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Esta não é uma coluna política

sexta-feira, 07 de maio de 2021

Esta, de fato, não é uma coluna política e tampouco deseja ser. Contudo, a cidadania é multidisciplinar e precisamos desembaraçar esse emaranhado de muitas informações em ideias simples de serem entendidas e aplicadas ao cotidiano comum: o seu dia a dia. A propósito, esta também não é uma coluna macroeconômica, muito menos jurista. Aqui, minha conversa é acerca dos impactos externos sobre as singularidades financeiras e possíveis influências na qualidade de vida do leitor.

Esta, de fato, não é uma coluna política e tampouco deseja ser. Contudo, a cidadania é multidisciplinar e precisamos desembaraçar esse emaranhado de muitas informações em ideias simples de serem entendidas e aplicadas ao cotidiano comum: o seu dia a dia. A propósito, esta também não é uma coluna macroeconômica, muito menos jurista. Aqui, minha conversa é acerca dos impactos externos sobre as singularidades financeiras e possíveis influências na qualidade de vida do leitor. Como costumo associar questões político-econômicas (e algumas pitadas nada especializadas – senão devido à minha experiência em relacionamento com clientes – de “psicologia comportamental”) ao desenvolvimento do conhecimento financeiro, é importante deixar bem esclarecido: esta é uma coluna de Educação Financeira. Aproveitando a deixa, você conhece as influências da Lei Orçamentária Anual (LOA) e do Teto de Gastos sobre suas finanças pessoais?

De acordo com a definição da Câmara dos Deputados, o “Orçamento da União é um planejamento que indica quanto e onde gastar o dinheiro público federal no período de um ano, com base no valor total arrecadado pelos impostos. O Poder Executivo é o autor da proposta, e o Poder Legislativo precisa transformá-la em lei.” Portanto, é o momento crucial entre a arrecadação de impostos e a liberação da verba para a fase de execução. O teto de gastos, por sua vez, foi o mecanismo criado por uma emenda constitucional no final de 2016 para limitar o crescimento deste orçamento da União de acordo com a inflação registrada pelo Índice Geral de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do ano anterior, fazendo com que as despesas não contabilizem aumento real. Esta medida foi elaborada após o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff como uma ferramenta para reduzir o risco fiscal do país.

De acordo com o Tesouro Nacional, “riscos fiscais são possibilidades de ocorrências de eventos capazes de afetar as contas públicas, comprometendo o alcance dos resultados fiscais estabelecidos como metas e objetivos”. Basicamente, quando o país gera mais despesas do que arrecadação por decorrência de má gestão dos recursos públicos, o risco fiscal entra em cena e o aumento do endividamento torna-se realidade. Este, por sua vez, ultrapassou 90% do PIB (Produto Interno Bruto) no final de 2020; mostrando a necessidade de manter o orçamento da União ainda mais condizente com as metas fiscais e dentro do teto de gastos.

Portanto, como elaborar a LOA durante a realidade de crise sanitária e econômica, respeitando o teto de gastos e com responsabilidade fiscal? Foi esse o dilema encontrado pelo governo e o motivo pelo atraso na elaboração e aprovação da LOA – que devia ser consolidada ainda no segundo semestre de 2020. A solução? Enquadrar as despesas com projetos de auxílios emergenciais fora do teto de gastos. Ao todo, estima-se que os gastos não abrangidos pelo teto possam ultrapassar R$ 120 bilhões.

Então, se essa é uma coluna de Educação Financeira, precisamos ampliar o zoom do nosso estudo e avaliar os impactos diretos no seu bolso. O que fora apelidado como “PEC Fura Teto” permite a emissão de títulos públicos para angariar recursos para o auxílio emergencial, permitindo uma ótima solução imediata (quando avaliado o resultado primário) e uma péssima decisão para o futuro, pois impacta diretamente os níveis de endividamento do país. Por sua vez, o Brasil passa a se endividar com taxas de juros em ascensão e aqui surge um possível problema.

Taxas de juros (especificamente, me refiro à Selic) acima da “taxa de juros neutra” controlam a inflação – e esse é o objetivo atual da política monetária –, mas desestimulam os mercados; abrindo espaço para desemprego e dificulta o acesso ao crédito barato para empresas e pessoas físicas. Percebem como a economia do nosso país ainda é muito sensível e depende de mais maturidade para se tornar estável? Precisamos de medidas monetárias e fiscais mais assertivas. A população tem pressa e boas respostas precisam ser imediatas.

 

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Nova Friburgo, a Suíça Brasileira

quinta-feira, 06 de maio de 2021

Na coluna de hoje faço uso de uma narrativa escrita por Adolpho Hartmann, aluno de engenharia da Escola Politécnica do Rio de Janeiro e publicada no periódico Brazil Illustado no ano de 1887. Fiz uma adaptação do texto sem prejudicar a sua estrutura em razão de sua extensão e foquei no assunto que nos interessa nesta ocasião. O texto escrito por Hartmann é apenas um exemplo, entre muitos outros que tenho pesquisado, para analisar o tipo de representação, ou seja, a imagem que os cariocas tinham sobre Nova Friburgo no século 19.

Na coluna de hoje faço uso de uma narrativa escrita por Adolpho Hartmann, aluno de engenharia da Escola Politécnica do Rio de Janeiro e publicada no periódico Brazil Illustado no ano de 1887. Fiz uma adaptação do texto sem prejudicar a sua estrutura em razão de sua extensão e foquei no assunto que nos interessa nesta ocasião. O texto escrito por Hartmann é apenas um exemplo, entre muitos outros que tenho pesquisado, para analisar o tipo de representação, ou seja, a imagem que os cariocas tinham sobre Nova Friburgo no século 19.

