 

Entusiasmado, vez em quando acordo em meio a um pesadelo. Mas logo que desperto, o susto se esvai, ainda que a tensão do medo siga por uns minutos mais, alerta. Porém, o entusiasmo pela vida em seu tempo me faz ir. E vou. Vivendo as horas sem traduzi-las. Por vezes, entendo o que falam. Por vezes, parecem um chinês de sotaque russo. Querendo novidades novas e antigas também, eu vou. No idioma esperanto tanto fazer o mundo entender que eu gosto dele, ainda que o mundo seja como é.           

Se eu queria estar melhor? Sempre queremos. Não posso reclamar. Rio de mim mesmo e dos meus pretextos. Estou bem, saudável. Ainda que a morte torne necessidades em urgências, não tenho nem necessidades ou urgências. Mesmo ciente de minha alma inquieta. Mesmo convicto do ser nostálgico e ansioso que sou. Busco nessa linha elástica recuperar tudo isso que perdi ou nunca ganhei.

Entre uma árvore e outra há tanta vida, há tanto céu. O quanto posso olhar para trás? Talvez, melhor seja trazer o que ficou para trás sem intenções de acúmulos. Para não cair, a leveza é mais importante que a força e é da soma de ambos que o equilíbrio se faz vigente.

Você é de aventuras? Ao procurar respostas talvez faça da busca a própria aventura. Estou querendo recuperar alguns passos de balé. Nunca fui dançarino ou contorcionista. Deixo a vida conduzir os passos, desde que eu escolha a música. 

Tenho carregado fotos comigo de amigos que não vejo há tempos. Tenho sentido certas saudades de amores e paixões. Reverencio as suas belezas e o quanto me fizeram e ainda me fazem feliz. Não tenho coleções para além dos álbuns de figurinhas de chicletes de quando eu era criança. 

Se eu pudesse parar no meio dessa corda bamba e ficar ali por alguns instantes, inerte aos mais fortes ventos, eu ficaria. Inebriado, seduzido pelo tempo paralisado com a vida correndo e pulsando em torno de tudo... 

Então, eu pularia. E mesmo que a menos de um metro e meio do chão, eu voaria. Voando, já não prezaria se sou eu no todo ou se é o todo em mim. Somos encontros e nada mais.      

 

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A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.

Um caso que abalou Nova Friburgo: Alberto Braune (Parte 1)

quinta-feira, 03 de junho de 2021

O ano era 1905. Felicidade Emmerick vivia em companhia da tia Maria José Trannin desde os 10 anos de idade, a quem tratava com o desvelo e o carinho que mereceria uma filha. Educava-a nos rígidos princípios da virtude e do bem. Quando sucedia da menina adoecer costumava procurar o farmacêutico Alberto Henrique Braune. Felicidade começou a sofrer de “órgão delicado”, problema normal nas mocinhas que começam a menstruar.

O ano era 1905. Felicidade Emmerick vivia em companhia da tia Maria José Trannin desde os 10 anos de idade, a quem tratava com o desvelo e o carinho que mereceria uma filha. Educava-a nos rígidos princípios da virtude e do bem. Quando sucedia da menina adoecer costumava procurar o farmacêutico Alberto Henrique Braune. Felicidade começou a sofrer de “órgão delicado”, problema normal nas mocinhas que começam a menstruar.

Como o tratamento exigido pela enfermidade era demorado, Felicidade ia diversas vezes ao consultório do farmacêutico acompanhada sempre de sua tia. Com o tempo, em razão do conhecimento e confiança no farmacêutico, d. Maria José permitiu que Felicidade fosse desacompanhada às consultas. A mocinha em dado momento começou a sentir dores intermitentes. Alberto Braune insistia que ela tomasse “Apiol” para as dores e estranhamente Felicidade se recusava tomar o medicamento.

A seguir o farmacêutico prescreveu uns “pós em papeizinhos” para aliviar as suas dores. Tudo parece indicar pela sequência dos fatos que Braune havia pactuado com Felicidade dar-lhe drogas abortivas quando soube da gravidez, mas ela teve medo de ingeri-las. Passado um tempo, a tia percebeu que Felicidade começava a “ganhar corpo”. Como o volume no ventre tomasse proporções suspeitas, d. Maria José pensou em levá-la a um médico, o dr. Galdino do Valle. Felicidade recusou-se a ir e admitiu a gravidez. Desatando em prantos, confessou que a causa de sua “perdição” foi Alberto Braune.

