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Quando serão iniciadas as aulas na Faculdade de Odontologia?

sábado, 22 de maio de 2021

Edição de 22 e 23 de maio de 1971
Pesquisa da estagiária Paola Oliveira com a supervisão de Henrique Amorim

Manchetes:                

Edição de 22 e 23 de maio de 1971
Pesquisa da estagiária Paola Oliveira com a supervisão de Henrique Amorim

Manchetes:                

  • Paira no ar a pergunta: Quando serão iniciadas as aulas da Faculdade de Odontologia cujos exames vestibulares foram realizadas há algum tempo. Muitos chefes de família estão preocupados com o silêncio da direção da faculdade que ainda não tem um substituto no cargo, já que o diretor-reitor está demissionário. 
  • Fundação Educacional de Nova Friburgo: A FEC, responsável pelo ensino municipal, deu nota de destaque ao desfile do último dia 16 de maio de 1971, quando foram celebrados os 153 anos de Nova Friburgo, com a participação de grande número de alunos à festividade organizada pela prefeitura, todos regularmente uniformizados e devidamente preparados para a apresentação. Caiu muito bem, o fato da direção da FEC participar do pelotão inicial, com a diretoria portanto bandeiras e com seu diretor executivo, professor Wilson Braz Teixeira, empunhando o pavilhão pátrio.
  • Ciclo de Estudos / Desenvolvimento e Segurança Nacional: A Escola Superior de Guerra, iniciou no Centro de Arte local, um ciclo de estudos sobre o desenvolvimento e segurança. O secretário da Fazenda Municipal, dr. Luiz Oliveira Viana, foi o coordenador da empreitada que obteve êxito. Em poucos dias as matrículas foram encerradas, havendo candidatos para mais uma ou duas turmas com uma programação já estabelecida pelos altos escalões militares.
  • Um escândalo: primeiro subiu a gasolina, o gás e agora o pão: Uma enorme majoração nos preços arrasa os friburguenses. Trata-se de uma corrente aumentista sem precedentes! Hortigranjeiros na estratosfera! Ovos na casa dos três mil cruzeiros antigos! Aumento de 30% no quilo do arroz! O feijão está praticamente desaparecido e o pouco de boa qualidade que é exposto custa dois mil cruzeiros antigos por quilograma! Óleos vegetais ultrapassaram o limite de 3 mil e 300 cruzeiros antigos pela lata de 900 gramas! Absurdo total. 
  • Um dos pontos altos do desfile dos 153 anos: Por iniciativa do sr. Lair Soares de Macedo , duas excelentes organizações do município de São João de Meriti abrilhantaram o desfile comemorativo do 153º aniversário de Friburgo, no último dia 16 de maio. São elas, a explêndida banda de música do Ginásio Belindense e a magnífica banda marcial do Colégio Filgueiras. Tais agremiações emprestaram um colorido especial às festividades, oferecendo autênticos ‘’shows’’ em frente ao palanque das autoridades. 
  • Professora Darita Verbicário dos Santos Agre: A talentosa e querida mestra, que é um justo orgulho do nosso magistério e cujo conceito pessoal e funcional tem destaque especial entre os friburguenses, foi nomeada e tomou posse no alto cargo de inspetora do ensino estadual da 8ª Região Escolar, sediada em Friburgo. Professora, que pode ostentar com orgulho uma larga folha de serviços e realizações educacionais em favor da nossa comunidade, Darita foi convidada para o cargo diretamente pelo atual secretário de Educação e por indicação do Governador Padilha.
  • Governador Padilha aplica vultosas verbas em rodovias:  Pelo menos 850 mil cruzeiros já foram aplicados pelo Governo Fluminense, através do Departamento de Estradas de Rodagem do Estado do Rio, na execução de obras na rodovia RJ-15, que liga Friburgo a Teresópolis. Variantes foram abertas, reduzindo o percurso, construídos bueiros celulares, pontes sobre rios e córregos e pavimentados 14 dos seus 58 quilômetros de extensão.

Pílulas

  • Antônio Aucar, diretor social e seus companheiros do Nova Friburgo Country Clube, comandados pelo dr. Walter Soares da Cunha, estão inteiramente envolvidos e atarefados para transformar a Festa da Cerveja de 17 de julho no maior acontecimento elegante deste 1971 em todo estado do Rio. Não temos dúvida, será mais uma vitória da turma capitaneada pelo mencionado presidente countriano.
  • Não estamos gostando nada do silêncio em torno do início das aulas da Faculdade de Odontologia. O anunciado pedido de demissão do presidente da FEC, professor Amaury  Ferreira Muniz, não nos causou a menor estranheza. Há algo pairando em derredor do assunto ‘’quentíssimo’’ que apaixona realmente a mocidade indocil que quer estudar. Será muito bom não deixar a banda queimar as mãos. 
  • Outra coisa que não compreendemos é a impunidade de que estar gorando a Autarquia Municipal da Água, que continua a fabricar buracos de todos os tamanhos e tipos, nos logradouros principais da cidade e nos recantos sem que nada aconteça. Além das incontáveis ‘’brechas’’, os vazamentos se avolumam sem que a dita cuja Amae, tome as providências.

Sociais

  • A VOZ DA SERRA registra aniversários de: Laura Cordoeira Rotay e  Helena Salomão(24); Sofia de Lucas Bravo, Dr. Marcos Vasconcellos Coutinho e Moacyr do Lago Zamith (25); Dr. Alfredo Motta (26); Marcelo e Lair Aor dos Santos (27);  Gustavo José (29); Sebastião Ferreira Balga e Tião Noel (30).