A Suíça tem uma história de tradição no turismo da saúde em razão de seu clima favorecer a cura de diversos tipos de enfermidades. Como no século 19 o clima salubre de Nova Friburgo era muito procurado pelos tuberculosos para se tratarem, tudo indica que foi feita uma associação do município serrano com a Suíça por serem ambas estâncias de cura. Consequentemente a mídia apresentava Nova Friburgo como a Suíça brasileira.

A narrativa de Hartmann corrobora com a minha tese pois ele se refere ao clima deste município como recomendado aos doentes, onde se respira ar puro e saudável e onde os pulmões ficam arejados por um oxigênio tonificante. Vamos ao texto. “Éramos um grupo alegre de estudantes da Escola Politécnica em férias. Íamos em exercícios práticos percorrer a estrada de Ferro Cantagalo e buscar um abrigo contra a temperatura candente do alto forno da corte.

Às cinco horas de uma manhã de janeiro tomamos a barca que singrava nas águas tranquilas da Guanabara. Ao longe já se avistava os contornos da Serra dos Órgãos. Saltamos em Sant´Anna de Maruí e seguimos de trem. A princípio a vegetação raquítica e enfezada arrastava-se por uma zona estéril e alagadiça. A planície era coberta de pantanais medonhos. Avistavam-se decadentes povoados e velhas fazendolas na solidão daquelas paragens desertas.

Chegamos a Cachoeiras de Macacu na raiz da serra. O trem seguia o vale do rio Macacu até o alto da serra. Enquanto o monstro de aço contorcia-se soltando gemidos estridentes ao cavalgar, contemplávamos absortos e pensativos a paisagem esplêndida, feérica, cintilante e grandiosa onde avulta a floresta densa das árvores gigantescas. Ouvíamos o sussurro longo e monótono das cataratas, cujos ecos casavam-se ao ruído áspero da locomotiva num dueto estranho.

O trem descia através do vale do rio Santo Antônio até Nova Friburgo. Desde a sua fundação a atraente ex-colônia suíça, que no futuro será a nossa mais célebre cidade de banhos [referência às duchas do Instituto Sanitário] era recomendada sempre por seu clima temperado e pelas suas águas cristalinas. Junte-se a tão propícias condições higiênicas um estabelecimento hidroterápico de primeira ordem, razão porque no caso de certas moléstias os enfermos e convalescentes preferiam ir respirar temporariamente os ares puros e saudáveis de Friburgo.

Da inspeção minuciosa às notas tomadas pelo sr. Carlos Engert, de julho de 1882 a dezembro de 1886, deduzimos uma média climatológica favorável à salubridade desse canto de província privilegiado. Sob o ponto de vista arquitetônico a vila era singela. Existia também uma praça ajardinada e uma outra famosa junto à encosta de um morro; é a pitoresca Fonte dos Suspiros, apelido romanesco, o rendez-vous vespertino em que se reunia a high-life friburguense.

Em nossa estada adventícia em Friburgo, que noites deliciosas. O nosso ponto de encontro era o Hotel Leuenroth. O amplo salão de visitas do hotel transformado para as soirées dadas em nossa honra tinha um aspecto deslumbrante. Havia uma concorrência limitada e seleta de moças que davam àquelas reuniões familiares o tom íntimo de um idílio feérico. Ao som do piano os pares voavam arrastados vertiginosamente pela cadência da música.

As curvas moles dos seios virginais arfavam ao cansaço das danças enquanto lá fora a brisa ventarolava as ramas dos arbustos. Ilusões da mocidade! Tais são as reminiscências confusas e fugazes das noites passadas em Friburgo! Ah se todos os moradores da corte se quisessem compenetrar na utilidade de ir atravessar a fase mais quente do verão em Nova Friburgo. Sim leitores, ide passar o vosso tédio acolá, no alto daquelas montanhas azuladas. Verei como um grupo de gentlemen e senhoras da melhor sociedade esforçar-se-á por vos fazer esquecer um pouco da vossa vida pacatamente burguesa, com uma amabilidade e um espírito verdadeiramente adoráveis. Voltareis de lá alegres, com o coração talvez ferido por alguma louca saudade; mas com os pulmões arejados por um oxigênio tonificante e puro.”

Logo, entendo que a representação de Suíça brasileira não advém do fato de Nova Friburgo ter sido uma colônia de suíços, mas sim, pela associação com a Suíça por serem ambas estâncias de cura.

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    Friburgo na mídia como a Suíça brasileira

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    O clima de Friburgo associado a Suíça

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    Friburgo na mídia como a Suíça brasileira

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quinta-feira, 06 de maio de 2021

Vivemos numa sociedade competitiva, e nas famílias ocorre também competição. O que é competição? Qual o problema de competirmos nas relações familiares e sociais? É natural competir? O que a competição produz?

Vivemos numa sociedade competitiva, e nas famílias ocorre também competição. O que é competição? Qual o problema de competirmos nas relações familiares e sociais? É natural competir? O que a competição produz?