No dia seguinte, Maria José Trannin procurou o farmacêutico na Farmácia Braune a quem lançou no rosto a ignomínia do seu procedimento. Ele a levou para uma sala para que as pessoas não ouvissem as suas acusações. Negou tudo dizendo que se ele fosse o autor da desonra da moça teria receitado um remédio abortivo. Como era também delegado de polícia, d. Maria José deu queixa ao chefe de polícia do Estado. (O Paiz, seção Desonra,12 de agosto de 1905).

A notícia correu solta na cidade. No entanto, os principais jornais locais da época, como O Friburguense e O Nova Friburgo não deram uma nota sequer. Mas quem era Alberto Henrique Braune? Nascido em Nova Friburgo em 17 de dezembro de 1864, de família tradicional, se formou farmacêutico em 1886. Casado e pai de imensa prole possuía um consultório junto à Pharmacia Braune na Rua General Argolo onde também residia com a família em um belíssimo palacete.

Com a sua morte a Rua General Argolo passaria a ser denominada de Alberto Braune. Seus desafetos o acusavam de curandeiro e de contravenção a lei pelo exercício ilegal da medicina. Major da Guarda Nacional fazia parte do Partido Republicano Fluminense sendo aliado de políticos tradicionais como Galdino Antônio, pai de Galdino do Valle Filho, Ernesto Brasílio, Júlio Zamith, Farinha Filho, Nelson Kemp e do mandão de aldeia, Carlos Maria Marchon.

Enquanto a tia de Felicidade alardeava o ocorrido e sofria com a sobrinha desonrada e caída na desgraça, situação de uma moça desvirginada e mãe solteira, os adversários políticos de Alberto Braune tiraram proveito da situação. Para o seu azar o promotor público do caso, Plácido Modesto Martins de Mello, era um destes desafetos. Na ocasião, tanto as funções de delegado de polícia como a de promotor público eram nomeações do presidente do Estado, e não concursados como hoje.

Alberto Braune reagiu rigorosamente às provocações e com grupos armados fazia ameaças aos seus detratores. Percorriam as ruas do centro da cidade intimidando e espancando os oposicionistas. O Coronel Zamith, sub-delegado, comandava as operações. A Farmácia Braune se transformou em delegacia de polícia. O sargento do destacamento policial, à paisana e descalço, armado de cacete e revólver, praticava agressões e arbitrariedades. (Correio da Manhã, seção Friburgo, 18 de agosto de 1905.) O jornal O Correio Popular, folha do partido chefiado por Modesto de Mello, deputado estadual, foi impedido de circular sob pena de ser empastelado.

Há referência de que o grupo do promotor Plácido Modesto se postava em frente a farmácia Braune em atitude provocadora e também ameaçou empastelar o jornal O Nova Friburgo. A situação era de muita tensão. Um jornalista clamou por civilidade na política fluminense. Além da violência nas ruas entre os capangas de ambos os lados, na arena do jornalismo uma batalha de retórica se operou entre os jornais do Rio de Janeiro.

Um dos adversários de Alberto Braune, Bricio Filho, era o correspondente do jornal Correio da Manhã e residia em Nova Friburgo. Aos jornais cariocas coube o início da divulgação da defloração e desonra de Felicidade Emmerick. O primeiro a dar publicidade deste fato foi A Tribuna exigindo em nome da honra ofendida a intervenção das autoridades competentes.

Já o então decano O Friburguense somente produzia artigos elogiosos a Alberto Braune, enaltecendo-o. Por ocasião de seu aniversário natalício foi estampado o seu retrato com minuciosa biografia traçada com carinho e dedicação. Entretanto, em um editorial sob o título “Desonra”, assim se exprimiu: “São tão gravíssimos e deprimentes da honra e do bom nome de um homem de bem os fatos narrados por alguns jornais da capital federal contra o sr. Alberto Henrique Braune, delegado de polícia desta cidade, fatos referidos também pelo público friburguense, que sua senhoria não pode deixar de apresentar uma defesa satisfatória e completa que o lave da mancha do crime que lhe atribuído”. (Correio da Manhã, seção Livre, 16 de agosto de 1905). 

Na edição da próxima quinta-feira, 10, publicarei nesta coluna a defesa de Alberto Braune enviada ao Jornal do Commercio dando a sua versão dos fatos. Procurou defender-se das acusações atribuindo o fato a uma manobra política de seus adversários e buscou ainda desqualificar tanto a vítima Felicidade Emmerick, quanto a sua tia Maria José Trannin.