 

 

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Todo fim de amor é infinito

sábado, 22 de maio de 2021
Foto de capa

Um coração vazio só é vazio porque sabe o que é ser habitado. A presença de outrora de morador é que faz perceber a ausência que causa. Causas são o que faz o coração pulsar, a alma se encantar e os sonhos terem sentimento. É o que desperta, mesmo aquilo que está disperso e que na confusão dos átomos nos permite ser: sujeito da própria história que invade e se deixa ser tomado por outras histórias. Faz sentido?

Um coração vazio só é vazio porque sabe o que é ser habitado. A presença de outrora de morador é que faz perceber a ausência que causa. Causas são o que faz o coração pulsar, a alma se encantar e os sonhos terem sentimento. É o que desperta, mesmo aquilo que está disperso e que na confusão dos átomos nos permite ser: sujeito da própria história que invade e se deixa ser tomado por outras histórias. Faz sentido?

Todo dia morre a mãe de alguém, mas só uma vez para si mesmo. Todo dia um amor acaba e é o fim que faz esse amor ser infinito. Nenhum amor tem a pretensão de ser infinito com esse roteiro. Mas, talvez, os amores só sejam mesmo infinitos na admissão de sua finitude. Pudera ser apenas admitir, dar de ombros e seguir de mãos dadas, laços amarrados, pensamentos conectados. Pudera a vida ser para sempre e que nenhuma mãe morresse. 

Antes das coisas existirem, muitas outras existiam. Talvez seja essa a sacada do universo. De algum lugar partimos para essa aventura de bilhões e bilhões de anos. 

Tantas transformações, evoluções, previsíveis ou não. Tantas invenções, reinvenções, naturais ou não. Tantas chegadas e também despedidas. O infinito é mesmo um sujeito - se é que se pode dizer que é um sujeito - sarcástico desgraçado que na sua comicidade reverencia o fim para poder nascer e existir. É a lei da selva, é a lei da vida. 

Todo mundo morre antes da hora: os bons porque ainda têm que fazer mais bem e os maus porque precisam de mais tempo para se regenerar. Na necessidade de ambos, é certo de que os dois poderiam mais se tivessem mais tempo. Já não sei se o tempo é o bobo da corte ou se o infinito é rei charlatão. Quanta brincadeira de mau gosto. 

Mas não nego que o infinito é busca tão bonita, até cair o seu disfarce. A finitude derruba nossas fantasias, intimida nossas certezas ao ponto de aniquilá-las. É possível driblar? Se o amor não é infinito, seu fim é. Porém, registre que é no medo que a gente se veste de coragem.

Ainda fabricam caixinhas de música? Seria audácia encomendar uma réplica daquelas do século XIX? Gostaria que seus cilindros pudessem reproduzir o som poético de Johann Pachelbel, Canon in D Major. Que o som dessa caixinha de música invada o espaço, silencie os satélites e permita ao amor a ousadia de enganar esse tal infinito que mora no fim. Não quero o fim de nada. 

Brindo à liberdade dos começos. Oro pela extensão, por toda extensão, que estende o fim ao ponto de não temer, tampouco o reconhecer, para continuar. 

E, ainda na mesma melodia, vislumbrar o sol do meio-dia iluminando o Sul e o Norte. Desfeito do coração virgem, caminhar pelo centro dos dois (Sul e Norte) e se permitir - ainda que em doce sonho - romper a lógica de que o infinito nasce do fim. 

Beijar as mãos dessa contemplação, olhar o brilho da lua futura e prometer amor eterno, pois o eterno há de ser mais longevo do que o infinito.          

 

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Benito 80 anos

sexta-feira, 21 de maio de 2021
Foto de capa

Benito 80 anos
Depois de alguns anos, o cantor friburguense Benito di Paula lançou novo projeto: “Benito + Rodrigo: em casa”. Trata-se de uma série, sem a quantidade de episódios revelada, mas que entra na intimidade do compositor com seu filho, também músico, Rodrigo Vellozo. Ambos ao piano e nos vocais, em gravações com qualidade cinematográfica.

Benito 80 anos
Depois de alguns anos, o cantor friburguense Benito di Paula lançou novo projeto: “Benito + Rodrigo: em casa”. Trata-se de uma série, sem a quantidade de episódios revelada, mas que entra na intimidade do compositor com seu filho, também músico, Rodrigo Vellozo. Ambos ao piano e nos vocais, em gravações com qualidade cinematográfica.

Benito + Rodrigo
No episódio número um, Benito fala sobre sua relação com a música e brinca: “Tem alguma coisa para comer. Se não, vamos cantar” – revelando que só para de cantar para comer. Benito se mostra exigente dizendo que “quando ele acha que está bom para ele, tem certeza que estará bom para o público”.

Proteção às borboletas
A sua paixão pela família não passa em branco no primeiro episódio que tem quase dez minutos de duração. Faz um apelo: “Família é a coisa mais importante que você tem na vida”. Claro, não faltou música. Na estreia da série, Benito e Rodrigo cantam “Além do arco-íris” e “Proteção às borboletas”, ambas com interpretações cativantes, com um Benito revigorado e muito à vontade ao lado de seu filho músico.

Canal Rodrigo Vellozo
Com “Proteção às borboletas”, Benito mostra seu espírito progressista e grita por liberdade. Os episódios serão mensais e o primeiro já está disponível no canal de seu filho, Rodrigo Vellozo, no YouTube. Benito di Paula fala da sua saudade dos palcos por conta da pandemia e vê na série, assim como nas lives que tem feito aos fins de semana no Instagram, a possibilidade de estar perto do público.

Viva Benito!
A série é uma das celebrações pelos 80 anos de idade do mais ilustre dos friburguenses. Um dos maiores sambistas e compositores de todos os tempos. Fica aqui o apelo para que Nova Friburgo, através de seus setores culturais, entidades e, claro, poder público, possam promover a valorização desse artista que merece muito mais reconhecimento de sua terra natal. Viva Benito! Que seus 80 anos, a serem completados em 28 de novembro, possam ser celebrados pela cidade como um todo!