Nem tudo o que é natural em nossa natureza humana imperfeita é saudável. Competir parece ser algo entranhado em nosso ser e difícil de evitar. Irmãos pequenos competem pelo amor dos pais. Esposa e esposo competem em várias coisas, com ou sem consciência de fazerem isso. No comércio se compete para ter preços melhores das mercadorias. Na escola tem jogos estudantis onde alunos competem com alunos. Na indústria uma companhia compete com a outra para ganhar o mercado. Competição em tudo. Até igrejas fazem competição querendo ganhar mais membros.

O que é competição? Um dicionário define competição como sendo uma disputa ou concorrência entre duas ou mais pessoas que buscam a vitória ou, simplesmente, superar quem os desafiam. Também é luta ou conflito e eventos ou obstáculos que essas pessoas precisam superar para saírem vitoriosas. Pense numa competição de corrida de automóveis. O que o ganhador do primeiro lugar ganha sem ser dinheiro, fama e troféu? Se torna ele melhor pessoa do que seu colega que ficou em segundo lugar ou daquele que parou a corrida porque o carro quebrou?

No mundo do futebol se usa palavras agressivas na competição entre os times. A mídia e comentaristas dizem: “O time A massacrou o time B.” “O time C humilhou o adversário.” Levanto a mesma pergunta: as pessoas da equipe que ganhou a partida se tornam melhores do que as do time perdedor?

Para que você compete? Para provar que é melhor que os outros? Por que precisa disto? A motivação que nos leva a fazer o que fazemos é tudo para a saúde ou para a doença, para a paz ou para a angústia e ausência de saciedade. É possível parar com a competição devido à obsessão pelo crescimento econômico antes que ela acabe com sua vida.

No casamento disfuncional em geral existe competição. Um quer mandar no outro. Um critica o outro pelo seu sofrimento, atribuindo ao outro todo a sua frustração. Um se acha melhor que o outro. Um diz: “Jamais faria isso como meu marido/minha esposa fez!”. E anos depois ele/ela faz o mesmo.

A primeira competição surgiu no mundo espiritual quando um anjo não aceitou sua condição de criatura e começou a competir com o Criador. E isto, esta competição, tem produzido tanta tragédia, dor, tristeza, angústia e mortes até hoje.

Não fomos criados para competir, mas para compartilhar. Competir estressa, piora a saúde mental e física. As células normais em nosso organismo não competem entre si, elas se ajudam com harmonia. Já as células tumorais são competitivas, se agridem, daí surge o tumor. O tumor é o resultado de competição, de egocentrismo de células doentes.

O problema da competição nas relações familiares e sociais é que ela causa tensão, estresse, brigas, comparações injustas, discriminação, ironia, e isto machuca, dói e pode matar. Não competir é ajudar, é olhar o outro com compaixão.

Se olharmos nossa natureza humana sob o ponto de vista da contaminação espiritual, então podemos dizer que é natural competir. Mas se olharmos sob a ótica da criação original, não é natural. Jesus não competia com as pessoas ao viver aqui. E ele foi o único ser humano saudável mentalmente que já existiu e existirá nesse mundo adoecido.

Pare de competir consigo. Dê sossego a si mesmo. Pare de competir com seu familiar, vocês são parecidos em várias coisas, embora diferentes em outras. Evite competições no trabalho. Faça o melhor que puder, se aprimore, estude, leia, não para competir, e sim para se tornar uma pessoa melhor, um melhor profissional, alguém que ajuda a aliviar o sofrimento do outro que pode ser meio parecido com você em alguma coisa.

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Flores para o Dia das Mães

quarta-feira, 05 de maio de 2021

Flores para o Dia das Mães
Levantamento do Procon aponta diferenças significativas nos valores dos presentes mais procurados para o Dia das Mães, celebrado no próximo domingo, 9. Em Nova Friburgo e região, foram encontradas variações de até 31% em flores, por exemplo. Com o destaque de que Nova Friburgo é o maior produtor do Estado. Ou seja, mesmo com a produção ocorrendo aqui, há grande variação. A dica é comprar diretamente dos produtores.

Flores para o Dia das Mães
Levantamento do Procon aponta diferenças significativas nos valores dos presentes mais procurados para o Dia das Mães, celebrado no próximo domingo, 9. Em Nova Friburgo e região, foram encontradas variações de até 31% em flores, por exemplo. Com o destaque de que Nova Friburgo é o maior produtor do Estado. Ou seja, mesmo com a produção ocorrendo aqui, há grande variação. A dica é comprar diretamente dos produtores.

Variação de preço
Em Nova Friburgo, o buquê com uma dúzia de rosas mais barato foi encontrado por  R$ 65, enquanto o mais caro da mesma quantidade foi encontrado a R$ 80, uma variação de 23%. Inusitadamente, o buquê com 15 rosas, foi encontrado ao preço de R$ 100, em todos os locais pesquisados. Já o com 18, foi encontrado por R$ 100 a R$ 120. Ou seja, a pesquisa considera que vale mais à pena comprar o buquê com 18 rosas.

Escolha os produtores locais
A maior variação de preço (31%) foi encontrada na orquídea mais comum, a branca. Os fiscais do Procon encontraram a unidade de R$ 80 a R$ 105. Nesse caso é válido comprar diretamente dos produtores e evitar lojas de departamento. Também é possível comprar a preços menores do que os apontados pelo Procon, no mercado das flores no Bairro Ypu ou nas kombis das feiras ou das ruas do Centro.