  • Foto da galeria

    Alberto Braune, esposa e numerosa prole

  • Foto da galeria

    Farmácia Braune na outrora Gal. Argolo e hoje Alberto Braune

  • Foto da galeria

    O palacete Braune na rua principal com dois pavimentos

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Mas eu sinto amor...

quinta-feira, 03 de junho de 2021

O que é amor? É um sentimento? Tem que envolver sexo? Depende sempre de boas emoções? Quando amamos uma pessoa sentimos o mesmo tipo e intensidade de sentimento agradável o tempo todo? Será possível uma pessoa confundir amor com sentimento e achar que se ela sente algo bom, isso é amor? Quando amamos uma pessoa nunca sentimos algo desagradável por ela? Nunca algum aspecto de nosso egoísmo inato afeta nosso relacionamento com pessoas que dizemos que amamos?

O que é amor? É um sentimento? Tem que envolver sexo? Depende sempre de boas emoções? Quando amamos uma pessoa sentimos o mesmo tipo e intensidade de sentimento agradável o tempo todo? Será possível uma pessoa confundir amor com sentimento e achar que se ela sente algo bom, isso é amor? Quando amamos uma pessoa nunca sentimos algo desagradável por ela? Nunca algum aspecto de nosso egoísmo inato afeta nosso relacionamento com pessoas que dizemos que amamos?

Será o amor o oposto de raiva? Ou será que o contrário de amor é a indiferença? Se um homem tem forte atração física por uma mulher, isso é amor? Se uma mulher tem uma sensação forte de paixão romântica por um homem, isso é amor?

O melhor conceito de amor que conheço é o que o define assim: o amor é sofredor, paciente, é benigno ou seja, exercita a bondade, não é invejoso, não arde em ciúmes, não trata os outros com leviandade, não se exalta, não se ensoberbece, não se porta com indecência, não busca seus interesses, não se irrita descontroladamente, não se exaspera, não suspeita mal, não se agrada da malícia, não se alegra com a injustiça, se alegra com a verdade, tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta, o amor nunca falha do que depende dele. Você consegue amar desse jeito? Você tem este tipo de amor aí em sua mente, em seu coração? Você consegue gerar esta qualidade de amor por si mesmo, por si mesma em seu ser?

Muita gente inteligente confunde amor com sentimento. Mas vendo esta definição de amor e me diga: Amor é mesmo sentimento? Então, o dia em que seus sentimentos por aquela pessoa que você diz amar, que diz ser o “amor da minha vida” não está bem, não está agradável, isso significa que você perdeu o amor pela pessoa?

Muita gente inteligente parece viver num encharcamento emocional em sua mente, semelhante a uma esponja de lavar louça quando está repleta de água e detergente, e jura que tem amor por todo mundo, vive mandando beijinhos nas redes sociais, fala muito em “eu amo”, “o amor é lindo”, vive lendo romances muitos dos quais tipo “água com açúcar”, ou seja, muito superficiais, vive assistindo novelas, sonhando com paixões românticas. E acreditam que possuem amor maduro. Mas, de repente, explode com alguém num descontrole emocional, de uma aparente dócil pessoa, se torna um dragão. Perdeu o amor? O que ela tem e jura que sabe amar, é mesmo amor maduro?

Nossa mente funciona com cognição, emoção e volição. Podemos trocar estas três palavras por: pensamento, sentimento e decisão ou escolha. Então, qualquer e todo ser humano deste planeta, pensa, sente e decide ou age. Lembrando que não agir, não decidir é também uma decisão.

Quando, então, pensamos nesse tripé da mente humana, pensar, sentir e agir, podemos começar a entender que o amor não pode ser só pensar, nem só sentir e muito menos só agir. Você pode pensar que ama, mas seus sentimentos pela pessoa podem denunciar que existe rejeição, exigência de condições para amá-la, e manifestações de indiferença. Você pode sentir que ama, mas faltar respeito pela outra pessoa, e valorização do outro. Você pode tomar atitudes em nome do amor por alguém, como comprar um presente caro para esta pessoa a quem você diz amar, e ser infiel, tendo casos por fora do relacionamento conjugal.

Não creio que exista nenhum ser humano que consiga ter amor maduro perfeito. O ser humano é perfeitamente imperfeito. Alguns possuem muita dificuldade de amar maduramente. Outros conseguem isto com melhores resultados, mas mesmo assim não de forma ideal que seria como descrevi o amor acima nesse texto.

Talvez um primeiro passo para evoluirmos quanto à nossa capacidade para amar é admitir que não temos amor maduro, que não conseguimos de nós mesmos produzir amor ideal em nossa mente. Admitindo isso, aí podemos caminhar para amadurecer no amor. Podemos entender melhor a verdade sobre nossa real condição afetiva, e a verdade vai acabando com nossas mentiras e confusões sobre amar e sobre o amor.

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