Contagem regressiva
O Friburguense está a todo vapor nos treinamentos visando a disputa da Série B do Campeonato Estadual. Com tamanhas dificuldades financeiras, é animador e até inesperado que tenha se conseguido montar um time, que vem mostrando nos treinos que será capaz de surpreender.

Zagueiro
Pelas observações iniciais, há quem aposte que o time está mais completo do que a equipe que disputou a seletiva, em que o Friburguense terminou na lanterna. Sem clima de otimismo exagerado, acredita-se que os resultados também serão bem melhores. O elenco ainda não está completamente fechado. A prioridade é a contratação de um zagueiro.          

Preparação
O Tricolor da Serra estreia na competição no próximo dia 5 de junho, diante da Cabofriense, em Cabo Frio. O grupo do Friburguense é composto ainda por Duque de Caxias, Americano, Gonçalense e Artsul. No 1º turno, as equipes se enfrentam dentro de seu próprio grupo e os dois primeiros se classificam para as semifinais. No 2º turno, os grupos se enfrentam, mas somam pontos no seu próprio grupo.

Espírito Copa do Mundo
Apenas 11 jogos podem colocar o time de volta à elite. Uma verdadeira Copa do Mundo, em que apenas oito partidas dão a taça ao campeão. A comissão técnica tem trabalhado exatamente esse espírito de que é uma competição curta e que a raça e a vontade terão muito peso. Ou seja, ainda que o Friburguense seja o menor investimento dos 12 participantes, a raça pode superar o financeiro.

Lab-Solos
Depois de seis anos fechado, a Pesagro-Rio inaugura hoje, 21, em Nova Friburgo, as novas instalações do laboratório de solos do Centro Estadual de Pesquisa em Horticultura. Com isso, a estrutura volta a ficar disponível para os mais de 160 mil agricultores de todo o estado.

Nova Friburgo - centro estadual
O Lab-Solos tem como objetivo atender as necessidades de análises demandadas por projetos de pesquisa científica desenvolvida pela Pesagro-Rio e instituições parceiras, assim como atender a necessidade do produtor rural que precise dessa tecnologia para ser aplicada como base de um desenvolvimento sustentável sem seus cultivos agrícolas.

Mudanças
Com o novo laboratório, o produtor rural poderá entregar a amostra de solo diretamente na sede, localizada na estação experimental da localidade de Campestre ou entregar no Banco de Alimentos na Ceasa de Conquista. Também poderá enviar a amostra pelos Correios para os endereços que contam no site da Pesagro.

Benefícios ao agricultor
Com os resultados da análise de rotina de fertilidade do solo, o produtor pode seguir uma correta recomendação de adubação e calagem; evitar os desequilíbrios nutricionais nas culturas; evitar o desperdício e gastos com insumos desnecessários; realizar um planejamento para compra de corretivos e fertilizantes e para obtenção de financiamento bancário; minimizar danos ao meio ambiente; escolher adequadamente variedades mais adaptadas às condições de fertilidade, além de otimizar as respostas de produtividade das lavouras e com isso aumentar seus lucros.

Palavreando
“Do dicionário dos dias, certas palavras há que se riscar. Esquecer suas pronúncias e em nenhuma frase usar. Algumas canções devem ser excluídas. Abortar as suas melodias para na trilha da vida não tocar”.

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Obra

sexta-feira, 21 de maio de 2021

Para a construção de uma obra nova, devemos preparar o terreno, cuidar da limpeza do local, criar o ambiente ideal, promover as adaptações que se fizerem necessárias. Precisamos do espaço, de ideias, do projeto, de cálculo, de engenheiro, arquiteto, técnico, pessoas trabalhando e muito. Essas medidas são mesmo fundamentais. Um esforço conjunto que custa algo. Muitas vezes, custa muito e um monte de coisas. A construção de sonhos, de utilidades. Enfim. E a limpeza de terreno se faz fundamental para a fundação da construção. É assim. Mas a metáfora dessa ideia é a que me leva a pensar.

Para a construção de uma obra nova, devemos preparar o terreno, cuidar da limpeza do local, criar o ambiente ideal, promover as adaptações que se fizerem necessárias. Precisamos do espaço, de ideias, do projeto, de cálculo, de engenheiro, arquiteto, técnico, pessoas trabalhando e muito. Essas medidas são mesmo fundamentais. Um esforço conjunto que custa algo. Muitas vezes, custa muito e um monte de coisas. A construção de sonhos, de utilidades. Enfim. E a limpeza de terreno se faz fundamental para a fundação da construção. É assim. Mas a metáfora dessa ideia é a que me leva a pensar. Não sobre obras, mas sobre pessoas.

Passamos muito tempo de nossas vidas construindo ideias sobre os outros. E o tanto que nos enganamos é algo grandioso. Creio que não somos tão bem-sucedidos nessas obras. Inevitavelmente, nos equivocamos. Erramos o cálculo. Confundimos a perspectiva. Mudamos o projeto.

Seres humanos não são esse tipo de projeto que elaboramos com técnica. Somos, na verdade, uma obra sempre inacabada e complexa. Imperfeita por natureza. Em evolução (ou involução). O projeto é de vida e não há nada mais pessoal do que isso. O outro, por mais perito no assunto que seja, não pode precisar com exatidão o que acontece no interior da obra, nem apresentar soluções lapidares.

Esse terreno – que somos nós – não está descoberto a ponto de desvendarmos seus desníveis pelo olhar. Tem até areia movediça por baixo do mato verde. Tem de tudo, como se diz.