Até R$ 300 de diferença
Mais fidedigna é a pesquisa de produtos como perfumes e smartphones. Em Nova Friburgo, com relação aos perfumes, os preços são praticamente iguais com raras ou pequenas variações. Já nos smartphones, a diferença chega a R$ 300. Como o valor é alto, percentualmente pode parecer pouco (11% a 15%), mas no bolso essa diferença representa muito. Ou seja, antes de comprar, toda pesquisa é bem-vinda.  

Fraudes virtuais
Em tempo: o Procon acaba de lançar um manual contra fraudes virtuais atualizadas em 2021. Com o aumento das compras realizadas pela internet, surgiram novos golpes. Para evitar que o consumidor seja vítima de estelionatários, o Procon estadual preparou um manual de prevenção e combate às fraudes virtuais. O material contém orientações para comprar pela internet de forma segura e dicas para não cair em fraudes virtuais.

Manual no site do Procon
Além de alertar sobre os novos golpes online praticados, como o que utiliza o Pix, o sequestro do WhatsApp e os praticados em plataformas de vendas. A autarquia também listou sites não recomendados. Para ser incluído nesta lista de evitáveis, diversos fatores são analisados, tais como: se a empresa entrega os produtos e serviços comprados, responde as reclamações do consumidor e as notificações enviadas, tem cadastro ativo na Receita Federal e se está apto a emitir nota fiscal etc.

Recorde de frio
Nova Friburgo voltou a bater nesta semana mais um recorde de temperaturas baixaso: 4,7 graus na manhã de segunda-feira, 3, registrada na estação de Salinas. De lá, também tinha sido a temperatura mais baixa do ano, há duas semanas. A temperatura friburguense também foi a mínima em todo o Estado do Rio.

Sensação térmica
O Instituto Nacional de Meteorologia não prevê que nesta semana, o recorde de frio seja novamente batido, já que as temperaturas devem subir, ainda que o frio persista. Para além do termômetro, a sensação térmica, ou seja, o frio de fato que nosso corpo sente, é geralmente um grau a menos.

O melhor frio do Rio
Ainda estamos no outono, mas desde 2016, no Instagram, tem a campanha para mostrar que Nova Friburgo tem o melhor frio do Estado do Rio de Janeiro. A campanha convida as pessoas a postarem fotos do frio da cidade em atividades diversas, seja na natureza, em casa ou a campeã das campeãs que são as fotos nos termômetros públicos. Basta marcar com as hasgtags: #novafriburgo #omelhorfriodorio e as que a criatividade mandar para exaltar a cidade.

Instagram
Com a pandemia, o volume de fotos cai e o espírito da campanha de atrair turistas também. Mas segue válido para demonstrar o orgulho que temos de Nova Friburgo. Assim como no ano passado, já que nem o mais dos otimistas diria que até o fim do inverno desse ano acabará a pandemia e suas restrições, toda postagem é válida. As melhores vão para o feed do perfil da campanha. E, por aqui, também daremos destaque. 

Palavreando
“Choro, esperneio na prece que invade a madrugada que na manhã se traduz. Derrete o sonho pelas besteiras que fiz ontem e na palidez de outrora me convence: o futuro a Deus pertence. E o agora?”.

 

Foto da galeria
Legenda foto Será lançado no próximo dia 12, às 19h30, o livro “Educando para a Democracia: Ressignificando os Legislativos Municipais”, de autoria do professor Marcelo Verly. Com a pandemia, o lançamento será feito através de uma live nas redes sociais do autor, da editora In Media Res e no canal do YouTube, Educação e Cidadania. A publicação é resultado da tese feita por Verly em seu doutorado na Uerj. O livro traz experiências como as escolas do Legislativo e projetos que visam fazer dos espaços políticos ferramentas de formação e educação, além de defender caminhos para alcançar uma democracia mais plena e efetiva, mais participativa. No dia do lançamento, que contará com convidados, serão divulgados os canais para a aquisição do livro que é o primeiro de autoria do professor Marcelo Verly
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Festa de aniversário

quarta-feira, 05 de maio de 2021

É dia de festa na casa dessa família tão tipicamente brasileira

É dia de festa na casa dessa família tão tipicamente brasileira

A menina chega ao mercadinho do bairro e entra indecisa. Pelo tamaninho, deve ter nove anos, quando muito dez. Abre a mão, da qual escapolem poucas notas e parcas moedas. Com a voz baixa de quem tem de medo da resposta, pergunta se o dinheiro dá para três pãezinhos, três salsichas e um refrigerante pequeno. É claro que não dá, mas o dono do negócio tem coração mole e diz que sim, dá até para acrescentar algumas balinhas. A menina ri, contente com a sobremesa imprevista. Do balcão, a mulher do comerciante pergunta quantos anos a menina tem. Doze, responde ela. Faço doze hoje.

Então vai ter bolo de aniversário logo mais! Exclama a simpática senhora. A menina, quase como quem pede desculpa por dar a resposta errada, diz que não, que ela nunca teve bolo de aniversário. Não tem esse costume lá em casa, não, explica com naturalidade. Aliás, nunca deve ter lhe passado pela cabeça que pudesse ter bolo de aniversário, coisa que — acredita ela — só criança rica tem. Mas quem não sente pena de uma garotinha com doze anos de idade e nove de aparência, vestindo roupas que já pertenceram a alguém maior do que ela? A mulher sente pena. Sabe que a aniversariante mora ali por perto, mas quer saber exatamente onde. A explicação é feita com poucas palavras e vários volteios das mãos. Mas dá para entender.