Investimos preciosos minutos de vida construindo uma imagem do outro. Supondo coisas. Julgando e prejulgando pelo pouco que conhecemos a seu respeito. Por isso o culto reverenciado pela imagem. Nem sempre a real. Quase sempre a projetada. A que pode ser vista. Isso é uma grande tolice, pois ao construirmos pessoas fictícias em nosso imaginário, empenharemos o dobro de energia para desconstrui-las, pois comumente erramos as análises. Os outros não são o que pensamos deles. Os outros são o que são.

Seria interessante se aceitássemos que o jogo começa com as peças do quebra-cabeças desmontadas, para então, com o tempo pudéssemos aprofundar e conhecer a imagem real que será formada. Daria menos trabalho e as surpresas talvez fossem mais prazerosas. Ou mais reais.

Mania estranha essa de querermos jogar um jogo ganho. Imagens preestabelecidas. Vencedores determinados. E no final das contas, a frustração da decepção. O girassol que eu estava montando no meu quebra-cabeças não passa de uma forma geométrica e sem sentido. Uma bola amarela. E vice e versa. Quantos girassóis deixamos de descobrir no meio do jogo justamente por superficialmente só enxergarmos a bola amarela. Sem essência. Forma e não flor.

Desconstruir é preciso. E se tivermos ânimo, reconstruir. Não sei se me fiz entender. Mas também não é preciso. Referenciando mais uma vez Clarice Lispector: “Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento”. Não me preocupo, pois.

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Aumenta a demanda por previdência privada

sexta-feira, 21 de maio de 2021

O assunto é importante: em 2019 foi aprovada a Reforma da Previdência e estudos mostram o aumento da demanda por produtos de previdência privada; projeções de especialistas preveem crescimento de 25% (equivalente a quatro milhões de pessoas) entre a população que busca por estes produtos. Percebem a relevância do assunto?

O assunto é importante: em 2019 foi aprovada a Reforma da Previdência e estudos mostram o aumento da demanda por produtos de previdência privada; projeções de especialistas preveem crescimento de 25% (equivalente a quatro milhões de pessoas) entre a população que busca por estes produtos. Percebem a relevância do assunto?

Primeiro, vamos entender como funcionam os produtos de previdência privada. Nesta coluna, já escrevi muito sobre fundos de investimentos e como escolher algo que esteja de acordo com seus objetivos. Diante de textos com estes temas, tenho certeza que muita gente achou complicado investir através de fundos, mas aqui vai o primeiro choque de realidade: previdências privadas são fundos de investimentos. Sim, exatamente como os que podemos adquirir via corretoras de valores mobiliários. Contudo, a diferença é simples: quem te vende fundos de previdência privada não está muito disposto (ou, às vezes, não tem conhecimento aprofundado) a estabelecer tanta transparência acerca de seus investimentos.

Pois bem, então fica comigo a tarefa de educar!

Se você é leitor da coluna e acompanha meu trabalho, já tem consciência da tão comentada diversificação. Por que, então, alocar todo o seu capital num único fundo de previdência privada? Pode estar aí o primeiro possível erro no planejamento da sua aposentadoria.

O segundo erro é não considerar a volatilidade (variação de preços) do seu capital. Você já parou para ver os gráficos do seu fundo de previdência? Prepare-se, a surpresa pode ser grande.

Agora, em terceiro lugar, quero deixar evidenciada a minha insatisfação ao estudar os produtos do mercado. Se você possui algum contrato de previdência privada, pegue-o assim que possível e procure o campo que identifica o nome (ou tipo) do fundo; caso esteja escrita a sigla FIC (Fundo de Investimento em Cotas) ou FICFI (Fundo de Investimento em Cotas de Fundo de Investimento), procure o quanto antes a pessoa que lhe vendeu o produto e peça para ela identificar a taxa real de administração cobrada sobre o seu capital. A possibilidade de ser acima do que está escrito no contrato é muito (muito mesmo) grande.

Basicamente, nestes casos o seu dinheiro está sob administração de um fundo que investe em um segundo fundo com outra administração. É assim que pode haver uma taxa de administração oculta/duplicada no seu contrato, fazendo com que a rentabilidade do seu capital seja direta e negativamente impactada.

É claro que fundos de investimentos em cotas podem fazer parte da sua estratégia de investimentos, mas é importante saber o que estão fazendo com seu dinheiro. Contudo, há diversas soluções positivas para o seu planejamento; fazer seus investimentos de forma direta (sem depender exclusivamente de fundos) pode ser um grande diferencial para o futuro e você pode contar comigo para esclarecer todas as suas dúvidas. Pense nisso!

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Imagens de ex-escravos em Nova Friburgo?

quinta-feira, 20 de maio de 2021

Quando eu fazia a seleção de fotografias para um artigo que escrevi sobre a história de uma instituição de caridade para o meu blog, um detalhe me chamou a atenção em relação às imagens. Refiro-me a Casa São Vicente de Paulo que a população de Nova Friburgo se habitou a chamar de Casa dos Pobres. Esta instituição de caridade iniciou suas atividades em 1933 com as irmãs trapistas, para o acolhimento de idosos carentes e desprovidos de assistência. Somente na década de 1950, a instituição passou a receber também pessoas com necessidades especiais.

Quando eu fazia a seleção de fotografias para um artigo que escrevi sobre a história de uma instituição de caridade para o meu blog, um detalhe me chamou a atenção em relação às imagens. Refiro-me a Casa São Vicente de Paulo que a população de Nova Friburgo se habitou a chamar de Casa dos Pobres. Esta instituição de caridade iniciou suas atividades em 1933 com as irmãs trapistas, para o acolhimento de idosos carentes e desprovidos de assistência. Somente na década de 1950, a instituição passou a receber também pessoas com necessidades especiais.

Observando algumas legendas das fotos constatei em uma série que muitas delas foram tiradas na década de 1930. Tratava-se do registro dos primeiros anos de funcionamento do asilo. Nas imagens haviam muitos idosos negros que tinham uma faixa etária entre 80 e 90 anos ou mais naquela década. Imaginei que poderiam ter sido ex-escravos.