A mulher vai até a cidade e compra uma torta de chocolate. Leva o presente à casa da menina e chega no justo momento em que pão, salsicha e refrigerante constituem o farto jantar daquele dia. O pai, biscateiro, não está. Talvez não esteja há muito tempo. Mas agora que tem torta, a família entra em estado de celebração. A mãe e dois irmãozinhos cantam um parabéns desencontrado e batem palmas, enquanto no berço o bebê chora assustado. É dia de festa na casa dessa família tão tipicamente brasileira.

Não vamos agora endeusar a pobreza, que tem mais é que ser combatida, nem demonizar a riqueza, que ser rico não é crime, embora muitas vezes gere o crime da omissão e da indiferença. Mas não deixa de ser tocante ver essa menina que aos doze anos admite nunca ter tido bolo de aniversário, e essa família para a qual a simples presença de uma torta de chocolate é motivo de comemoração.

Está muito longe — e o mais certo é que não chegue nunca — o dia em que todas as crianças brasileiras terão pais presentes e presentes de aniversário. Por enquanto, louvemos as boas almas, aquelas ainda capazes de sair de trás do balcão da indiferença e se mover para tornar especial um dia que, sem elas, estaria condenado a se perder na sucessão de dias insignificantes e sombrios.

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Uma reflexão necessária

quarta-feira, 05 de maio de 2021

É muito difícil para um colunista agradar gregos e troianos, pois as colunas são escritas baseadas nos acontecimentos, sejam eles locais ou nacionais. Muitas vezes até internacionais, pois as fontes de consultas incluem também a mídia estrangeira. No meu caso, a de língua francesa que é o idioma que domino e falo fluentemente. Claro está que os assuntos abordados vão depender do interesse do colunista, uma vez que esse nem sempre vive o dia a dia do jornal e suas referências passam longe das informações diárias que a redação recebe.

É muito difícil para um colunista agradar gregos e troianos, pois as colunas são escritas baseadas nos acontecimentos, sejam eles locais ou nacionais. Muitas vezes até internacionais, pois as fontes de consultas incluem também a mídia estrangeira. No meu caso, a de língua francesa que é o idioma que domino e falo fluentemente. Claro está que os assuntos abordados vão depender do interesse do colunista, uma vez que esse nem sempre vive o dia a dia do jornal e suas referências passam longe das informações diárias que a redação recebe.

Mas, uma coisa é líquida e certa no ato de informar, ou seja, a pesquisa séria de tudo o que vai ser publicado, muitas vezes com a citação dos locais consultados. Claro que todo jornalista se preocupa em manter anotadas as pesquisas feitas, mesmo que não as cite na matéria. Daí que certas acusações de leviandade, omissão ou desinformação devem estar muito bem consubstanciada por quem as emite, para não parecer simples opinião jogada ao vento, o popular achismo. Nos bancos acadêmicos da faculdade de Comunicação Social aprende-se que o jornalista não acha, tem que ter compromisso com aquilo que publica.

Lembro-me que quando o ex-presidente Luís Inácio da Silva foi acusado de beberrão, por um correspondente do New York Times, fiz um artigo em que criticava o jornalista americano. Não que desconhecesse o gosto do presidente pela aguardente, mas pelo fato daquele tipo de notícia não ter nenhum interesse jornalístico a não ser o de denegrir a figura de um chefe de estado. Ainda citei que se um correspondente brasileiro fizesse esse tipo de comentário sobre Bush filho, ex-viciado confesso, (“Antes de seu casamento, Bush teve vários episódios de consumo abusivo de álcool. Em um desses casos, em 4 de setembro de 1976, foi preso perto da residência de verão de sua família em Kennebunkport, Maine, por dirigir sob a influência de álcool. Declarou-se culpado, foi multado em 150 dólares e teve sua carteira de motorista de Maine brevemente suspensa”.) teria sido no mínimo multado e suspensa sua credencial de jornalista, em solo americano.

Lembro-me também que aluno ainda da faculdade, fui orientado por um professor de esquerda e eleitor de Luís Inácio, de que o que estava em jogo era a liberdade de imprensa e, que nesse caso, o jornalista americano não deveria ser admoestado. Ou seja, a mesma ocorrência pode ter interpretações diversas; o fato foi noticiado, mas a opinião de cada um é livre.

Assim sendo, apesar de receber críticas toda vez que escrevo algo que possa parecer uma defesa do atual presidente, continuarei abordando os assuntos que julgar pertinentes. Na minha última publicação falei sobre o voto ser impresso após a conclusão da votação pelo eleitor. Minha coluna foi uma das mais lidas da semana, o que mostra a importância do fato. Sempre tive minhas reticências contra a urna eletrônica, e sei que muita gente também as tem daí ser um adepto da impressão desse voto. Ele não seria entregue ao eleitor, mas ficaria armazenado para uma posterior conferência, se fosse necessário. Muitos leitores pensam como eu e muitos discordam, o que é a verdadeira expressão da democracia. A unanimidade é burra, como já dizia o saudoso Nelson Rodrigues.

O que existe no Brasil de hoje é uma polarização da esquerda contra a direita, em que aqueles que se julgaram “derrotados” pelas urnas em 2018, não digeriram bem esse “fracasso” e não analisam o porquê desse resultado. A crítica é uma necessidade desde que seja construtiva o que, infelizmente, não é o observado por aqui. A negação de um fato com o único propósito de negá-lo é puro fanatismo, ainda mais quando se torce para que não dê certo.