Vamos analisar um único caso que pode comprovar a minha tese. Em 1935, por exemplo, dois anos depois que o asilo foi aberto, se um destes idosos acolhidos tinha 80 anos, isto significa que ele nasceu em 1855, em plena escravidão. Logo, tudo indica que seriam possivelmente ex-escravos e basta verificar a documentação dos primeiros anos em que o asilo passou a acolher estes idosos para se certificar se eram ou não egressos da escravidão.

O primeiro levantamento censitário de abrangência nacional foi realizado em 1872 e nos permite localizar as áreas de concentração de escravos. Na Freguesia de São João Batista, sede da vila, havia 897 escravos em relação à população livre de 5.406 indivíduos. Na Freguesia de São José do Ribeirão era onde havia o maior plantel de escravos com 3.072 cativos para uma população de 4.890 indivíduos livres. Já na Freguesia Nossa Senhora da Conceição Paquequer havia 2.167 escravos e uma população livre de 1.898 habitantes. Em Nossa Senhora da Conceição do Ribeirão da Sebastiana havia 548 escravos para uma população de 1.828 indivíduos livres.

Os governos geral e provincial, e tampouco os abolicionistas, não se preocuparam com a inserção social e econômica dos ex-escravos com o fim da escravidão. As famílias escravas eram muito raras nas fazendas produtoras de café, não sendo estimuladas pelos proprietários rurais ainda mais depois que passou a ser proibida a venda em separado da família. Por isto, os libertos que optaram em abandonar as fazendas de café após a abolição da escravidão se viram sozinhos e sem destino.

Faltam, portanto, pesquisas para saber como ocorreu a inserção dos libertos junto a sociedade. De acordo o historiador, Boris Fausto, em “História Concisa do Brasil” nas regiões de forte imigração, como foi o caso de Nova Friburgo, o negro era considerado um inferior, útil quando subserviente ou perigoso por natureza ao ser visto como vadio e propenso ao crime.

No Jornal O Friburguense há um artigo sobre as vítimas do grupo “13 de maio”. Tudo leva a crer ter ocorrido algum conflito entre os egressos da escravidão e indivíduos do município resultando na morte de alguns deles. Seguem trechos dos artigos relativos a este episódio: “Não pensem as autoridades que fazemos referência ao 13 de maio, não; entre eles também há gente boa como há ruim nos que libertaram-se antes dessa gloriosa data e entre os que nasceram livres. Devemos banir do nosso espírito e de uma vez para sempre certos preconceitos que só servem para alimentar rivalidades e paixões que nenhum benefício nos trazem. Não há distinções perante a lei, somos todos iguais. Porque um indivíduo tem a pele preta ou escura não tem menos garantia que outro que a tem mais alva; o que vale, o que recomenda-o é o seu procedimento, as suas aptidões, a sua inteligência, a sua aplicação ao trabalho e o respeito que ele guarda as leis e aos seus representantes, esforçando-se por honrar a sociedade em que vive e ao país que nasceu. (O Friburguense, 24/05/1891 e O Friburguense, editorial “A Vadiagem”, 25/10/1891).

O articulista sugere serem os egressos da escravidão intelectualmente incapazes e de fácil manipulação por indivíduos mal intencionados. “Não será difícil caírem na carreira do crime pensando-se que essas infelizes criaturas não terem o precioso conhecimento para conhecerem e diferençar o bem do mal, educadas nas ruas, podem ser vítimas de maus conselhos e perversas seduções...” (O Friburguense, 01/09/1894).

Como disse antes, o que ocorreu com os egressos da escravidão nada sabemos, mas os seus rostos possivelmente ficaram registrados pelas irmãs francesas trapistas da Casa São Vicente de Paulo.

  • Foto da galeria

    Idosos acolhidos na década de 1930

  • Foto da galeria

    As irmãs trapistas teriam acolhido ex-escravos

  • Foto da galeria

    Não houve preocupação com os egressos da escravidão

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A importância da relação pai-mãe-bebê

quinta-feira, 20 de maio de 2021

A função dos pais no cuidado dos filhos é muito mais importante do que imaginamos. O cientista R. Winston diz: “Ainda que eu tenha publicado mais de 300 artigos em revistas médicas e trabalhado no desenvolvimento de técnicas de fertilização in vitro (IVF), se eu for realmente honesto, minha mais importante realização é sem dúvida meus três filhos. Não tenho nenhuma dúvida sobre isto.

A função dos pais no cuidado dos filhos é muito mais importante do que imaginamos. O cientista R. Winston diz: “Ainda que eu tenha publicado mais de 300 artigos em revistas médicas e trabalhado no desenvolvimento de técnicas de fertilização in vitro (IVF), se eu for realmente honesto, minha mais importante realização é sem dúvida meus três filhos. Não tenho nenhuma dúvida sobre isto. E todos nós de diferentes formas somos capazes de contribuir para a próxima geração tanto como pais e profissionais de saúde, como uma sociedade.” www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5330336/

O desenvolvimento do cérebro humano ocorre principalmente na gestação e infância. Pai e mãe precisam criar bom e forte vínculo com o filho, sem isso as crianças são menos prováveis de crescerem para se tornar adultos felizes, independentes e resilientes. Na idade de 3 anos, o cérebro de uma criança tem atingido quase 90% do tamanho adulto. As experiências que o bebê tem com seus cuidadores são cruciais para a rede de neurônios e habilita milhões e milhões de novas conexões no cérebro para serem feitas. Se experiências positivas não ocorrem entre o bebê e seus pais, os circuitos cerebrais necessários para a vivência de experiências humanas normais podem ser perdidos.