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A VOZ DA SERRA nos ensina a ler o mundo!

terça-feira, 04 de maio de 2021

“A maternidade marca um antes e um depois na vida de uma mulher”. A frase de Ana Borges que abriu o Caderno Z do último fim de semana contém uma grande verdade. Eu que o diga, pois, antes de ter minhas filhas, eu achava que não teria a menor queda para ser boa mãe e acabei por me surpreender. Isso porque, como disse Ana, “de todos os tipos de amor, talvez o da mãe seja o mais poderoso...”. Esse poder é o que torna “o amor de mãe incondicional...”.

“A maternidade marca um antes e um depois na vida de uma mulher”. A frase de Ana Borges que abriu o Caderno Z do último fim de semana contém uma grande verdade. Eu que o diga, pois, antes de ter minhas filhas, eu achava que não teria a menor queda para ser boa mãe e acabei por me surpreender. Isso porque, como disse Ana, “de todos os tipos de amor, talvez o da mãe seja o mais poderoso...”. Esse poder é o que torna “o amor de mãe incondicional...”.

O segundo domingo de maio, dedicado às mães, é uma data de relevantes demonstrações de carinho, quer sejam em presentes, abraços ou beijos. Desde o ano passado, as comemorações foram diferentes por conta do isolamento social e, ainda este ano, o cenário requer muito mais cuidados mediante o agravamento da pandemia. Conforme os indicadores, as compras tendem a ser mais responsáveis no formato e-commerce e os consumidores estarão mais atentos aos preços e ofertas. Bons negócios tendem a ser os presentes artesanais e o Z trouxe várias dicas e ainda dá tempo de investir.

A pandemia continua exigindo de nós uma reinvenção de hábitos e a maternidade não poderia se ausentar neste processo que exige mais energia das mães. Conjugar o trabalho home office com os cuidados domésticos, incluindo cuidar dos filhos pequenos é tarefa para gigantes, “a começar pela confusão no ambiente familiar”, como destaca Jacqueline Maccoppi. Na belíssima crônica de Wanderson Nogueira, um destaque: “Mães nos fazem importantes, protagonistas. E mesmo quando não estão mais a nos dirigir, ainda assim nos salvam, até de nós mesmos...”. Mãe é o todo do amor!

O mês de maio é bem significativo para nós. Neste dia 3 festejou-se a chegada dos imigrantes alemães à Vila de Nova Friburgo, em 1824. São 197 anos da primeira imigração alemã no Brasil, o que trouxe muitos benefícios pela importância da fibra alemã. A partir de 1911, com a energia elétrica, as esperanças se acenderam com a instalação das indústrias, gerando empregos e crescimento para a cidade.

Temos pensado sobre os reflexos da pandemia no comportamento humano e a expectativa é em prol da melhoria das pessoas. Espera-se que, com todo o sofrimento mundial, surja uma nova humanidade, de gente com espírito mais fraterno. Contudo, não é bem o que temos visto. Basta uma leitura na reportagem de Christiane Coelho para nos estarrecermos com os dados de violência contra crianças e adolescentes, promovidas até por seus parentes. Ainda não será desta vez que o amor reinará absoluto na Terra.

Na marca de 499 mortes por Covid-19, a Prefeitura de Nova Friburgo havia liberado o retorno às aulas presenciais nas escolas particulares para este início de maio. Porém, pelo Mapa Covid-19 do Governo do Estado do Rio, nosso munícipio apresenta bandeira roxa, o que impede o retorno das escolas. Para uma volta às aulas com segurança, é urgente que se faça a vacinação de todos os profissionais da educação. Sem vacinas, o retorno é um passo no escuro.

Diante do momento pandêmico, que já dura um ano, as dificuldades estão para todos, indústria, comércio, saúde, turismo, educação etc. Não há setor que não esteja afetado nem pessoa que esteja se sentindo 100% tranquila, a não ser aquelas alienadas. Toda a nossa estrutura emocional e física, de alguma forma, está abalada. Sofremos pelas perdas humanas, pelos desempregos, pelas empresas e comércios falindo, pelas frustações de tantos anseios, por tudo enfim que é decorrente da pandemia.

Em reportagem especial para A VOZ DA SERRA, a jornalista Christiane Coelho nos trouxe um panorama de como as dificuldades estão trazendo novos horizontes para muitas mulheres. Inclusive para ela que se sentou, durante dois anos, em frente à porta de uma escola para vender laços. Agora, convidada a escrever para a nossa Voz, se vê num quadro de “renascimento”, e define o convite: “É muito mais que dar emprego a quem estava desempregado. É dar vida a quem chegou ao calvário...”.   Que possamos descobrir esse renascer e que haja luz para todos nós... Como diz uma canção de Milton Nascimentio, “É preciso ter força, é preciso ter raça, é preciso ter gana sempre...”. Sempre e mais um pouco!”

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Vivas para Katherine

terça-feira, 04 de maio de 2021

Vivas para Katherine

Ainda em tempo de satisfação, enviamos congratulações à querida Katherine das Neves, na foto bem acompanhada do marido, Felipe Barros.

Isso, porque no último dia 27 de abril, a Katherine aniversariou, para satisfação também toda especial do seu tio-avô Alaelson Corrêa, carnavalesco consagrado e com passagens memoráveis e vitoriosas pelas escolas de samba de Nova Friburgo. Felicidades!

Cada um na sua!

Vivas para Katherine

Ainda em tempo de satisfação, enviamos congratulações à querida Katherine das Neves, na foto bem acompanhada do marido, Felipe Barros.

Isso, porque no último dia 27 de abril, a Katherine aniversariou, para satisfação também toda especial do seu tio-avô Alaelson Corrêa, carnavalesco consagrado e com passagens memoráveis e vitoriosas pelas escolas de samba de Nova Friburgo. Felicidades!

Cada um na sua!

Sem entrar no mérito e muito menos tripudiar sobre a perda do mandado de governador de Wilson Witzel, fica clara uma conclusão.

Como visto também no caso Sérgio Moro, é recomendável e correto, que mesmo aqueles que se achem donos do mundo, se mantenham em seus tradicionais galhos.

Chegou para encantar!

Para alegria toda especial dos avós corujas Djardam  e Jacqueline Oliveira Martins (maternos) e Maurício Rocha e Sônia Alves (paternos) nasceu na última quarta-feira, 28 de abril, a bonequinha Maithê Alves Martins (foto, nos seus primeiros segundos de vida), filha do simpático casal Camila Alves Martins e Fábio Alves, que veio também para fazer dupla como o irmãozinho Niko.

Parabéns aos pais e familiares, com votos de um mundo de felicidades para a amada Maithê.

Aniversariante de amanhã

Por conta dos seus 42 anos de idade completados amanhã, 5, enviamos nossas congratulações ao admirado Rodrigo França Silva, que além de ter feito história no passado atuando em elevados cargos do banco Itaú, de alguns anos para cá tem se destacado como engenheiro civil. Nesse ramo, o Rodrigo vem contribuindo muito com o desenvolvimento da construção civil em nossa região com sua empresa.

Ao grande Rodrigo França que comemora este aniversário em família ao lado da esposa Luana e do filho Bernardo, nossas felicitações com votos de contínuas felicidades e sucessos.

Com idade nova

Renovando votos de felicidades, cumprimentamos o prezado amigo Jorginho Sorrentino, filho do saudoso Jorge Sorrentino que marcou época em décadas passadas entre outras atividades em Nova Friburgo, como presidente por muitos anos do Clube de Xadrez, que igualmente a ele são de saudosas lembranças.

Nesta oportunidade, manifestamos nossas felicitações ao querido Jorginho, que completou 45 anos na última sexta-feira, 30 de abril. Aí na foto o aniversariante aparece junto a esposa Michele e a linda filha Maria Fernanda. Parabéns!

Parabéns em dupla

No próximo fim de semana, dois distintos e admirados aniversariantes trocam de idades, para satisfações de seus respectivos familiares e muitos amigos que eles colecionam por serem figuras realmente especiais.

No sábado, 8, será o aniversário do Reynaldo Thurler da indústria Thurlerflex, enquanto no domingo, 9, os parabéns irão para o conhecido e admirado empresário Jairo Wermelinger, da loja de materiais de construção Wermar.

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O trabalho edifica

terça-feira, 04 de maio de 2021

A celebração do 1º de maio - Dia do Trabalho é a marca de conquistas históricas em favor de homens e mulheres que garantem a subsistência e a dignidade de suas famílias. Contudo, não podemos relegar o valor e a importância do trabalho somente como o meio de garantir o pão cotidiano. Ele é muito mais que isso.

A celebração do 1º de maio - Dia do Trabalho é a marca de conquistas históricas em favor de homens e mulheres que garantem a subsistência e a dignidade de suas famílias. Contudo, não podemos relegar o valor e a importância do trabalho somente como o meio de garantir o pão cotidiano. Ele é muito mais que isso.

São João Paulo II, ao refletir sobre o trabalho humano, adverte que se é verdade dizer que a humanidade se sustenta com o pão fruto do seu labor, isto equivale dizer que além do pão cotidiano que mantém vivo o corpo, o trabalho produz o pão da ciência e do progresso, da civilização e da cultura (cf. Laborem exercens, n. 1).

Ainda há de se considerar que o trabalho é também um ato de coragem diária, pessoal e coletiva, que encarna e reivindica as razões de um recomeço, que diz respeito a todos. Mais que esforços e canseiras pessoais comuns no ato do trabalho, o trabalhador tem que enfrentar muitas tensões, conflitos e crises que perturbam a vida de cada uma das sociedades ou mesmo da humanidade inteira.

Deste modo, é essencial ampliar nossa compreensão a cerca do conceito trabalho. A ideia difundida na primeira metade do século 19, e existente ainda nos dias atuais, equivocadamente equivale o trabalho a uma mercadoria que podia ser comprada ou vendida sem considerar o valor de quem o executava e de sua importância para o funcionamento da sociedade.

Devemos encarar o trabalho humano pela dimensão fundamental do sujeito, isto é, do homem-pessoa que o executa. Assim considerando, se entende que o trabalho é um bem do homem e da humanidade, na qual o trabalhador não transforma somente a natureza, adaptando-a à sua necessidade, mas, pelo trabalho, realiza-se a si mesmo como homem, tornando-se mais homem.