Ainda que bebês tenham profunda predisposição genética para unirem-se a um pai amoroso ou mãe amorosa, isto pode ser quebrado ou prejudicado se um pai, mãe ou outro cuidador do bebê for negligente, descuidado e inconsistente no lidar com a criança. Por exemplo, num momento a mãe abraça o bebê e o beija com carinho, e horas depois se irrita e age com frieza com ele. Você faz isso com sua criança? Descarrega frustrações que tem com seu marido ou esposa sobre seus filhos? Você grita ou bate nos seus filhos mais por causa da desavença com seu esposo ou esposa do que por erros cometidos pelas crianças?

Se você faz isso, pare com este abuso para não prejudicar o cérebro destas crianças e para não criar uma base emocional para doenças mentais no futuro nelas. De fato, estudos científicos têm mostrado que a habilidade de uma criança para formar e manter relacionamentos saudáveis na vida pode ser significativamente prejudicada por ter um vínculo inseguro com um cuidador primário, geralmente o pai e a mãe.

O cientista F. A. Champagne e a equipe do laboratório de Neuroendocrinologia Desenvolvimental da Universidade MgGill, em Montreal, Canadá, mostraram que ratos colocados sob o cuidado de mães afetivas, que davam atenção e lambiam seus filhotes carinhosamente, cresciam para ser melhores mães ao terem no futuro os filhotes. Este efeito é tão forte que pode se estender por duas gerações. A rata neta é melhor mãe e mais hábil para lidar com o estresse, tudo porque a avó rata cuidou bem da mãe desta rata neta. Fonte deste estudo: Champagne FA, Francis DD, Mar A, Meaney MJ. Variations in maternal care in the rat as a mediating influence for the effects of environment on development. Physiol. Behav. 2003.

As atitudes carinhosas das mamães ratos afetam seus filhotes de forma positiva de maneira que na geração seguinte e na próxima, os cientistas observaram que as ratinhas que receberam carinho da mãe, ao se tornaram mães, também foram mais carinhosas com seus filhotes e tendo melhor desempenho em situações de estresse. Você é uma mãe assim, carinhosa com seus filhotes? Ou é ríspida, impaciente, tão fissurada por romance e talvez sexo, a ponto de negligenciar o cuidado de seus filhos? Você é um pai amoroso com seus filhos, ou é fissurado em ganhar dinheiro e acha que dando presentes materiais para eles, isto cobre as necessidades de afeto e tempo seu para eles? As crianças precisam do afeto do pai e da mãe. Do pai e da mãe. Do homem e da mulher.

Estudos de cérebros de pessoas que praticaram o suicídio e foram vítimas de abusos quando crianças, mostram os mesmos modelos químicos encontrados nos ratinhos que foram abandonados pelas mães. Labonté B, Turecki G. Epigenetic effects of childhood adversity in the brain and suicide risk. In: Dwivedi Y. The neurobiological basis of suicide. pp. 275–290.

Crianças precisam de coisas simples na sua interatividade com os pais, como serem mimadas, receber colo, ganhar sorrisos, conversar com elas, dar atenção para a criança ao invés de um olho nela e outro no celular. Ao estar com a criança, desligue-se de tudo. Este vínculo mãe-bebê é essencial para a saúde física, mental e espiritual da criança.

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Nova Friburgo na CPI da Pandemia

quarta-feira, 19 de maio de 2021

Nova Friburgo na CPI da Pandemia
Nova Friburgo está na CPI do Senado que trata do enfrentamento à pandemia da Covid-19. Através da Procuradoria da República no município, a comissão recebeu dez anexos com documentos variados que tratam das ações na região que cabem ao órgão. Além de Nova Friburgo, há procedimentos instaurados em Trajano de Moraes e Carmo.   

Nova Friburgo na CPI da Pandemia
Nova Friburgo está na CPI do Senado que trata do enfrentamento à pandemia da Covid-19. Através da Procuradoria da República no município, a comissão recebeu dez anexos com documentos variados que tratam das ações na região que cabem ao órgão. Além de Nova Friburgo, há procedimentos instaurados em Trajano de Moraes e Carmo.   

Verbas para educação
Os arquivos, de maneira eletrônica, foram protocolados nesta terça-feira, 18, e já podem ser conferidos por qualquer cidadão através do Portal da Transparência do Senado. É o documento de número 238. Quanto a Nova Friburgo, a Procuradoria questionou o município acerca da aquisição de respiradores e para apurar eventuais irregularidades na aplicação de verbas federais destinadas à Educação durante o período de suspensão das aulas em virtude da pandemia causada pela Covid-19.

Centenas de documentos
As verbas para a educação é o mesmo objeto de apuração quanto aos municípios de Carmo e de Trajano de Moraes. A CPI recebeu também documentos fluminenses relativos às procuradorias de Itaperuna e Resende. Ao todo, até o fechamento desta edição, a CPI da Pandemia recebeu 243 documentos que vão desde municípios, passando por estados e obviamente, do Governo Federal e dos que já passaram por oitivas. 

À espera
Cachoeiras de Macacu ganhou no último sábado, 15, dia do seu aniversário, uma unidade da Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faetec), muito semelhante a que Nova Friburgo perdeu em 2016. São 300 vagas em formação profissional, com oportunidades nas áreas de Gastronomia, Gestão e Negócios, Informática e Turismo e Hospitalidade. Cursos que eram oferecidos na unidade friburguense desde 2008 e que foram descontinuados por falta de espaço ofertado pela prefeitura.  

Cozinha perdida
Inclusive, a cozinha que era de última geração, à época, foi motivo de polêmica, já que seus equipamentos foram para o Palácio Guanabara, sede do governo do Estado. Não se sabe ao certo se esses equipamentos continuam lá, uma vez que havia a promessa de que eles voltariam para a Faetec e de preferência para Nova Friburgo, quando aqui fosse reinstalada a unidade, algo que não ocorreu até hoje.

CVT Nova Friburgo
A desinstalação se deu, porque a prefeitura, à época, não quis mais arcar com o aluguel do CVT (Centro Vocacional Tecnológico) que funcionava em um espaço privado, no bairro Olaria. Justiça seja feita: houve uma tentativa de solucionar o problema passando a funcionar no Cederj, no Ciep de Olaria. Algo que não se consolidou. Mais tarde, buscou-se a instalação no Centro do Vestuário, na antiga Rodoviária Leopoldina, o que também não se efetivou. O município segue sem a unidade estadual de qualificação profissional.

Bolsas de estudo
Já que estamos falando de cursos de formação e oportunidades, a Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado do Rio (Faperj) lançou um edital inédito destinado a meninas e mulheres pesquisadoras, com bolsas que variam de R$ 210 a R$ 420 para alunas e de até R$ 1.600 para os professores envolvidos. Para os projetos os recursos podem chegar a quase R$ 200 mil.

Oportunidade
O “Programa Meninas e Mulheres nas Ciências Exatas e da Terra, Engenharias e Computação – 2021” visa apoiar a participação feminina em áreas em que tradicionalmente a presença masculina ocorre com mais frequência. Abrange ciência e tecnologia nas áreas de Ciências Exatas e da Terra e Computação e Engenharias. Podem participar alunas do ensino fundamental e médio. As inscrições podem ser feitas no site da Faperj até o dia 14 de junho.

Cursos online
A unidade de desenvolvimento tecnológico, através do Laboratório de Ensaios Mecânicos e Metrologia do IPRJ da Uerj em Nova Friburgo está com inscrições abertas para dois cursos online: "Modelagem de Peças e Conjuntos 3D" e "Introdução à Construção de Aplicativos Android com APP Inventor". O curso de modelagem será ministrado pelo técnico em mecânica Weslley Gomes, bolsista Proatec/Uerj e o de aplicativos pelo engenheiro Fernando Dias, bolsista da Faperj/TCT. Ambos com certificado.

Semana do Empreendedorismo
Para completar nossa imersão no mundo acadêmico e de formação, com muitas oportunidades, nesta semana, a Estácio Nova Friburgo realiza encontros de empreendedorismo. A Semana do Empreendedorismo voltada pala alunos de Administração, no entanto, é aberta a todos. Iniciada na última segunda-feira, 17, com o tema turismo, termina na sexta-feira, 21, com estratégias de combate às fake news. 

Palavreando
“E alguns me perguntam: como começo outra vez? E alguns se perguntam: quando nascerá o sol? E nos perguntamos: o que mudou em nós? E alguns me perguntam: reconstruiremos? E alguns se perguntam: como será o amanhã? E nos perguntamos: mudamos?”.

Foto da galeria
A operação Lei Seca esteve em Nova Friburgo no último sábado, 15. Pela primeira vez, realizou parte da operação em ponto incomum às operações anteriores. Além da Avenida Euterpe Friburguense, foi montada uma barricada de fiscalização próxima à rodoviária urbana. Não foi divulgado, até o fechamento desta coluna, o balanço da operação com o número de abordagens, motoristas flagrados e carros apreendidos.
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Sobre jabuticabas

quarta-feira, 19 de maio de 2021

Estou pensando em me oferecer um diploma

Estou pensando em me oferecer um diploma

Creio que foi em Santa Catarina que se deu mais esse fato esquisito do infindável rol de esquesitices brasileiras. É mais uma jabuticaba. Como sabem os ecológicos leitores, diz-se que é uma jabuticaba alguma coisa que não existe em lugar nenhum do mundo, só mesmo aqui. Por exemplo, a citada fruta, cujo nome, garantem os dicionários, vem do tupi iawotikáwa. Imagine se você fosse um curumim tupi e tivesse que gritar: “O pé de iawotikáwa está carregado!” Antes que você tivesse terminado a frase os outros moleques da aldeia já teriam devorado tudo. A jabuticaba é nossa de nascença, mas só continuam sendo nossa porque nenhuma potência mundial se interessou por ela, do contrário teriam feito o mesmo que fizeram com a madeira, ouro, prata e tudo o mais que puderam carregar.

Em todo caso, esquisitice não é exclusividade nossa, existe em todo lugar. Na Índia, para dar a ela coragem na vida, costumam jogar a criança recém-nascida do alto de um prédio, enquanto lá embaixo algumas pessoas a esperam com um lençol esticado. Vai que uma dessas pessoas tira a mão do lençol para coçar o sólido nariz ou espantar uma esvoaçante mosca. Na Rússia, quem chega atrasado tem, por castigo, que engolir vários copos de vodka, sendo que muito russo deve se atrasar de propósito. Também entre nós ia faltar cachaça, se os retardatários fossem obrigados a tomar umas doses.

Falando nisso, vocês já devem ter ouvido a história do voo em que faltou comida. As comissárias de bordo lamentaram que só houvesse quarenta refeições para os trezentos passageiros. E acrescentou que aqueles que abrissem mão da refeição poderiam receber bebida grátis e à vontade. Resultado: no fim do voo estavam sobrando quarenta refeições e faltava bebida, o que prova que as pessoas que bebem são muito solidárias e generosas. Eu, se estivesse presente, ia perguntar se não dava para ficar com meia refeição e meia bebida.

Mas, voltando à jabuticaba. Um oficial da PM catarinense recebeu uma medalha e um diploma concedidos pela corporação. Até aí, nada de mais, nada mais justo de que homenagear os policiais que se destacam no honroso serviço que prestam à população. O que é um pouco de se estranhar — ou pelo menos seria estranhável em países que não têm jabuticaba — é que o diploma foi assinado pelo próprio homenageado. Ou seja: o nobre soldado homenageou a si mesmo. Diga-se, em sua defesa, que ele não participou da reunião em que o assunto foi tratado e até declarou que o diploma não deveria ter sido emitido. Quanto à sua assinatura, foi explicado que era eletrônica e, mais, que não era de sua competência indicar ou vetar nomes para aquela honraria. Mas nem por isso deixa de ser uma jabuticaba. Ainda mais porque o presidente da comissão estava presente e ainda assim não se julgou impedido de ser igualmente agraciado.