O Papa Francisco, ao refletir sobre o trabalho como vocação do homem, diz que: “É o trabalho que torna o homem semelhante a Deus, pois com o trabalho o homem é criador, é capaz de criar, de criar muitas coisas; até mesmo de criar uma família para seguir em frente. O homem é criador e cria com o trabalho. Esta é a vocação. E a Bíblia diz: «Viu Deus que tudo quanto tinha feito era muito bom» (Gn 1, 31). Ou seja, o trabalho tem em si uma bondade e cria a harmonia das coisas - beleza, bondade - e envolve o homem em tudo: no seu pensamento, na sua atuação, em tudo. O homem participa no trabalho. É a primeira vocação do homem: trabalhar. E isto dá dignidade ao homem. É a dignidade que o faz assemelhar-se a Deus. A dignidade do trabalho” (Homilia, 1º de maio de 2020).

Deste modo, toda a injustiça cometida a uma pessoa que com seu trabalho contribui para a edificação da comunidade é um ato de violência contra a própria dignidade humana. O trabalho é uma bonita vocação dada por Deus ao homem, mas só pode ser vivida em toda sua beleza e profundidade quando são oferecidas condições adequadas e respeitada a dignidade da pessoa.

Ao refletirmos sobre este tema, não temos como deixar de lembrar e sensibilizar com os mais de 14 milhões de desempregados do nosso país (fonte: IBGE). Neste ano dedicado a São José, no qual muitos irmãos e irmãs sofrem a calamidade do desemprego, peçamos ao humilde trabalhador de Nazaré, que nos oriente a Cristo, sustente o sacrifício daqueles que praticam o bem neste mundo e interceda por aqueles que perderam o próprio emprego ou não conseguem encontrá-lo.

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Padre Aurecir Martins de Melo Junior é assessor diocesano da Pastoral da Comunicação. Esta coluna é publicada às terças-feiras.

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As estranhezas dos novos tempos

segunda-feira, 03 de maio de 2021

Aconteceu algo esta semana que não sei exatamente descrever as impressões que tive, só posso dizer que foram fortes e avassaladoras. O fato foi, para mim, inédito. Mas acredito que para outros seja uma situação vivenciada uma vez ou mais.

Como a pandemia está nos trazendo desafios!

Aconteceu algo esta semana que não sei exatamente descrever as impressões que tive, só posso dizer que foram fortes e avassaladoras. O fato foi, para mim, inédito. Mas acredito que para outros seja uma situação vivenciada uma vez ou mais.

Como a pandemia está nos trazendo desafios!

Perdi uma prima de Covid há uma semana, entre a internação e o falecimento foram quinze dias aproximadamente. Era uma pessoa animada, falante, que marcava presença em qualquer situação. Familiares e amigos acompanharam o adoecer dela com preocupação, tristeza e esperança. Mas seu estado de saúde foi se agravando, e seu tempo de vida findou. Ela tinha uma filha, Rafaela, com quem morava. Eram boas companheiras. Enfim. Depois da cremação, Rafaela trouxe a urna com as cinzas da mãe para casa, com a finalidade de aguardar o momento de lançá-las ao vento ao lado de pessoas da família, que moram em outro estado. Pela necessidade de tomar as providências iniciais, esse momento poderá demandar um tempo maior; um mês ou mais.

Confesso que este fato me tocou enormemente, uma vez que, em quinze dias, alguém com quem convivemos e amamos se torna um monte de cinzas guardadas em uma urna, que deve ficar em algum lugar da casa. Que seja num armário, numa cristaleira, numa gaveta. É uma rápida e triste metamorfose que precisamos lidar com sensatez para que a dor não nos adoeça. A vida nos faz tropeçar, entretanto essa situação pode nos ajudar a caminhar com mais equilíbrio.   

Como conviver com isso, se o findar, o momento em que a pessoa deixa de existir, na verdade, não acontece na concretude real? A pessoa, transformada em cinzas, retorna para o lugar onde vivia.

A literatura, como sempre, nos apoia nos momentos em que precisamos vivenciar o luto. Lembrei-me do livro que li de Ana Letícia leal, escrito com sensibilidade A Gente Vai se Separar. A autora externa suas emoções e lembranças nos últimos momentos em que esteve na cabeceira de sua mãe, gravemente enferma. Perder alguém por quem temos amor é um processo sofrido. Em Paula, Isabel Allende escreveu, também ao lado de sua filha Paula, em estado de coma irreversível, uma autobiografia em que a homenageia.

Se a morte acontece repentinamente, o impacto é mais forte, porém a dor não é diferente se houver um tempo de adoecimento.  Contudo, depois de todo o sofrimento, trazer para casa as cinzas de um ente querido, que seja por um, dois ou mais dias é algo indescritível. Ah, nunca me deparei afetivamente com tal circunstância como agora estou.

A médica, especializada em Cuidados Paliativos, Ana Cláudia Quintana Arantes, escreveu o livro A Morte é um Dia que Vale a Pena Viver: E um Excelente Motivo para se Buscar Um Novo Olhar para a Vida, em que aprofunda as relações entre os modos que a pessoa vive com o processo de findar. O morrer é certo, talvez a única certeza que temos em relação ao nosso futuro. Segundo a autora, o fato de aceitarmos que vamos morrer pode nos remeter à decisão de buscar a plenitude no viver. Aceitar a morte com serenidade torna-nos mais aptos a lidar com o fato de procurarmos um lugar que aconchegue uma urna em casa.  Ou até mesmo decidir que a morte, por ser um efetivo modo de extinção, não cabe ser estendida por qualquer modo, como levar um ente morto, reduzido em cinzas, para casa. Eu me sinto melhor com esta opção.

Ah, como foi bom escrever este texto. Senti-me aliviada por ter conseguido chegar a uma conclusão. Salve a literatura.

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