Eu também gosto muito de homenagens. Recebo muito poucas e muito mais do que mereço. Mas agora que aquele nobre militar deu o exemplo, estou pensando em me oferecer um diploma, com algum elogio que não seja muito exagerado. Para não dar na vista, vou pedir à minha mulher que assine e faça a entrega. O perigo é que ela pode olhar o papel e dizer: “Mas como é que eu vou assinar uma mentira dessas?!”

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Nova Friburgo, uma senhora de 203 anos

quarta-feira, 19 de maio de 2021

Pelo segundo ano consecutivo, não tivemos como comemorar o aniversário da cidade. Nova Friburgo completou 203 anos no último domingo, 16, sem festas ou desfiles em virtude da pandemia que nos assola e transtorna a nossa existência. Nova Friburgo foi a primeira colônia não lusitana a ser fundada no Brasil em caráter oficial, no dia 16 de maio de 1818. D. João VI recém-coroado rei do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, ansioso por desenvolver a agricultura e intensificar a colonização no interior do Brasil. D.

Pelo segundo ano consecutivo, não tivemos como comemorar o aniversário da cidade. Nova Friburgo completou 203 anos no último domingo, 16, sem festas ou desfiles em virtude da pandemia que nos assola e transtorna a nossa existência. Nova Friburgo foi a primeira colônia não lusitana a ser fundada no Brasil em caráter oficial, no dia 16 de maio de 1818. D. João VI recém-coroado rei do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, ansioso por desenvolver a agricultura e intensificar a colonização no interior do Brasil. D. João VI assinou um decreto em que autorizava o agente do Cantão de Fribourg, na Suíça, a estabelecer uma colônia de 100 famílias na antiga Fazenda do Morro Queimado, no alto da serra.

Acreditava-se naquela época que o clima da região seria mais favorável para os imigrantes suíços apesar do terreno escolhido não ser o mais apropriado para a agricultura. A sede da colônia recebeu o nome de Nova Friburgo em função da procedência dos seus primeiros colonizadores, oriundos em maior quantidade do cantão suíço de Fribourg.

Como a patifaria é universal, Sebastien Nicolas Gachet incluiu mais 161 famílias do que havia sido combinado nos contratos firmados entre Portugal e a Suíça e, de 1819 a 1820, chegavam à Fazenda do Morro Queimado, pertencente ao município de Cantagalo, 261 famílias, pois Gachet quis lucrar mais do que o combinado. Talvez a confusão em se falar que Nova Friburgo foi colonizada por suíços advenha do fato de que a maioria das famílias que aqui chegaram, ser de colonos. Eles vieram para cá fugindo da fome e de dois invernos rigorosos que destruíram suas lavouras.

Assim, na realidade, eles foram os fundadores da cidade, pois, até 1818, o Brasil era uma colônia portuguesa, já que Pedro Alvares Cabral, nosso descobridor, era português e, quando aqui chegou em 1500, estava a serviço de D. Manuel, rei de Portugal.

A chegada de mais 161 pessoas foi um transtorno já que as acomodações não previam esse número, o que obrigou as autoridades a colocar mais de uma família por casa. Esse fato além da qualidade das terras disponíveis não ser adequada ao cultivo, desagradou os recém-chegados e muitos migraram para Lumiar, Bom Jardim e Santa Maria Madalena. O bisavô do meu sogro, um dos Voirol que aqui chegou, migrou para Sumidouro. O sobrenome da família foi aportuguesado para Warol.

São 203 anos de puro encanto, deixando uma marca no coração até de quem não é filho da terra. E desde os tempos mais antigos, essa cidade de temperatura amena no verão e fria no inverno, dona de belas paisagens vem conquistando fãs. Eu, por exemplo, vivo aqui desde 1977.

Tive de conhecer a história da cidade desde sua fundação, para entender o seu dinamismo, sua caminhada para o sucesso, suas conquistas. Foi de grande importância para escrever minha monografia de conclusão da faculdade de Comunicação Social, cujo título era “Rádio Sociedade de Nova Friburgo: A mídia falada chega a Friburgo”.

Além de ter sido um grande polo industrial até a crise do petróleo em 1982, a cidade foi e continua sendo um centro importante de cultura. Para se ter uma ideia dessa afirmação contávamos com pelo menos três bons teatros (hoje são quatro) e vários cinemas sendo os mais conhecidos o São José, o Leal e o Marabá, todos desaparecidos (hoje são seis, três no Friburgo Shopping e outros três no Cadima Shopping). Grandes colégios contribuíram e contribuem para o ensino não só de friburguenses como de jovens de outras cidades, pois o Anchieta em sua fase inicial era um internato, assim como Fundação Getúlio Vargas cujas atividades foram encerradas em 1977.

Além dos colégios mais tradicionais como o Nossa Senhora das Dores, o Mercês, o Jamil El-Jaick, o Ribeiro de Almeida (hoje Instituto de Educação de Nova Friburgo, Ienf), a cidade tem outros que contribuem para a educação dos futuros friburguenses.

Tudo isso, sem falar do seu potencial turístico não só por suas belezas (nossas montanhas, nossos vales e nosso visual principalmente ao entardecer), sua gastronomia, seu polo de moda íntima, o teleférico, a Queijaria Escola e muitas outras atrações.

Parabéns Nova Friburgo e que sua população reflita sobre o seu passado e projete um futuro ainda melhor.

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